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FORMAÇÃO TECNICISTA
Alexandre Trennephol¹
1 Introdução
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De acordo com Bazzo e Pereira (2013), a diferença fundamental entre as
primeiras escolas de engenharia e as atuais seria na intencionalidade de ambas. Se
as primeiras eram voltadas para o treino de técnicas e processos, as atuais relegam
a prática ao segundo plano, priorizando garantir “embasamento teórico consistente
muitas vezes tido como reflexo, ou extensão, dessa visão de profissional:
tecnicista, pouco preocupado com as questões humanísticas e alienado em
relação à sua realidade.
Dentro dos cursos, podemos presenciar uma diferença grande na
relevância dada aos conteúdos técnicos em detrimento de outros, seguido
de uma falta de contextualização deles situando-os enquanto tecnologias
neutras e despidas dos valores e interesses que motivaram sua construção.
Aliado isso, uma formação que promova a emancipação dos estudantes,
dita “integral” ou “cidadã”, geralmente fica pelo caminho, se resumindo à
memorização e reprodução dos conteúdos sem que isso envolva qualquer
reflexão.
Partindo destas percepções, intentamos com este artigo compreende-
las avaliando e refletindo não apenas sobre conteúdos presentes no
currículo do curso e em seu projeto pedagógico, tidos como “oficiais” pela
instituição, mas, na materialização destes conteúdos somados a um
conjunto de aspectos referentes à realidade de cada instituição, de cada sala
de aula, de cada professor, o que se convencionou chamar de “currículo
oculto”. Além disso, temos de compreender os marcos teóricos presentes
no ensino de ciência e tecnologia.
Assim, por meio das considerações e análises de diversos autores do
ensino de engenharia, será feita uma avaliação da reforma curricular
implementada no curso de engenharia mecânica da UFSC referente ao
currículo 2006.1 no tocante aos conteúdos não técnicos (humanísticos,
sociais, políticos, econômicos, etc) evidenciando os problemas que estão no
cerne da formação, e que são frutos tanto da maneira como o ensino de
ciência e tecnologia se constituiu quanto das realidades locais, e as
limitações do próprio currículo em dar conta de suas resoluções.
para que ele [o profissional] possa atuar com competência e também resistir ao
rápido obsoletismo das técnicas”. BAZZO, Walter Antonio. PEREIRA, Luiz
Teixeira do Vale. Introdução à engenharia – conceitos, ferramentas e
comportamentos. 4º edição. Florianópolis: Editora da UFSC, 2013. p. 239.
2 Os marcos teóricos da formação tecnicista
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No Brasil, as atividades características de engenharia, ou que se conformaram
como específicas, surgiram com fins militares, ligadas com atividades relacionadas
à defesa e repressão (KAWAMURA, 1981), e ao longo dos séculos XIX e XX
foram se transformando, e não necessariamente evoluindo, para a concepção de
“profissão” que temos hoje.
os aspectos dos fenômenos complexos podem ser
compreendidos se reduzidos às suas partes
constituintes”. (CAPRA, p. 57, 1982)
3 A reforma curricular
5 Conclusão
6 Referências Bibliográficas