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MARIA CLARA MORELLATO – 3ºP MEDICINA UVV

CONFERÊNCIA 1 - EMBRIOLOGIA DO CORAÇÃO


O coração começa a funcionar no início da 3ª semana de gestação
(18º dia), porque existe uma incapacidade a partir dessa semana de PRIMEIRO MÊS
atender às demandas nutricionais do embrião apenas por difusão O coração se desenvolve a partir do mesoderma lateral.
devido ao seu crescimento → dessa forma, é o primeiro sistema a Do mesoderma, originam-se dois apanhados celulares: somatopleura e
funcionar no embrião. esplancnopleura (células endocárdicas), que se separam do
mesoderma para formar dois tubos cardíacos.
No geral, no 1º mês, forma-se o tubo cardíaco; no final do 1º mês, o
coração começa a dobrar-se e, no 2º mês, a septar-se e gerar suas O embrião vai crescendo e se dobrando lateral e anteriormente,
cavidades. formando um tubo cardíaco único em sentido craniocaudal, que
depois será o coração primitivo.
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O tubo cardíaco em desenvolvimento se No fim da terceira semana, o sangue circula, e o coração começa a
projeta cada vez mais para a cavidade bater no 21º ou 22º dia.
pericárdica.
FORMAÇÃO DA ALÇA CARDÍACA
O tubo cardíaco tem o seio venoso, que O tubo cardíaco continua a se alongar.
desemboca no átrio primitivo, que se
comunica com o ventrículo primitivo, que se Conforme a via de saída se
comunica com o bulbo cardíaco que se alonga, o tubo cardíaco
comunica com o tronco arterial. começa a se curvar no
vigésimo terceiro dia. A parte
O miocárdio se espessa e secreta uma cefálica do tubo se dobra
camada de matriz extracelular rica em ácido ventralmente, caudalmente e
hialurônico chamada geleia cardíaca, que o separa do endotélio. para a direita, e a parte atrial
(caudal) se desloca no sentido
A formação do órgão pró-epicárdico ocorre nas células mesenquimais
dorsocranial e para a
da borda caudal do mesocárdio dorsal, e as células dessa estrutura se
esquerda.
proliferam e migram sobre a superfície do miocárdio para formar a
camada epicárdica (epicárdio) do coração. • O ventrículo vai para a direita e para baixo (ventrículo na frente
do tórax);
RESUMINDO: o tubo cardíaco consiste em três camadas: (1) o • O átrio para a esquerda e para cima;
endocárdio, que forma o revestimento endotelial interno do coração;
(2) o miocárdio, que constitui a parede muscular; e (3) o epicárdio ou Essa dobradura origina a alça cardíaca, que se completa até o 28º dia.
pericárdio visceral, que cobre o exterior do tubo. → Essa camada
A parte atrial forma um átrio comum e é incorporada na cavidade
externa é responsável pela formação das artérias coronarianas,
pericárdica.
incluindo seu revestimento endotelial e o músculo liso.
A parte média do bulbo (estreita) forma o cone arterial – via de saída
Cada parte do tubo cardíaco vai formar uma parte do coração:
do ventrículo, onde o sangue sai para o sistema arterial (a via de
• Seio venoso: parte lisa do átrio; entrada é a valva mitral).
• Átrio primitivo: maior parte do átrio;
A parte proximal do bulbo (dilatada) forma parte do ventrículo direito.
• Ventrículo primitivo: ventrículos esquerdo e direito;
• Bulbo cardíaco: via de saída do coração; A parte distal do bulbo, o tronco arterioso, formará as raízes e a parte
• Tronco arterial: aorta e tronco pulmonar (desemboca no arco proximal da aorta e da artéria pulmonar.
aórtico primário);
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À medida que o ventrículo conclui ➢ Veia cardinal comum: leva sangue da extremidade inferior do
seu dobramento, o ventrículo embrião.
começa a se trabecular
Após a passagem através do septo transverso, que fornece um
(trabéculas cárneas). caminho para os vasos sanguíneos, as veias vitelinas entram na
extremidade venosa do coração, o seio venoso.
Com o dobramento concluído, já
pode-se dizer que existem A veia vitelina esquerda regride, e a veia vitelina direita forma a maior
ventrículos primitivos esquerdo e parte do sistema porta hepático, assim como uma porção da veia
direito. cava inferior (VCI).

SEGUNDO MÊS
Os principais septos do coração são formados entre o 27º e o 37º dias
do desenvolvimento.

Um septo pode ser formado pelo crescimento ativo de uma única


massa tecidual, que continua a se expandir até alcançar o lado oposto
do lúmen. A formação dessas massas de tecido, chamadas de coxins
endocárdicos, depende da síntese e da deposição de matriz
extracelular, além de migração e proliferação celulares.

Os coxins endocárdicos desenvolvem-se nas regiões atrioventricular e


conotruncal. Nesses locais, elas ajudam na formação dos septos
interatrial e interventricular (parte membranosa), dos canais e das
valvas atrioventriculares e dos canais aórtico e pulmonar.
DESENVOLVIMENTO DO SEIO VENOSO
SEPTAÇÃO ATRIAL
Três principais veias chegam no seio venoso:
• No final da quarta semana, forma-se uma crista em forma de foice
(1) veia cardinal comum; (2) veia umbilical; e (3) veia vitelina. na parte superior do átrio comum, indo no sentido do lúmen. Essa
crista é a primeira parte do septo primário.
➢ Veia vitelina: leva sangue do intestino primitivo e do saco vitelino • A abertura entre a margem inferior do septo primário e os coxins
ao seio venoso. endocárdicos é o óstio primum ou primário.
➢ Veia umbilical: leva sangue rico em nutrientes da mãe para o
coração fetal.
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Com o decorrer do desenvolvimento, crescem extensões dos coxins


endocárdicos superior e inferior ao longo do limite do septo primário,
fechando o óstio primário:

Antes de o fechamento se completar, a morte celular produz


perfurações na parte superior do septo primário. A junção dessas
perfurações forma o óstio secundum ou secundário, garantindo o fluxo
livre de sangue do átrio primitivo direito para o esquerdo.

O septo secundum, uma dobra muscular espessa, cresce a partir da


parede muscular ventrocranial do átrio direito, imediatamente
adjacente ao septo primum.

O septo secundum forma uma divisão incompleta entre o átrio.

Consequentemente, se forma um forame oval. A porção cranial do A parte remanescente do septo forma a valva do forame oval. Antes
septo primum, inicialmente aderido ao assoalho do átrio esquerdo, do nascimento, o forame oval permite que a maior parte do sangue
desaparece gradualmente. oxigenado que entra no átrio direito a partir da VCI passe para o átrio
esquerdo.
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O fechamento completo do forame interventricular forma a parte


Após o nascimento, o forame oval se fecha, pois a pressão no átrio membranosa do septo interventricular.
esquerdo é maior que aquela no átrio direito.
Portanto, o fechamento do forame interventricular e a formação da
Com 3 meses, a valva do forame oval se funde com o septo secundum, parte membranácea do septo interventricular resultam da fusão de
formando a fossa oval. Então, o septo interatrial se torna uma divisão tecidos de três origens: a crista bulbar direita, a crista bulbar esquerda
completa entre os átrios. e o coxim endocárdico.

SEPTAÇÃO VENTRICULAR Após o fechamento do forame interventricular e a formação da


Ao fim da 4ª semana, os ventrículos porção membranosa do septo interventricular, o tronco pulmonar está
primitivos começam a se expandir em comunicação com o ventrículo direito e a aorta se comunica com
devido ao crescimento do o ventrículo esquerdo.
miocárdio por fora e das A formação de cavidades nas paredes ventriculares forma uma massa
trabéculas por dentro. esponjosa de feixes musculares, as trabéculas cárneas. Alguns desses
Com o decorrer do feixes se tornam os músculos papilares e as cordas tendíneas. As cordas
desenvolvimento, há um tendíneas se estendem dos músculos papilares para as valvas AV.
crescimento de tecido do coxim
SEPTAÇÃO BULBO CARDÍACO E TRONCO ARTERIAL
endocárdico anterior (inferior) ao
Na 5ª semana de desenvolvimento, a proliferação de células
longo do topo do septo
mesenquimais nas paredes do bulbo cardíaco resulta na formação de
interventricular muscular, que
cristas bulbares. Cristas semelhantes se formam no tronco arterial.
fecha o forame interventricular.
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As cristas bulbares e do tronco se espiralizam em 180º devido às No ventrículo esquerdo, o bulbo cardíaco forma as paredes do
correntes de sangue vindas do ventrículo, o que resulta na formação vestíbulo aórtico, a porção da cavidade ventricular logo abaixo da
de um septo aorticopulmonar espiral quando as cristas se fundem: válvula aórtica.

À esquerda: 5ª
semana.

À direita: 6ª
semana.

Esse septo divide o bulbo cardíaco e o tronco arterial em dois canais: a


aorta e o tronco pulmonar. Devido à espiralização do septo DESENVOLVIMENTO DAS VALVAS E VÁLVULAS
aorticopulmonar, o tronco pulmonar gira ao redor da aorta As válvulas semilunares e atrioventriculares se desenvolvem a partir de
ascendente: tumefações (intumescências) quando a septação do tronco arterial
está próxima de findar.

As semilunares se desenvolvem ao redor dos orifícios da aorta e do


tronco pulmonar.

As atrioventriculares, ao redor dos canais AV.

No ventrículo direito, o bulbo cardíaco é representado pelo cone


arterial (infundíbulo), que dá origem ao tronco pulmonar.
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• O sangue altamente oxigenado e rico em nutrientes retorna da
placenta pela veia umbilical.
• Próximo ao fígado, metade do sangue passa diretamente para o
ducto venoso, um vaso fetal que conecta a veia umbilical à VCI; ou
seja, o sangue não vai passar pelo fígado.
• A outra metade do sangue na veia umbilical flui para os sinusoides
CIRCULAÇÃO FETAL (8ª SEMANA) do fígado e entra na VCI por meio das veias hepáticas.
• Após um curso pequeno na VCI, o sangue entra no átrio direito do
coração.
• A maior parte do sangue da VCI é direcionada pela crista dividens
(margem inferior do septo
secundum) através do forame oval
para o átrio esquerdo. Aqui ele se
mistura com uma quantidade
pequena de sangue pobremente
oxigenado, retornando dos
pulmões através das veias
pulmonares.
• Os pulmões do
feto usam o
oxigênio do
sangue em vez de
devolvê-lo. Então,
a partir do átrio
esquerdo, o
sangue passa para
o ventrículo
esquerdo e sai
através da aorta
ascendente.
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• Fechamento das artérias umbilicais → proximal torna-se artérias
vesicais superior; distal se torna ligamento umbilical medial.
• Fechamento da veia umbilical → torna-se ligamento redondo.
• Fechamento do ducto venoso → ligamento venoso.
• O fechamento da circulação placentária causa uma queda
imediata da pressão sanguínea na VCI e no átrio direito.
• A maioria das partes intra-abdominais das artérias umbilicais se
torna ligamentos umbilicais mediais.
• A porção intra-abdominal da veia umbilical se torna o ligamento
redondo do fígado.

Modificações circulatórias no nascimento


• Fechamento do forame oval
• Fechamento do ducto arterioso → torna-se ligamento arterial.
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CONFERÊNCIA 2 – ISQUEMIA MIOCÁRDICA


Ocorre quando o fluxo de sangue arterial não é suficiente para suprir ETIOPATOGÊNESE
as necessidades metabólicas do coração → desequilíbrio de oferta e Locais de irrigação das coronárias:
demanda de nutrientes e de oxigênio.

Na maioria das vezes, é causada por obstrução de artérias coronárias


(aterosclerose coronariana com ou sem trombose) ou de aumento da
taxa metabólica (como no hipertireoidismo), mas também pode
ocorrer devido a aumento do suprimento sanguíneo além do
necessário para o momento → sobrecarga aguda (em situações de
maior atividade física, estresse psíquico ou emoções sobrecarregadas)
ou crônica (hipertrofia miocárdica ou problemas na valva aórtica).

É responsável por quadros clínicos como angina pectoris, infarto do


miocárdio, morte súbita e doença isquêmica do coração.

Quando ocorre devido a uma dificuldade contrátil do músculo


cardíaco, chama-se cardiomiopatia isquêmica.

FATORES CAUSAIS
• Fumar A isquemia miocárdica se dá quando há redução da oferta, quando
• Hipercolesterolemia ocorre aumento da demanda além da capacidade de adaptação da
• Hiperlipidemia circulação ou quando esses dois fatores atuam ao mesmo tempo →
• Hipertensão arterial desequilíbrio entre oferta e demanda.
• Diabetes
Se a tensão parietal (pressão intraventricular, força exercida na parede
• Ansiedade e estresse
ventricular) for maior do que o ventrículo aguenta, pode ocorrer
• Sedentarismo
isquemia miocárdica. Se a pressão arterial estiver alta, pode
• Inflamação
comprometer a abertura a válvula aórtica, também sendo causa de
• Espasmo de coronária subepicárdica
possível isquemia.
• Alteração na coagulação
• Disfunção endotelial
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A evolução da isquemia depende de alguns fatores: DIMINUIÇÃO DO FLUXO
Aterosclerose;
• Velocidade de progressão, extensão, duração da diástole e
causa da obstrução coronariana; Vasoespasmo → contração anormal da superfícies epicárdica das
• Estado do miocárdio; coronárias, que geralmente ocorre principalmente na coronária direita;
• Circulação colateral → quanto mais redes coronárias colaterais
funcionando bem, mais O2 e nutrientes serão bem distribuídos Embolia → deslocamento de coágulo com obstrução de coronária.
ao miocárdio → ramos da coronária que podem ser originados
Dissecção → fechamento de artéria coronária.
a partir da coronária principal com prática de exercícios ou da
necessidade por obstrução da artéria. Arterite → inflamação da artéria.
• Condições circulatórias (pressão arterial e pressão de perfusão)
e capacidade de transportar O2 no sangue. CLÍNICA DA ISQUEMIA MIOCÁRDICA
Duração de 2 a 10 minutos, podendo ir até 30 minutos.
Miocélulas cardíacas dependem continuamente de suprimento de O2
para produção de energia por via aeróbica. A falta de O2 leva a um Quanto mais tempo a isquemia dura, mais grave ela é.
acúmulo de compostos lesivos, sobretudo ácido lático, que
A dor pode ser em pressão, aperto, sufocamento, ardência,
comprometem a contração miocárdica.
queimação, band like, força.
As coronárias suprem do epicárdio até a região subendocárdica.
Causa falta de ar, fadiga, desânimo, náusea...
O fluxo sanguíneo perfunde todas as camadas do miocárdio de forma
a levar nutrientes e O2 a todas as camadas do miocárdio na diástole.
As camadas mais profundas do miocárdio têm uma maior resistência,
implicando uma diminuição do fluxo.

A pressão diastólica (6 - 12mmHg) do ventrículo esquerdo influencia na


pressão de perfusão coronária → esta é a diferença entre a pressão da
aorta e a pressão da cavidade ventricular esquerda.

A primeira região a sofrer isquemia miocárdica quando há problema


coronário é a subendocárdica.

Irradiação da dor:
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Ao exame físico, pode haver alteração da frequência cardíaca, Espessamentos anormais:
alteração da pressão, aparecimento de B3 ou B4, sopro sistólico na
válvula mitral por disfunção do músculo papilar.

Ecocardiograma, RM e cintilografia miocárdica analisam alterações de


contratilidade segmentar → alteração na força contrátil
(espessamento do miocárdio) nos segmentos do ventrículo (cortes
longitudinal, septal e transversal), em vez de todos contraírem juntos
simultaneamente.
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CONFERÊNCIA 3 – PATOGÊNESE DA ATEROSCLEROSE


INTRODUÇÃO • Substâncias anticoagulantes (sulfato de heparana, ativador do
plasminogênio tecidual (t-PA), trombomodulina, prostaciclina
São camadas de uma artéria normal (PGI2));
• Íntima (endotélio).
• Média (músculo liso). • Na camada subendotelial, há o fator tecidual, o fator de von
• Adventícia (tecido conjuntivo). Willebrand e o inibidor do ativador do plasminogênio (PAi);

A camada endotelial (íntima) possui 2 componentes que podem se • O óxido nítrico é um vasodilatador com pouco efeito
expressar ora mais intensamente, ora menos, bem como expressa antiagregante plaquetário;
receptores a agentes anticoagulantes ou pró-coagulantes, o que
pode ser decisivo na alteração de fluxo sanguíneo por formação de ➔ O equilíbrio das substâncias acima mantém a saúde do sistema
coágulo. Portanto, o endotélio é responsável pela homeostase do fluxo circulatório.
sanguíneo vascular.

As células da camada média são responsáveis por contração e


SOBRE A ATEROSCLEROSE
relaxamento → controle de fluxo nas arteríolas; têm papel chave
Doença caracterizada pelo depósito principalmente de LDL na
também na aterosclerose por se multiplicarem; em condições normais,
camada íntima de artérias de médio e grande calibre.
estão ligadas à síntese da matriz extracelular.
Multifatorial, podendo ser genéticos e ambientais.
A camada adventícia é composta por fibras colágenas e por
terminações nervosas. Tal depósito de colesterol pode ser encontrado desde os primeiros
anos de vida, agravando-se ao envelhecimento, com complicações
Na superfície do endotélio, há 2 mecanismos que ficam atuando o
em potencial a partir da 4ª década de vida.
tempo inteiro para manter o fluxo sempre em uma direção e sem
coágulos: Pode ocorrer em qualquer artéria do corpo, com prevalência de
aorta, coronárias, carótidas, ilíacas e femorais, artérias renais e
mesentéricas e em vasos do polígono de Willis.
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OBS: Aterosclerose é diferente de arteriosclerose. Arteriosclerose superfície do endotélio que interage com proteínas da parede de
(endurecimento das artérias) é empregado para designar o monócitos e de linfócitos é a VCAM 1!
espessamento e endurecimento da parede arterial. • Migração para a íntima de células musculares lisas a partir da
camada média, seguida de multiplicação delas.
Fatores de risco: • Síntese e deposição de matriz extracelular.
• Dislipidemia, com aumento de triglicerídeos e colesterol no plasma
(LDL alto e HDL baixo) Agressores variados, de natureza física, química ou biológica, são
• Hipertensão arterial capazes de agredir as células endoteliais, provocando alterações
• Tabagismo funcionais e/ou lesão estrutural. As causas mais importantes de
• Diabetes melito agressões são distúrbios hemodinâmicos (p. ex., elevação da pressão
• Estresse
arterial, turbulência do fluxo etc.) e agressões químicas (notadamente
• Sedentarismo
por substâncias contidas na fumaça do cigarro e alterações lipídicas,
em especial hipercolesterolemia). → CONSEQUÊNCIAS:
MECANISMOS ENVOLVIDOS
Disfunção – perda ou diminuição funcional – do endotélio. 1. maior expressão de moléculas de adesão a células inflamatórias;
2. aumento da permeabilidade endotelial, que favorece a
Aumento da atividade inflamatória vascular, o que leva a acúmulo passagem de macromoléculas para a íntima, incluindo
de lipídios, colesterol, cálcio na camada subendocárdica. lipoproteínas;
3. aumenta a produção de endotelinas, que vão estimular a
vasoconstrição e proliferação aterosclerótica;
ETIOPATOGÊNESE
4. adesão e agregação plaquetárias;
Muitos estudos se seguiram, até que hoje o entendimento dominante
5. inibe a produção de óxido nítrico;
é de as lesões constituem uma resposta inflamatória crônica das
artérias, chamada teoria de resposta à agressão. Nesse processo NÃO ENTENDEU NADA? RESUMINDO ATÉ AQUI:
complexo, em que participam ativamente células endoteliais, 1. Endotélio agredido reage com aumento de moléculas de adesão
lipoproteínas (eventualmente modificadas), macrófagos (derivados (como a VCAM 1).
de monócitos), linfócitos T, plaquetas e células musculares lisas, ocorre 2. Aumenta a permeabilidade do endotélio vascular, e moléculas
a seguinte sequência de eventos: como lipoproteínas adentram a íntima.
3. O LDL na íntima é capturado e retido por proteoglicanos e forma
• Agressão ao endotélio, com sua lesão/disfunção.
agregados, que serão oxidados.
• Penetração e acúmulo de lipoproteínas na íntima.
4. Macrófagos, uma vez na camada onde estão os LDL, vão
• Adesão de monócitos e plaquetas, com liberação de fatores de
expressar em sua superfície receptores scavengers para captar os
crescimento → ATENÇÃO: a principal proteína expressa na
as moléculas de LDL oxidadas.
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5. Lipoproteínas oxidadas são endocitadas por macrófagos (se Formação da estria de gordura:
tornam células espumosas), que liberam citocinas pró-
inflamatórias, junto a linfócitos T ativados.
6. Esses fatores resultam na progressão da lesão tecidual vascular.
7. Outros fatores, como substâncias vasoconstritoras e agregadoras
plaquetárias, também colaboram nesse processo.

O macrófago, ao se transformar nas foam cells (células gordurosas ou


espumosas), começa a produzir e jogar na camada íntima uma série
de substâncias nocivas ao local:

• MMPs (metaloproteinases da matriz): proteínas que vão digerir a


matriz, deixando-a mais frouxa e vão agredir células endoteliais.
• Radicais livres e as espécies reativas de oxigênios (EROs): também
agridem as células endoteliais.
• Citocinas inflamatórias: recrutam mais células para a região.
• Expressão de fator pró-coagulante (fator tissular) na superfície
endotelial, a qual já possui um endotélio atordoado, para
aumentar a atividade pró-trombótica.

As lipoproteínas oxidadas despertam a produção de substâncias


quimiotáxicas, sendo a MCP1 a principal delas. Essas moléculas
“chamam” os monócitos para dentro da camada íntima.
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A MPC1 é produzida no endotélio em resposta às lipoproteínas 7. Mineralização/calcificação da placa.
oxidadas e pelas células musculares lisas em resposta a estímulos
inflamatórios.
A imunidade inata não depende de estímulo antigênico.
As células espumosas começam a ser replicadas por uma série de
fatores: M-CSF (fator estimulante de colônias de macrófagos), GM-CSF As foam cells, células gordurosas ou espumosas são um reservatório
(fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos) e IL3, lipídico, rico em mediadores pró-inflamatórios (citocinas, quimiocinas)
que contribuem para que essas foam cells cresçam e fiquem mais e produzem espécies reativas ao oxigênio.
volumosas, contribuindo para que a estria gordurosa se transforme em
As foam cells vão absorvendo a gordura e aumentam de tamanho.
placa.
EVOLUÇÃO DO ATEROMA
As células musculares lisas (CML) produzem colágeno, que promove
MECANISMOS PROTETORES
sustentação do endotélio para que ele não se rompa.
• Fluxo laminar → fluxo sanguíneo “massageia”, entra em contato
com endotélio vascular e favorece produção de óxido nítrico, além Na fase em que os macrófagos se tornam células de gordura, a lâmina
de induzir a liberação de enzimas como SUPERÓXIDO-DISMUTASE elástica interna começa a se romper e CML migram e começam a
(muito anti-inflamatória) e ÓXIDO NÍTRICO SINTETASE (induz síntese absorver colesterol, tornando-se células espumosas → a placa de
de óxido nítrico, né.) ateroma evolui.
• Óxido nítrico → é vasodilatador, diminui a expressão de VCAM1
(impede a inflamação por não aderir mais neutrófilos) e interfere na As CML tentam sintetizar matriz e formar uma capa fibrosa/capa de
transcrição do NFkB (citocina que codifica genes de aterosclerose, colágeno, na tentativa de formar uma proteção subendotelial para
cuja produção é induzida pelas citocinas pró-inflamatórias). proteger contra roturas o endotélio fragilizado.

Os mecanismos protetores disputam com os fatores pró-inflamatórios e Essas CML contém mais retículo endoplasmático rugoso (produção de
pró-trombóticos. proteínas) e menos fibras contráteis.

A placa se prolifera de acordo com a produção de matriz e a


absorção de LDL.
PATOGÊNESE PROPRIAMENTE – POR FASES:
1. Imunidade inata e adquirida. A placa pode ter períodos de desenvolvimento rápidos e lentos
2. Mecanismos inflamatórios. (acalmia).
3. Migração e proliferação de céls. musculares lisas.
4. Apoptose de céls. musculares lisas.
5. Aumento e degradação da matriz extracelular.
6. Angiogênese ateroma.
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Com o tempo, a placa desenvolve sua própria circulação
(angiogênese intraplaca) por meio da secreção de fatores
angiogênicos expressos na placa, o VEGF (fator de crescimento
derivado do endotélio) e FGF (fator de crescimento de fibroblasto). Isso
ocorre pelo crescimento da placa, migração das células e pela
tentativa de replicação das células endoteliais.

Essa circulação aumenta o tráfego de leucócitos, induz VCAM 1 e


aumenta mais a placa, além de deixar a placa mais suscetível a
rupturas, podem causar hemorragias e tromboses.

CALCIFICAÇÃO
• A placa pode se calcificar. A partir do momento em que ela se
mineraliza, é por meio das CML que a placa secreta substâncias da
matriz, as quais vão se tornar polos de calcificação.
• As CML secretam proteínas morfogenéticas de osso (BNF),
homólogas a TGFβ.
• Quanto maior a quantidade de cálcio na placa, maior é a
complexidade do ateroma.
A apoptose das CML ocorre por meio de citocinas sinalizadoras
liberadas pelos linfócitos.

A placa aumenta de volume, resultado do acúmulo de:

• Colágeno I e III (TGFβ e PDG de linfócitos e plaquetas);


• Proteoglicanos;
• Fibras elásticas.

Por outro lado, a degradação da matriz vai ocorrendo pelas MMPs


(lembra? Tá lá em cima), o que interfere na migração dessas células
musculares lisas.

Ocorre remodelamento arterial positivo ou negativo.


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COMPLICAÇÕES DA PLACA • Se o coágulo não fechar a artéria → angina estável.
• Estenose arterial (o estreitamento da placa gera isquemia tecidual);
OBS.: níveis de fibrinogênio e de inibidores da fibrinólise aumentados
• Ruptura da placa e trombose;
significa que há uma placa com altas chances de formação de
• Erosão da placa e trombose;
coágulo.
• Aterosclerose acelerada;
• Aneurisma.

O QUE FAVORECE A RUPTURA DA PLACA?


• Placas com poucas CML → menos colágeno;
• A capa fibrosa vai sendo degradada pelas enzimas liberadas por
macrófagos (MMP e catepsinas elastolíticas), que aumentam de
quantidade.
• A ruptura da placa ocorre pelo desequilíbrio entre as forças sobre a
capa fibrosa da placa.
• Se a placa possui muito colágeno, há mais resistência à rotura.
• Fatores que aumentam a síntese de colágeno pelas células
musculares lisas: TGFβ e PDGF (fator de crescimento derivado de
plaquetas). Ao contrário disso, os linfócitos T secretam interferon
gama para diminuir a síntese de colágeno.
• Portanto, chance de ruptura é AUMENTADA pela apoptose de
células musculares lisas.

RUPTURA DA PLACA
• Rotura da placa = rotura do endotélio → indução de coágulo na
superfície endotelial por meio de fatores pró-trombóticos presentes
embaixo do endotélio.
• Endotélio se rompe e expõe no tecido subendotelial receptores
para plaquetas → plaquetas se aglomeram e vão recrutando mais
plaquetas por meio de substâncias → ativação do fibrinogênio →
coágulo.
• As plaquetas expressam receptores que serão sítio de ligação entre
plaqueta e fibrinogênio.
• Se o coágulo fechar a artéria → infarto.
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CONFERÊNCIA 4 – PATOGÊNESE E FISIOPATOLOGIA DA


INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
Conjunto de sinais e sintomas que resultam em qualquer desordem • Disfunção diastólica – coração está enchendo em pressões
estrutural ou funcional do coração e que compromete a habilidade elevadas. Ele ainda consegue ejetar o sangue para os tecidos,
do ventrículo em encher e ejetar o sangue (dinâmica de enchimento apesar de ser em condições de pressões elevadas, mas a diástole
e ejeção fica prejudicada). está prejudicada.
• Disfunção ventricular direita – IC compromete só o VD.
Assim, o coração fica incapaz de atender, na maior parte das vezes,
• Disfunção ventricular esquerdo – IC compromete só o VE.
as demandas metabólicas dos órgãos e tecidos. • IC aguda – pode ser desencadeada por rompimento de uma
Existe um outro conceito: o coração chega a bombear e atender os valva (pressão chega muito baixa e pulmão fica cheio de
órgãos e tecidos, mas às custas da elevação das pressões de líquido).
enchimento. Pressões de enchimento = pressões diastólicas. • IC crônica – febre reumática na infância, hipertensão...
• IC com baixo débito cardíaco – coração não consegue ejetar
um volume suficiente para atender as demandas metabólicas do
SINTOMAS tecido. → absoluto.
Cansaço e fadiga, aparecimento de B3 ou B4, turgência venosa • IC com alto débito cardíaco – coração continua não atendendo
jugular, tendência a queda da pressão e estertores (líquido no as demandas do tecido, mas os tecidos aumentam muito as
pulmão). Tríade: B3, estertores e turgência – grande possibilidade de demandas metabólicas, e o coração aumenta o débito, mas
o paciente estar com insuficiência cardíaca. não consegue aumentar o suficiente (não atinge as
necessidades metabólicas do tecido). → relativo.

CLASSIFICAÇÕES CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA – avaliação da fração de


• Disfunção sistólica – ejeção é fraca; coração não consegue gerar ejeção
um volume adequado na aorta para atender as necessidades • IC com fração de ejeção normal (>50%)
metabólicas do tecido. • IC com fração de ejeção intermediária
• IC com fração de ejeção reduzida (<50%)
MARIA CLARA MORELLATO – 3º P MEDICINA UVV
Exemplo de fração de ejeção: ventrículo encheu 120 mL (volume • Alteração da contratilidade (diminui a força de contração)
diastólico final), abriu a valva, ejetou uma fração de sangue, de • Anormalidades/interferência na diástole
forma que ficou um volume sistólico final (50 mL). Portanto, ele ejetou
70 mL (58% do sangue). 1) SOBRECARGA DE PRESSÃO (relacionado a aumento de
pós carga de VD ou VE)
OBS: fração de ejeção é o que mais se olha em qualquer exame
• Estenose aórtica: sobrecarga de pressão pode ser
complementar! É um bom parâmetro para diagnosticar uma
desencadeada pelo estreitamento da válvula aórtica. P. ex, se
disfunção de ejeção do coração. uma válvula tinha 4 cm² de abertura e passou a ter menos que 1
Exame: ecodopplecardiograma transtorácico. cm², a fase de ejeção do ventrículo esquerdo terá maior
resistência, vai ter que contrair muito mais forte o volume que ele
receber, e, para isso, ele vai ter que hipertrofiar para realizar mais
ETIOLOGIAS força, para tentar manter um débito adequado.
Etiologia tóxica: bebida alcoólica em excesso, cocaína, anfetamina, • Hipertensão arterial sistêmica
anabolizante, ferro, cobre cobalto, radiação (câncer), uso de • Estenose da pulmonar: funciona igual a estenose aórtica para o
antidepressivo em excesso, uso de anti-inflamatório em excesso, ventrículo direito.
anestésicos, quimioterápicos, imunomoduladores. • Hipertensão arterial pulmonar

Etiologia inflamatória: doença de chagas, algumas bactérias, vírus, Na estenose aórtica, a tensão dentro do ventrículo aumenta,
miocardites autoimunes. compensada com um aumento de espessura da cavidade ou de
pressão dentro da cavidade para melhorar a tensão parietal e para
Etiologia metabólica: alteração da tireoide, diabetes, cortisol.
não consumir tanto oxigênio → esse crescimento cavitário leva a um
desarranjo do anel valvar mitral e tricúspide, que favorece
PATOGÊNESE insuficiência das valvas e leva a regurgitação.
Agressão aguda ou crônica → ventrículo perde sua função sistólica Por exemplo: uma pessoa sedentária consome muito mais oxigênio
ou diastólica → diminuição do volume sistólico ejetado (diminuição ao realizar uma atividade física intensa que um atleta realizando essa
do débito cardíaco) → mecanismos compensatórios → mudança de mesma atividade. A hipertrofia cardíaca (fisiológica nesse caso) é
geometria (ou dilata ou hipertrofia – remodelamento do coração) → uma forma de proteção para não aumentar muito o consumo de
mudança da performance do coração → perda de função. oxigênio.

Insuficiência cardíaca pode ser caracterizada por: AQUI ENTRA LEI DE LAPLACE
• Sobrecarga de pressão TP = PIV * raio / espessura
• Sobrecarga de volume
MARIA CLARA MORELLATO – 3º P MEDICINA UVV
- TP: tensão parietal – aumenta o consumo de oxigênio e trabalho do Ou seja...
miocárdio. ✓ Sobrecarga de volume remodela o coração com a dilatação das
câmaras (aumento do coração).
- Tensão parietal é diretamente relacionada à tensão intraventricular.
Em verde escuro:
- Hipertrofia diminui o consumo de oxigênio (diminuição da tensão aumentou o volume de
parietal). Ou seja, ocorre um remodelamento do coração. O
enchimento. Na fase
coração hipertrofia para diminuir o consumo aumentado de oxigênio
de enchimento, que
(mecanismo compensatório). deveria terminar em
Ou seja... torno de 120ml, ele
✓ Sobrecarga de pressão remodela o coração com a hipertrofia das recebeu mais volume,
câmaras cardíacas. então teve uma pré-
carga aumentada,
2) SOBRECARGA DE VOLUME (aumento de pré-carga) aumentou o volume
A pré-carga pode ser aumentada principalmente pelas diastólico final e
regurgitações valvares → insuficiência mitral ou aórtica. também houv
ediscreto aumento na
Insuficiência valvular (aórtica, pulmonar, mitral ou tricúspide) →
pressão atrial.
retorno do fluxo pra cavidade cardíaca de onde o sangue deveria
sair (fluxo não consegue se manter unidirecional, ele vai ter Na fase de ejeção, todo o volume que chegou em excesso à
regurgitação) → aumenta o sangue na câmera que era pra ter cavidade foi esvaziado → mecanismo de Frank-Starling (aumenta o
ejetado esse volume → sobrecarga de volume → coração tem que retorno venoso, aumenta a tensão na fibra miocárdica, aumenta a
se virar com esse volume → coração com mais volume em uma força contrátil, aumenta a ejeção ventricular).
cavidade dilata (mecanismo compensatório) → aumenta sua
capacidade → mas esse volume não pode ficar aí dentro → entra o 3) CONTRATILIDADE INTRÍNSECA
princípio de Frank-Starling para dar vazão a esse volume → quanto Perda da força de contração do coração (diminuição do débito
maior o volume, maior o enchimento do coração, maior a distensão cardíaco). Causas:
das fibras, maior a força de contração → vai ejetar um maior • Infarto agudo do miocárdio
volume/o mesmo volume sistólico final para compensar. • Miocardiopatia
• Miocardite
MECANISMO DE FRANK-STARLING: aumento do volume diastólico final
→ aumento do estiramento da fibra muscular cardíaca → aumento
da força contrátil → aumenta o volume sistólico ejetado.
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4) INTERFERÊNCIAS NA FUNÇÃO DIASTÓLICA (dificuldade Lembrando: tudo começa com a agressão do coração (sobrecarga
do enchimento ventricular) de pressão, sobrecarga de volume, diminuição da contratilidade e
interferência na diástole) alterando a função cardíaca, seu volume
• Aumento da frequência cardíaca → diminuição do tempo de
diástole → diminuição do volume sistólico (débito cardíaco). ejetado e diminuindo a pressão. Para isso, MECANISMOS
Taquicardias muito graves comprometem a ejeção de sangue, COMPENSATÓRIOS tentam diminuir essas consequências e tentam
pois o aumento da frequência cardíaca não compensa o débito melhorar o volume e pressão para manter ou melhorar a perfusão:
cardíaco, e o coração acaba não enchendo quase nada de
sangue na diástole, consequentemente, bombeia quase nada de 1) Mecanismo de Frank-Starling: o aumento do volume → aumento
do estiramento da fibra → aumento da força de contração.
sangue na sístole.
2) Ativação neuro-humoral: liberação de mediadores neuro-
• Tamponamento cardíaco (aumento do volume de líquido
humorais com finalidade de melhorar débito cardíaco, FC, PA,
pericárdico – não deixa o coração expandir). Normal: até 50 mL –
melhorar síntese de novos cardiomiócitos com piora
ajuda na dilatação do coração. Se aumentar muito esse volume hemodinâmica e estrutural do coração (o prof. disse isso, mas eu
de líquido, ocorre o comprometimento da expansão do coração, não entendi).
e este terá dificuldade de enchimento. 3) Remodelamento do miocárdio (progressivo):
• Diminuição da complacência ventricular – o coração perdeu sua
capacidade elástica, que auxilia a dilatação (endurecimento do
coração).

À medida que o coração começa a perder força de ejeção ao


longo dos anos, vão sendo ativados mecanismos compensatórios
para tentar segurar esse quadro, tentar manter a fração de ejeção
mais elevada para forçar o funcionamento cardíaco.
MARIA CLARA MORELLATO – 3º P MEDICINA UVV
DESTRINCHANDO UM POUCO MAIS OS MECANISMOS Com isso, aumenta o retorno venoso, fecha a periferia, não deixa cair
NEURO-HUMORAIS a pressão, aumenta a força contrátil e aumenta a frequência
cardíaca. Porém, ao realizar todas essas atividades, ocorre aumento
Consequências da ação dos neuro-humorais:
da demanda de oxigênio. O coração já está agredido e sua
• Retenção de sódio e água (para reter volume e aumentar o demanda de oxigênio é ainda mais aumentada → isso é péssimo, né.
retorno venoso para o coração, que está com débito baixo)
→ leva a edema, turgência jugular, fígado aumentado, SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA-ALDOSTERONA
edema pulmonar etc. Coração começa a parar de funcionar → diminuição do débito
• Aumento da FC. cardíaco → diminuição da pressão de perfusão na arteríola do rim →
• Aumento da força de contração miocárdica. não chega sangue no rim OU diminuição do sódio filtrado na mácula
• Vasoconstrição arterial e venosa. densa OU ativação do SNS → liberação de renina → conversão de
angiotensinogênio proveniente do fígado em angiotensina 1 → que
Tudo isso perpetua a agressão ao coração → mecanismos por sua vez sofre ação da enzima conversora de angiotensina (ECA)
paliativos, porém agressores. → conversão de angiotensina 1 em angiotensina 2 (vilão!) → age
sobre receptor AT1 (receptor que faz as coisas deletérias do corpo)
Neuro-hormônios do miocárdio: norepinefrina (SNS), angiotensina II
→ sofre transformação pela ECA2 → vasoconstrição, hipertrofia do
(ordem para hipertrofiar cardiomiócitos), aldosterona (aumentar
coração, vasoconstrição arteriolar, liberação de mais
fibrose, colágeno, aumentar a matriz intracelular para garantir a
catecolaminas, aumenta o estresse oxidativo (produção de óxido
função contrátil e relaxamento).
nítrico), libera aldosterona, ação direta no túbulo proximal
SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO reabsorvendo sódio, libera vasopressina, proliferação dos vasos
É o primeiro a ser ativado → liberação da norepinefrina. sanguíneos, fibrose do coração, aterosclerose, arritmia, trombose →
tudo isso em tentativas de tornar o miócito mais forte, dar suporte de
O SNS é regulado por barorreceptores que estão no seio carotídeo e matriz mais forte ao miocárdio, vasoconstrição para resistência
no arco aórtico. Se o coração sofrer uma agressão e diminuir o débito periférica, aumentar atividade inflamatória... muuuita merda.
cardíaco → diminuição da pressão → não estimula barorreceptor →
barorreceptor manda uma mensagem ao bulbo → regulação do Além disso, a aldosterona promove: a hipertrofia do miocárdio,
SNA → aumento da descarga simpática (não houve estimulação disfunção do endotélio no barorreceptor (aumenta a excitação
adequada do barorreceptor). simpática do coração), inibe a recaptação de norepinefrina nas
terminações nervosas livres (não deixa a norepinefrina agir e
É um suporte de curto prazo e age sobre o coração aumentando aumenta seu nível circulante – diminui a sensibilidade à
força contrátil, FC e velocidade de condução, age sobre o rim para norepinefrina), aumenta a proteção de radicais livres, diminuição da
liberação de renina e na vasculatura periférica para estimular capacidade antioxidante, inflama e retém sódio. Isso tudo para reter
vasoconstrição periférica.
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volume, hipertrofiar o coração e para melhorar a performance do natriurético tipo A e tipo B atuam no átrio e no ventrículo,
coração. respectivamente. O NPRC e o NPRD são receptores periféricos. O
PNA é liberado em uma agressão mais aguda, e o PNB liberado em
SISTEMA ARGININA-VASOPRESSINA uma agressão crônica. A enzima neprilisina atua degradando o
A vasopressina é também liberada caso o volume circulante abaixe peptídeo natriurético.
em mais de 20% → retenção de água e vasoconstrição. • Endotelina: vasoconstritora na artéria pulmonar, está relacionada à
hipertensão arterial pulmonar, aumentando a resistência ao fluxo
Principais funções: vasoconstrição (melhora a pressão) e retenção
sanguíneo que sai do ventrículo direito para a artéria pulmonar. Ela
de água (tenta oferecer volume para o coração para executar o
também ajuda a estimular a norepinefrina, angiotensina II e
mecanismo de Frank-Starling).
trombina, além de aumentar a atividade inflamatória.
Receptores:
A insuficiência cardíaca é cada vez mais uma doença inflamatória –
• Nas células musculares lisas vasculares, receptores 1a. ou seja, muitos mediadores inflamatórios estão agindo sobre o
• Nas células dos túbulos coletores renais: 2b. coração. Alguns ficam muito aumentados, como fator de necrose
tumoral, interleucina 6, enquanto a IL 10 fica diminuída. Esses fatores
Marcador de mal prognóstico: hiponatremia (sódio no sangue está inflamatórios serão responsáveis pelo catabolismo de massa muscular
muito baixo devido à desregulação do sistema arginina- → emagrecimento, caquexia.
vasopressina).

Repetindo de novo mais uma vez novamente:


Sistema renina-angiotensina-aldosterona e arginina-vasopressina
estão fazendo vasoconstrição, retendo sódio e água, aumentando a
frequência cardíaca e a contratilidade. Tudo isso aumenta o
trabalho do coração, ou seja, aumenta o consumo de oxigênio no
coração, que está agredido, e aumenta o retorno venoso ao
coração.

Para contrabalancear isso, o coração libera citocinas ou peptídeos


vasodilatadores (peptídeos natriuréticos).

• Peptídeo natriurético: o peptídeo natriurético, em resposta à


retenção de sódio, elimina sódio pela urina, promove a
vasodilatação, é um antiagregante plaquetário e inibe a
angiotensina 2. Age em receptores NPRA, NPRB E NPRC. Peptídeo

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