Você está na página 1de 16

1

UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

CURSO DE QUÍMICA

ALBINO DINIZ JOAO

IMPACTO SOCIO-ECONOMICO DO HIV/SIDA NO SECTOR


DA EDUCAÇÃO

CICLO ECONÓMICO DO HIV/SIDA

IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO E NO ACESSO A


EDUCAÇÃO

IMPACTO DO HIV/SIDA NA COMUNIDADE

IMPACTO DO HIV/SIDA NAS PERPECTIVAS DO FUTURO

BEIRA

2022
2

ALBINO DINIZ JOAO

IMPACTO SOCIO-ECONOMICO DO HIV/SIDA NO SECTOR DA


EDUCAÇÃO

CICLO ECONÓMICO DO HIV/SIDA

IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO E NO ACESSO A EDUCAÇÃO

IMPACTO DO HIV/SIDA NA COMUNIDADE

IMPACTO DO HIV/SIDA NAS PERPECTIVAS DO FUTURO

Trabalho de pesquisa a ser


apresentado no curso de Química na
Faculdade de Ciências e Tecnologia,
Departamento de Ciências Naturais,
para fins avaliativos da cadeira de
Tema Transversal IV

DOCENTE: MSC. FLÁVIA CHINGUELA

BEIRA

2022
3

Sumário
1. Introdução...............................................................................................................................4

2. O Impacto Sócio-económico do HIV/SIDA no Sector da Educação..................................5

2.1. Ciclo Económico do HIV/SIDA......................................................................................5

2.1.1. Redução da Oferta de Trabalho.................................................................................5

2.1.2. Aumento nos Custos de Tratamento.........................................................................6

2.1.3. Redução das Receitas e no aumento dos Gastos do Governo..................................6

2.1.3. Diminuição do PIB e do Produto Médio...................................................................7

2.2. Impacto no Desenvolvimento e no Acesso a Educação...................................................8

2.2.1. Impacto no desenvolvimento.....................................................................................8

2.2.2. Impacto no acesso a educação...................................................................................9

2.3. Impacto do HIV/SIDA na Comunidade...........................................................................9

2.3.2. Impactos na comunidade.........................................................................................10

2.4. Impacto do HIV/SIDA nas perspectivas do Futuro.......................................................12

2.4.1. Efeito sobre a demanda de educação.......................................................................13

3. Conclusão..............................................................................................................................14

4. Referências Bibliográficas....................................................................................................15
4

1. Introdução
O presente trabalho de pesquisa da cadeira de Tema Transversal-IV aborda sobre “O
Impacto Sócio-económico do HIV/SIDA no Sector da Educação”. No trabalho falar-se-á
sobre o ciclo económico do HIV/SIDA; impacto do HIV/SIDA no desenvolvimento e no
acesso a educação, impactos do HIV/SIDA na comunidade e nas perspectivas do futuro.

HIV-vírus de imunodeficiência Humana e o SIDA- síndrome de Imunodeficiência


Adquirida, constituem o mais sério risco para o desenvolvimento do país ameaçando, de
facto, reverter os ganhos obtidos nos últimos anos do ponto de vista do crescimento
económico e social. Portanto no o sector da educação, O HIV/SIDA tem impacto social, tanto
como económico. Possui impacto social, no que diz respeito a perda de vida de professores;
alunos, ou seja, o pessoal que esta directamente ou indirectamente envolvido no processo de
ensino e aprendizagem, com essas perdas, o ministério assim como o país terá défice na
economia.
5

2. O Impacto Sócio-económico do HIV/SIDA no Sector da Educação

2.1. Ciclo Económico do HIV/SIDA


Segundo Ligia Oliveira (2004), Os ciclos económicos são flutuações periódicas no
desencadear da actividade económica ou, mais precisamente, como os movimentos
temporários do produto real com uma duração tendencialmente a longo prazo (habitual de 2 a
10 anos), caracterizadas pela expansão ou contracção generalizada na maioria dos sectores da
economia. Conquanto, é habitual a referência mais abrangente o ciclo económico como a
maneira de descrever a dinâmica de um grande número de variáveis económicas que variam
entre períodos de prosperidade e recessão. Esta referência deve-se aos movimentos cíclicos
observados noutras variáveis macroeconómicas.

Segundo Jehniffer (2021), os ciclos económicos são as mudanças que acontecem na


economia de um país. Essas mudanças na economia são marcadas por períodos de expansão,
boom, contracção e recessão. Ou seja, é natural que uma economia passe por períodos de
prosperidade e estagnação ou crise.

Portanto falar de ciclo económico do HIV/SIDA é falar das mudanças que acontecem
na economia de um país influenciadas pela pandemia do HIV/SIDA.

Segundo Bollinger & Stover (1999) citado por Sithoye (2011), a SIDA têm o potencial
de criar impactos económicos severos, principalmente em vários países africanos. Esta
epidemia é diferente de muitas outras doenças porque, para além de atacar grupos de pessoas
em idade produtiva, é essencialmente 100 por cento fatal. Os efeitos são vários, de acordo
com a severidade da epidemia do SIDA e a estrutura das economias nacionais. Os dois
maiores efeitos são:
6

 A redução da oferta de trabalho;

 Aumentos nos custos de tratamento do HIV e SIDA.

2.1.1. Redução da Oferta de Trabalho


A perda de jovens e adultos nos seus anos mais produtivos afecta totalmente o produto
de uma economia. Assim como, se a prevalência do HIV e SIDA é maior entre a elite
económica então os impactos podem ser mais extensos do que indica o número absoluto de
mortes de HIV e SIDA. (Bollinger & Stover, 1999) citado por (Sithoye, 2011).

2.1.2. Aumento nos Custos de Tratamento


Segundo Bollinger & Stover (1999), citado por Sithoye (2011) os custos directos do
HIV e SIDA incluindo de cuidados médicos, medicamentos e despesas de funeral são sempre
tendencialmente positivos. Bem como os custos indirectos que incluem o tempo perdido para
tratar a doença, custos de recrutamento, treinamento para troca de trabalhadores e cuidados de
órfãos. Por conseguinte, se os custos são financiados pelas poupanças, então a redução no
investimento pode resultar numa significante redução no crescimento económico. Os efeitos
económicos do HIV e SIDA são sentidos primeiramente pelos indivíduos e suas famílias,
depois atingem as firmas, negócios e a macroeconomia. É momento de mitigar os impactos
económicos do HIV e SIDA.

Além desses impacto a pandemia do HIV-SIDA também tem impactado na:

 Na redução das Receitas e no aumento dos Gastos do Governo


 Na diminuição do PIB e no Produto Médio

2.1.3. Redução das Receitas e no aumento dos Gastos do Governo


De acordo com AARDT (2003) o HIV e SIDA têm inevitavelmente impacto sobre as
receitas e gastos do Governo. Este pode tanto tomar a forma de efeitos directos, bem como
indirectos. As receitas governamentais reduzem, em resultado da expansão dos casos de morte
das pessoas contribuintes dos impostos ao Estado.

Do lado dos gastos, os custos de emprego tem aumentado como resultado da subida
projectada dos custos de mão-de-obra, visto que o Governo é o maior empregador. Assim
como, os custos de treinamento e recrutamento têm subido como resultado da perda de força
de trabalho. Por outro lado, o Governo, como todos empregadores, necessita de treinar um
grande número de trabalhadores para compensar os que morrem durante ou depois de serem
7

treinados. Os gastos de saúde podem, todavia, subir dramaticamente, dependendo das


escolhas de medidas de políticas adoptadas concernentes a disponibilização de medicamentos.
(Sithoye, 2011).

Segundo AARDT (2003), por consequência, o aumento dos níveis de pobreza causado
pela HIV e SIDA têm levado a um acréscimo na demanda por despesa de alívio dessa
pobreza. Por conseguinte, se a renda perdida pelas famílias que vivem abaixo da linha da
pobreza for compensada pelo Governo, então o gasto recorrente terá que aumentar
relativamente à situação sem HIV e SIDA.

2.1.3. Diminuição do PIB e do Produto Médio


De acordo com AARDT (2003) o potencial impacto macroeconómico do HIV e SIDA
opera através de vários e diferentes canais. Esses efeitos podem ser divididos entre os que
aumentam devido a subida da morbilidade (expansão da doença) e aqueles que aumentam em
resultado da subida da mortalidade (elevadas taxas de mortalidade).

Segundo AARDT (2003) os aumentos da Morbilidade podem ter os seguintes


impactos:

 Redução da produtividade, visto que os trabalhadores ausentam-se por doença ou para


cuidar de membros doentes de suas famílias;
 Aumento dos gastos através dos cuidados de saúde (pelos indivíduos, firmas e
Governo), treinamento para substituir trabalhadores doentes e pagamento de subsídios
(pelas firmas e Governo);
 Redução de poupanças, dado que pelo menos parte dos gastos é tomada da renda que
deveria tornar-se poupança;
 Redução do investimento, tanto público assim como privado, em resultado de baixa
expectativa de lucros ou aumento da incerteza económica, diminuindo a habilidade de
financiar os investimentos devido aos baixos níveis de poupança.

Segundo AARDT (2003) os aumentos da Mortalidade têm impactos demográficos tais


como:

 Redução da população e da força de trabalho;


 Troca da estrutura etária da população e força de trabalho (que afecta a experiência e
produtividade da força de trabalho) resulta em pressões para redução dos salários.
8

Portanto, porque todos os insumos chaves na produção são afectados negativamente


(trabalho, capital e produtividade), existe a probabilidade da taxa de crescimento do PIB seja
reduzida. Importa enfatizar que, não significa necessariamente que a economia se tornará
menor como resultado do HIV e SIDA. Apenas acontecerá se a taxa de crescimento do PIB
fôr negativa. O mais provável é que a taxa de crescimento do PIB decresça, mas continue
positiva. Isto simplesmente significa que a economia torna-se menor como resultado do HIV e
SIDA, comparado com o tamanho que teria se não houvesse HIV e SIDA, ou seja, seria maior
do que o presente tamanho. (Sithoye,2011).

Um outro ponto importante a notar, tem a ver com o facto de a baixa taxa de
crescimento do PIB não significa necessariamente que o produto médio (PIB per capita) seja
afectado do mesmo modo. Sabemos de acordo com evidências empíricas, que enquanto a taxa
de crescimento do PIB tende a baixar, a taxa de crescimento da população também tende a
reduzir. Se a taxa de crescimento da população reduz mais do que a taxa de crescimento do
PIB como resultado do HIV e SIDA (que é inteiramente possível), então o HIV e SIDA
aumenta a taxa de crescimento do PIB per capita.(Sithoye,2011).

2.2. Impacto no Desenvolvimento e no Acesso a Educação

2.2.1. Impacto no desenvolvimento

Segundo ILO (2004), os principais canais através dos quais a epidemia de HIV afecta
o desenvolvimento social e económico passam pela força de trabalho e pelo nível e
distribuição de poupanças. No primeiro caso, os efeitos decorrem do fato fundamental de ter a
epidemia seu impacto primário na população na idade de trabalho, onde se concentra a
incidência de enfermidade e mortalidade relacionadas com o HIV. Assim, pessoas com
importantes papéis económicos e sociais (tanto homens como mulheres) deixam de dar sua
plena contribuição para o desenvolvimento. Os efeitos, naturalmente, não se limitam a
simples cálculo de perdas de mão-de-obra, mas têm implicações muito mais profundas para a
estrutura de famílias, a sobrevivência de comunidades e problemas a longo prazo de
sustentação da capacidade produtiva.

O declínio da poupança será acentuado em seu impacto na economia com seus efeitos
nos níveis de acumulação de capital, inclusive de investimento humano. Níveis mais baixos
de poupanças familiares já estão afectando investimentos na educação e habilidades
pertinentes. Serviços públicos em todos os países estão enfrentando perda generalizada de
9

pessoal habilitado e não têm condições de preencher as lacunas devido a limitações


orçamentárias. Isso vale também para actividades directamente produtivas, como minas e
plantações, onde perdas de pessoal, devido ao HIV/Aids, estão ocorrendo em ritmo acelerado.
(ILO, 2004).

Os problemas de perdas de capital humano não se limitam a qualificações e formação


que resultam de processos formais de desenvolvimento educacional e profissional. Há em
todas as sociedades processos de aprendizagem que criam ampla gama de habilidades
adaptadas a determinados sistemas sociais e económicos. A epidemia do HIV está corroendo
sistematicamente essas capacidades essenciais, tanto entre homens como entre mulheres.
(ILO,2004).

2.2.2. Impacto no acesso a educação


Segundo HAACKER (2002) citado por Sithoye (2011) a epidemia do HIV e SIDA
afecta o sector da educação quando o número de professores baixa devido ao aumento da
mortalidade, o número de alunos declina em resultado da redução das taxas de natalidade, e
aumenta a mortalidade infantil. Também existe o risco do acesso a educação deteriorar.
Especialmente em zonas rurais com escolas relativamente pequenas, mortes de professores
podem resultar em rupturas de escolarização e, esses professores podem não ser rapidamente
substituídos.

É importante notar que esta situação poderá resultar em órfãos fora das escolas,
gerando pobreza familiar e um aumento das desigualdades. Da mesma forma que pode levar
ao colapso do país, o HIV e SIDA pode também originar o colapso do sistema de educação.
Isto pode acontecer devido aos impactos do HIV e SIDA na prestação, procura, custos e
qualidade da educação. (Sithoye, 2011).

Segundo CNCS (1999), órfãos e crianças são as principais vítimas do HIV/AIDS. Em


1998, estimou-se que cerca de 73.000 crianças foram infectadas de suas mães e 120.000
crianças eram órfãs. A maioria das crianças infectadas morreram antes dos cinco anos de
idade, enquanto a qualidade de vida dos órfãos será reduzida. Em Moçambique, geralmente,
os órfãos são cuidados por familiares, colocando assim uma pressão sobre os recursos já
limitados. A maioria dos órfãos abandona a escola para cuidar de parentes doentes e se
engajar em actividades produtivas como venda de mercadorias na rua, agricultura e pastagem,
para se sustentar. As órfãs também podem praticar sexo comercial.
10

2.3. Impacto do HIV/SIDA na Comunidade


2.3.1. Conceito de Comunidade

Ferdinand Tönnies (1973:104), além de trabalhar com as contraposições entre


comunidade e sociedade, apoia-se nas relações entre mãe e filho, entre esposos e entre irmãos
e irmãs que se reconhecem filhos da mesma mãe para explicar um tipo de comunidade. A
existência de processos comunitários estaria ligada, em primeiro lugar, aos laços de sangue;
em segundo lugar, à aproximação espacial e, em terceiro lugar, à aproximação espiritual.
Tönnies ainda relaciona comunidade a uma vontade comum, à compreensão, ao direito
natural, à língua e à concórdia: “aonde quer que os seres humanos estejam ligados de forma
orgânica pela vontade e se afirmem reciprocamente, encontra-se alguma espécie de
comunidade” (1995:239), ou seja, a vida em comunidade baseia-se em relações sociais.

Ainda em Tönnies (1995:239) encontramos que a comunidade de sangue (unidade de


existência) tende a se desenvolver como comunidade de lugar (fundamentada na habitação
comum) que, consequentemente, desdobra-se em comunidade de espírito (baseada em
actividade comum). A comunidade de pensamento, que se expressa pelo conjunto coerente de
vida mental, seria para o autor a mais elevada forma de comunidade.

Em outras palavras, a base da vida comunitária estaria na comunhão de pensamento e


de ideais.Tönnies (Idem:239) considera que as características da comunidade podem estar
relacionadas a três géneros de comunidades: a) parentesco; b) vizinhança e c) amizade.

Robert E. Park e Ernest W. Burgess (1973:148) defendem que uma comunidade deve
ser considerada a partir da “distribuição geográfica dos indivíduos e instituições de que são
compostos”. Trabalhando na perspectiva de Tönnies, para os autores, “toda comunidade é
uma sociedade, mas nem toda sociedade é uma comunidade”.

Segundo Max Weber (1973:140-143), a comunidade é um conceito amplo que abrange


situações heterogéneas, mas que, ao mesmo tempo, apoia-se em fundamentos afectivos,
emotivos e tradicionais. O autor (1973:140) chama de comunidade “uma relação social
quando a atitude na acção social – no caso particular, em termo médio ou no tipo puro –
inspira-se no sentimento subjectivo (afectivo ou tradicional) dos partícipes da constituição de
um todo”.

Para Weber (1973:141), assim como para Ferdinand Tönnies (1973), a “maioria das
relações sociais participa em parte da comunidade e em parte da sociedade”.
11

2.3.2. Impactos na comunidade


O HIV/SIDA tem impactos na comunidade, onde as famílias se encontram inseridas.
O impacto de HIV/SIDA na comunidade toma diferentes formas, tais como; perda de
emprego; perda de pessoal qualificado, incluindo trabalhadores de saúde, professores, com o
consequente impacto na qualidade de serviços prestados nas áreas respectivas; aumento da
pobreza; aumento das necessidades, em termos de cuidado de saúde, e outros serviços sociais,
incluindo escolas; aumento do número de óbitos, e redução da capacidade para mobilizar
recursos para ajuda mútua.

Os problemas que surgem.ao nível da comunidade incluem ainda a necessidade de


apoiar um número cada vez mais crescente de crianças órfãos e vulneráveis, redução da
intervenção dos membros da comunidade em questões estruturais e em actividades relevantes
para o seu bem estar e desenvolvimento, aumento de pessoas sem abrigo ou em condições
habitacionais precárias e aumento do crime e prostituição.

A pandemia vai forçar a formação de famílias extensas para absorver crianças órfãos e
tomar conta de pessoas cronicamente doentes (Booysen & Bachmann, 2002:23).

O impacto do HIV/SIDA nas famílias é multifacetado porque numerosas respostas


comportamentais podem surgir quando o membro da família fica doente, isto porque a morte
de um trabalhador adulto na família pode reduzir os rendimentos, o acesso a terra, as despesas
da casa, os activos e os insumos para a machamba e também torna reduzido o trabalho
familiar e a escolaridade dos filhos.

Como salienta Aardt (2003), é importante reconhecer que o impacto do HIV/SIDA na


família começa assim que um membro da família padece de doenças relacionadas com o HIV
causando:

 Perdas de renda do paciente (que é frequentemente a fonte do seu sustento


quotidiano),
 Possível aumento substancial das despesas da família em medicamentos caros,
 Outros membros da família, normalmente filhas e esposas, podem faltar a escola ou
trabalho para cuidar da pessoa doente.
A morte que resulta numa perda permanente da renda, custos de funeral, luto e a
retirada das crianças da escola de modo a poupar as despesas educacionais e aumentar
a força de trabalho na família resultando numa perda severa de potenciais quadros
futuros.
12

Os indivíduos e suas famílias, bem como a comunidade passam por um processo de


experimentação e adaptação para fazer face às imediatas e longas alterações demográficas,
sociais e económicas impostas pela pandemia. Este processo de experimentação é constituído
por um número razoável de mecanismos de respostas desenvolvidas pelas famílias e/ou
agregados familiares e que são adaptados sequencialmente ou em estágios (Sauerborn et al.
1996. Donahue, 1998).

2.4. Impacto do HIV/SIDA nas perspectivas do Futuro


No âmbito do sector da educação, Bollinger e Stover (1999) defendem que a epidemia
afecta o sector pelo menos em 3 vias, nomeadamente a redução do número de professores
experientes devido à doença e morte pelo HIV/SIDA, o abandono da escola pelas crianças
porque têm de ficar em casa a cuidar das pessoas enfermas do VIH ou a trabalhar para auto-
sustento e sustento dos enfermos e, abandono da escola pelas crianças porque seus familiares
não possuem capacidade de financiar os estudos devido ao desaparecimento e/ou redução do
rendimento familiar causada pelas mortes ou doenças pelo HIV/SIDA. Segundo a ECA, na
educação, espera-se que o “SIDA baixe a população em idade escolar, reduza a porção da
população em idade escolar que procura ir à escola, destrua a capacidade do sistema de
educação. Estes factores apontam para uma redução da acumulação do capital humano.”

O sector da educação certamente enfrentará as consequências da ampliação do alcance


do HIV-AIDS. Um único estudo a respeito do impacto do HIV-AIDS sobre o sector da
educação em Moçambique foi realizado em 2000.

Segundo ILO (2004), mais de 60% da população total de Moçambique têm menos de
25 anos de idade, o que significa que, num futuro previsível, o país enfrentará crescente
demanda de educação. Isso se deve em parte ao fato de, apesar dos esforços desenvolvidos
desde a Independência, a população permanecer pouco instruída.

Em 2001, o índice de analfabetismo adulto era estimado em 71% das mulheres e 40%
dos homens. Nas zonas rurais, onde vive a maioria da população, os índices são
respectivamente de 83% e 52%. Baixos níveis de educação explicam também em parte a
persistência da pobreza rural e urbana, e a melhoria do acesso à educação tem recebido alta
prioridade em todas as políticas do governo (inclusive o PRSP).
As dificuldades que enfrentam o país para ampliar esse acesso são enormes. A pirâmide de
educação é pontiaguda – larga na base e muito estreita no topo. A matrícula bruta no ensino
primário tem aumentado substancialmente nos últimos anos, mas o número de crianças fora
13

da escola (entre 6 e 10 anos de idade) é ainda estimado em um milhão (37% das crianças
nessa faixa etária). Tem havido significativas melhorais no aumento de matrículas de
meninas, mas continua a desvantagem se comparada com a de meninos.

O único sector em que têm sido feitas projecções globais do impacto é a educação, e
estimativas têm sido elaboradas por Verde Azul Consult Limitada e por pesquisadores em
2001/2. Suas estimativas de impacto baseiam-se em projecções anteriores dos efeitos
demográficos da Aids, usando o modelo padrão do Futures Group. Essas estimativas tendem
elas próprias para o lado conservador, declaram os autores do relatório. Mas, mesmo assim,
constituem uma leitura muito depressiva em termos de perdas de recursos humanos
enfrentadas pelo sector e pela economia, (Ilo: 2004).

2.4.1. Efeito sobre a demanda de educação

 Haverá uma redução global na demanda de educação, principalmente devido ao


impacto demográfico do HIV/Aids (com a queda da fecundidade, menos mulheres,
devido ao impacto da Aids, e mortalidade infantil mais elevada), agravado pela
crescente pobreza, pelo aumento do desvio de crianças para trabalho doméstico, etc.
O impacto de mudanças na demanda de educação será sentido no nível primário,
continuando a educação secundária e terciária (actualmente de oferta restrita) a atrair
alunos.
 A queda estimada na demanda que enfrenta o curso primário será de 13,3% por volta
de 2010, com efeitos visivelmente diferenciados por região (com a região central
enfrentando uma queda de 18%).
14

3. Conclusão
Finda o trabalho de pesquisa em concordância com os objectivos propostos conclui-se
que o como o HIV/SIDA afecta a comunidade, sendo as famílias residentes na comunidade, e
parcticipantes no processo de ensino e aprendizagem, o HIV/SIDA no sector da edução
afecta negativamente o processo de ensino e aprendizagem nos professores assim como nos
estudantes/alunos.
15

4. Referências Bibliográficas
AARDT, C. V. (2003) The economic cost of AIDS (Part I). University of South
Africa, Pretória.

Jehniffer, J. (2021). Ciclo econômico, o que é? Como funciona e relação com os


investimentos. Disponível https://investidorsardinha.r7.com/aprender/ciclo-economico/
acesso 21/03/2022.

ILO, (2004) Moçambique: O impacto do HIV/AIDS em recursos humanos.

Conselho Nacional de Combate ao SIDA [CNCS]. 1999. Estratégia nacional de


combate e prevenção ao HIV/SIDA. CNCS, Maputo, Mozambique.

GOVERNO DE MOÇAMBIQUE. (2004). Acelerando a resposta ao HIV E SIDA no


sector da Educação em Moçambique.

Sithoye, E. R. (2011), Medição de Gastos com HIV e SIDA: Impacto dos Gastos
Públicos na luta contra o HIV e SIDA no Distrito de Massinga (2005-2009), Maputo.

Bollinger, L. e Stover, J. (1999). The Economic Impact of AIDS, in Aardt, C.


(2003).The Economic Cost of AIDS, Part II (pp.287-298). Pretory:UNISA.

ONUSIDA (2008). Mozambique National AIDS Spending Assessment (NASA) For


The Period: 2004-2006. Level And Flow Of Resources And Expenditures To The National
HIV And AIDS Response. ONUSIDA/CNCS/OMS

Oliveira, ligia. Crise, Ciclos e Crescimento. Instituto Superior de Entre Douro e


Vouga, 2014.

PARK, R. E.; BURGESS, E. W. Comunidade e sociedade como conceitos analíticos.


In: FERNANDES, F. (Org.). Comunidadee sociedade: leituras sobre problemas conceituais,
metodológicos e de aplicação. São Paulo: Editora Nacional e Editora da USP, 1973.
16

WEBER, M. Comunidade e sociedade como estruturas de socialização. In:


FERNANDES, F. (Org.). Comunidade e sociedade: leituras sobre problemas conceituais,
metodológicos e de aplicação. São Paulo: Editora Nacional e Editora da USP, 1973.

Você também pode gostar