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PLANO DE BENEFÍCIOS E SERVIÇOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL - RGPS

3. DEPENDENTES DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA

3.1 - INTRODUÇÃO

Como já estudado, os beneficiários do Regime Geral de Previdência Social RGPS são os


segurados e seus dependentes.

Após termos feito o estudo detalhado de cada uma das espécies de segurados, vamos agora
estudar cada um dos dependentes.

Os dependentes são beneficiários do RGPS independentemente de qualquer contribuição, pois


seu vínculo com a Previdência Social decorre da contribuição do segurado com o qual
mantenha vínculo de dependência.

Nos termos do art. 16 da Lei 8.213/91, os dependentes dividem-se em três classes, conforme
segue:

• Classe I (1ª Classe) - também conhecido como dependentes preferenciais: o cônjuge, a


companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21
(vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual, mental ou deficiência grave;

• Classe II (2ª Classe): os pais;

• Classe III (3ª Classe): o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e
um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave.

3.2. PRESTAÇÕES DEVIDAS AOS DEPENDENTES

Os dependentes têm direito apenas a dois benefícios previdenciários, quais sejam:

• pensão por morte e


• auxílio-reclusão.

Além destes benefícios, os dependentes também terão direito aos serviços oferecidos pela
Previdência Social, conforme segue:

• Habilitação e reabilitação profissional e

• Serviço Social

Tais benefícios e serviços serão estudados em detalhes, junto com as demais prestações
Previdenciárias, logo na sequencia.

4. DEPENDENTES DE PRIMEIRA CLASSE (PREFERENCIAIS)

4.1. CÔNJUGE

Consideram-se cônjuges aqueles matrimonialmente vinculados pelo casamento. Assim sendo,


cada um dos cônjuges é beneficiário do RGPS, na condição de dependente, em relação ao
outro cônjuge, quando estes forem segurados.

Como exemplo podemos afirmar que o marido é dependente da esposa, se ela for segurada.
Da mesma forma, a esposa será dependente do marido, se ele for segurado.

O cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato, bem como o ex-companheiro, que


recebia pensão de alimentos, concorrerá em igualdade de condições com os dependentes de
1ª Classe.

Obs.: Equipara-se à percepção de pensão alimentícia o recebimento de ajuda econômica ou


financeira sob qualquer forma.

Apesar da legislação previdenciária considerar o recebimento da pensão de alimentos ou ajuda


econômica/financeira como fator determinante para a manutenção da qualidade de
dependente para o ex-cônjuge e ex-companheiro, o STJ tem o seguinte entendimento:
Súmula 336 - STJ: A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à
pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica
superveniente.

Apesar da súmula mencionar apenas a separação judicial, tal entendimento aplica-se também
aos casos de divórcio.

Para corroborar com tal entendimento, podemos citar parte da ementa de Julgamento do STJ
do Agravo Regimental no Agravo em Recurso Especial 101062/RJ:

STJ: Consoante jurisprudência desta Corte, comprovada a dependência econômica em relação


ao de cujus, o cônjuge separado judicialmente faz jus ao benefício de pensão pós-morte do ex-
cônjuge, ainda que não receba pensão alimentícia.

4.2. COMPANHEIROS

Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união
estável com o segurado ou com a segurada.

Considera-se união estável aquela configurada na convivência pública, contínua e duradoura


entre o homem e a mulher, estabelecida com intenção de constituição de família, exceto nos
casos de impedimento legal de casamento, que também impedem a constituição de união
estável.

Outrossim, no caso em que um dos companheiros ou ambos sejam separados apenas de fato,
tal situação, apesar de impedir casamento, não impedirá a união estável.

Assim sendo, podemos resumir as condições para que se reste caracterizada a união estável
em dois itens:

• convivência pública, contínua e duradoura entre o homem e a mulher, estabelecida com


intenção de constituição de família;

• ambos os companheiros sejam solteiros, separados judicialmente, divorciados, viúvos ou


separados de fato.

Não é possível o reconhecimento da união estável, bem como dos efeitos previdenciários
correspondentes, quando um ou ambos os pretensos companheiros forem menores de
dezesseis anos.

Em se tratando de companheiro(a) maior de dezesseis e menor de dezoito anos, dada a


incapacidade relativa, o reconhecimento da união estável está condicionado à apresentação
de declaração expressa dos pais ou representantes legais, atestando que conheciam e
autorizavam a convivência marital do menor.

4.3. COMPANHEIROS HOMOAFETIVOS

No âmbito do Regime Geral de Previdência Social - RGPS, as normas que tratam de


dependentes para fins previdenciários devem ser interpretadas de forma a abranger a união
estável entre pessoas do mesmo sexo.
O companheiro ou a companheira do mesmo sexo de segurado inscrito no RGPS integra o rol
dos dependentes e, desde que comprovada a união estável, concorre com os dependentes
preferenciais (dependentes de 1ª Classe), para fins de recebimento de pensão por morte e de
auxílio-reclusão, independentemente de comprovação de dependência econômica.

O STF já se posicionou reconhecendo a legitimidade da união homoafetiva como entidade


familiar.

Vejamos o julgado a seguir:

RECONHECIMENTO E QUALIFICAÇÃO DA UNIÃO HOMOAFETIVA COMO ENTIDADE FAMILIAR . -


O Supremo Tribunal Federal - apoiando-se em valiosa hermenêutica construtiva e invocando
princípios essenciais (como os da dignidade da pessoa humana, da liberdade, da
autodeterminação, da igualdade, do pluralismo, da intimidade, da não discriminação e da
busca da felicidade) - reconhece assistir, a qualquer pessoa, o direito fundamental à orientação
sexual, havendo proclamado, por isso mesmo, a plena legitimidade ético-jurídica da união
homoafetiva como entidade familiar, atribuindo-lhe, em consequência, verdadeiro estatuto de
cidadania, em ordem a permitir que se extraiam, em favor de parceiros homossexuais,
relevantes consequências no plano do Direito, notadamente no campo previdenciário, e,
também, na esfera das relações sociais e familiares . – A extensão, às uniões homoafetivas, do
mesmo regime jurídico aplicável à união estável entre pessoas de gênero distinto justifica-se e
legitima-se pela direta incidência, dentre outros, dos princípios constitucionais da igualdade, da
liberdade, da dignidade, da segurança jurídica e do postulado constitucional implícito que
consagra o direito à busca da felicidade, os quais configuram, numa estrita dimensão que
privilegia o sentido de inclusão decorrente da própria Constituição da República (art. 1º, III, e
art. 3º, IV), fundamentos autônomos e suficientes aptos a conferir suporte legitimador à
qualificação das conjugalidades entre pessoas do mesmo sexo como espécie do gênero
entidade familiar .(STF, RE 477554 AgR/MG, DJe-164, de 25/08/2011)

4.4. CONCUBINATO

Considera-se concubinato a relação não eventual entre o homem e a mulher, impedidos de


casar.

Trata-se de uma relação impedida e que não pode ser considerada como entidade familiar. No
entanto, exclui-se da noção de concubinato a relação de pessoas separadas judicialmente ou
de fato que, apesar de serem impedidas para novo casamento, podem estabelecer união
estável, conforme previsão expressa em lei.

Também se considera concubina a mulher com quem o cônjuge adúltero tem encontros
periódicos fora do lar.

A doutrina e a jurisprudência consideram as relações de concubinato excluídas do conceito de


união estável, por considera-las ilegítimas, não alcançando a proteção do Estado. Vejamos
decisão do STF sobre o assunto:
STF - COMPANHEIRA E CONCUBINA - DISTINÇÃO. Sendo o Direito uma verdadeira ciência,
impossível é confundir institutos, expressões e vocábulos, sob pena de prevalecer a babel.
UNIÃO ESTÁVEL - PROTEÇÃO DO ESTADO. A proteção do Estado à união estável alcança
apenas as situações legítimas e nestas não está incluído o concubinato. PENSÃO - SERVIDOR
PÚBLICO - MULHER - CONCUBINA - DIREITO. A titularidade da pensão decorrente do
falecimento de servidor público pressupõe vínculo agasalhado pelo ordenamento jurídico,
mostrando-se impróprio o implemento de divisão a beneficiar, em detrimento da família, a
concubina. (STF - RE: 397762 BA, Relator: MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 03/06/2008)

4.5. FILHOS

Os filhos também estão incluídos no rol de dependentes de 1ª Classe (dependentes


preferenciais), quando não emancipados, de qualquer condição, quando menores de 21 anos
ou, em qualquer idade, quando inválidos ou que tenha deficiência intelectual, mental ou
deficiência grave.

Destaco aqui que os filhos adotados não são apenas equiparados a filhos... Filhos adotados
SÃO FILHOS, sem qualquer distinção (não por equiparação, mas por definição). A Constituição
Federal de 1988 unificou o direito de igualdade entre os filhos.

Muitos alunos costumam confundir a dependência dos filhos para efeitos previdenciários com
a dependência para efeito de imposto de renda. Os filhos que tenham entre 21 e 24 anos,
quando universitários ou estejam cursando escola técnica de 2º grau, apesar de dependentes
para efeito de imposto de renda, não são considerados dependentes para efeitos
previdenciários.

O filho maior de 21 anos somente manterá a condição de dependente quando inválido ou se


tiver deficiência intelectual, mental ou deficiência grave.

Outro ponto que costuma causar confusão ocorreu após a redução da maioridade promovida
pelo Novo Código Civil, de 21 anos para 18 anos, para aquisição de plena capacidade civil. Essa
redução de maioridade civil para 18 anos em nada altera a idade dos filhos, equiparados a
filhos e irmãos para fins previdenciários, que manterão a qualidade de dependente, quando
não emancipados, até completar 21 anos de idade.

A emancipação, cujo conceito jurídico é a aquisição de capacidade civil antes da idade mínima
definida em lei, ou seja, é a aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil, poderá
antecipar a perda da qualidade de dependente para idade anteriores a 21 anos. Vejamos
abaixo as causas de emancipação:

I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o
menor tiver dezesseis anos completos;

II - pelo casamento;

III - pelo exercício de emprego público efetivo;

IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;


V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde
que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

Obs.: Se a emancipação decorrer da colação de grau científico em curso de ensino superior, o


filho inválido não perde a condição de dependente.

Para efeitos de dependência previdenciária sem limite de idade, a invalidez tem que existir no
momento em que o requisito exigido como condição para concessão do benefício for
implementado.

Assim sendo, A pensão por morte somente será devida ao filho e ao irmão cuja invalidez tenha
ocorrido antes da emancipação ou de completar a idade de vinte e um anos, desde que
reconhecida ou comprovada, pela perícia médica do INSS, a continuidade da invalidez até a
data do óbito do segurado.

Exemplo 1: Abelardo , segurado do RGPS, faleceu deixando um filho de 25 anos chamado


Paulo. Seis meses após a morte de Abelardo, Paulo sofreu um acidente e ficou inválido.

Nesta situação, apesar de inválido, Paulo não terá direito à pensão por morte, pois sua
invalidez ocorreu após a morte de seu pai Abelardo e quando Paulo já possuía mais de 21
anos.

Exemplo 2: Agora vamos imaginar que Paulo, quando do falecimento de seu pai Abelardo,
tivesse 16 anos. Caso Paulo fique inválido antes de completar 21 anos, terá direito à
manutenção do benefícios de pensão por morte, enquanto durar a invalidez,
independentemente de sua idade e independentemente de ter ficado inválido após o óbito do
segurado.

O exercício de atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual,


não impede a concessão ou manutenção da parte individual da pensão do dependente com
deficiência intelectual ou mental ou com deficiência grave.

4.6. EQUIPARADOS A FILHOS

Equiparam-se aos filhos, mediante declaração escrita do segurado, comprovada a


dependência econômica na forma estabelecida no § 3º do art. 22, o enteado e o menor que
esteja sob sua tutela e desde que não possua bens suficientes para o próprio sustento e
educação.

Enteado: considera-se enteado o filho de seu cônjuge ou companheiro atual, proveniente de


um relacionamento anterior.

Tutela: considera-se tutela um encargo conferido a uma pessoa civilmente capaz, para que
esta administre os bens e/ou a conduta de um menor de idade, decorrente de falecimento dos
pais ou estes decaírem dom poder familiar.

Os enteados e menores sob tutela serão beneficiários do RGPS na qualidade de dependente


casos preencham, cumulativamente, os seguintes requisitos:

• declaração escrita do segurado;


• comprovação de dependência econômica;

• não possuir bens suficientes para garantir seu sustento e educação

Os equipados a filhos, quando cumprirem os requisitos exigidos, também estão incluídos no


rol de dependentes de 1ª Classe (dependentes preferenciais), desde que sejam menores de 21
anos ou, em qualquer idade, quando inválidos ou que tenha deficiência intelectual, mental ou
deficiência grave.

A maior polêmica está na exclusão dos menores sob guarda do rol de dependentes
equiparados a filhos, conforme podemos verificar no art. 16, § 2º,da Lei 8.213/91, com a
redação dada pela Lei nº 9.528/97. Após a exclusão dos menores sob guarda, restaram como
equiparados a filhos apenas o enteado e o menor tutelado.

No entanto, o Estatuto da Criança e Adolescente (Lei 8.090/90), em seu art. 33, §1º, determina
que:

§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins e


efeitos de direito, inclusive previdenciários.

Como podemos perceber, existe um conflito entre a norma mais específica (Lei 8.213/91) e a
norma mais genérica (Estatuto da Criança e do Adolescente) acerca da equiparação a filho do
menor sob guarda, para efeitos previdenciários. Vejamos, resumidamente, cada
entendimento:

Lei 8.213/91: Menor sob guarda não é equiparado a filho.

Lei 8.090/90: Menor sob guarda é equiparado a filho.

Para resolver esse conflito de normas, temos que recorrer ao STJ, onde o tema também é
controverso, conforme podemos ver a seguir:

Vejamos uma decisão favorável ao Estatuto da Criança e Adolescente, mantendo o menor sob

guarda no rol dos equiparados a filhos:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PENSÃO


POR MORTE. MENOR SOB GUARDA JUDICIAL. APLICABILIDADE DO ESTATUTO DA CRIANÇA E
DO ADOLESCENTE - ECA. INTERPRETAÇÃO COMPATÍVEL COM A DIGNIDADE DA PESSOA
HUMANA E COM O PRINCÍPIO DE PROTEÇÃO INTEGRAL DO MENOR. 1. Caso em que se discute
a possibilidade de assegurar benefício de pensão por morte a menor sob guarda judicial, em
face da prevalência do disposto no artigo 33, § 3º, do Estatuto da Criança e do Adolescente -
ECA, sobre norma previdenciária de natureza específica. 2. Os direitos fundamentais da criança
e do adolescente têm seu campo de incidência amparado pelo status de prioridade absoluta,
requerendo, assim, uma hermenêutica própria comprometida com as regras protetivas
estabelecidas na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente. 3. A Lei
8.069/90 representa política pública de proteção à criança e ao adolescente, verdadeiro
cumprimento da ordem constitucional, haja vista o artigo 227 da Constituição Federal de 1988
dispor que é dever do Estado assegurar com absoluta prioridade à criança e ao adolescente o
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
4. Não é dado ao intérprete atribuir à norma jurídica conteúdo que atente contra a dignidade
da pessoa humana e, consequentemente, contra o princípio de proteção integral e preferencial
a crianças e adolescentes, já que esses postulados são a base do Estado Democrático de Direito
e devem orientar a interpretação de todo o ordenamento jurídico. 5. Embora a lei
complementar estadual previdenciária do Estado de Mato Grosso seja lei específica da
previdência social, não menos certo é que a criança e adolescente tem norma específica, o
Estatuto da Criança e do Adolescente que confere ao menor sob guarda a condição de
dependente para todos os efeitos, inclusive previdenciários (art. 33, § 3º, Lei n.º 8.069/90),
norma que representa a política de proteção ao menor, embasada na Constituição Federal que
estabelece o dever do poder público e da sociedade na proteção da criança e do adolescente
(art. 227, caput, e § 3º, inciso II). 6. Havendo plano de proteção alocado em arcabouço
sistêmico constitucional e, comprovada a guarda, deve ser garantido o benefício para quem
dependa economicamente do instituidor. 7. Recurso ordinário provido. (STJ - RMS: 36034 MT
2011/0227834-9, Relator: Ministro BENEDITO GONÇALVES, Data de Julgamento: 26/02/2014,
S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 15/04/2014)

Vejamos agora uma decisão favorável ao entendimento da Lei 8.213/91, excluindo o menor
sob guarda no rol dos equiparados a filhos:

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENSÃO POR MORTE.


MENOR SOB GUARDA. ANÁLISE DE DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. IMPOSSIBILIDADE. 1. É
pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de ser indevida pensão por morte a menor sob
guarda se o óbito do segurado tiver ocorrido sob a vigência da MP n. 1.523/96, posteriormente
convertida na Lei n. 9.528/97. Precedentes (...) - (AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.141.788 RS)

Em recente decisão, o STJ confirmou o entendimento de que o Estatuto da Criança e


Adolescente deve prevalecer sobre a modificação legislativa promovida na lei geral da
Previdência Social, mantendo o menor sob guarda no rol dos equiparados a filhos:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. MENOR SOB GUARDA. ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS.


ART. 16 DA LEI N. 8.213/90. MODIFICAÇÃO PELA MP N. 1.523/96, CONVERTIDA NA LEI N.
9.528/97. CONFRONTO COM O ART. 33, § 3º, DO ECA. ART. 227 DA CONSTITUIÇÃO.
INTERPRETAÇÃO CONFORME. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO INTEGRAL E PREFERENCIAL DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. 1. Ao menor sob guarda deve ser assegurado o direito ao
benefício da pensão por morte mesmo se o falecimento se deu após a modificação legislativa
promovida pela Lei n. 9.528/97 na Lei n. 8.213/90. 2. O art. 33, § 3º da Lei n. 8.069/90 deve
prevalecer sobre a modificação legislativa promovida na lei geral da previdência social
porquanto, nos termos do art. 227 da Constituição, é norma fundamental o princípio da
proteção integral e preferência da criança e do adolescente. 3. Embargos de divergência
acolhidos.

Em provas de concursos públicos, recomendo aos alunos adotarem a seguinte resposta:


Se a banca perguntar o entendimento nos termos da lei 8.213/91: Menor sob Guarda não é
equiparado a filho e está excluído do rol de dependentes.

Se a banca perguntar o entendimento nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente:


Menor sob Guarda é equiparado a filho e está incluído do rol de dependentes.

Se a banca perguntar o entendimento nos termos da Jurisprudência ou segundo


entendimento predominante e recente do STJ: Menor sob Guarda é equiparado a filho e está
incluído do rol de dependentes.

4.7. COMPROVAÇÃO DO VÍNCULO E DEPENDÊNCIA ECONÔMICA

Os dependentes de 1ª Classe, também conhecidos como dependentes preferenciais, em regra,


não precisam comprovar dependência econômica, uma vez que tal dependência é presumida.

Os únicos dependentes de 1ª Classe que precisam comprovar dependência econômica são os


equiparados a filhos, conforme segue:

• Enteado;

• Menor sob Tutela;

• Menor sob Guarda (se aceito como dependente)

Os enteados e menores sob tutela serão beneficiários do RGPS na qualidade de dependente


casos preencham, cumulativamente, os seguintes requisitos:

• declaração escrita do segurado;

• comprovação de dependência econômica;

• não possuir bens suficientes para garantir seu sustento e educação.


Nos caso dos demais dependentes de 1ª Classe, mesmo que possuam bens suficientes para
garantir seu sustento e educação e não dependam economicamente do segurado, farão jus às
prestações previdenciárias na qualidade de dependentes.

Para comprovação do vínculo e da dependência econômica, quando for o caso, devem ser
apresentados no mínimo três dos seguintes documentos:

• certidão de nascimento de filho havido em comum;

• certidão de casamento religioso;

• declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o interessado como seu


dependente;

• disposições testamentárias;

• declaração especial feita perante tabelião;

• prova de mesmo domicílio;

• prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade ou comunhão nos atos da


vida civil;

• procuração ou fiança reciprocamente outorgada;

• conta bancária conjunta;

• registro em associação de qualquer natureza, onde conste o interessado como dependente


do segurado;

• anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados;

• apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a pessoa


interessada como sua beneficiária;

• ficha de tratamento em instituição de assistência médica, da qual conste o segurado como


responsável;

• escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome de dependente;

• declaração de não emancipação do dependente menor de vinte e um anos; ou

• quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a comprovar.

5. DEPENDENTES DE SEGUNDA CLASSE

5.1. PAIS

Os pais (pai e a mãe) do segurado são seus dependentes de 2ª Classe.


Importante lembrar que os dependentes de 2ª classe somente terão direito às prestações
previdenciárias (benefícios e serviços) caso não exista nenhum dependente de 1ª classe
(preferencial), uma vez que a existência de dependente de qualquer das classes anteriores
exclui do direito às prestações os das classes seguintes.

5.2. COMPROVAÇÃO DO VÍNCULO E DEPENDÊNCIA ECONÔMICA

Para fins de concessão de benefícios previdenciários, os pais (dependentes de 2ª classe)


devem comprovar dependência econômica, bem como a inexistência de dependentes de 1ª
Classe (preferenciais).

"PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. DEPENDENTES. PAIS. COMPROVAÇÃO DE


DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. LEI 8.213/91. 1. Conforme firme jurisprudência desta Corte, a
dependência econômica da mãe do segurado falecido, para fins de percepção de pensão por
morte, não é presumida, devendo ser comprovada . (AgRg no AREsp 136451 / MG, RELATOR
MINISTRAO CASTRO MEIRA, T2 - SEGUNDA TURMA, 19/06/2012, DJe 03/08/2012).

O Superior Tribunal de Justiça STJ tem se pronunciado no sentido de que testemunhos


coerentes e idôneos merecem crédito, no tocante à demonstração da dependência econômica
dos pais em relação aos filhos, uma vez que nem a lei nem o regulamento da Previdência
Social exigem que a dependência econômica dos pais em relação aos filhos seja comprovada
por início de prova documental, tal como ocorre para a demonstração do tempo de serviço.
Neste sentido:

"PROCESSUAL E PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. DEPENDÊNCIA. ECONÔMICA.


COMPROVAÇÃO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. INEXIGÊNCIA. A legislação previdenciária não
exige início de prova material para comprovação da dependência econômica de mãe para com
o filho segurado, sendo bastante a prova testemunhal lícita e idônea." (RESP 296128/SE,
RELATOR MINISTRO GILSON DIPP, DJ 04/02/2002, p.475)

6. DEPENDENTES DE TERCEIRA CLASSE

6.1. IRMÃOS

Os irmãos são dependentes de 3ª Classe, quando não emancipados, de qualquer condição,


quando menores de 21 anos ou, em qualquer idade, quando inválidos ou que tenha deficiência
intelectual, mental ou deficiência grave.

Os irmãos do segurado são seus dependentes de 3ª Classe.

Importante lembrar que os dependentes de 3ª classe somente terão direito às prestações


previdenciárias (benefícios e serviços) caso não exista qualquer dependente de 1ª classe
(preferencial), nem tampouco qualquer de pendente de 2ª Classe, uma vez que a existência de
dependente de qualquer das classes anteriores exclui do direito às prestações os das classes
seguintes.
6.2. COMPROVAÇÃO DO VÍNCULO E DEPENDÊNCIA ECONÔMICA

Para fins de concessão de benefícios previdenciários, os irmãos (dependentes de 3ª classe)


devem comprovar dependência econômica, bem como a inexistência de dependentes de 1ª
Classe (preferenciais) e de 2ª Classe.

7. REGRAS APLICÁVEIS AOS DEPENDENTES

Em relação aos dependentes, temos algumas regras básicas para que sejam considerados
beneficiários do RGPS, conforme segue:

• A existência de dependente de qualquer das classes exclui do direito às prestações os das


classes seguintes.

o Exemplo: Se houver algum cônjuge, companheiro, filho ou equiparado a filho como


dependentes, os pais e irmão não terão qualquer direito ao benefícios previdenciário.

• Os dependentes de uma mesma classe concorrem em igualdade de condições. Assim sendo,


os benefícios dos dependentes (pensão por morte e auxílio-reclusão), quando devidos, serão
divididos em cotas iguais entre cada um dos dependentes.

o Exemplo: Imaginemos uma pensão por morte a ser paga para cinco dependentes, sendo uma
esposa e quatro filhos menores. Se o valor da renda mensal inicial da pensão por morte for R$
1.000,00, cada um dos quatro dependentes receberá R$ 200,00.

• Reverterá em favor dos demais dependentes a parte daquele cujo direito à pensão cessar.

o No exemplo acima, assim que um dos filhos completar 21 anos, deixará de ser dependente
(exceto se for inválido ou tiver deficiência intelectual, mental ou deficiência grave). Neste caso,
deixando um filho de ser dependente, os R$ 1.000,00 passarão a ser divididos entre os quatro
dependentes restantes, pagando-se R$ 250,00 para cada dependente. E assim por diante.

• Equiparam-se aos filhos, mediante declaração escrita do segurado, e comprovada a


dependência econômica, o enteado e o menor que esteja sob sua tutela e desde que não
possuam bens suficientes para o próprio sustento e educação.

o Enteado: considera-se enteado o filho de seu cônjuge ou companheiro atual, proveniente de


um matrimônio anterior.

o Tutela: considera-se tutela um encargo conferido a uma pessoa civilmente capaz, para que
esta administre os bens e/ou a conduta de um menor de idade, decorrente de falecimento dos
pais ou estes decaírem dom poder familiar.

• O menor sob tutela somente poderá ser equiparado aos filhos do segurado mediante
apresentação de termo de tutela.

• Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que mantenha união estável com o


segurado ou segurada.
o Considera-se união estável aquela configurada na convivência pública, contínua e duradoura
entre o homem e a mulher, estabelecida com intenção de constituição de família, inclusive na
relação homoafetiva.

• A dependência econômica dos dependentes de 1ª Classe é presumida e a das demais deve


ser comprovada.

o Obs.: O enteado e menor sob tutela, apesar de considerados dependentes de 1ª Classe,


deverão comprovar a dependência econômica.
8. PERDA DA QUALIDADE DE DEPENDENTE

A perda da qualidade de dependente ocorre:

• para o cônjuge, pela separação judicial ou divórcio, enquanto não lhe for assegurada a
prestação de alimentos, pela anulação do casamento, pelo óbito ou por sentença judicial
transitada em julgado;

• para a companheira ou companheiro, pela cessação da união estável com o segurado ou


segurada, enquanto não lhe for garantida a prestação de alimentos;

• para o filho e o irmão, de qualquer condição, ao completarem vinte e um anos de idade,


salvo se inválidos, desde que a invalidez tenha ocorrido antes:

o de completarem vinte e um anos de idade;

o do casamento (emancipação);

o do início do exercício de emprego público efetivo (emancipação);

o da constituição de estabelecimento civil ou comercial ou da existência de relação de


emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha
economia própria (emancipação); ou
o da concessão de emancipação, pelos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz,
ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos (emancipação); e

• para os dependentes em geral:

o pela cessação da invalidez; ou

o pelo falecimento.

Dentre as causas que configuram a perda da qualidade de dependente, temos as


circunstâncias decorrentes de emancipação.

Considera-se emancipação a aquisição de capacidade civil antes da idade mínima definida em


lei, ou seja, é a aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil.

No entanto, dentre as causas de emancipação que acarretam a perda da qualidade de


dependente, não está incluída a colação de grau em curso de ensino superior.

9. INSCRIÇÃO DOS DEPENDENTES

Incumbe ao dependente promover a sua inscrição quando do requerimento do benefício a


que estiver habilitado.

Assim sendo, não há inscrição prévia de dependente. Somente quando do requerimento do


benefício de pensão por morte ou auxílio-reclusão é que os dependentes deverão comprovar
sua qualidade de dependente.

10. PRESTAÇÕES DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL - RGPS

10.1. INTRODUÇÃO

Prestação Previdenciária é gênero, dos quais são espécies os benefícios e serviços.


BENEFÍCIOS: são as prestações previdenciárias com conteúdo pecuniário, ou seja, são pagas
pelo INSS aos beneficiários (segurados e dependentes).

SERVIÇOS: são as prestações previdenciárias sem conteúdo pecuniário, ou seja, não são pagas,
mas prestadas em favor dos beneficiários (segurados e dependentes).

10.2. ESPÉCIES DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS

O Regime Geral de Previdência Social RGPS compreende 10 benefícios, divididos em 4


aposentadorias, 3 auxílios, 2 salários e uma pensão.

São benefícios do RGPS:

• Aposentadoria por Invalidez;

• Aposentadoria por Idade;

• Aposentadoria por Tempo de Contribuição;

• Aposentadoria Especial;

• Auxílio-Doença;

• Auxílio-Acidente;

• Salário-Família;

• Salário-Maternidade;

• Pensão por Morte;

• Auxílio-Reclusão.
10.3. SERVIÇOS PRESTADOS PELA PREVIDÊNCIA SOCIAL

O Regime Geral de Previdência Social RGPS compreende 2 serviços.

São serviços do RGPS:

• Habilitação e Reabilitação Profissional;

• Serviço Social.
10.4. PRESTAÇÕES DOS SEGURADOS E DEPENDENTES

10.4.1. Prestações dos Segurados

Dentre as prestações previdenciárias, os segurados fazem jus apenas a 8 benefícios e 2


serviços.

Segue relação dos 8 BENEFÍCIOS devidos a SEGURADOS do RGPS:

• Aposentadoria por Invalidez;

• Aposentadoria por Idade;

• Aposentadoria por Tempo de Contribuição;

• Aposentadoria Especial;

• Auxílio-Doença;

• Auxílio-Acidente;

• Salário-Família;

• Salário-Maternidade.

Segue relação dos 2 SERVIÇOS devidos a SEGURADOS do RGPS:

• Habilitação e Reabilitação Profissional;

• Serviço Social.

Não são devidos a SEGURADOS os seguintes BENEFÍCIOS:

• Pensão por Morte;

• Auxílio-Reclusão.
10.5. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ

10.5.1. Conceito

A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será
devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado
permanentemente incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe
garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de


incapacidade mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência Social, podendo o
segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança.
10.5.2. Beneficiários
Todos os segurados têm direito à Aposentadoria por Invalidez

10.5.3. Informações Adicionais

A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral de


Previdência Social não lhe conferirá direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a
incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.

O segurado aposentado por invalidez poderá ser convocado a qualquer momento para
avaliação das condições que ensejaram o afastamento ou a aposentadoria, concedida judicial
ou administrativamente.

O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente


de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento) e atenderá o disposto a seguir:

• será devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal;

• será recalculado quando o benefício que lhe deu origem for reajustado;

• cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporável ao valor da pensão.


O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua aposentadoria
automaticamente cancelada, a partir da data do retorno.

10.6. APOSENTADORIA POR IDADE

10.6.1. Conceito

A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida na Lei,
completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos de idade, se
mulher, conforme disposto no art. 201, § 7º, inciso II da CF/88.

Art. 201. (...)

§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei,


obedecidas as seguintes condições:

I (...)

II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido
em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam
suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o
garimpeiro e o pescador artesanal.

Como disposto na CF/88, tais limites serão reduzidos para 60 (sessenta) e 55 (cinquenta e
cinco) anos de idade no caso de trabalhadores rurais, pescadores artesanais e garimpeiros,
respectivamente homens e mulheres, abaixo relacionados:

• Empregado rural;

• Trabalhador que presta serviço de natureza rural, em caráter eventual, a uma ou mais
empresas, sem relação de emprego;

• Trabalhador avulso rural;

• Segurado especial;

• Garimpeiro que trabalhe, comprovadamente, em regime de economia familiar.

A aposentadoria por idade pode ser requerida compulsoriamente pela empresa, desde que o
segurado tenha cumprido a carência, quando completar 70 anos de idade, se homem, ou 65
anos de idade, se mulher (aposentadoria compulsória).

Neste caso, a aposentadoria será compulsória, independentemente, portanto, da vontade do


segurado, sendo-lhe garantida a indenização prevista na legislação trabalhista.

A empresa, por sua vez, não é obrigada a requerer a aposentadoria do segurado nas idades
mencionadas.

Assim sendo, podemos concluir que tal aposentadoria será compulsória para o segurado, mas
não é compulsória para a empresa.
10.6.2. Beneficiários
Todos os segurados têm direito à Aposentadoria por Idade

10.6.3. Aposentadoria por Idade da Pessoa com Deficiência

É assegurada a concessão de aposentadoria por idade, ao segurado com deficiência, com as


idades mínimas a seguir:

• aos 60 (sessenta) anos de idade, se homem, independentemente do grau de deficiência e

• aos 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher, independentemente do grau de


deficiência.
Além das idades acima mencionadas, o segurado com deficiência, para poder se aposentar por
idade, deverá comprovar o cumprimento concomitante dos seguintes requisitos :

• ter cumprido tempo mínimo de contribuição de 15 (quinze) anos e

• comprovada a existência de deficiência durante igual período.

Para o reconhecimento do direito à aposentadoria por idade nestas condições, considera-se


pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir
sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais
pessoas.

A concessão da aposentadoria por tempo de contribuição ou por idade ao segurado que tenha
reconhecido, em avaliação médica e funcional realizada por perícia própria do INSS, grau de
deficiência leve, moderada ou grave, está condicionada à comprovação da condição de pessoa
com deficiência na data da entrada do requerimento ou na data da implementação dos
requisitos para o benefício.

Todos os segurados considerados pessoas com deficiência, mediante perícia própria do INSS,
poderão se beneficiar da aposentadoria por idade da pessoa com deficiência.

Para fins da aposentadoria por idade da pessoa com deficiência é assegurada a conversão do
período de exercício de atividade sujeita a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física, cumprido na condição de pessoa com deficiência, exclusivamente para
efeito de cálculo do valor da renda mensal, vedado o cômputo do tempo convertido para fins
de carência. Ou seja, é possível converter tempo trabalhado em condições que dariam direito
a aposentadoria especial (que será estudada mais adiante) para aproveitar no cálculo do valor
da aposentadoria por idade da pessoa com deficiência. No entanto, não se poderá aproveitar o
tempo convertido para reduzir a carência (quantidade mínima de prestações mensais já
recolhidas para poder usufruir dos benefícios previdenciários), que, neste caso, é de 180
contribuições mensais.

É facultado ao segurado com deficiência optar pela percepção de qualquer outra espécie de
aposentadoria do RGPS que lhe seja mais vantajosa.

A critério do INSS, o segurado com deficiência deverá, a qualquer tempo, submeter-se a perícia
própria para avaliação ou reavaliação do grau de deficiência.

Obs.: Aplicam-se à pessoa com deficiência as demais normas relativas aos benefícios do RGPS.
10.7. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

10.7.1. Conceito

A aposentadoria por tempo de contribuição é devida ao segurado que tiver cumprido a


carência exigida e completar os tempos de contribuição abaixo mencionados:

Constituição Federal

Art. 201. (...)

§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei,


obedecidas as seguintes condições:

I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher;


(Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
II - (...)

§ 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão reduzidos em cinco


anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de
magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.

(Destaques nossos)

Atualmente, no RGPS, não se exige idade mínima para a concessão de aposentadoria por
tempo de contribuição. Ou seja, pelas regras atuais, uma vez implementadas as condições,
poderá o segurado aposentar por tempo de contribuição, independentemente de sua idade.

Para professores que comprovarem, exclusivamente, tempo de efetivo exercício das funções
de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio, a aposentadoria por
tempo de contribuição será reduzida em 5 anos, passando a ser de 30 anos de contribuição
para professor e 25 anos de contribuição para professora.

Atenção: Não confundir a redução do tempo de contribuição dos professores para


aposentadoria por tempo de contribuição com a redução de idade na aposentadoria por idade.
Os professores não terão redução na aposentadoria por idade, mas tão somente terão
redução na aposentadoria por tempo de contribuição. Ademais, apenas professores da
educação infantil, ensino fundamental e médio é que terão tal redução. Professor
universitário, por exemplo, não têm qualquer redução em seu tempo de contribuição.

Obs.: considera-se função de magistério a exercida por professor, quando exercida em


estabelecimento de educação básica em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do
exercício da docência, as funções de direção de unidade escolar e as de coordenação e
assessoramento pedagógico.

O Supremo Tribunal federal STF já firmou entendimento de que as atividades de direção de


unidade escolar, coordenação e assessoramento pedagógico também terão o tempo de
contribuição reduzido em 5 anos, desde que exercidas por professores.

Também tem decidido o STF que, para efeito de aposentadoria, não é possível conversão de
tempo de magistério em tempo de exercício comum. Ou seja, se o professor não tiver tempo
exclusivo de magistério que permita sua aposentadoria com a redução de 5 anos, os anos de
contribuição na condição de professor serão contados sem nenhum acréscimo.

10.6.2. Beneficiários

Todos os segurados têm direito à Aposentadoria por Idade.

10.6.3. Aposentadoria por Idade da Pessoa com Deficiência

É assegurada a concessão de aposentadoria por idade, ao segurado com deficiência, com as


idades mínimas a seguir:

• aos 60 (sessenta) anos de idade, se homem, independentemente do grau de deficiência e

• aos 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher, independentemente do grau de


deficiência.

Além das idades acima mencionadas, o segurado com deficiência, para poder se aposentar por
idade, deverá comprovar o cumprimento concomitante dos seguintes requisitos :

• ter cumprido tempo mínimo de contribuição de 15 (quinze) anos e

• comprovada a existência de deficiência durante igual período.

Para o reconhecimento do direito à aposentadoria por idade nestas condições, considera-se


pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir
sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais
pessoas.
A concessão da aposentadoria por tempo de contribuição ou por idade ao segurado que tenha
reconhecido, em avaliação médica e funcional realizada por perícia própria do INSS, grau de
deficiência leve, moderada ou grave, está condicionada à comprovação da condição de pessoa
com deficiência na data da entrada do requerimento ou na data da implementação dos
requisitos para o benefício.

Todos os segurados considerados pessoas com deficiência, mediante perícia própria do INSS,
poderão se beneficiar da aposentadoria por idade da pessoa com deficiência.

Para fins da aposentadoria por idade da pessoa com deficiência é assegurada a conversão do
período de exercício de atividade sujeita a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física, cumprido na condição de pessoa com deficiência, exclusivamente para
efeito de cálculo do valor da renda mensal, vedado o cômputo do tempo convertido para fins
de carência. Ou seja, é possível converter tempo trabalhado em condições que dariam direito
a aposentadoria especial (que será estudada mais adiante) para aproveitar no cálculo do valor
da aposentadoria por idade da pessoa com deficiência. No entanto, não se poderá aproveitar o
tempo convertido para reduzir a carência (quantidade mínima de prestações mensais já
recolhidas para poder usufruir dos benefícios previdenciários), que, neste caso, é de 180
contribuições mensais.

É facultado ao segurado com deficiência optar pela percepção de qualquer outra espécie de
aposentadoria do RGPS que lhe seja mais vantajosa.

A critério do INSS, o segurado com deficiência deverá, a qualquer tempo, submeter-se a perícia
própria para avaliação ou reavaliação do grau de deficiência.

Obs.: Aplicam-se à pessoa com deficiência as demais normas relativas aos benefícios do RGPS.
10.7. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

10.7.1. Conceito

A aposentadoria por tempo de contribuição é devida ao segurado que tiver cumprido a


carência exigida e completar os tempos de contribuição abaixo mencionados:

Constituição Federal

Art. 201. (...)

§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei,


obedecidas as seguintes condições:

I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher;


(Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

II - (...)

§ 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão reduzidos em cinco


anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de
magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.

(Destaques nossos)

Atualmente, no RGPS, não se exige idade mínima para a concessão de aposentadoria por
tempo de contribuição. Ou seja, pelas regras atuais, uma vez implementadas as condições,
poderá o segurado aposentar por tempo de contribuição, independentemente de sua idade.
Para professores que comprovarem, exclusivamente, tempo de efetivo exercício das funções
de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio, a aposentadoria por
tempo de contribuição será reduzida em 5 anos, passando a ser de 30 anos de contribuição
para professor e 25 anos de contribuição para professora.

Atenção: Não confundir a redução do tempo de contribuição dos professores para


aposentadoria por tempo de contribuição com a redução de idade na aposentadoria por idade.
Os professores não terão redução na aposentadoria por idade, mas tão somente terão
redução na aposentadoria por tempo de contribuição. Ademais, apenas professores da
educação infantil, ensino fundamental e médio é que terão tal redução. Professor
universitário, por exemplo, não têm qualquer redução em seu tempo de contribuição.

Obs.: considera-se função de magistério a exercida por professor, quando exercida em


estabelecimento de educação básica em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do
exercício da docência, as funções de direção de unidade escolar e as de coordenação e
assessoramento pedagógico.

O Supremo Tribunal federal STF já firmou entendimento de que as atividades de direção de


unidade escolar, coordenação e assessoramento pedagógico também terão o tempo de
contribuição reduzido em 5 anos, desde que exercidas por professores.

Também tem decidido o STF que, para efeito de aposentadoria, não é possível conversão de
tempo de magistério em tempo de exercício comum. Ou seja, se o professor não tiver tempo
exclusivo de magistério que permita sua aposentadoria com a redução de 5 anos, os anos de
contribuição na condição de professor serão contados sem nenhum acréscimo.
10.7.2. Beneficiários

Todos os segurados têm direito à Aposentadoria por Tempo de Contribuição. No entanto,


temos que ressalvar situações específicas do segurado especial, contribuinte individual e
segurado facultativo, conforme segue:

• Segurado Especial: somente terá direito a aposentadoria por tempo de contribuição se


contribuir , facultativamente e adicionalmente com alíquota de 20% sobre seu salário de
contribuição (além do 1,3% recolhidos sobre a receita bruta da comercialização de sua
produção rural).

• Contribuinte Individual: não terá direito a aposentadoria por tempo de contribuição quando
trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado, caso tenha
optado por contribuir com alíquota de 11% sobre o salário mínimo.

• Micro Empreendedor Individual (MEI): este contribuinte individual não terá direito a
aposentadoria por tempo de contribuição quando caso tenha optado por contribuir com
alíquota de 5% sobre o salário mínimo.

• Segurado Facultativo: não terá direito a aposentadoria por tempo de contribuição caso
tenha optado por contribuir com alíquota de 11% ou 5% sobre o salário mínimo.
A aposentadoria por tempo de contribuição do segurado com deficiência, cumprida a
carência, é devida ao segurado empregado, inclusive o doméstico, trabalhador avulso,
contribuinte individual e facultativo, observados os seguintes requisitos:

I - aos vinte e cinco anos de tempo de contribuição na condição de pessoa com deficiência, se
homem, e vinte anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência grave;

II - aos vinte e nove anos de tempo de contribuição na condição de pessoa com deficiência, se
homem, e vinte e quatro anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência moderada;

III - aos trinta e três anos de tempo de contribuição na condição de pessoa com deficiência, se
homem, e vinte e oito anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência leve.
Para o reconhecimento do direito à aposentadoria por tempo de contribuição nestas
condições, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo
de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas
barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de
condições com as demais pessoas.

O grau de deficiência será atestado por perícia própria do INSS, por meio de instrumentos
desenvolvidos para este fim.

A concessão da aposentadoria por tempo de contribuição ou por idade ao


segurado que tenha reconhecido, em avaliação médica e funcional realizada por
perícia própria do INSS, grau de deficiência leve, moderada ou grave, está
condicionada à comprovação da condição de pessoa com deficiência na data da
entrada do requerimento ou na data da implementação dos requisitos para o
benefício.
Todos os segurados com deficiência têm direito à Aposentadoria por Tempo de Contribuição
da pessoa com deficiência . No entanto, temos que ressalvar situações específicas do segurado
especial, contribuinte individual e segurado facultativo, conforme segue:

• Segurado Especial: somente terá direito a aposentadoria por tempo de contribuição da


pessoa com deficiência se contribuir , facultativamente e adicionalmente com alíquota de 20%
sobre seu salário de contribuição (além do 1,3% recolhidos sobre a receita bruta da
comercialização de sua produção rural).

• Contribuinte Individual: não terá direito a aposentadoria por tempo de contribuição da


pessoa com deficiência quando trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com
empresa ou equiparado, caso tenha optado por contribuir com alíquota de 11% sobre o salário
mínimo.

• Micro Empreendedor Individual (MEI): este contribuinte individual não terá direito a
aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência quando caso tenha
optado por contribuir com alíquota de 5% sobre o salário mínimo.

• Segurado Facultativo: não terá direito a aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa
com deficiência caso tenha optado por contribuir com alíquota de 11% ou 5% sobre o salário
mínimo.

A critério do INSS, o segurado com deficiência deverá, a qualquer tempo, submeter-se a perícia
própria para avaliação ou reavaliação do grau de deficiência.

A existência de deficiência anterior à data da vigência da Lei Complementar 142/2013 deverá


ser certificada, inclusive quanto ao seu grau, por ocasião da primeira avaliação, sendo
obrigatória a fixação da data provável do início da deficiência.
A comprovação de tempo de contribuição na condição de segurado com deficiência em
período anterior à entrada em vigor Lei Complementar 142/2013 não será admitida por meio
de prova exclusivamente testemunhal.

Para o segurado que, após a filiação ao RGPS, tornar-se pessoa com deficiência, ou tiver seu
grau de deficiência alterado, o tempo de contribuição será proporcionalmente ajustado e os
respectivos períodos serão somados após conversão, considerando o grau de deficiência
preponderante, conforme as tabelas constantes no Regulamento da Previdência Social RPS.

Considera-se grau de deficiência preponderante aquele em que o segurado cumpriu maior


tempo de contribuição, antes da conversão, e servirá como parâmetro para definir o tempo
mínimo necessário para a aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência
e para a conversão.

Quando o segurado contribuiu alternadamente na condição de pessoa sem deficiência e com


deficiência, os respectivos períodos poderão ser somados, após aplicação da conversão.

A redução do tempo de contribuição da pessoa com deficiência não poderá ser acumulada, no
mesmo período contributivo, com a redução aplicada aos períodos de contribuição relativos a
atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física,
para efeito de aposentadoria especial (obs.: o conceito de aposentadoria especial será
estudado ainda nesta aula).

É garantida a conversão do tempo de contribuição cumprido em condições especiais que


prejudiquem a saúde ou a integridade física do segurado, inclusive da pessoa com deficiência,
para fins da aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência, se resultar
mais favorável ao segurado.

É vedada a conversão do tempo de contribuição da pessoa com deficiência para fins de


concessão da aposentadoria especial.

É facultado ao segurado com deficiência optar pela percepção de qualquer outra espécie de
aposentadoria do RGPS que lhe seja mais vantajosa.

10.8. APOSENTADORIA ESPECIAL

10.8.1. Conceito

A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carência exigida, será devida ao segurado
empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual (no caso do contribuinte individual
somente quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção), que tenha
trabalhado durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos, conforme o caso, sujeito a condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.

A concessão da aposentadoria especial dependerá da comprovação, durante o período mínimo


de quinze, vinte ou vinte e cinco anos, conforme o caso:

• tempo de trabalho em condições especiais que atenda aos seguintes requisitos:


o trabalho permanente,

o trabalho não ocasional,

o trabalho não intermitente,

• exposição do segurado aos seguintes agentes nocivos:

o agentes químicos,

o agentes físicos,

o agentes biológicos ou

o associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física.

Considera-se tempo de trabalho permanente aquele que é exercido de forma não ocasional
nem intermitente, no qual a exposição do empregado, do trabalhador avulso ou do cooperado
ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço, ou seja,
aquele em que o segurado, no exercício de todas as suas funções, esteve efetivamente
exposto a agentes nocivos físicos, químicos e biológicos ou associação de agentes.

NÃO INTERMITENTE: algo que não sofre interrupções. Logo, para efeito de aposentadoria
especial, não poderá haver interrupção na exposição aos referidos agentes nocivos previstos
na legislação.

NÃO OCASIONAL: quando não ocorra eventualmente. Assim sendo, a exposição aos referidos
agentes nocivos não poderá ocorre eventualmente (ocasionalmente).

Desta forma, trabalho não ocasional nem intermitente é aquele em que na jornada de
trabalho não houve interrupção ou suspensão do exercício de atividade com exposição aos
agentes nocivos, ou seja, não foi exercida de forma alternada, entre atividade comum e
atividade especial com exposição a agentes nocivos.

Considera-se também tempo de trabalho permanente os períodos de descanso determinados


pela legislação trabalhista, inclusive férias, aos de afastamento decorrentes de gozo de
benefícios de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez acidentários, bem como aos de
percepção de salário-maternidade, desde que, à data do afastamento, o segurado estivesse
exposto seguintes fatores de risco: agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação
de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física. No entanto, Os períodos de
afastamento decorrentes de gozo de benefício por incapacidade de espécie não acidentária
não serão considerados como sendo de trabalho sob condições especiais.

Obs.: A redução de jornada de trabalho por acordo, convenção coletiva de trabalho ou


sentença normativa não descaracteriza a atividade exercida em condições especiais.
10.8.2. Beneficiários

São beneficiários da aposentadoria especial:

• segurado empregado;

• trabalhador avulso; e

• contribuinte individual, exclusivamente quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho


ou cooperativa de produção.
10.8.3. Informações Adicionais

Consideram-se condições especiais que prejudiquem a saúde e a integridade física aquelas nas
quais a exposição ao agente nocivo ou associação de agentes presentes no ambiente de
trabalho esteja acima dos limites de tolerância estabelecidos segundo critérios quantitativos
ou esteja caracterizada segundo os critérios da avaliação qualitativa.

A avaliação qualitativa de riscos e agentes nocivos será comprovada mediante descrição:

• das circunstâncias de exposição ocupacional a determinado agente nocivo ou associação de


agentes nocivos presentes no ambiente de trabalho durante toda a jornada;

• de todas as fontes e possibilidades de liberação dos agentes nocivo ou associação de agentes


nocivos presentes no ambiente de trabalho;

• dos meios de contato ou exposição dos trabalhadores, as vias de absorção, a intensidade da


exposição, a frequência e a duração do contato.

Para o segurado que houver exercido duas ou mais atividades sujeitas a condições especiais
prejudiciais à saúde ou à integridade física, sem completar em qualquer delas o prazo mínimo
exigido para a aposentadoria especial, os respectivos períodos de exercício serão somados
após conversão, devendo ser considerada a atividade preponderante para efeito de
enquadramento. No entanto, não serão considerados os períodos em que a atividade exercida
não estava sujeita a condições especiais.

A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes


prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados para fins de concessão de
aposentadoria especial, consta do Anexo IV do Regulamento da Previdência Social, aprovado
pelo Decreto 3.048/99.

O STJ tem entendimento de que a classificação dos agentes nocivos constantes dos decretos
regulamentadores (Regulamento da Previdência Social RPS, por exemplo) são meramente
exemplificativos, cabendo o enquadramento inclusive em situações não previstas, desde que
fique demonstrado a efetiva exposição a fatores de risco. Como exemplo podemos citar a
exposição do segurado à “eletricidade” nos decretos regulamentadores, tal atividade exposta
ao agente pode ser considerada especial.

Outrossim, o STJ também tem entendimento de que o fato da empresa fornecer ao segurado
equipamento de proteção individual EPI, não afasta, por si só, o direito à aposentadoria
especial, devendo ser apreciado caso a caso.

A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante
formulário emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições
ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do
trabalho.

No entanto, a constatação da presença no ambiente de trabalho, com possibilidade de


exposição a ser apurada na forma da legislação previdenciária, de agentes nocivos
reconhecidamente cancerígenos em humanos, listados pelo Ministério do Trabalho, será
suficiente, por si só, para a comprovação de efetiva exposição do trabalhador, pois, neste caso,
não há nível seguro de exposição a ser apurada.

No laudo técnico de condições ambientais do trabalho, deverão constar informações sobre a


existência de tecnologia de proteção coletiva ou individual, e de sua eficácia, e deverá ser
elaborado com observância das normas editadas pelo Ministério do Trabalho e dos
procedimentos estabelecidos pelo INSS.

A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos
existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de
comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo estará sujeita às
penalidades previstas na legislação.

O INSS estabelecerá os procedimentos para fins de concessão de aposentadoria especial,


podendo, se necessário, confirmar as informações contidas nos documentos destinados a
comprovar a efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos.

A empresa deverá elaborar e manter atualizado o perfil profissiográfico do trabalhador,


contemplando as atividades desenvolvidas durante o período laboral, documento que a ele
deverá ser fornecido, por cópia autêntica, no prazo de trinta dias da rescisão do seu contrato
de trabalho, sob pena de sujeição às sanções previstas na legislação aplicável.

Considera-se perfil profissiográfico o documento com o histórico laboral do trabalhador,


segundo modelo instituído pelo INSS, que, entre outras informações, deve conter o resultado
das avaliações ambientais, o nome dos responsáveis pela monitoração biológica e das
avaliações ambientais, os resultados de monitoração biológica e os dados administrativos
correspondentes.

O trabalhador ou seu preposto terá acesso às informações prestadas pela empresa sobre o seu
perfil profissiográfico, podendo inclusive solicitar a retificação de informações quando em
desacordo com a realidade do ambiente de trabalho, conforme orientação estabelecida em
ato do Ministro de Estado da Previdência Social.
A cooperativa de trabalho e a empresa contratada para prestar serviços mediante cessão ou
empreitada de mão de obra atenderão às mesmas obrigações acessórias acima citadas, com
base nos laudos técnicos de condições ambientais de trabalho emitidos pela empresa
contratante, quando o serviço for prestado em estabelecimento da contratante.

Nas avaliações ambientais deverão ser considerados, além do disposto no Anexo IV do


Regulamento da Previdência Social - RPS, a metodologia e os procedimentos de avaliação
estabelecidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho -
FUNDACENTRO.

Na hipótese de não terem sido estabelecidos pela FUNDACENTRO a metodologia e


procedimentos de avaliação, cabe ao Ministério do Trabalho definir outras instituições que os
estabeleçam.

A conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum


dar-se-á de acordo com a tabela prevista no Regulamento da Previdência Social RPS.

Apesar de existir previsão legal para a conversão do tempo de atividade especial em tempo de
atividade comum, não é possível converter o tempo de atividade comum em especial, uma vez
que, para requerer aposentadoria especial, é obrigatório que todo o tempo da atividade seja
especial.

A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerão


ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço, ainda que
posteriormente revogada ou modificada.

Obs.: A legislação previdenciária não exige idade mínima para a concessão de aposentadoria
especial.

10.9. AUXÍLIO DOENÇA

10.9.1. Conceito

O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o
período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado temporariamente para o seu
trabalho ou para a sua atividade habitual, por motivo de doença ou acidente.

Apesar do benefício ser denominado auxílio-doença, ele será devido quando o segurado
estiver temporariamente incapacitado para o trabalho por motivo tanto de doença, como
decorrente de acidente, relacionado ou não com o trabalho (não precisa ser acidente do
trabalho). No entanto, se a incapacidade for permanente, o auxílio-doença será convertido em
aposentadoria por invalidez.

Se a invalidez for constatada de imediato, o segurado será aposentado diretamente por


invalidez, sem necessidade de receber previamente auxílio-doença.

O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do


afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da
incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz.
Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de
doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário integral.

Se concedido novo benefício decorrente da mesma doença dentro de sessenta dias contados
da cessação do benefício anterior, a empresa fica desobrigada do pagamento relativo aos
quinze primeiros dias de afastamento, prorrogando-se o benefício anterior e descontando-se
os dias trabalhados, se for o caso.
10.9.2. Beneficiários

Todos os segurados têm direito ao benefício de Auxílio-Doença.

10.9.3. Informações Adicionais

Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social
já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a
incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.

O segurado em gozo de auxílio-doença está obrigado, independentemente de sua idade e sob


pena de suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da previdência social,
processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado e tratamento dispensado
gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos.

Nos casos de impossibilidade de realização de perícia médica pelo órgão ou setor próprio
competente, assim como de efetiva incapacidade física ou técnica de implementação das
atividades e de atendimento adequado à clientela da previdência social, o INSS poderá, sem
ônus para os segurados, celebrar, nos termos do regulamento, convênios, termos de execução
descentralizada, termos de fomento ou de colaboração, contratos não onerosos ou acordos de
cooperação técnica para realização de perícia médica, por delegação ou simples cooperação
técnica, sob sua coordenação e supervisão, com órgãos e entidades públicos ou que integrem
o Sistema Único de Saúde (SUS).
O segurado que durante o gozo do auxílio-doença vier a exercer atividade que lhe garanta
subsistência poderá ter o benefício cancelado a partir do retorno à atividade.

No entanto, caso o segurado, durante o gozo do auxílio-doença, venha a exercer atividade


diversa daquela que gerou o benefício, deverá ser verificada a incapacidade para cada uma das
atividades exercidas.

O auxílio-doença do segurado que exercer mais de uma atividade abrangida pela previdência
social será devido mesmo no caso de incapacidade apenas para o exercício de uma delas,
devendo a perícia médica ser conhecedora de todas as atividades que o mesmo estiver
exercendo. Neste caso, o auxílio-doença será concedido em relação à atividade para a qual o
segurado estiver incapacitado, considerando-se para efeito de carência somente as
contribuições relativas a essa atividade.

Ademais, se nas várias atividades o segurado exercer a mesma profissão, será exigido de
imediato o afastamento de todas.

Sempre que possível, o ato de concessão ou de reativação de auxílio-doença, judicial ou


administrativo, deverá fixar o prazo estimado para a duração do benefício. Na ausência de
fixação do prazo de duração, o benefício cessará após cento e vinte dias, contado da data de
concessão ou de reativação do auxílio-doença, exceto se o segurado requerer a sua
prorrogação perante o INSS, na forma do regulamento.

Quando insuscetível de recuperação para sua atividade habitual, o segurado afastado em gozo
de auxílio doença deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício
de outra atividade. Neste caso, o auxílio-doença será mantido até que o segurado seja
considerado reabilitado para o desempenho de atividade que lhe garanta a subsistência ou,
quando considerado não recuperável, seja aposentado por invalidez.

No entanto, quando o segurado que exercer mais de uma atividade se incapacitar


definitivamente para uma delas, deverá o auxílio-doença ser mantido indefinidamente, não
cabendo sua transformação em aposentadoria por invalidez, enquanto essa incapacidade não
se estender às demais atividades.

O segurado empregado, inclusive o doméstico, em gozo de auxílio-doença será considerado


pela empresa e pelo empregador doméstico como licenciado.

A empresa que garantir ao segurado licença remunerada ficará obrigada a pagar-lhe durante o
período de auxílio-doença a eventual diferença entre o valor do benefício e a importância
garantida pela licença remunerada.

A previdência social deve processar de ofício o benefício, quando tiver ciência da incapacidade
do segurado sem que este tenha requerido auxílio-doença.

É facultado à empresa protocolar requerimento de auxílio-doença ou documento dele


originário de seu empregado ou de contribuinte individual a ela vinculado ou a seu serviço, na
forma estabelecida pelo INSS.
O STJ tem entendimento que o auxílio-doença é devido ao segurado mesmo que seja
considerado parcialmente incapaz para o trabalho, desde que suscetível de reabilitação
profissional para o exercícios de outras atividades laborais.

10.10. AUXÍLIO ACIDENTE

10.10.1. Conceito

O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação


das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas definitivas que
impliquem:

• redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia;

• redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia e exija maior esforço para
o desempenho da mesma atividade que exercia à época do acidente; ou

• impossibilidade de desempenho da atividade que exerciam à época do acidente, porém


permita o desempenho de outra, após processo de reabilitação profissional, nos casos
indicados pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.

Para ter direito ao auxílio-acidente não é necessário que seja acidente do trabalho. A lei
refere-se a acidente de qualquer natureza.

No entanto, não basta a ocorrência do acidente de qualquer natureza para que o benefício de
auxílio-acidente seja concedido. Faz-se necessário a ocorrência das circunstâncias a seguir:

1) segurado sofra um acidente de qualquer natureza;

2) ocorra a consolidação das lesões (quadro clínico tenha estabilizado);

3) do acidente, resulte sequelas definitivas;


4) haja redução da capacidade laborativa do segurado.

Enquanto as lesões não se consolidarem e o segurado estiver impossibilitado


temporariamente de voltar ao trabalho, receberá auxílio-doença. Se a perícia constatar que a
incapacidade é total e permanente, será concedida a aposentadoria por invalidez.

Obs.: O ANEXO III do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99,
traz uma lista de situações que dão direito ao auxílio-acidente .

10.10.2. Beneficiários

Somente poderão beneficiar-se do auxílio-acidente os seguintes segurados:

• Empregado;

• Empregado doméstico;

• Trabalhador avulso; e

• Segurado especial

Na hipótese de o trabalhador ter exercido, durante sua vida profissional, diversas atividades,
enquadrando-se em diferentes categorias de segurado, para fins de concessão do auxílio-
acidente, considerar-se-á a atividade exercida na data do acidente.

Assim, para que o benefício seja concedido é necessário que, na data do acidente, o
trabalhador esteja exercendo alguma atividade que o enquadre como:

• Empregado;

• Empregado doméstico;

• Trabalhador avulso; e

• Segurado especial
10.10.3. Informações Adicionais

O auxílio acidente é recebido como uma indenização, a ser paga ao segurado quando do seu
retorno ao trabalho, como uma forma de compensação pelo esforço adicional que deverá
fazer por trabalhar com redução de sua capacidade laborativa. Enquanto o trabalhador estiver
afastado, recebe auxílio-doença. O auxílio acidente é devido a partir do retorno ao trabalho.

Em tratando-se de acidente do trabalho, além de devido o auxílio-acidente a ser pago pela


Previdência Social, não será excluída a responsabilidade civil da empresa ou de terceiros.

Para fazer jus ao auxílio-acidente é necessária a confirmação, pala perícia médica do INSS, da
efetiva redução da capacidade laborativa do segurado, em decorrência de acidente de
qualquer natureza.

Consequentemente, se não houver redução da capacidade para o trabalho, o auxílio acidente


não deverá ser concedido.
O STJ tem entendimento de que para fazer jus ao auxílio-acidente, não basta apenas a
comprovação do dado à saúde do segurado, mas é necessário que se mostre configurado o
comprometimento de sua capacidade laborativa. Vejamos abaixo julgado neste sentido:

AGRAVO REGIMENTAL - RECURSO ESPECIAL - DIREITO PREVIDENCIÁRIO - AUXÍLIO-ACIDENTE -


REQUISITOS - INCAPACIDADE - REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA - IMPOSSIBILIDADE - SÚMULA
7/STJ. 1. Esta Corte Superior de Justiça, no julgamento do REsp 1.108.298/SC, submetido ao rito
dos recursos repetitivos, firmou entendimento segundo o qual "o auxílio-acidente visa indenizar
e compensar o segurado que não possui plena capacidade de trabalho em razão do acidente
sofrido, não bastando, portanto, apenas a comprovação de um dano à saúde do segurado,
quando o comprometimento da sua capacidade laborativa não se mostre configurado". 2.
Hipótese em que a Corte a quo examinou a fundamentação à luz do trabalho pericial que,
diferentemente do aduzido pelo agravante, concluiu pela ausência de qualquer restrição para o
trabalho, considerando para tanto o grau extremamente leve da moléstia. (...) (STJ, AgRg no
AREsp 215287 / SP, Rel. Min. DIVA MALERBI, 2ª Turma, DJe 18/12/2012).

Também, no entendimento do STJ, exige-se, para concessão do auxílio-acidente, a existência


de lesão, decorrente de acidente do trabalho, que implique redução da capacidade para o
labor habitualmente exercido, independentemente do nível do dano e do grau do aumento do
esforço do segurado. O que importa é a redução para a capacidade para o trabalho que
habitualmente exercia.

Vejamos abaixo o julgado neste sentido:

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. AUXÍLIO-


ACIDENTE. LESÃO MÍNIMA. DIREITO AO BENEFÍCIO. 1. Conforme o disposto no art. 86, caput,
da Lei 8.213/91, exige-se, para concessão do auxílio-acidente, a existência de lesão, decorrente
de acidente do trabalho, que implique redução da capacidade para o labor habitualmente
exercido. 2. O nível do dano e, em consequência, o grau do maior esforço, não interferem na
concessão do benefício, o qual será devido ainda que mínima a lesão. 3. Recurso especial
provido. (STJ, REsp 1109591 / SC, Rel. Min. CELSO LIMONGI, 3ª SEÇÃO, DJe 08/09/2010).

O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de aposentadoria, não


prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente.

Abaixo, relaciono situações que, nos termos do Regulamento da Previdência Social - RPS, não
darão ensejo ao benefício de auxílio-acidente:

• Caso que apresente danos funcionais ou redução da capacidade funcional sem repercussão
na capacidade laborativa; e

• Caso de mudança de função, mediante readaptação profissional promovida pela empresa,


como medida preventiva, em decorrência de inadequação do local de trabalho.

A perda da audição, em qualquer grau, somente proporcionará a concessão do auxílio-


acidente quando, além do reconhecimento do nexo entre o trabalho e o agravo, resultar,
comprovadamente, na redução ou perda da capacidade para o trabalho que o segurado
habitualmente exercia.
Assim sendo, para que a perda da audição, em qualquer grau, dê direito à concessão de
auxílioacidente, é obrigatório que se cumpram, cumulativamente, os requisitos abaixo:

• Nexo causal entre o trabalho exercido e a perda da audição;

• Redução ou perda da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia, em decorrência


da perda da audição.

Ou seja, não será devido o auxílio acidente, em caso de redução ou perda da audição, se não
houver nexo causal entre o trabalho e a perda auditiva ou, ainda que existente nexo causal, a
perda da audição não provocar a redução ou perda da capacidade laborativa.

O STJ tem manifestado entendimento neste sentido, senão vejamos:

PREVIDENCIÁRIO. DISACUSIA. AUXÍLIO-ACIDENTE. REQUISITOS. NEXO CAUSALE REDUÇÃO DA


CAPACIDADE LABORATIVA. TABELA FOWLER. INAPLICABILIDADE.TERMO INICIAL. CITAÇÃO.
(PRECEDENTES). 1. De acordo com os precedentes deste Superior Tribunal de Justiça, para
concessão de auxílio-acidente fundamentado na redução da capacidade laboral pela perda de
audição, é necessário, somente, que a sequela decorra da atividade exercida e acarrete, de
fato, uma redução da capacidade para o trabalho habitualmente exercido. 2. Conforme
jurisprudência desta Corte, na ausência de requerimento administrativo e prévia concessão do
auxílio-doença, o termo inicial do auxílio-acidente deve ser fixado na citação. 3. Agravo interno
ao qual se nega provimento. (STJ - AgRg no Ag 1364221 SP 2010/0189380-9, DJe 25/05/2011

O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de aposentadoria, não


prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente. Assim sendo, é vedada sua
acumulação com qualquer aposentadoria.

Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto de mais de um


auxílio-acidente.

Desta forma, se o segurado em gozo de auxílio-acidente fizer jus a um novo auxílio-acidente,


decorrente de um outro acidente que acarretou novas sequelas com perda parcial da
capacidade para o trabalho, será mantido apenas um auxílio-acidente, de valor mais vantajoso
entre os dois.

No caso de reabertura de auxílio-doença pelo mesmo acidente que tenha dado origem a
auxílio-acidente, este (o auxílio-acidente) será suspenso até a cessação do auxílio-doença
reaberto, quando será reativado o respectivo auxílio-acidente. No entanto, se o auxílio-doença
for decorrente de doença ou acidente diverso daquele que deu origem ao auxílio-acidente
concedido, é perfeitamente possível acumular o auxílio-acidente com o auxílio-doença (apenas
quando decorrentes de causas diversas).

O STJ tem manifestado entendimento neste sentido, senão vejamos:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE E AUXÍLIO-DOENÇA. CUMULAÇÃO INDEVIDA. DECISÃO


MANTIDA. 1. A teor da jurisprudência assente no âmbito da Terceira Seção, é indevida a
cumulação dos benefícios de auxílio-acidente e auxílio-doença oriundos de uma mesma lesão,
ex vi do disposto nos arts. 59 e 60 combinados com o art. 86, § 2º, todos da Lei n. 8.213/1991.
2. Agravo regimental improvido. (STJ - AgRg no AgRg no REsp: 1075918 SP, DJe 28/02/2011)

10.11. SALÁRIO MATERNIDADE

10.11.1. Conceito

Salário-maternidade é um benefício previdenciário devido em função das seguintes


circunstâncias:

• Parto (inclusive se natimorto);

• Aborto não criminoso;

• Adoção; ou

• Guarda judicial para fins de adoção.

Seguem abaixo breves comentários introdutórios e conceituais acerca das circunstâncias que
são consideradas fatos geradores de salário-maternidade. Em seguida, iremos aprofundar o
estudo deste benefício previdenciário com mais informações:

PARTO: O salário-maternidade é devido à segurada da previdência social, durante 120 (cento e


vinte) dias, com início, em regra, 28 (vinte e oito) dias antes da data prevista para o parto e
término 91 (noventa e um) dias depois do parto. Como é impossível prever, com exatidão a
data do parto, caso ocorra nascimento antecipado ou natimorto, poderá ter início no intervalo
de 28 dias antes do parto até a data do parto, iniciando-se a contagem dos 120 dias de salário-
maternidade.

A partir da 23ª semana de gestação, mesmo que natimorto, será considerado parto e dará
direito a 120 dias de salário-maternidade.

Em casos excepcionais, os períodos de repouso anterior e posterior ao parto podem ser


aumentados de mais 2 (duas) semanas, mediante atestado médico específico.

Em caso de parto antecipado ou não, a segurada tem direito aos 120 (cento e vinte dias)
previstos na legislação.

ABORTO NÃO CRIMINOSO: Em caso de aborto não criminoso, comprovado mediante atestado
médico, a segurada terá direito ao salário-maternidade correspondente a 2 (duas semanas).
No entanto, se o aborto for tipificado como crime, a segurada não terá direito ao salário-
maternidade.

Considera-se aborto não criminoso aquele ocorrido nas seguintes circunstâncias:

1. Aborto involuntário;

2. Quando não há outro meio de salvar a vida da gestante:

3. Quando a gravidez resulta de estupro; e

4. Interrupção de gravidez de feto que apresenta anencefalia (entendimento do STF)

ADOÇÃO e GUARDA JUDIAL PARA FINS DE ADOÇÃO: Ao segurado ou segurada da Previdência


Social que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança é devido salário-
maternidade pelo período de 120 (cento e vinte) dias.

Considera-se criança, nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente, a pessoa até 12


anos de idade incompletos. Já o adolescente é q pessoa que tenha entre 12 anos e 18 anos de
idade.

Assim sendo, terá direito ao salário-maternidade, o segurado ou segurada que adotar ou


obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança com até 11 anos de idade completos (ou
12 anos de idade incompletos). Se a pessoa adotada tiver 12 anos completos ou mais, não dará
direito ao benefício de salário-maternidade.
10.11.2. Beneficiários

No caso de parto e aborto não criminoso, são beneficiários do salário-maternidade:

• Todas as seguradas do RGPS.

o (apenas do sexo feminino).

No caso de adoção ou guarda judicial para fins de adoção de criança, são beneficiários do
saláriomaternidade:

• Todos os segurados e seguradas do RGPS.

o (do sexo masculino ou feminino)

Obs.: Não poderá ser concedido o benefício de salário-maternidade a mais de um segurado,


decorrente do mesmo processo de adoção ou guarda, ainda que os cônjuges ou companheiros
estejam submetidos a Regime Próprio de Previdência Social. Assim sendo, caso ambos os
adotantes forem segurados do RGPS, o salário-maternidade somente será devido a um dos
adotantes.

No caso de falecimento da segurada ou segurado que fizer jus ao recebimento do salário-


maternidade, o benefício será pago, por todo o período ou pelo tempo restante a que teria
direito, ao cônjuge ou companheiro sobrevivente que tenha a qualidade de segurado, exceto
no caso do falecimento do filho ou de seu abandono, observadas as normas aplicáveis ao
salário-maternidade.

Exemplo: Irineu é casado com Adelaide, sendo ambos segurados empregados do RGPS.

Caso Adelaide venha a falecer durante o parto e o bebê sobreviva, Irineu (por também ser
segurado), terá direito ao recebimento do salário maternidade por 120 dias. Caso o bebê
também venha a falecer ou seja abandonado por Irineu, o benefício de salário-maternidade
não será pago.
10.11.3. Informações Adicionais

A percepção do salário-maternidade está condicionada ao afastamento do segurado do


trabalho ou da atividade desempenhada, sob pena de suspensão do benefício.

Para efeito de concessão e pagamento do salário-maternidade, em caso de gêmeos, não há


qualquer alteração de valor ou duração do benefício, sendo devido apenas um único salário
maternidade.

O salário-maternidade é devido à segurada independentemente de a mãe biológica ter


recebido o mesmo benefício quando do nascimento da criança.

No caso de falecimento da segurada ou segurado que fizer jus ao recebimento do salário-


maternidade, o benefício será pago, por todo o período ou pelo tempo restante a que teria
direito, ao cônjuge ou companheiro sobrevivente que tenha a qualidade de segurado, exceto
no caso do falecimento do filho ou de seu abandono, observadas as normas aplicáveis ao
salário-maternidade, devendo ser requerido até o último dia do prazo previsto para o término
do salário-maternidade originário. Neste caso, será pago diretamente pela Previdência Social
durante o período entre a data do óbito e o último dia do término do salário-maternidade
originário, aplicando-se, tais regras, também nos casos de segurado que adotar ou obtiver
guarda judicial para fins de adoção.

Ressalvado o pagamento do salário-maternidade à mãe biológica e o pagamento no ao


cônjuge ou companheiro sobrevivente que tenha a qualidade de segurado (no caso de
falecimento da segurada ou segurado que fizer jus ao recebimento do salário-maternidade),
não poderá ser concedido o benefício a mais de um segurado, decorrente do mesmo processo
de adoção ou guarda, ainda que os cônjuges ou companheiros estejam submetidos a Regime
Próprio de Previdência Social.

Cabe à empresa pagar o salário-maternidade devido à respectiva empregada gestante,


efetivando-se a compensação quando do recolhimento das contribuições incidentes sobre a
folha de salários e demais rendimentos pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física
que lhe preste serviço.
Neste caso, a empregada deve dar quitação à empresa dos recolhimentos mensais do salário-
maternidade na própria folha de pagamento ou por outra forma admitida, de modo que a
quitação fique plena e claramente caracterizada.

Para a comprovação das compensações acima mencionadas, a empresa deverá conservar


durante 10 (dez) anos os comprovantes dos pagamentos e os atestados correspondentes para
exame pela fiscalização previdenciária.

O salário-maternidade devido ao segurado ou segurada da Previdência Social que adotar ou


obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança, devido pelo período de 120 (cento e
vinte) dias, será pago diretamente pela Previdência Social.

O salário-maternidade devido à empregada do microempreendedor individual, da mesma


forma, será pago diretamente pela Previdência Social.

Também será paga diretamente pela Previdência Social para os segurados empregado
doméstico, trabalhador avulso, segurado especial, contribuinte individual e segurado
facultativo em relação a todos os fatos geradores do benefício de salário-maternidade.

O salário-maternidade não é devido quando o termo de guarda não contiver a observação de


que é para fins de adoção ou só contiver o nome do cônjuge ou companheiro.

Para a concessão do salário-maternidade é indispensável que conste da nova certidão de


nascimento da criança, ou do termo de guarda, o nome da segurada adotante ou guardiã, bem
como, deste último, tratar-se de guarda para fins de adoção.

Quando houver adoção ou guarda judicial para adoção de mais de uma criança, é devido um
único salário-maternidade relativo à criança de menor idade. No entanto, no caso de
empregos concomitantes, a segurada fará jus ao salário-maternidade relativo a cada emprego.

Compete à interessada instruir o requerimento do salário-maternidade com os atestados


médicos necessários.

Quando o benefício for requerido após o parto, o documento comprobatório é a Certidão de


Nascimento, podendo, no caso de dúvida, a segurada ser submetida à avaliação pericial junto
ao Instituto Nacional do Seguro Social.

O início do afastamento do trabalho da segurada empregada será determinado com base em


atestado médico ou certidão de nascimento do filho.

Nos meses de início e término do salário-maternidade da segurada empregada, o salário-


maternidade será proporcional aos dias de afastamento do trabalho.

O salário-maternidade não pode ser acumulado com benefício por incapacidade.

Quando ocorrer incapacidade em concomitância com o período de pagamento do salário-


maternidade, o benefício por incapacidade, conforme o caso, deverá ser suspenso enquanto
perdurar o referido pagamento, ou terá sua data de início adiada para o primeiro dia seguinte
ao término do período de cento e vinte dias de pagamento do salário-maternidade.
A segurada aposentada que retornar à atividade fará jus ao recebimento do salário-
maternidade.

Se a empregada gestante tiver seu contrato de trabalho extinto sem justa causa ou em razão
do encerramento do prazo de vigência inicialmente firmado entre empregador e empregado
ou no caso de contrato de trabalho com prazo determinado que tenha se encerrado pelo
decurso do prazo pré-estipulado entre as partes, o benefício será pago diretamente pela
empresa, em forma de indenização, quando a segurada estiver grávida na data do
encerramento do contrato de trabalho.

Assim sendo, não caberá ao INSS a responsabilidade por tal pagamento.

A segurada que estiver desempregada ou que cessar suas contribuições por qualquer razão,
bem como a segurada especial, terão direito ao salário-maternidade desde que o parto, aborto
não criminoso ou adoção (eventos geradores do benefício) ocorram dentro do prazo de
manutenção da qualidade de segurada, conforme regras que serão estudadas em capítulo
próprio em nosso curso.

Entretanto, se a perda da qualidade de segurado vier a ocorrer no período de 28 (vinte e oito)


dias anteriores ao parto, ainda assim será devido o salário-maternidade.

Como já estudado, o salário-maternidade é o único benefício do RGPS sobre o qual incide


contribuição previdenciária, integrando, portanto, o salário de contribuição e sofrendo
incidência de contribuição previdenciária.

OBSERVAÇÃO: A Lei 13.301/16, que dispõe sobre a adoção de medidas de vigilância em saúde
quando verificada situação de iminente perigo à saúde pública pela presença do mosquito
transmissor do vírus da dengue, do vírus chikungunya e do vírus da zika, determina em seu §3º
do art. 18 que a licença-maternidade da empregada será de 180 (cento e oitenta) dias no caso
das mães de crianças acometidas por sequelas neurológicas decorrentes de doenças
transmitidas pelo Aedes aegypti, assegurado, nesse período, o recebimento de salário-
maternidade por igual período, aplicando-se, no que couber, as mesmas regras a segurada
especial, contribuinte individual, facultativa e trabalhadora avulsa. (apesar da lei não
mencionar a empregada doméstica, entendemos que ela também deverá ser abrangida nesta
regra.

PROGRAMA EMPRESA CIDADÃ: A Lei 11.770/08 criou o Programa Empresa Cidadã, destinado
à prorrogação da licença-maternidade mediante concessão de incentivo fiscal às empresas
participantes. A licença-maternidade será prorrogada por 60 (sessenta) dias e será garantida à
empregada da pessoa jurídica que aderir ao Programa, desde que a empregada a requeira até
o final do primeiro mês após o parto, e será concedida imediatamente após a fruição da
licença-maternidade. Durante o período de prorrogação da licença-maternidade a empregada
terá direito à remuneração integral, nos mesmos moldes devidos no período de percepção do
salário-maternidade pago pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS). A prorrogação será
garantida, na mesma proporção, à empregada e ao empregado que adotar ou obtiver guarda
judicial para fins de adoção de criança. No período de prorrogação da licença-maternidade, a
empregada não poderá exercer nenhuma atividade remunerada, e a criança deverá ser
mantida sob seus cuidados. A pessoa jurídica tributada com base no lucro real poderá deduzir
do imposto devido, em cada período de apuração, o total da remuneração integral da
empregada e do empregado pago nos dias de prorrogação de sua licença-maternidade, vedada
a dedução como despesa operacional.

No entanto, não podemos confundir a prorrogação da licença-maternidade com a prorrogação


do salário-maternidade. O Programa Empresa Cidadã apenas aumenta o prazo do afastamento
da empregada (licença-maternidade). O prazo de duração do benefício previdenciário de
salário-maternidade continua sendo o mesmo. Os valores pagos pela empresa durante a
prorrogação da licença-maternidade são considerados remuneração e não benefício
previdenciário.
10.12. SALÁRIO-FAMÍLIA

10.12.1. Conceito

O salário-família será devido, mensalmente, ao segurado empregado, inclusive o doméstico, e


ao segurado trabalhador avulso, desde que sejam considerados segurados de baixa renda, ou
seja, que tenham salário-de-contribuição inferior ou igual a R$ 1.319,18 (valor válido para
2018), na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados, de qualquer condição,
até 14 anos de idade ou inválidos de qualquer idade.

Equiparam-se aos filhos, nos termos do art. 16, §3º do RPS, mediante declaração escrita do
segurado, comprovada a dependência econômica, o enteado e o menor que esteja sob sua
tutela e desde que não possua bens suficientes para o próprio sustento e educação.

A invalidez do filho ou equiparado maior de quatorze anos de idade deve ser verificada em
exame médico-pericial a cargo da previdência social.

O aposentado por invalidez ou por idade e os demais aposentados com 65 (sessenta e cinco)
anos ou mais de idade, se do sexo masculino, ou 60 (sessenta) anos ou mais, se do feminino,
terão direito ao salário-família, pago juntamente com a aposentadoria.

10.12.2. Beneficiários

O salário-família será pago mensalmente:

• ao empregado, pela empresa, com o respectivo salário;

• ao empregador doméstico, pelo empregador doméstico, com o respectivo salário;

• ao trabalhador avulso, pelo sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra, mediante convênio;

• ao aposentado por invalidez ou em gozo de auxílio-doença, pela Previdência Social


juntamente com o benefício;

• ao trabalhador rural aposentado por idade aos 60 (sessenta) anos, se do sexo masculino, ou
55 (cinquenta e cinco) anos, se do sexo feminino, pela Previdência Social, juntamente com a
aposentadoria; e
• aos demais empregados e trabalhadores avulsos aposentados aos sessenta e cinco anos de
idade, se do sexo masculino, ou sessenta anos, se do sexo feminino, pela Previdência Social,
juntamente com a aposentadoria.

10.12.3. Informações Adicionais

O valor da cota do salário-família por filho ou equiparado de qualquer condição, até 14


(quatorze) anos de idade ou inválido de qualquer idade é de (valores válidos para 2019):

SALÁRIO
VIGÊNCIA REMUNERAÇÃO
FAMÍLIA
A Partir de 01/01/2019 R$ 907,77 R$ 46,54

(Portaria Ministério da Economia R$ 907,78 a R$ 1.364,43 R$ 32,80


09/2019)

Os valores mencionados são corrigidos nas mesmas datas e pelos mesmos índices de correção
dos demais benefícios do RGPS.

O pagamento do salário-família é condicionado à apresentação da certidão de nascimento do


filho ou da documentação relativa ao equiparado ou ao inválido, e à apresentação anual de
atestado de vacinação obrigatória, até seis anos de idade, e de comprovação de frequência à
escola do filho ou equiparado, a partir dos sete anos de idade. No caso do empregado
doméstico, deve ser apresentado apenas a certidão de nascimento.

Se o segurado não apresentar o atestado de vacinação obrigatória e a comprovação de


frequência escolar do filho ou equiparado, nas datas definidas pelo Instituto Nacional do
Seguro Social, o benefício do salário-família será suspenso, até que a documentação seja
apresentada.

Não é devido salário-família no período entre a suspensão do benefício motivada pela falta de
comprovação da frequência escolar e o seu reativamento, salvo se provada a frequência
escolar regular no período.

A comprovação de frequência escolar será feita mediante apresentação de documento


emitido pela escola, na forma de legislação própria, em nome do aluno, onde consta o registro
de frequência regular ou de atestado do estabelecimento de ensino, comprovando a
regularidade da matrícula e frequência escolar do aluno.

As cotas do salário-família serão pagas pela empresa ou pelo empregador doméstico,


mensalmente, junto com o salário, efetivando-se a compensação quando do recolhimento das
contribuições. Por se tratar de um benefício previdenciário, o encargo financeiro deverá recair
sobre a Previdência Social. Desta forma, embora pago pela empresa ou pelo empregador
doméstico, trata-se apenas de uma antecipação compensável, que será reembolsado quando
do recolhimento das contribuições da empresa ou empregador doméstico, abatendo das
respectivas contribuições devidas.
A empresa ou o empregador doméstico conservarão durante 10 (dez) anos os comprovantes
de pagamento e as cópias das certidões correspondentes, para fiscalização da Previdência
Social.

Quando o pagamento do salário não for mensal, o salário-família será pago juntamente com o
último pagamento relativo ao mês.

O salário-família devido ao trabalhador avulso não portuário poderá ser recebido pelo
sindicato de classe respectivo, que se incumbirá de elaborar as folhas correspondentes e de
distribuí-lo.

O salário-família do trabalhador avulso independe do número de dias trabalhados no mês,


devendo o seu pagamento corresponder ao valor integral da cota.

Quando o pai e a mãe são segurados empregados ou trabalhadores avulsos, ambos têm direito
ao salário-família.

O salário-família correspondente ao mês de afastamento do trabalho será pago integralmente


pela empresa, pelo sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra, conforme o caso, e o do mês da
cessação de benefício pelo Instituto Nacional do Seguro Social.

Tendo havido divórcio, separação judicial ou de fato dos pais, ou em caso de abandono
legalmente caracterizado ou perda do pátrio-poder, o salário-família passará a ser pago
diretamente àquele a cujo cargo ficar o sustento do menor, ou a outra pessoa, se houver
determinação judicial nesse sentido.

Para efeito de concessão e manutenção do salário-família, o segurado deve firmar termo de


responsabilidade, no qual se comprometa a comunicar à empresa ou ao Instituto Nacional do
Seguro Social qualquer fato ou circunstância que determine a perda do direito ao benefício,
ficando sujeito, em caso do não cumprimento, às sanções penais e trabalhistas.

A falta de comunicação oportuna de fato que implique cessação do salário-família, bem como
a prática, pelo empregado, de fraude de qualquer natureza para o seu recebimento, autoriza a
empresa, o Instituto Nacional do Seguro Social, o sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra,
conforme o caso, a descontar dos pagamentos de cotas devidas com relação a outros filhos ou,
na falta delas, do próprio salário do empregado ou da renda mensal do seu benefício, o valor
das cotas indevidamente recebidas, sem prejuízo das sanções penais cabíveis, devidamente
atualizadas.

O empregado deve dar quitação à empresa, sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra de cada
recebimento mensal do salário-família, na própria folha de pagamento ou por outra forma
admitida, de modo que a quitação fique plena e claramente caracterizada.

O valor do salário-família, por não substituir a remuneração mensal do segurado, poderá ter
valor inferior ao salário mínimo.

As cotas do salário-família não serão incorporadas, para qualquer efeito, ao salário ou ao


benefício.
10.13. PENSÃO POR MORTE

10.13.1. Conceito

Trata-se a pensão por morte de um benefício previdenciário devido aos dependentes do


segurado nos seguintes casos:

• Morte do Segurado;

• Morte Presumida do Segurado.

o Mediante sentença declaratória de ausência

o Em caso de desaparecimento do segurado por motivo de catástrofe, acidente ou desastre


10.13.2. Beneficiários

São beneficiários da pensão por morte os dependentes de todas as espécies de segurados do


Regime Geral de Previdência Social – RGPS

10.13.3. Informações Adicionais

A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer,
aposentado ou não e, havendo mais de um pensionista, será rateada entre todos em parte
iguais.

Reverterá em favor dos demais a parte daquele cujo direito à pensão cessar.

Importante lembrar que os dependentes de uma mesma classe concorrem em igualdade de


condições. Além disso, os dependentes de 3ª classe somente terão direito a pensão por morte
caso não exista qualquer dependente de 1ª classe (preferencial), nem tampouco qualquer de
pendente de 2ª Classe, uma vez que a existência de dependente de qualquer das classes
anteriores exclui do direito às prestações os das classes seguintes. Desta forma, os pais ou
irmãos deverão, para fins de concessão de benefícios, comprovar a inexistência de
dependentes preferenciais, mediante declaração firmada perante o Instituto Nacional do
Seguro Social - INSS.

Equiparam-se aos filhos, mediante declaração escrita do segurado, comprovada a dependência


econômica, o enteado e o menor que esteja sob sua tutela e desde que não possua bens
suficientes para o próprio sustento e educação.

O menor sob tutela somente poderá ser equiparado aos filhos do segurado mediante
apresentação de termo de tutela.

No ato de inscrição, o dependente menor de vinte e um anos deverá apresentar declaração de


não emancipação, ou seja, de que não é emancipado.

No caso de enteado e menor sob tutela, a inscrição será feita mediante a comprovação da
equiparação por documento escrito do segurado falecido manifestando essa intenção, da
dependência econômica e da declaração de que não tenha sido emancipado.

Perde o direito à pensão por morte, após o trânsito em julgado, o condenado pela prática de
crime de que tenha dolosamente resultado a morte do segurado.

Perde o direito à pensão por morte o cônjuge, o companheiro ou a companheira se


comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na união estável, ou a
formalização desses com o fim exclusivo de constituir benefício previdenciário, apuradas em
processo judicial no qual será assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa.

O cônjuge ausente não exclui do direito à pensão por morte o companheiro ou a companheira
atuais do segurado, e somente fará jus ao benefício a partir da data de sua habilitação e
mediante prova de dependência econômica. Assim sendo, podemos constatar que, apesar do
cônjuge, em regra, não precisar comprovar dependência econômica, excepcionalmente deverá
comprovar essa dependência quando se tratar de cônjuge ausente, assim entendido aquele se,
apesar de não separado judicialmente, afasta-se do convívio conjugal por longo período.

O cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato que recebia pensão de alimentos


concorrerá em igualdade de condições com os dependentes de 1ª Classe. Vejamos o
entendimento do STJ sobre o tema:

Súmula 336 do STJ: A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à
pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica
superveniente.

Se o segurado instituidor do benefício e/ou seu companheiro ou companheira forem casados


com terceiros, ainda assim poderá ser concedida pensão por morte a este companheiro(a)
dependente, desde que comprovada a separação de fato ou judicial com os respectivos
cônjuges e a vida em comum com o companheiro(a).

Exemplo: Neimar, segurado do RGPS, é separado judicialmente de Marta. Adriana é separada


judicialmente de Marcos. Caso Neimar e Adriana comprovem vida em comum e Adriana
comprove ser dependente econômica de Neimar, Adriana fará jus à pensão por morte, caso
Neimar venha a falecer.
O exercício de atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual,
não impede a concessão ou manutenção da parte individual da pensão do dependente com
deficiência intelectual ou mental ou com deficiência grave.

O dependente menor de idade que se invalidar antes de completar vinte e um anos deverá ser
submetido a exame médico-pericial, não se extinguindo a respectiva cota se confirmada a
invalidez.

Será concedida pensão provisória por morte presumida nos seguintes casos:

• Declarada pela autoridade judicial competente, depois de 6 (seis) meses de ausência.

• Mediante prova administrativa do desaparecimento do segurado em consequência de


acidente, desastre ou catástrofe.

Verificado o reaparecimento do segurado, o pagamento da pensão cessará imediatamente,


desobrigados os dependentes da reposição dos valores recebidos, salvo má-fé.

Servirão como prova do desaparecimento, entre outras:

• Boletim de ocorrência lavrado junto a autoridade policial;

• Prova de sua presença no local da ocorrência;

• Noticiário nos meios de comunicação.

Caso exista nexo de causalidade entre a catástrofe e o trabalho do segurado, configurar-se-á


acidente do trabalho. Neste caso, será necessário, também, a apresentação da Comunicação
de Acidente do Trabalho CAT, com o respectivo parecer médico-pericial para caracterização no
nexo técnico.

Nas situações de morte presumida, a cada seis meses o recebedor do benefício deverá
apresentar documento da autoridade competente, contendo informações acerca do
andamento do processo de declaração de ausência, até que seja apresentada a certidão de
óbito.

Não se aplica o prazo decadencial de 10 anos para a garantia de todo e qualquer direito ou
ação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício ao
pensionista menor, incapaz ou ausente, na forma da lei.

A pensão por morte somente será devida ao filho e ao irmão cuja invalidez tenha ocorrido
antes da emancipação ou de completar a idade de vinte e um anos, desde que reconhecida ou
comprovada, pela perícia médica do INSS, a continuidade da invalidez até a data do óbito do
segurado.

O pensionista inválido está obrigado, independentemente de sua idade e sob pena de


suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da previdência social,
processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado e tratamento dispensado
gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos.
Não será concedida pensão por morte aos dependentes do segurado que falecer após a perda
da qualidade de segurado salvo se preenchidos os requisitos para obtenção da aposentadoria
segundo a legislação em vigor à época da implementação das condições para se aposentar.

10.14. AUXÍLIO RECLUSÃO

10.14.1. Conceito

O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes
do segurado recolhido à prisão, em regime fechado (SEGUNDO A MP 871/2019, O AUXÍLIO
RECLUSÃO NÃO SERÁ MAIS DEVIDO EM CASO DE PRISÃO EM REGIME SEMIABERTO), que não
receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou
abono de permanência em serviço, desde que seja considerado segurado de baixa renda., cujo
valor é definido anualmente por meio de Portaria.

10.14.2. Beneficiários

São beneficiários do auxílio reclusão os dependentes de baixa renda de todas as espécies de


segurados do Regime Geral de Previdência Social RGPS.

A renda a ser considerada para efeito de concessão do benefício de auxílio-reclusão é a renda


do segurado recluso e não dos seus dependentes beneficiários. Neste sentido, vejamos abaixo
julgado do STF:
EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AUXÍLIO-
RECLUSÃO. ART. 201, IV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. LIMITAÇÃO DO UNIVERSO DOS
CONTEMPLADOS PELO AUXÍLIO-RECLUSÃO. BENEFÍCIO RESTRITO AOS SEGURADOS PRESOS DE
BAIXA RENDA. RESTRIÇÃO INTRODUZIDA PELA EC 20/1998. SELETIVIDADE FUNDADA NA
RENDA DO SEGURADO PRESO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO. I – Segundo decorre do
art. 201, IV, da Constituição, a renda do segurado preso é que a deve ser utilizada como
parâmetro para a concessão do benefício e não a de seus dependentes. II - Tal compreensão se
extrai da redação dada ao referido dispositivo pela EC 20/1998, que restringiu o universo
daqueles alcançados pelo auxílio-reclusão, a qual adotou o critério da seletividade para apurar
a efetiva necessidade dos beneficiários. III - Diante disso, o art. 116 do Decreto 3.048/1999 não
padece do vício da inconstitucionalidade. IV - Recurso extraordinário conhecido e provido. (RE
587365, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 25/03/2009,
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO. DJe-084 DIVULG 07-05-2009 PUBLIC 08-05-2009 EMENT VOL-
02359-08 PP-01536)

10.14.3. Informações Adicionais

Os dependentes somente terão direito ao benefício de auxílio-reclusão se presentes,


cumulativamente, os requisitos abaixo:

• Segurado recolhido a prisão em regime fechado;

• Segurado não receba remuneração a empresa;

• Segurado não esteja em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência


em

serviço;

• Seja segurado de baixa renda, ou seja, que tenha salário-de-contribuição inferior ou igual ao

valor definido anualmente em portaria.


REGIME FECHADO: a execução da pena em estabelecimento prisional de segurança máxima ou
média.

REGIME SEMI-ABERTO: a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento


similar. Neste caso, não dá mais direito ao pagamento do auxílio-reclusão.

Os dependentes do segurado detido em prisão provisória (preventiva ou temporária) terão


direito ao benefício desde que comprovem o efetivo recolhimento do segurado por meio de
documento expedido pela autoridade responsável.

Equipara-se à condição de recolhido à prisão, a situação do maior de dezesseis e menor de


dezoito anos de idade que se encontre internado em estabelecimento educacional ou
congênere, sob custódia do Juizado da Infância e da Juventude.

Ao término da prisão provisória o auxílio-reclusão pago aos dependentes deverá ser cessado e,
caso nova prisão ocorra, ainda que em razão do mesmo evento causador da primeira privação
de liberdade, proceder-se-á à nova análise de dependência, qualidade de segurado e renda,
em novo requerimento de auxílio-reclusão.

Não cabe a concessão de auxílio-reclusão aos dependentes do segurado que esteja em


livramento condicional ou que cumpra pena em regime aberto ou semiaberto.

A privação da liberdade será comprovada por documento, emitido pela autoridade


competente, comprovando o recolhimento do segurado à prisão e o regime de reclusão.

Para o maior de dezesseis e menor de dezoito anos, serão exigidos certidão do despacho de
internação e o documento atestando seu efetivo recolhimento a órgão subordinado ao Juiz da
Infância e da Juventude.

O cumprimento de pena em prisão domiciliar não impede o recebimento do benefício de


auxílio-reclusão pelos dependentes, se o regime previsto for o fechado.

A monitoração eletrônica do instituidor do benefício de auxílio-reclusão não interfere no


direito do dependente ao recebimento do benefício, uma vez que tem a função de fiscalizar o
preso, desde que mantido a prisão domiciliar, sendo o regime previsto fechado.

É devido auxílio-reclusão aos dependentes do segurado quando não houver salário-de-


contribuição na data do seu efetivo recolhimento à prisão, desde que mantida a qualidade de
segurado.

O exercício de atividade remunerada do segurado recluso em cumprimento de pena em


regime fechado que contribuir na condição de contribuinte individual ou facultativo não
acarreta a perda do direito ao recebimento do auxílio-reclusão para seus dependentes.

O auxílio-reclusão será mantido enquanto o segurado permanecer detento ou recluso.

O beneficiário deverá apresentar trimestralmente atestado de que o segurado continua detido


ou recluso, firmado pela autoridade competente.
No caso de fuga, o benefício será suspenso e, se houver recaptura do segurado, será
restabelecido a contar da data em que esta ocorrer, desde que esteja ainda mantida a
qualidade de segurado.

Se houver exercício de atividade dentro do período de fuga, o mesmo será considerado para a
verificação da perda ou não da qualidade de segurado.

Falecendo o segurado detido ou recluso, o auxílio-reclusão que estiver sendo pago será
automaticamente convertido em pensão por morte. Não havendo concessão de auxílio-
reclusão, em razão de salário-de-contribuição superior ao limite estabelecido, será devida
pensão por morte aos dependentes se o óbito do segurado tiver ocorrido até doze meses após
o livramento, pois estará mantida sua qualidade de segurado por este período,
independentemente de qualquer contribuição para o RGPS.

Fica garantido o direito ao auxílio-reclusão ao companheiro ou companheira do mesmo sexo.

Se a realização do casamento ou constituição de união estável ocorrer durante o recolhimento


do segurado à prisão, o auxílio-reclusão não será devido, considerando a dependência
superveniente ao fato gerador.

O filho nascido durante o recolhimento do segurado à prisão terá direito ao benefício de


auxílio-reclusão a partir da data do seu nascimento.

É vedada a concessão do auxílio-reclusão após a soltura do segurado.


10.15. HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO PROFISSIONAL

10.15.1. Conceito

A habilitação e a reabilitação profissional e social deverão proporcionar ao beneficiário


incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho, e às pessoas portadoras de deficiência, os
meios para a educação, reeducação, adaptação e readaptação profissional e social indicados
para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive.

A reabilitação profissional compreende:

• o fornecimento de aparelho de prótese, órtese e instrumentos de auxílio para locomoção


quando a perda ou redução da capacidade funcional puder ser atenuada por seu uso e dos
equipamentos necessários à habilitação e reabilitação social e profissional;

• a reparação ou a substituição dos aparelhos mencionados no inciso anterior, desgastados


pelo uso normal ou por ocorrência estranha à vontade do beneficiário;

• o transporte do acidentado do trabalho, quando necessário.


10.15.2. Beneficiários

Como já vimos, a assistência (re)educativa e de (re)adaptação profissional, instituída sob a

denominação genérica de habilitação e reabilitação profissional, visa proporcionar aos


beneficiários

(segurados e dependentes), incapacitados parcial ou totalmente para o trabalho, em caráter

obrigatório, independentemente de carência, e às pessoas portadoras de deficiência, os meios

indicados para proporcionar o reingresso no mercado de trabalho e no contexto em que


vivem.

Cabe ao INSS promover a prestação de que trata este artigo aos segurados, inclusive
aposentados,

e, de acordo com as possibilidades administrativas, técnicas, financeiras e as condições locais


do

órgão, aos seus dependentes, preferencialmente mediante a contratação de serviços


especializados.

As pessoas portadoras de deficiência serão atendidas mediante celebração de convênio de

cooperação técnico-financeira.

10.15.3. Informações Adicionais

O processo de habilitação e de reabilitação profissional do beneficiário será desenvolvido por


meio das funções básicas de:

• avaliação do potencial laborativo;

• orientação e acompanhamento da programação profissional;


• articulação com a comunidade, inclusive mediante a celebração de convênio para
reabilitação física restrita a segurados que cumpriram os pressupostos de elegibilidade ao
programa de reabilitação profissional, com vistas ao reingresso no mercado de trabalho; e

• acompanhamento e pesquisa da fixação no mercado de trabalho.

A execução das funções do processo de habilitação e de reabilitação profissional dar-se-á,


preferencialmente, mediante o trabalho de equipe multiprofissional especializada em
medicina, serviço social, psicologia, sociologia, fisioterapia, terapia ocupacional e outras afins
ao processo, sempre que possível na localidade do domicílio do beneficiário, ressalvadas as
situações excepcionais em que este terá direito à reabilitação profissional fora dela.

Quando indispensáveis ao desenvolvimento do processo de reabilitação profissional, o


Instituto Nacional do Seguro Social fornecerá aos segurados, inclusive aposentados, em caráter
obrigatório, prótese e órtese, seu reparo ou substituição, instrumentos de auxílio para
locomoção, bem como equipamentos necessários à habilitação e à reabilitação profissional,
transporte urbano e alimentação e, na medida das possibilidades do Instituto, aos seus
dependentes.

No caso das pessoas portadoras de deficiência, a concessão dos recursos materiais


mencionados no parágrafo anterior ficará condicionada à celebração de convênio de
cooperação técnico-financeira.

O Instituto Nacional do Seguro Social não reembolsará as despesas realizadas com a aquisição
de órtese ou prótese e outros recursos materiais não prescritos ou não autorizados por suas
unidades de reabilitação profissional.

A programação profissional será desenvolvida mediante cursos e/ou treinamentos, na


comunidade, por meio de contratos, acordos e convênios com instituições e empresas públicas
ou privadas.

Nos casos de impossibilidade de instalação de órgão ou setor próprio competente do Instituto


Nacional do Seguro Social, assim como de efetiva incapacidade física ou técnica de
implementação das atividades e atendimento adequado à clientela da previdência social, as
unidades executivas de reabilitação profissional poderão solicitar a celebração de convênios,
contratos ou acordos com entidades públicas ou privadas de comprovada idoneidade
financeira e técnica, ou seu credenciamento, para prestação de serviço, por delegação ou
simples cooperação técnica, sob coordenação e supervisão dos órgãos competentes do INSS.

O treinamento do reabilitando, quando realizado em empresa, não estabelece qualquer


vínculo empregatício ou funcional entre o reabilitando e a empresa, bem como entre estes e o
INSS.

Compete ao reabilitando, além de acatar e cumprir as normas estabelecidas nos contratos,


acordos ou convênios, pautar-se no regulamento daquelas organizações.
Concluído o processo de reabilitação profissional, o INSS emitirá certificado individual
indicando a função para a qual o reabilitando foi capacitado profissionalmente, sem prejuízo
do exercício de outra para a qual se julgue capacitado.

Não constitui obrigação da previdência social a manutenção do segurado no mesmo emprego


ou a sua colocação em outro para o qual foi reabilitado, cessando o processo de reabilitação
profissional com a emissão do respectivo certificado.

Cabe à previdência social a articulação com a comunidade, com vistas ao levantamento da


oferta do mercado de trabalho, ao direcionamento da programação profissional e à
possibilidade de reingresso do reabilitando no mercado formal.

O acompanhamento e a pesquisa acompanhamento e pesquisa da fixação no mercado de


trabalho é obrigatório e tem como finalidade a comprovação da efetividade do processo de
reabilitação profissional.

A empresa com 100 ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% a 5% de seus cargos
com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte
proporção:

I - até 200 empregados, 2%;

II - de 201 a 500 empregados, 3%;

III - de 501 a 1000 empregados, 4%; ou

IV - mais de 1000 empregados, 5%.

A dispensa de empregado na condição de beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de


deficiência, habilitadas, quando se tratar de contrato por tempo superior a noventa dias e a
imotivada, no contrato por prazo indeterminado, somente poderá ocorrer após a contratação
de substituto em condições semelhantes.
10.16. SERVIÇO SOCIAL

10.16.1. Conceito

O serviço social constitui atividade auxiliar do seguro social e visa prestar ao beneficiário
orientação e apoio no que concerne à solução dos problemas pessoais e familiares e à
melhoria da sua interrelação com a previdência social, para a solução de questões referentes a
benefícios, bem como, quando necessário, à obtenção de outros recursos sociais da
comunidade.

Compete ao Serviço Social esclarecer junto aos beneficiários seus direitos sociais e os meios de
exercê-los e estabelecer conjuntamente com eles o processo de solução dos problemas que
emergirem da sua relação com a Previdência Social, tanto no âmbito interno da instituição
como na dinâmica da sociedade.

10.16.2. Beneficiários

São beneficiários do serviço social todos os segurados e seus dependentes.


Será dada prioridade aos segurados em benefício por incapacidade temporária e atenção
especial aos aposentados e pensionistas.

10.16.3. Informações Adicionais

Para assegurar o efetivo atendimento dos usuários serão utilizadas intervenção técnica,
assistência de natureza jurídica, ajuda material, recursos sociais, intercâmbio com empresas e
pesquisa social, inclusive mediante celebração de convênios, acordos ou contratos.

O Serviço Social terá como diretriz a participação do beneficiário na implementação e no


fortalecimento da política previdenciária, em articulação com as associações e entidades de
classe.

O Serviço Social, considerando a universalização da Previdência Social, prestará


assessoramento técnico aos Estados e Municípios na elaboração e implantação de suas
propostas de trabalho.

11. CARÊNCIA DAS PRESTAÇÕES DO RGPS

11.1. CONCEITO

Período de carência é o número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o


beneficiário faça jus ao benefício. Ou seja, sem cumprir o período de carência do benefício,
não terá direito ao seu recebimento.

Para o segurado especial, considera-se período de carência o tempo mínimo de efetivo


exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, igual ao número de meses
necessário à concessão do benefício requerido.

Para efeito de carência, considera-se presumido o recolhimento das contribuições do segurado


empregado, empregado doméstico e do trabalhador avulso.

Relativamente ao contribuinte individual, considera-se presumido o recolhimento das


contribuições descontadas pela empresa a partir da competência abril de 2003.

O período de carência é contado:

• para o segurado empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso, da data de filiação


ao Regime Geral de Previdência Social - RGPS;

• para o contribuinte individual e facultativo, inclusive o segurado especial que contribui com
contribuição complementar de 20% sobre o salário de contribuição por ele declarado, da
mesma forma que o facultativo, da data do efetivo recolhimento da primeira contribuição sem
atraso, não sendo consideradas para esse fim as contribuições recolhidas com atraso
referentes a competências anteriores.

• Para o segurado especial que não contribui com contribuição complementar de 20% sobre o
salário de contribuição por ele declarado, da mesma forma que o facultativo, o período de
carência é contado a partir do efetivo exercício da atividade rural, mediante comprovação feita
mediante documentos que comprovem o exercício de atividade nos períodos a serem
contados, devendo esses documentos ser contemporâneos dos fatos a comprovar e
mencionar as datas de início e término.

• Para os segurados optantes pelo recolhimento trimestral, o período de carência é contado a


partir do mês de inscrição do segurado, desde que efetuado o recolhimento da primeira
contribuição no prazo estipulado.

Nem todos os períodos considerados pela legislação previdenciária como tempo de


contribuição irão contar para como tempo de carência. Assim sendo, segue alguns exemplos
de períodos que, apesar de contarem como tempo de contribuição, não são computados para
efeito de carência:

• Tempo de serviço militar (voluntário ou obrigatório);

• Tempo de serviço do trabalhador rural anterior à competência novembro/2011, quando


ainda não contribuía para a Previdência Social;

• Contribuições recolhidas com atraso, relativas a competências anteriores à data do


recolhimento da primeira contribuição sem atraso dos segurados contribuinte individual e
facultativo.

O STJ decidiu ser possível considerar o período em que o segurado esteve em gozo de
benefício por incapacidade (auxílio doença ou aposentadoria por invalidez) para fins de
carência, desde que intercalados com períodos contributivos, conforme segue:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. VIOLAÇÃO


DO ART. 535 DO CPC. CÔMPUTO DO TEMPO DE BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE COMO
PERÍODO DE CARÊNCIA. POSSIBILIDADE, DESDE QUE INTERCALADO COM PERÍODO DE EFETIVO
TRABALHO. POSSIBILIDADE DE EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO DE FAZER ANTES DO TRÂNSITO EM
JULGADO. EFEITOS ERGA OMNES LIMITADOS À COMPETÊNCIA TERRITORIAL DO ÓRGÃO
PROLATOR. 1. Ação civil pública que tem como objetivo obrigar o INSS a computar, como
período de carência, o tempo em que os segurados estão no gozo de benefício por
incapacidade (auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez). 2. O acórdão recorrido julgou a
lide de modo fundamentado e coerente, não tendo incorrido em nenhum vício que desse
ensejo aos embargos de declaração e, por conseguinte, à violação do art. 535 do Código de
Processo Civil. 3. É possível considerar o período em que o segurado esteve no gozo de
benefício por incapacidade (auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez) para fins de
carência, desde que intercalados com períodos contributivos. 4. Se o período em que o
segurado esteve no gozo de benefício por incapacidade é excepcionalmente considerado como
tempo ficto de contribuição, não se justifica interpretar a norma de maneira distinta para fins
de carência, desde que intercalado com atividade laborativa. 5. Possibilidade de execução da
obrigação de fazer, de cunho mandamental, antes do trânsito em julgado e
independentemente de caução, a ser processada nos moldes do art. 461 do Código de
Processo Civil. 6. Prevalece nesta Corte o entendimento de que a sentença civil fará coisa
julgada erga omnes nos limites da competência territorial do órgão prolator, nos termos do
art. 16 da Lei n. 7.347/85, alterado pela Lei n. 9.494/97. 7. O valor da multa cominatória fixada
pelas instâncias ordinárias somente pode ser revisado em sede de recurso especial se irrisório
ou exorbitante, hipóteses não contempladas no caso em análise. 8. Recurso especial
parcialmente provido.

REGRA GERAL: CARÊNCIA É A QUANTIDADE MÍNIMA DE PRESTAÇÕES MENSAIS QUE O


SEGURADO JÁ DEVE TER RECOLHIDO PARA TER DIREITO AOS BENEFÍCIOS, CONSIDERADAS A
PARTIR DO PRIMEIRO DIA DOS MESES DE SUA COMPETÊNCIA.

EXCEÇÃO: SEGURADO ESPECIAL - QUANTIDADE DE MESES DE EFETIVO EXERCÍCIO NA


ATIVIDADE AGROPECUÁRIAOU PESQUEIRA.

11.2. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ E AUXÍLIO DOENÇA

11.2.1. Carência

A concessão dos benefícios de aposentadoria por invalidez e auxílio-doença dependem do


cumprimento da carência de 12 contribuições mensais.

No entanto, Independe de carência a concessão destes benefícios nos seguintes casos:

• Incapacidade decorrente de acidente de qualquer natureza ou causa;

• Incapacidade decorrente de doença profissional ou do trabalho;

• segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções
especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada
a cada 3 (três) anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência
ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento
particularizado.

OBSERVAÇÃO: Até que seja elaborada a lista de doenças e afecções mencionada acima,
independe de carência a concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez ao
segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças::

tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave,


neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de
Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença de
Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids) ou
contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada.

Em casos de acidente, a legislação previdenciária afirma que a dispensa da carência será


concedida para acidentes decorrentes de qualquer natureza ou causa, independentemente
de tratar-se ou não de acidente de trabalho. Assim sendo, até mesmo uma lesão sofrida por
segurado durante uma partida de futebol com os amigos no final de semana, se resultar em
perda ou redução permanente ou temporária da capacidade laborativa, é motivo para
concessão do benefício, independente do cumprimento de qualquer carência.

Para o segurado especial, como já estudado, a contagem da carência não é efetuada com base
no número de contribuições mensais recolhidas, mas sim pela comprovação do exercício de
atividade rural pelo período equivalente ao número de meses correspondente à carência do
benefício requerido. Assim sendo, para ter direito a aposentadoria por invalidez ou auxílio-
doença, basta o segurado especial comprovar 12 meses de efetivo exercício na respectiva
atividade agropecuária ou pesqueira (exceto nos casos em que a carência é dispensada).

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