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Acórdão Nº 1405600
EMENTA
1. Consoante a Lei Orgânica do Distrito Federal, cabe ao Poder Executivo a administração dos bens do
Distrito Federal, ressalvado à Câmara Legislativa administrar aqueles utilizados em seus serviços e sob
sua guarda.
2. O artigo 3º Lei Distrital 1.261/96, de iniciativa parlamentar, que submete à aprovação da Câmara
Legislativa do Distrito Federal a construção de quaisquer edifício ou logradouros na área do Parque da
Cidade Sarah Kubitschek que implique alteração de cunho urbanístico, revela incompatibilidade com a
Lei Orgânica do Distrito Federal, traduzindo ofensa ao principio constitucional da reserva de
administração e usurpando a competência privativa do Chefe do Executivo para iniciativa de leis que
disponham sobre a administração de bens públicos do Distrito Federal.
3. Ofensa aos artigos 52 e 100, inciso VI da Lei Orgânica do Distrito Federal configurada. Declaração de
Inconstitucionalidade do artigo 3º Lei Distrital 1.261/96, com efeitos ex tunc e erga omnes.
RELATÓRIO
A ação aponta que a norma atacada, de iniciativa de Deputado Distrital, é formalmente inconstitucional,
por tratar de matéria afeta à administração de bens públicos do Distrito Federal, tema da competência
privativa do Chefe do Poder Executivo.
Autuado, o processo foi distribuído ao Desembargador Getúlio de Moraes Oliveira, que determinou que
se manifestassem o Presidente da Câmara Legislativa, a Procuradora-Geral do Distrito Federal e o
Ministério Público.
Agora, vêm os autos ao Ministério Público, para análise na qualidade de custos constitutionis.
Acrescento que a Douta Procuradoria de Justiça oficiou pelo conhecimento da ação e pela procedência do
pedido.
É o relatório
VOTOS
Conforme relatado, trata-se de Ação Direta de Inconstitucionalidade ajuizada pelo Governador do Distrito Federal
Distrital 1.261/96, de iniciativa parlamentar, que condiciona a construção de edifícios e logradouros na área do Pa
realização de estudo de impacto ambiental e à apreciação prévia da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Sustenta a parte autora que a Lei impugnada violou os artigos 3º, XI, 52, 53 e 100, inciso VI, da Lei Orgânica do D
tenha reservado a administração de bens distritais ao Executivo, o Poder Legislativo editou uma lei que o proíbe de
iniciativa de Deputado Distrital, é formalmente inconstitucional, por tratar de matéria afeta à administração de bens
violação ao principio da separação de poderes e pugna pela procedência do pedido.
[...]
Art. 3º A construção de quaisquer edifício ou logradouros na área do parque que implique alteração de cunho urba
Câmara Legislativa do Distrito Federal.
§ 1º O disposto no caput se aplica a reformas que gerem alterações nos logradouros instalados.
§ 2º Considera-se alteração urbanística toda e qualquer modificação do traçado original do parque e dos equipamen
Lei.
§ 3º Os projetos de implantação ou de alteração dos equipamentos, antes da apreciação pela Câmara Legislativa, se
ambiental.
Confira-se ainda os dispositivos da Lei Orgânica do Distrito Federal que se alega haverem sido violados:
XI – zelar pelo conjunto urbanístico de Brasília, tombado sob a inscrição nº 532 do Livro do Tombo Histórico, resp
constantes do Decreto nº 10.829, de 2 de outubro de 1987, e da Portaria nº 314, de 8 de outubro de 1992, do então I
– IBPC, hoje Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN; (Inciso acrescido pela Emenda à Le
Art. 52. Cabe ao Poder Executivo a administração dos bens do Distrito Federal, ressalvado à Câmara Legislativa ad
serviços e sob sua guarda.
Art. 53. São Poderes do Distrito Federal, independentes e harmônicos entre si, o Executivo e o Legislativo.
§ 2º O cidadão, investido na função de um dos Poderes, não poderá exercer a de outro, salvo as exceções previstas
[...]
VI – iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Lei Orgânica; “
Posto o artigo 3º da Lei distrital 1261/96 em confronto com os preceptivos da Lei Orgânica supra transcritos, vislum
impugnada padece dos vícios de inconstitucionalidade alegados na Inicial, porquanto cuida de matéria afeta à com
Executivo.
Nesse sentido, a Douta Procuradoria de Justiça, ao oficiar pela procedência do pedido, consignou:
“Conforme reconhecido pelo Conselho Especial do Tribunal de Justiça local quando do julgamento de diversas out
sobre o tema, há, de fato, inconstitucionalidade formal no artigo 3º da Lei distrital 1.261/96, integrante de projeto d
condiciona a construção de edifícios e logradouros na área do Parque da Cidade à realização de estudo de impacto a
Câmara Legislativa do Distrito Federal. Isso porque, embora louvável a intenção do legislador, é da competência pr
Federal a iniciativa de projetos de lei que tratem da administração de bens públicos do Distrito Federal, nos termos
estabelece (grifos acrescentados):
Art. 52. Cabe ao Poder Executivo a administração dos bens do Distrito Federal, ressalvado à Câmara Legislativa ad
serviços e sob sua guarda.
(...) VI - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Lei Orgânica;
Assim, a iniciativa de leis que disponham sobre tal matéria é privativa do Chefe do Poder Executivo. A usurpação d
princípio da independência e harmonia dos Poderes. Nesse sentido é o entendimento do Tribunal de Justiça local, d
(grifos acrescentados):
I - Da exegese dos artigos 52 e 100, VI, da Lei Orgânica distrital, em matéria de disponibilização de bens públicos,
Distrito Federal, à Câmara Legislativa do DF compete apenas votar projeto de lei apresentado pelo Poder Executivo
I - Compete ao Executivo local a administração dos bens do Distrito Federal e, em conseqüência, a iniciativa das no
Inconstitucionalidade formal caracterizada.
II - As áreas públicas não podem ser alienadas a entidades religiosas sem a devida licitação, através de meras doaçõ
III - Ação julgada procedente para declarar, com efeitos ex tunc e erga omnes, a inconstitucionalidade formal e mat
1.613, 1.748, 1.758 e 1.852, de 1.997; 1.884, 1.889, 1.926, 2.017 e 2.479, de 1.998; e das leis Complementares 22,
102, 104, 107, 135, 136 e 141, de 1.998; e 206, 246 e 270, de 1.999.” ( TJDFT, Acórdão 231236, 20040020084160
SAMPAIO, CONSELHO ESPECIAL, data de julgamento: 7/6/2005, publicado no DJU SEÇÃO 3: 11/5/2006. Pág
II - Alienar áreas públicas, sem o devido processo licitatório, retirando-se a oportunidade da livre concorrência, é p
religiosos em detrimento de toda a população do Distrito Federal, afrontando-se os princípios insculpidos no art. 37
19, caput, da Lei Orgânica do DF, aos quais a administração pública do Distrito Federal deve obediência.
III - O Poder Legislativo, em sua atividade legiferante, não deve se afastar do Princípio da Laicidade, fruto da evolu
Estados Democráticos de Direito.
IV - Medida liminar deferida para sustar os efeitos, ex nunc e erga omnes, da eficácia do diploma legal até julgame
inconstitucionalidade. (TJDFT, Acórdão 219058, 20040020084200ADI, Relator: LECIR MANOEL DA LUZ, CON
julgamento: 17/5/2005, publicado no DJU SEÇÃO 3: 11/7/2005. Pág.: 21)
Ademais, por derivar de iniciativa parlamentar, o dispositivo legal impugnado vulnera também aquilo que o Suprem
de reserva de administração.
O postulado constitucional da reserva de administração, em prestígio à dicção dada ao tema pelo Min. Celso de Me
Legislativo em matérias sujeitas à exclusiva competência administrativa do Poder Executivo. No caso dos autos, a
Chefia do Poder Executivo a iniciativa legislativa daquelas matérias que versam sobre a organização e o funcionam
Federal.
Confira-se, a título ilustrativo, o seguinte trecho de aresto do Supremo Tribunal Federal (grifos acrescentados):
No mesmo sentido é o entendimento pacífico do Conselho Especial do Tribunal de Justiça local, de que são exemp
acrescentados)
1. As Leis distritais nº 5.450/2015 e nº 5.769/2016, ambas de origem parlamentar, incluíram dispositivos na Lei dis
normais gerais para a realização de concursos públicos pela adminsitração direta, autárquica e fundacional do DF, p
Distrital nomeie candidatos aprovados em concursos públicos além do número de vagas inicialmente previsto no ca
candidatos moradores da mesma residência possam se submeter às provas do concurso público na mesma instituiçã
2. O princípio constitucional da reserva de administração intenta limitar a atuação legislativa em matérias sujeitas à
Executivo. Trata-se de princípio que prestigia a separação dos poderes, com o que se impede a ingerência normativ
competência executiva. Daí porque são formalmente inconstitucionais as leis, de origem parlamentar, que dispõem
sobre matéria afeta à organização e ao funcionamento da Administração Pública do DF,temas de iniciativa exclusiv
termos do art. 71, § 1º, inciso II, e do art. 100, incisos VI e X, ambos da Lei Orgânica do Distrito Federal.
3. A sanção pelo Chefe do Poder Executivo não importa em convalidação do vício de inconstitucionalidade resultan
processo legislativo, conforme entendimento consolidado do STF e do TJDFT.
A inconstitucionalidade do dispositivo impugnado, no entanto, não exime o Poder Público da estrita observância de
infraconstitucionais protetivas de espaços públicos como esse, de enorme importância histórica, ambiental e paisag
Art. 51. Os bens do Distrito Federal destinar-se-ão prioritariamente ao uso público, respeitadas as normas de proteç
histórico, cultural, arquitetônico e paisagístico, e garantido o interesse social.
(...)
Art. 253. As áreas públicas, especialmente os parques, praças, jardins e terminais rodoviários podem ser utilizados
desde que sem fins lucrativos e compatíveis com a preservação ambiental, paisagística, arquitetônica e histórica.
(...)
Art. 295. As unidades de conservação, os parques, as praças, o conjunto urbanístico de Brasília, objeto de tombame
Humanidade, bem como os demais bens imóveis de valor cultural, são espaços territoriais especialmente protegido
§ 1º Cabe ao Poder Público estabelecer e implantar controle da poluição visual no Distrito Federal, de modo a asse
ambientes.
De igual modo, a Lei Complementar distrital 961/2019, que dispõe sobre “a criação, implantação e gestão de parqu
estabelece (grifos acrescentados):
Art. 3º Parque urbano é categoria de espaço livre de uso público, bem de uso comum do povo, que desempenha as s
I - recreativa e de socialização na oferta para a população de espaços de convivência, lazer, esporte, descanso, pass
II - paisagística no equilíbrio da composição entre espaços urbanos construídos e livres, constituição da paisagem e
III - ambiental na prestação dos serviços ecossistêmicos. Parágrafo único. O parque urbano complementa o conjun
termos da Lei federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Art. 4º São objetivos dos parques urbanos: I - garantir espa
recreação e lazer em contato harmônico com a natureza, próximos aos locais de moradia;
V - promover a arborização e o tratamento adequado da vegetação como elemento integrador na composição da pai
Diante do exposto, manifesta-se o Ministério Público, na qualidade de custos constitutionis, pelo conhecimento da
pedido.” (ID Num. 28776226 – pags. 3 / 8)
Diante do exposto, constatada violação aos artigos 52 e 100, inciso VI da Lei Orgânica do Distrito Federal, JULG
DECLARAR A INCONSTITUCIONALIDADE do artigo 3º Lei Distrital 1.261/96, com efeitos ex tunc e erga omn
É COMO VOTO.
Trata-se Ação Direta de Inconstitucionalidade, com pedido liminar, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal c
e 100, inciso VI, todos da Lei Orgânica do Distrito Federal , objetivando a declaração de inconstitucionalidade do a
nº 1.261/1996, que dispõe sobre o uso e preservação do Parque Recreativo Rogério Pithon Farias – atual Parque Sa
A presente ação foi ajuizada sob o argumento de que o dispositivo em comento encontra-se eivado de inconstitucio
subjetivo de iniciativa, que na hipótese é privativa do Governador do Distrito Federal, para dispor sobre a administ
Colaciona precedente desta e. Corte de Justiça no que tange à iniciativa privativa do Governador para iniciar proces
questões atinentes à administração, uso e ocupação do solo em todo o território do Distrito Federal.
O requerente aponta, ainda, inconstitucionalidade em razão da inobservância ao princípio da separação dos poderes
administração, porquanto invade seara exclusiva do Chefe do Executivo referente às atividades da Administração P
legislativo sobre o executivo.
Com espeque em tais alegações, requer o recebimento da presente demanda, a fim de que seja reconhecida a incons
da Lei Distrital 1.261/1996.
A Mesa Diretora da Câmara Legislativa do Distrito Federal prestou informações no Id nº 26683744, defendendo a
Pugna, preliminarmente, pelo não conhecimento da inicial em razão de ter sido fundamentada no status constitucio
10.829/1987 e da Portaria 314/1992, do então Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural – IBPC, por força de eme
1996, enquanto a norma impugnada é de data anterior, de novembro de 1996, não sendo cabível a invocação de inc
portanto. Sustenta que, em face da inexistência de vício formal à luz do ordenamento constitucional vigente à época
improcedente.
Por sua vez, a Procuradoria-Geral de Justiça, no Id nº 28776226, na qualidade de custos constitutionis, oficiou pelo
Inconstitucionalidade e procedência do pedido.
É o relato do necessário.
Quanto ao mérito, conforme relatado, o autor pretende obter a inconstitucionalidade do artigo 3º e parágrafos da Le
vício de iniciativa, pois caberia exclusivamente ao Chefe do Poder Executivo Distrital tratar sobre o tema, bem assi
(...)
Art. 3° A construção de quaisquer edifícios ou logradouros na área do parque que implique alteração de cunho ur
Câmara Legislativa do Distrito Federal.
§ 1° O disposto no caput se aplica a reformas que gerem alterações nos logradouros instalados.
§ 2° Considera-se alteração urbanística toda e qualquer modificação do traçado original do parque e do equipam
Lei.
§ 3° Os projetos de implantação ou de alteração dos equipamentos, antes da apreciação pela Câmara Legislativa,
ambiental.
Depreende-se do texto normativo que o dispositivo contestado condiciona a construção de qualquer edifício ou logr
apreciação da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Como cediço, não se controverte ser da competência exclusiva do Chefe do Poder Executivo local a iniciativa de le
o uso e a ocupação do solo do Distrito Federal, nos termos dos artigos 52 e 71, § 1º, inciso VI, da Lei Orgânica do D
“Art. 52. Cabe ao Poder Executivo a administração dos bens do Distrito Federal, ressalvada à Câmara Legislativa
serviços e sob sua guarda.
Art. 71. A iniciativa das leis complementares e ordinárias, observada a forma e os casos previstos nesta Lei Orgân
(...)
§ 1º Compete privativamente ao Governador do Distrito Federal a iniciativa das leis que disponham sobre:
(...)
Desta feita, é patente que o dispositivo padece de inconstitucionalidade quanto à questão de ingerência nas atribuiç
importa destacar, o inciso VI foi acrescentado ao parágrafo primeiro do artigo 71 da LODF pela Emenda à Lei Org
havendo que se falar em inconstitucionalidade superveniente como aventado pela Mesa Diretora da Câmara Legisla
Assim sendo, a norma impugnada revela-se formalmente inconstitucional por condicionar a construção de qualquer
Recreativo Rogério Pithon Farias, atual Parque Sarah Kubitschek, à apreciação da Câmara Legislativa do Distrito F
Sobreleva destacar que este Egrégio Tribunal pacificou o entendimento segundo o qual compete privativamente ao
disponham sobre a administração, uso e ocupação do solo no Distrito Federal, como se depreende da leitura da eme
1. Declara-se a inconstitucionalidade formal e material do decreto legislativo que sustou decreto editado pelo Poder
licenças para a realização de eventos de exposição e venda de veículos automotores em áreas públicas do Distrito F
VI e VII da LODF.
2. O Decreto Distrital nº 31.405/2010 decorre das atribuições do Chefe do Poder Executivo local, uma vez que o pl
assim como o uso e a ocupação do solo público somente podem ser objeto de Lei de iniciativa privativa do Govern
VI e VII).
3. Ao sustar os efeitos do Decreto Distrital nº 31.405/2010, o ato normativo questionado (Decreto Legislativo nº 2.2
conferidas à Câmara Legislativa do Distrito Federal para sustar atos regulamentares exorbitantes ante a reserva da m
do Distrito Federal ao Poder Executivo.
4. A atuação legislativa negativa que deixa de observar a competência privativa atribuída ao Poder Executivo viola
dos Poderes (LODF, art. 53).
5. ADI julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade, na íntegra, do Decreto Legislativo nº 2.292 de 28/
omnes.”
Importa ressaltar, ainda, a necessidade da estrita observância ao Princípio da Separação dos Poderes, bem como a c
segundo a qual é vedada a ingerência normativa do Poder Legislativo em matérias de competência privativa do Pod
Logo, conclui-se que o dispositivo impugnado invade a competência privativa do Chefe do Executivo Distrital, na
prévia da Câmara Legislativa do Distrito Federal a construção de qualquer edifício ou logradouro na área do Parque
Ante o exposto, julgo procedente o pedido, para declarar a inconstitucionalidade formal do artigo 3º e seus parágr
consoante o disposto nos artigos 52, 53, 71, §1º, VI e 100, VI, todos da Lei Orgânica do Distrito Federal, com efeit
É como voto.
Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta pelo Governador do Distrito Federal, com o objetivo de declarar a in
parágrafos da Lei Distrital 1.261/1996, que dispõe sobre o uso e a preservação do Parque Recreativo Rogério Pitho
Afirma que a norma invade competência privativa do Chefe do Poder Executivo por tratar de matéria afeta à admin
violação aos postulados da separação dos poderes e da reserva de administração. Aponta ofensa aos artigos 3º, XI,
A Mesa Diretora da Câmara Legislativa do Distrito Federal argui preliminar de não admissão inicial. Alega que a n
anterior à Emenda à Lei Orgânica 12, que firmou competência privativa do Governador do Distrito Federal para pr
solo. No mérito, defende a regularidade da norma sob argumento de que, à época, “qualquer deputado(a) poderia a
dispor, dente outros temas, do Parque da Cidade.” (ID 26683744).
O Procurador-Geral do Distrito Federal em exercício manifesta-se pela procedência do pedido. Pondera que o fato
ao ato normativo impugnado não afasta a inconstitucionalidade formal da norma, porque “antes mesmo da edição d
resolvida no art. 52, pois não cabe ao Legislativo dispor sobre matéria reservada à administração”. Afirma que a
VI, todos da LODF, confirmam a ocorrência da violação à separação de poderes e o vício material da Lei Distrital (
É o relatório.
Em relação à preliminar de não conhecimento, apresentada pela Mesa Diretora da CLDF, somente em 19 de dezem
DF n. 12 incluiu o inciso XI ao artigo 3º, com a seguinte redação:
(...)
inscrição nº 532 do Livro do Tombo Histórico, respeitadas as definições e critérios constantes do Decreto nº 10.82
nº 314, de 8 de outubro de 1992, do então Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural - IBPC, hoje Instituto do Pat
IPHAN;
(...)
No dispositivo, há remissão expressa ao Decreto 10.829/87 – que trata da concepção urbanística de Brasília. Entret
O Governador do Distrito Federal proporá a edição de leis que venham a dispor sobre o uso e ocupação do solo e
Este Conselho Especial, em virtude da propositura de inúmeras ações diretas de inconstitucionalidade, firmou enten
integrar a Lei Orgânica do DF em dezembro de 1996, com status de “Constituição”. Confira:
No período anterior a dezembro de 1996, não havia norma expressa firmando a competência privativa do Governa
relativas ao uso e ocupação do solo, que só veio a ocorrer após a Emenda à Lei Orgânica n. 12, de 12 de dezembr
A norma impugnada, datada de novembro de 1996, é anterior à ELODF 12/1996 e, portanto, não pode ser objeto de
de abrangência constitucional, que determinasse a iniciativa privativa do Executivo em leis sobre o uso e ocupação
Portanto, acolho a preliminar para não admitir a ADI por ofensa ao inciso XI, do artigo 3º da LODF, alterado pela E
Ação por ofensa aos artigos 52, 53 e 100, inciso VI, da LODF, pelos quais passo à análise do mérito.
A lei combatida trata de questão atinente ao uso e ocupação do solo e destinação de área pública, matéria em que, d
artigos 52, 53 e 100, inciso VI, a iniciativa para a deflagração do processo legislativo compete privativamente ao G
“Art. 52. Cabe ao Poder Executivo a administração dos bens do Distrito Federal, ressalvado à Câmara Legislativa a
serviços e sob sua guarda.
(...)
VI – iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Lei Orgânica;
A LODF estabelece, no art. 100, inciso VI, que compete privativamente ao Governador do Distrito F
casos especificados na Lei Orgânica.
Dessa forma, a iniciativa do processo legislativo que culminou com a edição da lei em exame foi feita por parlamen
Federal (Deputada Lucia Carvalho).
Forçoso concluir que padece de vício de iniciativa, vício formal, ou seja, “traduz defeito de formação do ato norm
ordem técnica ou procedimental ou pela violação de regras de competência. Nesses casos, viciado é o ato nos seu
formação, na sua forma final” (MENDES, Gilmar Ferreira. COELHO. Inocêncio Mártires. BRANCO, Paulo Gus
Constitucional. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 961).
Não procede, noutro giro, o argumento de que, anteriormente ao advento da Emenda à Lei Orgânica nº 12 o Govern
iniciativa privativa para apresentar projetos de lei que tratassem de utilização de área pública e, dessa forma, sendo
referida, inexiste inconstitucionalidade formal.
É certo que, de acordo com a doutrina e a jurisprudência, a superveniência de ordem constitucional ou de emenda c
direito infraconstitucional com elas incompatível. Desse modo, a questão não diz respeito ao controle de constitucio
por meio da aplicação da regra “tempus regit actum”.
Não obstante a inclusão do inciso XI, do artigo 3º, pela Emenda à LODF nº 12/1996, ser posterior à lei 1.261/1996
afirmou que a iniciativa de projeto de lei que disponha sobre as matérias de cunho urbanístico é do Governador, dia
constantes da LODF (artigos 52, 100, VI, da LODF e art. 14 do Decreto nº 10.829/1987, cuja observância é determ
Confira-se:
1 - Padecem do vício de inconstitucionalidade formal leis ordinárias e complementares distritais de iniciativa parlam
do solo, destinação de área pública e ordenamento territorial e desenvolvimento urbano do Distrito Federal, uma ve
VI, da LODF, compete ao Governador do Distrito Federal a iniciativa privativa para iniciar processo legislativo qu
mencionadas. Precedentes.
2 - A modulação de efeitos prevista no art. 27 da Lei nº 9.868/99 só é cabível quando puderem ser identificadas raz
interesse social que autorizem a medida, o que não ocorre na espécie.
“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEIS DISTRITAIS N.º 747/1994 E 2018/1998. LEI COMP
INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. LEI ORGÂNICA DO DISTRITO FEDERAL. OCUPAÇÃO DE ÁRE
PRIVATIVA DO GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL. AÇÃO JULGADA PROCEDENTE EM RAZÃO
n.º 10.829/87, quanto a Portaria n.º 314/92, do Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural - IBPC, hoje Instituto do
- IPHAN, conferem ao Governador do Distrito Federal competência privativa para iniciar o processo legislativo, qu
do solo em todo o território do Distrito Federal.” (20100020193574ADI, Relator LÉCIO RESENDE, Conselho Esp
31/05/2011 p. 39)
Acompanho o e. Relator para declarar inconstitucional o artigo 3º da Lei Distrital 1.261/96, com efeito ex tunc e er
Trata-se de Ação Direta de Inconstitucionalidade, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, visando à declaraç
Lei Distrital n. º 1.261/96, em face dos artigos 3º, XI, 52, 53 e 100, inciso VI, da Lei Orgânica do Distrito Federal.
A questão debatida refere-se ao condicionamento da construção de edifícios e logradouros na área do Parque da Cid
denominado Parque Recreativo Rogério Pithon Farias - à realização de estudo de impacto ambiental e à prévia apro
Federal.
A peça inicial aduz que o diploma legal supracitado incorre em vício de iniciativa, por ter sido projeto de lei de inic
veicule competência privativa do Chefe do Poder Executivo Distrital, por tratar de matéria afeta à administraçao de
Acrescenta que há violação ao postulado da reserva de administração e ao princípio constitucional da separação de
É o relatório.
VOTO
O requerente sustenta que o art. 3o da Lei Distrital Distrital n. º 1.261/96 ostenta inconstitucionalidade formal porqu
inciso VI, da Lei Orgânica do Distrito Federal, os quais assim dispõem:
XI – zelar pelo conjunto urbanístico de Brasília, tombado sob a inscrição nº 532 do Livro do Tombo Históric
critérios constantes do Decreto nº 10.829, de 2 de outubro de 1987, e da Portaria nº 314, de 8 de outubro de
do Patrimônio Cultural – IBPC, hoje Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN; (Incis
Orgânica nº 12, de 1996.)
Art. 52. Cabe ao Poder Executivo a administração dos bens do Distrito Federal, ressalvado à Câmara Legis
utilizados em seus serviços e sob sua guarda.
Art. 53. São Poderes do Distrito Federal, independentes e harmônicos entre si, o Executivo e o Legislativo.
§ 2º O cidadão, investido na função de um dos Poderes, não poderá exercer a de outro, salvo as exceções pr
VI - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Lei Orgânica;
Aduz que há inconstitucionalidade formal por vício de iniciativa, que é privativa do Chefe do Poder Executivo em
atribuições da Administração Pública. Além disso, afirma que a norma viola o princípio da reserva da Administraçã
em atividades privativas do Poder Executivo, e o princípio da separação dos Poderes.
[...]
Art. 3º A construção de quaisquer edifício ou logradouros na área do parque que implique alteração de cun
aprovação da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
§ 1º O disposto no caput se aplica a reformas que gerem alterações nos logradouros instalados.
§ 3º Os projetos de implantação ou de alteração dos equipamentos, antes da apreciação pela Câmara Legisl
impacto ambiental.
É certo que são de iniciativa privativa do Governador do Distrito Federal as leis que disponham sobre a administraç
conforme o teor dos artigos 52, 53 e art. 100, inciso VI, da Lei Orgânica do Distrito Federal.
Cumpre salientar que o Parque da Cidade Sarah Kubitschek, antigamente denominado Parque Recreativo Rogério P
urbanístico de Brasília e, segundo dispõe o o art. 3O, inciso XI, da Lei Orgânica do Distrito Federal, é objetivo prio
conjunto urbanístico de Brasília.
Verifica-se, assim, que a Lei em questão foi elaborada por iniciativa de Deputado Distrital, porém as suas disposiçõ
exclusiva do Chefe do Poder Executivo, nos termos dos artigos 52, 53 e 100, inciso VI da Lei Orgânica do Distrito
A Lei n. 1.261/96, no seu art. 3o, dispõe que a construção de qualquer edifício ou logradouro na área do parque, qu
urbanístico, será submetida à aprovação da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Com efeito, nesse contexto, é visível que houve uma interferência do poder Legislativo, em desrespeito aos regram
competência e as prerrogavas do Governador do Distrito Federal.
Ademais, observa-se que, ao tratar de matéria exclusiva da seara do administrador público em comando, o diploma
medida em que ultrapassa seus limites de competência legiferante e desequilibra a delicada balança que sopesa o eq
Assim, afronta o artigo 53 da LODF que guarda a independência e a separação entre os poderes no Distrito Federal
Caracterizou-se, assim, uma violação à cláusula constitucional da reserva de administração, por não ter sido observ
incumbe ao Chefe do Poder Executivo a direção superior da administração pública, ofendendo os arts. 52 e 100, IV
Nesse sentido é o entendimento do Conselho Especial do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Vejamos:
1 - Não se controverte que é de competência exclusiva do Chefe do Poder Executivo local a iniciativa de leis
ocupação do solo, administração de bens públicos e sobre atribuições de órgãos públicos, nos termos dos ar
VII, e 100, incisos VI e X, 321, 56, este último do Ato de Disposições Transitórias, todos da Lei Orgânica do
2 - A Lei distrital nº 5.791/2016 viola a chamada Reserva de Administração, segundo a qual veda-se a inger
Legislativo em matérias de competência exclusiva do Poder Executivo.
1. Nos termos da Lei Orgânica do Distrito Federal, compete ao Governador a iniciativa privativa das leis qu
administração dos bens públicos, bem como sobre a organização e o funcionamento dos órgãos do Distrito F
2. A Lei distrital nº 5.498, de 9 de julho de 2015, de origem parlamentar, ao dispor sobre a utilização de inst
fins de semana para realização de atividades culturais, invade matéria cuja iniciativa de lei é reservada ao C
medida em que, além de estabelecer regras de utilização e destinação de bens públicos, cria novas atribuiçõ
(Acórdão 957108, 20150020217738ADI, Relator: J.J. COSTA CARVALHO, CONSELHO ESPECIAL, data d
publicado no DJE: 1/8/2016. Pág.: 17/19)
Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido do autor para declarar a inconstitucionalidade do art.3º da Lei D
erga omnes.
É como voto.
Entende haver inconstitucionalidade formal (por vício de iniciativa legislativa) e material (por violação a princípios
questionado nos termos dos artigos 3º, XI, 52, 53 e 100, VI, todos da LODF.
Para isso, afirma usurpação da competência do Governador do Distrito Federal para legislar sobe matéria relaciona
Distrito Federal quando inviabiliza a adoção de medidas necessárias à modernização dos equipamentos públicos ex
assim ao princípio da separação dos poderes.
Pugna pela procedência do pedido para declarar a inconstitucionalidade do artigo 3º e seus parágrafos, da Lei Distr
A Mesa Diretora da Câmara Legislativa do Distrito Federal presta informações defendendo, preliminarmente, o não
inconstitucionalidade superveniente da norma impugnada e, no mérito, a constitucionalidade do dispositivo impugn
vigente à época e pede a improcedência do pedido, conforme ID 26683744.
O Procurador-Geral do Distrito Federal em exercício e a Procuradora-Geral de Justiça do Distrito Federal e dos Ter
impugnada, manifestaram-se pela procedência do pedido, IDs 27502096 e 28776226.
Primeiramente, cabe ressaltar que, conforme bem pontuado pelo Procurador-Geral no ID. 27502096, a Lei em com
1996, é posterior à Lei Orgânica do Distrito Federal, que é de 1993, sendo seus artigos 52, 53 e 100, VI, parte do te
Art. 52. Cabe ao Poder Executivo a administração dos bens do Distrito Federal, ressalvado à Câmara Legislativa ad
serviços e sob sua guarda.
[...]
Art. 53. São Poderes do Distrito Federal, independentes e harmônicos entre si, o Executivo e o Legislativo.
[...]
[...] VI - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Lei Orgânica”.
Pois bem. O art. 3º da Lei Distrital nº 1.261/1996, de iniciativa parlamentar, condiciona a construção de edifícios e
à prévia realização de estudo de impacto ambiental e à aprovação da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Sendo assim, o artigo questionado tem por finalidade submeter à Câmara Legislativa do Distrito Federal qualquer m
que implique em alteração de cunho urbanístico e está redigida nos seguintes termos:
[...]
§ 1º O disposto no caput se aplica a reformas que gerem alterações nos logradouros instalados.
§ 2º Considera-se alteração urbanística toda e qualquer modificação do traçado original do parque e dos equipamen
Lei.
§ 3º Os projetos de implantação ou de alteração dos equipamentos, antes da apreciação pela Câmara Legislativa, se
ambiental.
De fato, o requerente apresenta-se com razão quando destaca a inconstitucionalidade da norma impugnada. Vejamo
Ao analisar a legislação em comento, logo se vê as inconstitucionalidades apontadas, visto que o artigo impugnado
iniciativa de parlamentar, invade competência privativa do Governador do Distrito Federal principalmente quando
Parque da Cidade à realização de estudo de impacto ambiental e à apreciação da Câmara Legislativa do Distrito Fe
Tanto é assim que os artigos 52 e 100, VI, da LODF, são explícitos quanto à competência privativa do Governador
que disponham sobre a administração dos bens do Distrito Federal.
Outrossim, verifica-se também ofensa ao princípio da separação dos poderes, por tudo já explicado, nos termos do
Assim, por extrapolar o campo normativo reservado ao ente distrital de forma a afrontar os arts. 52, 53 e 100, VI, to
alternativa não resta senão anuir com a inconstitucionalidade da Lei em comento pelos vícios formal e material apo
Pelo exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, para declarar a inconstitucionalidade do art. 3º, e seus parágr
efeitos erga omnes e ex tunc.
É o meu voto.
DECISÃO
Julgado procedente o pedido para declarar a inconstitucionalidade do artigo 3º da Lei Distrital 1.261/96,
com efeitos "ex tunc" e "erga omnes". Unânime.