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Poder Judiciário da União

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

Órgão Conselho Especial

Processo N. DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 0708825-85.2021.8.07.0000


AUTOR(S) GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL
REU(S) CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL
Relator Desembargador GETÚLIO MORAES OLIVEIRA

Acórdão Nº 1405600

EMENTA

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 3º DA LEI DISTRITAL 1.261/96.


CONStrução de edifícios e logradouros na área do Parque da Cidade Sarah Kubitschek. prévia
AUTORIZAÇÃO da Câmara Legislativa do Distrito Federal. VICIO DE INICIATIVA. INVASÃO
DA COMPETÊNCIA PRIVATIVA DO CHEFE DO EXECUTIVO. PROCEDÊNCIA DO
PEDIDO. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE.

1. Consoante a Lei Orgânica do Distrito Federal, cabe ao Poder Executivo a administração dos bens do
Distrito Federal, ressalvado à Câmara Legislativa administrar aqueles utilizados em seus serviços e sob
sua guarda.

2. O artigo 3º Lei Distrital 1.261/96, de iniciativa parlamentar, que submete à aprovação da Câmara
Legislativa do Distrito Federal a construção de quaisquer edifício ou logradouros na área do Parque da
Cidade Sarah Kubitschek que implique alteração de cunho urbanístico, revela incompatibilidade com a
Lei Orgânica do Distrito Federal, traduzindo ofensa ao principio constitucional da reserva de
administração e usurpando a competência privativa do Chefe do Executivo para iniciativa de leis que
disponham sobre a administração de bens públicos do Distrito Federal.

3. Ofensa aos artigos 52 e 100, inciso VI da Lei Orgânica do Distrito Federal configurada. Declaração de
Inconstitucionalidade do artigo 3º Lei Distrital 1.261/96, com efeitos ex tunc e erga omnes.

3. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente.

Número do documento: 22032202125495600000032445079


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ACÓRDÃO

Acordam os Senhores Desembargadores do(a) Conselho Especial do Tribunal de Justiça do Distrito


Federal e dos Territórios, GETÚLIO MORAES OLIVEIRA - Relator, CARMELITA BRASIL - 1º Vogal,
CRUZ MACEDO - 2º Vogal, HUMBERTO ULHÔA - 3º Vogal, J. J. COSTA CARVALHO - 4º Vogal,
SANDRA DE SANTIS - 5º Vogal, ANA MARIA AMARANTE - 6º Vogal, JAIR SOARES - 7º Vogal,
VERA ANDRIGHI - 8º Vogal, NILSONI DE FREITAS CUSTODIO - 9º Vogal, SANDOVAL
OLIVEIRA - 10º Vogal, JOSAPHÁ FRANCISCO DOS SANTOS - 11º Vogal, ALFEU MACHADO -
12º Vogal, RÔMULO DE ARAÚJO MENDES - 13º Vogal, LEILA ARLANCH - 14º Vogal, FÁTIMA
RAFAEL - 15º Vogal, MARIA DE LOURDES ABREU - 16º Vogal, CESAR LOYOLA - 17º Vogal e
ROMEU GONZAGA NEIVA - 18º Vogal, sob a Presidência do Senhor Desembargador ROMEU
GONZAGA NEIVA, em proferir a seguinte decisão: Julgado procedente o pedido para declarar a
inconstitucionalidade do artigo 3º da Lei Distrital 1.261/96, com efeitos "ex tunc" e "erga omnes".
Unânime., de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 15 de Março de 2022

Desembargador GETÚLIO MORAES OLIVEIRA


Relator

RELATÓRIO

Adoto o relatório que integra o parecer ministerial:

“O Governador do Distrito Federal ajuizou ação direta de inconstitucionalidade visando à declaração, em


tese e com efeitos erga omnes e ex tunc, da inconstitucionalidade do artigo 3º da Lei distrital 1.261/96, de
iniciativa parlamentar, em face dos artigos 3º, XI, 52, 53 e 100, inciso VI, da Lei Orgânica do Distrito
Federal.

O referido dispositivo impugnado condiciona a construção de edifícios e logradouros na área do Parque


da Cidade Sarah Kubitschek à realização de estudo de impacto ambiental e à apreciação prévia da Câmara
Legislativa do Distrito Federal.

A ação aponta que a norma atacada, de iniciativa de Deputado Distrital, é formalmente inconstitucional,
por tratar de matéria afeta à administração de bens públicos do Distrito Federal, tema da competência
privativa do Chefe do Poder Executivo.

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Sustenta, ainda, a vulneração ao postulado da reserva de administração e ao princípio constitucional da
separação dos poderes pelo dispositivo legal impugnado, que estaria inviabilizando a adoção de medidas
necessárias à modernização dos equipamentos públicos existentes no parque.

Autuado, o processo foi distribuído ao Desembargador Getúlio de Moraes Oliveira, que determinou que
se manifestassem o Presidente da Câmara Legislativa, a Procuradora-Geral do Distrito Federal e o
Ministério Público.

O Presidente da Câmara Legislativa defendeu a constitucionalidade da norma, asseverando a competência


daquela Casa Legislativa para tratar do tema.

A Procuradora-Geral do Distrito Federal, atuando na qualidade de curadora do ato normativo impugnado,


requereu a procedência do pedido em função da jurisprudência pacífica sobre o tema.

Agora, vêm os autos ao Ministério Público, para análise na qualidade de custos constitutionis.

É, em síntese, o relatório.” (id Num. 28776226).

Acrescento que a Douta Procuradoria de Justiça oficiou pelo conhecimento da ação e pela procedência do
pedido.

É o relatório

VOTOS

O Senhor Desembargador GETÚLIO MORAES OLIVEIRA - Relator

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Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço da presente Ação Direta de Inconstitucionalidade.

Conforme relatado, trata-se de Ação Direta de Inconstitucionalidade ajuizada pelo Governador do Distrito Federal
Distrital 1.261/96, de iniciativa parlamentar, que condiciona a construção de edifícios e logradouros na área do Pa
realização de estudo de impacto ambiental e à apreciação prévia da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Sustenta a parte autora que a Lei impugnada violou os artigos 3º, XI, 52, 53 e 100, inciso VI, da Lei Orgânica do D
tenha reservado a administração de bens distritais ao Executivo, o Poder Legislativo editou uma lei que o proíbe de
iniciativa de Deputado Distrital, é formalmente inconstitucional, por tratar de matéria afeta à administração de bens
violação ao principio da separação de poderes e pugna pela procedência do pedido.

Confira-se o teor do preceptivo legal impugnado:

LEI Nº 1.261, DE 13 DE NOVEMBRO DE 1996

(Autoria do Projeto: Deputada Lucia Carvalho)

Dispõe sobre o uso e a preservação do Parque Recreativo Rogério Pithon Farias.

[...]

Art. 3º A construção de quaisquer edifício ou logradouros na área do parque que implique alteração de cunho urba
Câmara Legislativa do Distrito Federal.

§ 1º O disposto no caput se aplica a reformas que gerem alterações nos logradouros instalados.

§ 2º Considera-se alteração urbanística toda e qualquer modificação do traçado original do parque e dos equipamen
Lei.

§ 3º Os projetos de implantação ou de alteração dos equipamentos, antes da apreciação pela Câmara Legislativa, se
ambiental.

§ 4º O relatório de impacto ambiental será apreciado em audiência pública.”

Confira-se ainda os dispositivos da Lei Orgânica do Distrito Federal que se alega haverem sido violados:

Art. 3º São objetivos prioritários do Distrito Federal:

XI – zelar pelo conjunto urbanístico de Brasília, tombado sob a inscrição nº 532 do Livro do Tombo Histórico, resp
constantes do Decreto nº 10.829, de 2 de outubro de 1987, e da Portaria nº 314, de 8 de outubro de 1992, do então I
– IBPC, hoje Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN; (Inciso acrescido pela Emenda à Le

Art. 52. Cabe ao Poder Executivo a administração dos bens do Distrito Federal, ressalvado à Câmara Legislativa ad
serviços e sob sua guarda.

Art. 53. São Poderes do Distrito Federal, independentes e harmônicos entre si, o Executivo e o Legislativo.

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§ 1º É vedada a delegação de atribuições entre os Poderes.

§ 2º O cidadão, investido na função de um dos Poderes, não poderá exercer a de outro, salvo as exceções previstas

Art. 100. Compete privativamente ao Governador do Distrito Federal:

[...]

VI – iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Lei Orgânica; “

Posto o artigo 3º da Lei distrital 1261/96 em confronto com os preceptivos da Lei Orgânica supra transcritos, vislum
impugnada padece dos vícios de inconstitucionalidade alegados na Inicial, porquanto cuida de matéria afeta à com
Executivo.

Nesse sentido, a Douta Procuradoria de Justiça, ao oficiar pela procedência do pedido, consignou:

“Conforme reconhecido pelo Conselho Especial do Tribunal de Justiça local quando do julgamento de diversas out
sobre o tema, há, de fato, inconstitucionalidade formal no artigo 3º da Lei distrital 1.261/96, integrante de projeto d
condiciona a construção de edifícios e logradouros na área do Parque da Cidade à realização de estudo de impacto a
Câmara Legislativa do Distrito Federal. Isso porque, embora louvável a intenção do legislador, é da competência pr
Federal a iniciativa de projetos de lei que tratem da administração de bens públicos do Distrito Federal, nos termos
estabelece (grifos acrescentados):

Art. 52. Cabe ao Poder Executivo a administração dos bens do Distrito Federal, ressalvado à Câmara Legislativa ad
serviços e sob sua guarda.

(...) Art. 100. Compete privativamente ao Governador do Distrito Federal:

(...) VI - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Lei Orgânica;

Assim, a iniciativa de leis que disponham sobre tal matéria é privativa do Chefe do Poder Executivo. A usurpação d
princípio da independência e harmonia dos Poderes. Nesse sentido é o entendimento do Tribunal de Justiça local, d
(grifos acrescentados):

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI DISTRITAL N.º 1.060/1996 - ALIENAÇÃO DE BEN


VILA PLANALTO, SEM O NECESSÁRIO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO - VÍCIO DE INICIATIVA - INC
MATERIAL - VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 19, CAPUT, 26, 47, CAPUT, 49, CAPUT, 51, CAPUT, 52, 100, INC
ORGÂNICA DO DISTRITO FEDERAL - JULGAR PROCEDENTE - MAIORIA.

I - Da exegese dos artigos 52 e 100, VI, da Lei Orgânica distrital, em matéria de disponibilização de bens públicos,
Distrito Federal, à Câmara Legislativa do DF compete apenas votar projeto de lei apresentado pelo Poder Executivo

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II - Alienar áreas públicas, sem o devido processo licitatório, retirando-se a oportunidade da livre concorrência, é p
detrimento de toda a população do Distrito Federal, afrontando-se os princípios insculpidos no art. 37, caput, da CF
Lei Orgânica do DF, aos quais a administração pública do Distrito Federal deve obediência.
III - Ação Direta de Inconstitucionalidade que se julga procedente, para se declarar a inconstitucionalidade da Lei D
e erga omnes. ( TJDFT, Acórdão 242989, 20050020024732ADI, Relator: LECIR MANOEL DA LUZ, CONSELH
14/2/2006, publicado no DJU SEÇÃO 3: 16/5/2006. Pág.: 72.)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - BENS PÚBLICOS - DESAFETAÇÃO - ALIENAÇÃO - E

I - Compete ao Executivo local a administração dos bens do Distrito Federal e, em conseqüência, a iniciativa das no
Inconstitucionalidade formal caracterizada.

II - As áreas públicas não podem ser alienadas a entidades religiosas sem a devida licitação, através de meras doaçõ

III - Ação julgada procedente para declarar, com efeitos ex tunc e erga omnes, a inconstitucionalidade formal e mat
1.613, 1.748, 1.758 e 1.852, de 1.997; 1.884, 1.889, 1.926, 2.017 e 2.479, de 1.998; e das leis Complementares 22,
102, 104, 107, 135, 136 e 141, de 1.998; e 206, 246 e 270, de 1.999.” ( TJDFT, Acórdão 231236, 20040020084160
SAMPAIO, CONSELHO ESPECIAL, data de julgamento: 7/6/2005, publicado no DJU SEÇÃO 3: 11/5/2006. Pág

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - PEDIDO LIMINAR - LEI DISTRITAL N. 1.019/1996 - DO


DF, PARA TEMPLOS RELIGIOSOS, TEMPLOS MAÇÔNICOS E ENTIDADES FILANTRÓPICAS SEM FINS
INICIATIVA - VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 3º, XI, 16, CAPUT E INCISO II, 18, CAPUT E INCISO I, 19, CAPU
CAPUT, 52, 100, VI E 321, CAPUT, DA LODF.
I - Da exegese dos artigos 52 e 100, VI, da Lei Orgânica distrital, em matéria de disponibilização de bens públicos,
Distrito Federal, à Câmara Legislativa do DF compete apenas votar projeto de lei apresentado pelo Poder Executivo

II - Alienar áreas públicas, sem o devido processo licitatório, retirando-se a oportunidade da livre concorrência, é p
religiosos em detrimento de toda a população do Distrito Federal, afrontando-se os princípios insculpidos no art. 37
19, caput, da Lei Orgânica do DF, aos quais a administração pública do Distrito Federal deve obediência.
III - O Poder Legislativo, em sua atividade legiferante, não deve se afastar do Princípio da Laicidade, fruto da evolu
Estados Democráticos de Direito.

IV - Medida liminar deferida para sustar os efeitos, ex nunc e erga omnes, da eficácia do diploma legal até julgame
inconstitucionalidade. (TJDFT, Acórdão 219058, 20040020084200ADI, Relator: LECIR MANOEL DA LUZ, CON
julgamento: 17/5/2005, publicado no DJU SEÇÃO 3: 11/7/2005. Pág.: 21)

Ademais, por derivar de iniciativa parlamentar, o dispositivo legal impugnado vulnera também aquilo que o Suprem
de reserva de administração.

O postulado constitucional da reserva de administração, em prestígio à dicção dada ao tema pelo Min. Celso de Me
Legislativo em matérias sujeitas à exclusiva competência administrativa do Poder Executivo. No caso dos autos, a
Chefia do Poder Executivo a iniciativa legislativa daquelas matérias que versam sobre a organização e o funcionam
Federal.

Confira-se, a título ilustrativo, o seguinte trecho de aresto do Supremo Tribunal Federal (grifos acrescentados):

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[…] O respeito às atribuições resultantes da divisão funcional do Poder constitui pressuposto de legitimação materi
das leis. - Prevalece, em nosso sistema jurídico, o princípio geral da legitimação concorrente para instauração do pr
conseqüência, a reserva de iniciativa, que deve resultar - em face do seu caráter excepcional - de expressa previsão
que define, de modo taxativo, em "numerus clausus", as hipóteses em que essa cláusula de privatividade regerá a in
leis. - O desrespeito à prerrogativa de iniciar o processo legislativo, quando resultante da usurpação do poder sujeit
inconstitucionalidade formal, apta a infirmar, de modo irremissível, a própria integridade do diploma legislativo ass
juridicamente, nem mesmo com a sanção manifestada pelo Chefe do Poder Executivo. RESERVA DE ADMINIST
PODERES. - O princípio constitucional da reserva de administração impede a ingerência normativa do Poder Legis
competência administrativa do Poder Executivo. É que, em tais matérias, o Legislativo não se qualifica como instân
emanados do Poder Executivo. Precedentes. […]. (STF, ADI 776 MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribu
15-12-2006 PP-00080 EMENT VOL-02260-01 PP-00029.)

No mesmo sentido é o entendimento pacífico do Conselho Especial do Tribunal de Justiça local, de que são exemp
acrescentados)

AÇÃO DIREITA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO CONSTITUCIONAL. LEIS DISTRITAIS Nº 5.4


PARLAMENTAR. PROVIMENTO DE CARGOS PÚBLICOS. COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO GOVERNAD
FORMAL POR VÍCIO DE INICIATIVA. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE ADMINISTRAÇ
GOVERNADOR. AUSÊNCIA DE CONVALIDAÇÃO DO VÍCIO.

1. As Leis distritais nº 5.450/2015 e nº 5.769/2016, ambas de origem parlamentar, incluíram dispositivos na Lei dis
normais gerais para a realização de concursos públicos pela adminsitração direta, autárquica e fundacional do DF, p
Distrital nomeie candidatos aprovados em concursos públicos além do número de vagas inicialmente previsto no ca
candidatos moradores da mesma residência possam se submeter às provas do concurso público na mesma instituiçã

2. O princípio constitucional da reserva de administração intenta limitar a atuação legislativa em matérias sujeitas à
Executivo. Trata-se de princípio que prestigia a separação dos poderes, com o que se impede a ingerência normativ
competência executiva. Daí porque são formalmente inconstitucionais as leis, de origem parlamentar, que dispõem
sobre matéria afeta à organização e ao funcionamento da Administração Pública do DF,temas de iniciativa exclusiv
termos do art. 71, § 1º, inciso II, e do art. 100, incisos VI e X, ambos da Lei Orgânica do Distrito Federal.

3. A sanção pelo Chefe do Poder Executivo não importa em convalidação do vício de inconstitucionalidade resultan
processo legislativo, conforme entendimento consolidado do STF e do TJDFT.

4. Pedido de inconstitucionalidade julgado procedente. (TJDFT, Acórdão n.1040052, 20170020089707ADI, Relato


ESPECIAL, Data de Julgamento: 08/08/2017, Publicado no DJE: 23/08/2017. Pág.: 34)

A inconstitucionalidade do dispositivo impugnado, no entanto, não exime o Poder Público da estrita observância de
infraconstitucionais protetivas de espaços públicos como esse, de enorme importância histórica, ambiental e paisag

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Nesse sentido, a própria Lei Orgânica do Distrito Federal possui disposições específicas que impõem a devida prote
acrescentados):

Art. 51. Os bens do Distrito Federal destinar-se-ão prioritariamente ao uso público, respeitadas as normas de proteç
histórico, cultural, arquitetônico e paisagístico, e garantido o interesse social.

(...)

Art. 253. As áreas públicas, especialmente os parques, praças, jardins e terminais rodoviários podem ser utilizados
desde que sem fins lucrativos e compatíveis com a preservação ambiental, paisagística, arquitetônica e histórica.

(...)

Art. 295. As unidades de conservação, os parques, as praças, o conjunto urbanístico de Brasília, objeto de tombame
Humanidade, bem como os demais bens imóveis de valor cultural, são espaços territoriais especialmente protegido

§ 1º Cabe ao Poder Público estabelecer e implantar controle da poluição visual no Distrito Federal, de modo a asse
ambientes.

De igual modo, a Lei Complementar distrital 961/2019, que dispõe sobre “a criação, implantação e gestão de parqu
estabelece (grifos acrescentados):

Art. 3º Parque urbano é categoria de espaço livre de uso público, bem de uso comum do povo, que desempenha as s

I - recreativa e de socialização na oferta para a população de espaços de convivência, lazer, esporte, descanso, pass

II - paisagística no equilíbrio da composição entre espaços urbanos construídos e livres, constituição da paisagem e

III - ambiental na prestação dos serviços ecossistêmicos. Parágrafo único. O parque urbano complementa o conjun
termos da Lei federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Art. 4º São objetivos dos parques urbanos: I - garantir espa
recreação e lazer em contato harmônico com a natureza, próximos aos locais de moradia;

II - estimular o desenvolvimento de manifestações e atividades culturais, educacionais, de socialização e convívio d

III - promover a permeabilidade do solo;

IV - promover a melhoria da qualidade do ar, do microclima local e da umidade do ar;

V - promover a arborização e o tratamento adequado da vegetação como elemento integrador na composição da pai

VI - conservar atributos naturais da paisagem urbana.

Diante do exposto, manifesta-se o Ministério Público, na qualidade de custos constitutionis, pelo conhecimento da
pedido.” (ID Num. 28776226 – pags. 3 / 8)

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Com efeito, outro não é o caminho senão reconhecer a inconstitucionalidade do artigo 3º da Lei Distrital 1.261/96
revela a clara, manifesta e patente interferência em atribuições que são reservadas ao Governador do Distrito Fed
iniciativa de leis que cuidam da administração de bens públicos do Distrito Federal.

Diante do exposto, constatada violação aos artigos 52 e 100, inciso VI da Lei Orgânica do Distrito Federal, JULG
DECLARAR A INCONSTITUCIONALIDADE do artigo 3º Lei Distrital 1.261/96, com efeitos ex tunc e erga omn

É COMO VOTO.

A Senhora Desembargadora CARMELITA BRASIL - 1º Vogal

Trata-se Ação Direta de Inconstitucionalidade, com pedido liminar, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal c
e 100, inciso VI, todos da Lei Orgânica do Distrito Federal , objetivando a declaração de inconstitucionalidade do a
nº 1.261/1996, que dispõe sobre o uso e preservação do Parque Recreativo Rogério Pithon Farias – atual Parque Sa

A presente ação foi ajuizada sob o argumento de que o dispositivo em comento encontra-se eivado de inconstitucio
subjetivo de iniciativa, que na hipótese é privativa do Governador do Distrito Federal, para dispor sobre a administ

Colaciona precedente desta e. Corte de Justiça no que tange à iniciativa privativa do Governador para iniciar proces
questões atinentes à administração, uso e ocupação do solo em todo o território do Distrito Federal.

O requerente aponta, ainda, inconstitucionalidade em razão da inobservância ao princípio da separação dos poderes
administração, porquanto invade seara exclusiva do Chefe do Executivo referente às atividades da Administração P
legislativo sobre o executivo.

Com espeque em tais alegações, requer o recebimento da presente demanda, a fim de que seja reconhecida a incons
da Lei Distrital 1.261/1996.

A Mesa Diretora da Câmara Legislativa do Distrito Federal prestou informações no Id nº 26683744, defendendo a
Pugna, preliminarmente, pelo não conhecimento da inicial em razão de ter sido fundamentada no status constitucio
10.829/1987 e da Portaria 314/1992, do então Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural – IBPC, por força de eme
1996, enquanto a norma impugnada é de data anterior, de novembro de 1996, não sendo cabível a invocação de inc
portanto. Sustenta que, em face da inexistência de vício formal à luz do ordenamento constitucional vigente à época
improcedente.

A Procuradoria-Geral do Distrito Federal, na qualidade de curadora do ato normativo impugnado, manifestou-se pe


27502096). Sustenta que a lei impugnada é manifestamente inconstitucional, por desrespeitar a iniciativa privativa
e 100, VI, da LODF. Argumenta que, antes mesmo da edição da ELO nº 12/96 a questão já havia sido tratada no ar
declaração da inconstitucionalidade integral do artigo 3º e parágrafos da Lei Distrital nº 1.261/1996.

Por sua vez, a Procuradoria-Geral de Justiça, no Id nº 28776226, na qualidade de custos constitutionis, oficiou pelo
Inconstitucionalidade e procedência do pedido.

É o relato do necessário.

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Primeiramente, no tocante à preliminar de não conhecimento da ação, nos termos descritos pela Mesa Diretora da C
entendo que não merece acolhida. Ao contrário do alegado, o fundamento utilizado pelo autor está consubstanciado
iniciativa dada ao Governador do Distrito Federal em matérias que envolvam administração de bens públicos, trata
todos da Lei Orgânica do Distrito Federal, publicada em junho de 1993, não havendo que se falar, portanto, em inc

Quanto ao mérito, conforme relatado, o autor pretende obter a inconstitucionalidade do artigo 3º e parágrafos da Le
vício de iniciativa, pois caberia exclusivamente ao Chefe do Poder Executivo Distrital tratar sobre o tema, bem assi

Confira-se o teor do dispositivo impugnado, in verbis:

“LEI Nº 1.261, DE 13 DE NOVEMBRO DE 1996

(Autoria do Projeto: Deputada Distrital Lúcia Carvalho)

Dispõe sobre o uso e a preservação do Parque Recreativo Rogério Pithon Farias

(...)

Art. 3° A construção de quaisquer edifícios ou logradouros na área do parque que implique alteração de cunho ur
Câmara Legislativa do Distrito Federal.

§ 1° O disposto no caput se aplica a reformas que gerem alterações nos logradouros instalados.

§ 2° Considera-se alteração urbanística toda e qualquer modificação do traçado original do parque e do equipam
Lei.

§ 3° Os projetos de implantação ou de alteração dos equipamentos, antes da apreciação pela Câmara Legislativa,
ambiental.

§ 4° O relatório de impacto ambiental será apreciado em audiência pública.”

Depreende-se do texto normativo que o dispositivo contestado condiciona a construção de qualquer edifício ou logr
apreciação da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Como cediço, não se controverte ser da competência exclusiva do Chefe do Poder Executivo local a iniciativa de le
o uso e a ocupação do solo do Distrito Federal, nos termos dos artigos 52 e 71, § 1º, inciso VI, da Lei Orgânica do D

“Art. 52. Cabe ao Poder Executivo a administração dos bens do Distrito Federal, ressalvada à Câmara Legislativa
serviços e sob sua guarda.

Art. 71. A iniciativa das leis complementares e ordinárias, observada a forma e os casos previstos nesta Lei Orgân

(...)

§ 1º Compete privativamente ao Governador do Distrito Federal a iniciativa das leis que disponham sobre:

(...)

Número do documento: 22032202125495600000032445079


https://pje2i-consultapublica.tjdft.jus.br:443/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=22032202125495600000032445079
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VI - plano diretor de ordenamento territorial, lei de uso e ocupação do solo, plano de preservação do conjunto urb
desenvolvimento local;”

Desta feita, é patente que o dispositivo padece de inconstitucionalidade quanto à questão de ingerência nas atribuiç
importa destacar, o inciso VI foi acrescentado ao parágrafo primeiro do artigo 71 da LODF pela Emenda à Lei Org
havendo que se falar em inconstitucionalidade superveniente como aventado pela Mesa Diretora da Câmara Legisla

Assim sendo, a norma impugnada revela-se formalmente inconstitucional por condicionar a construção de qualquer
Recreativo Rogério Pithon Farias, atual Parque Sarah Kubitschek, à apreciação da Câmara Legislativa do Distrito F

Sobreleva destacar que este Egrégio Tribunal pacificou o entendimento segundo o qual compete privativamente ao
disponham sobre a administração, uso e ocupação do solo no Distrito Federal, como se depreende da leitura da eme

“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DECRETO LEGISLATIVO Nº 2.292/2020. EFEITOS. SU


31.405/2010. PROIBIÇÃO. EMISSÃO DE LICENÇA. EVENTOS DE EXPOSIÇÃO E VENDA DE VEÍCULOS
INVASÃO DA COMPETÊNCIA PRIVATIVA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO
LOCAL.MATÉRIA. ADMINISTRAÇÃO DEÁREASPÚBLICAS, USOE OCUPAÇÃO DO SOLO.INCONSTITU

1. Declara-se a inconstitucionalidade formal e material do decreto legislativo que sustou decreto editado pelo Poder
licenças para a realização de eventos de exposição e venda de veículos automotores em áreas públicas do Distrito F
VI e VII da LODF.

2. O Decreto Distrital nº 31.405/2010 decorre das atribuições do Chefe do Poder Executivo local, uma vez que o pl
assim como o uso e a ocupação do solo público somente podem ser objeto de Lei de iniciativa privativa do Govern
VI e VII).

3. Ao sustar os efeitos do Decreto Distrital nº 31.405/2010, o ato normativo questionado (Decreto Legislativo nº 2.2
conferidas à Câmara Legislativa do Distrito Federal para sustar atos regulamentares exorbitantes ante a reserva da m
do Distrito Federal ao Poder Executivo.

4. A atuação legislativa negativa que deixa de observar a competência privativa atribuída ao Poder Executivo viola
dos Poderes (LODF, art. 53).

5. ADI julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade, na íntegra, do Decreto Legislativo nº 2.292 de 28/
omnes.”

(Acórdão 1386487, 07456315620208070000, Relator: DIAULAS COSTA RIBEIRO,Conselho Especial, data de ju


12/01/2022. Pág.: Sem Página Cadastrada)

Importa ressaltar, ainda, a necessidade da estrita observância ao Princípio da Separação dos Poderes, bem como a c
segundo a qual é vedada a ingerência normativa do Poder Legislativo em matérias de competência privativa do Pod

Logo, conclui-se que o dispositivo impugnado invade a competência privativa do Chefe do Executivo Distrital, na
prévia da Câmara Legislativa do Distrito Federal a construção de qualquer edifício ou logradouro na área do Parque

Ante o exposto, julgo procedente o pedido, para declarar a inconstitucionalidade formal do artigo 3º e seus parágr
consoante o disposto nos artigos 52, 53, 71, §1º, VI e 100, VI, todos da Lei Orgânica do Distrito Federal, com efeit

É como voto.

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O Senhor Desembargador CRUZ MACEDO - 2º Vogal
Com o relator
O Senhor Desembargador HUMBERTO ULHÔA - 3º Vogal
Com o relator
O Senhor Desembargador J. J. COSTA CARVALHO - 4º Vogal
Com o relator
A Senhora Desembargadora SANDRA DE SANTIS - 5º Vogal

Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta pelo Governador do Distrito Federal, com o objetivo de declarar a in
parágrafos da Lei Distrital 1.261/1996, que dispõe sobre o uso e a preservação do Parque Recreativo Rogério Pitho
Afirma que a norma invade competência privativa do Chefe do Poder Executivo por tratar de matéria afeta à admin
violação aos postulados da separação dos poderes e da reserva de administração. Aponta ofensa aos artigos 3º, XI,

A Mesa Diretora da Câmara Legislativa do Distrito Federal argui preliminar de não admissão inicial. Alega que a n
anterior à Emenda à Lei Orgânica 12, que firmou competência privativa do Governador do Distrito Federal para pr
solo. No mérito, defende a regularidade da norma sob argumento de que, à época, “qualquer deputado(a) poderia a
dispor, dente outros temas, do Parque da Cidade.” (ID 26683744).

O Procurador-Geral do Distrito Federal em exercício manifesta-se pela procedência do pedido. Pondera que o fato
ao ato normativo impugnado não afasta a inconstitucionalidade formal da norma, porque “antes mesmo da edição d
resolvida no art. 52, pois não cabe ao Legislativo dispor sobre matéria reservada à administração”. Afirma que a
VI, todos da LODF, confirmam a ocorrência da violação à separação de poderes e o vício material da Lei Distrital (

A Procuradoria-Geral de Justiça opina pela procedência do pedido (ID 28776226).

É o relatório.

Em relação à preliminar de não conhecimento, apresentada pela Mesa Diretora da CLDF, somente em 19 de dezem
DF n. 12 incluiu o inciso XI ao artigo 3º, com a seguinte redação:

Art. 3º São objetivos prioritários do Distrito Federal:

(...)

XI - zelar pelo conjunto urbanístico de Brasília, tombado sob a

inscrição nº 532 do Livro do Tombo Histórico, respeitadas as definições e critérios constantes do Decreto nº 10.82
nº 314, de 8 de outubro de 1992, do então Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural - IBPC, hoje Instituto do Pat
IPHAN;

(...)

No dispositivo, há remissão expressa ao Decreto 10.829/87 – que trata da concepção urbanística de Brasília. Entret

O Governador do Distrito Federal proporá a edição de leis que venham a dispor sobre o uso e ocupação do solo e

Este Conselho Especial, em virtude da propositura de inúmeras ações diretas de inconstitucionalidade, firmou enten
integrar a Lei Orgânica do DF em dezembro de 1996, com status de “Constituição”. Confira:

No período anterior a dezembro de 1996, não havia norma expressa firmando a competência privativa do Governa
relativas ao uso e ocupação do solo, que só veio a ocorrer após a Emenda à Lei Orgânica n. 12, de 12 de dezembr

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LODF o inciso XI. Inadmissível o controle de constitucionalidade de Leis Distritais anteriores à mencionada Emen
n.822881, 20140020096303ADI, Relator: HUMBERTO ADJUTO ULHÔA, Conselho Especial, Data de Julgamen
06/10/2014. Pág.: 47).

A norma impugnada, datada de novembro de 1996, é anterior à ELODF 12/1996 e, portanto, não pode ser objeto de
de abrangência constitucional, que determinasse a iniciativa privativa do Executivo em leis sobre o uso e ocupação

Portanto, acolho a preliminar para não admitir a ADI por ofensa ao inciso XI, do artigo 3º da LODF, alterado pela E
Ação por ofensa aos artigos 52, 53 e 100, inciso VI, da LODF, pelos quais passo à análise do mérito.

A lei combatida trata de questão atinente ao uso e ocupação do solo e destinação de área pública, matéria em que, d
artigos 52, 53 e 100, inciso VI, a iniciativa para a deflagração do processo legislativo compete privativamente ao G

“Art. 52. Cabe ao Poder Executivo a administração dos bens do Distrito Federal, ressalvado à Câmara Legislativa a
serviços e sob sua guarda.

Art. 100. Compete privativamente ao Governador do Distrito Federal:

(...)

VI – iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Lei Orgânica;

A LODF estabelece, no art. 100, inciso VI, que compete privativamente ao Governador do Distrito F
casos especificados na Lei Orgânica.

Dessa forma, a iniciativa do processo legislativo que culminou com a edição da lei em exame foi feita por parlamen
Federal (Deputada Lucia Carvalho).

Forçoso concluir que padece de vício de iniciativa, vício formal, ou seja, “traduz defeito de formação do ato norm
ordem técnica ou procedimental ou pela violação de regras de competência. Nesses casos, viciado é o ato nos seu
formação, na sua forma final” (MENDES, Gilmar Ferreira. COELHO. Inocêncio Mártires. BRANCO, Paulo Gus
Constitucional. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 961).

Não procede, noutro giro, o argumento de que, anteriormente ao advento da Emenda à Lei Orgânica nº 12 o Govern
iniciativa privativa para apresentar projetos de lei que tratassem de utilização de área pública e, dessa forma, sendo
referida, inexiste inconstitucionalidade formal.

É certo que, de acordo com a doutrina e a jurisprudência, a superveniência de ordem constitucional ou de emenda c
direito infraconstitucional com elas incompatível. Desse modo, a questão não diz respeito ao controle de constitucio
por meio da aplicação da regra “tempus regit actum”.

Não obstante a inclusão do inciso XI, do artigo 3º, pela Emenda à LODF nº 12/1996, ser posterior à lei 1.261/1996
afirmou que a iniciativa de projeto de lei que disponha sobre as matérias de cunho urbanístico é do Governador, dia
constantes da LODF (artigos 52, 100, VI, da LODF e art. 14 do Decreto nº 10.829/1987, cuja observância é determ
Confira-se:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEIS DISTRITAIS Nº 609/93, 1.501/97, 1.720/97, 1.924/98


COMPLEMENTARES Nº 45/97 E 257/99. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. VÍCIO DE INICIATIVA.
DESTINAÇÃO DE ÁREA PÚBLICA, ORDENAMENTO TERRITORIAL E DESENVOLVIMENTO URBANO

Número do documento: 22032202125495600000032445079


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NORMAS INSCULPIDAS NA LODF. INICIATIVA PRIVATIVA DO GOVERNADOR DO DISTRITO FEDER
27 DA LEI Nº 9.868/99. DESCABIMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA.

1 - Padecem do vício de inconstitucionalidade formal leis ordinárias e complementares distritais de iniciativa parlam
do solo, destinação de área pública e ordenamento territorial e desenvolvimento urbano do Distrito Federal, uma ve
VI, da LODF, compete ao Governador do Distrito Federal a iniciativa privativa para iniciar processo legislativo qu
mencionadas. Precedentes.

2 - A modulação de efeitos prevista no art. 27 da Lei nº 9.868/99 só é cabível quando puderem ser identificadas raz
interesse social que autorizem a medida, o que não ocorre na espécie.

3 - Procedência do pedido da Ação Direta de Inconstitucionalidade para o fim de declarar a inconstitucionalidade fo


1.501/97, 1.720/97, 1.924/98, 2.333/99, 2.791/2001 e das Leis Complementares nº 45/97 e 257/99, com efeito ex tu
574185, 20110020015680ADI, Relator: ANGELO CANDUCCI PASSARELI, CONSELHO ESPECIAL, data de j
14/5/2012. Pág.: 57)

“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEIS DISTRITAIS N.º 747/1994 E 2018/1998. LEI COMP
INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. LEI ORGÂNICA DO DISTRITO FEDERAL. OCUPAÇÃO DE ÁRE
PRIVATIVA DO GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL. AÇÃO JULGADA PROCEDENTE EM RAZÃO
n.º 10.829/87, quanto a Portaria n.º 314/92, do Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural - IBPC, hoje Instituto do
- IPHAN, conferem ao Governador do Distrito Federal competência privativa para iniciar o processo legislativo, qu
do solo em todo o território do Distrito Federal.” (20100020193574ADI, Relator LÉCIO RESENDE, Conselho Esp
31/05/2011 p. 39)

Acompanho o e. Relator para declarar inconstitucional o artigo 3º da Lei Distrital 1.261/96, com efeito ex tunc e er

A Senhora Desembargadora ANA MARIA AMARANTE - 6º Vogal

Trata-se de Ação Direta de Inconstitucionalidade, ajuizada pelo Governador do Distrito Federal, visando à declaraç
Lei Distrital n. º 1.261/96, em face dos artigos 3º, XI, 52, 53 e 100, inciso VI, da Lei Orgânica do Distrito Federal.

A questão debatida refere-se ao condicionamento da construção de edifícios e logradouros na área do Parque da Cid
denominado Parque Recreativo Rogério Pithon Farias - à realização de estudo de impacto ambiental e à prévia apro
Federal.

A peça inicial aduz que o diploma legal supracitado incorre em vício de iniciativa, por ter sido projeto de lei de inic
veicule competência privativa do Chefe do Poder Executivo Distrital, por tratar de matéria afeta à administraçao de
Acrescenta que há violação ao postulado da reserva de administração e ao princípio constitucional da separação de

O Presidente da Câmara Legislativa defendeu a constitucionalidade da lei.

A procuradoria Geral do Distrito Federal manifestou-se pela procedência do pedido.

A Procuradoria Geral de Justiça opinou pela procedência do pedido.

É o relatório.

VOTO

Número do documento: 22032202125495600000032445079


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Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço da presente Ação Direta de Inconstitucionalidade de Lei.

O requerente sustenta que o art. 3o da Lei Distrital Distrital n. º 1.261/96 ostenta inconstitucionalidade formal porqu
inciso VI, da Lei Orgânica do Distrito Federal, os quais assim dispõem:

Art. 3º São objetivos prioritários do Distrito Federal:

XI – zelar pelo conjunto urbanístico de Brasília, tombado sob a inscrição nº 532 do Livro do Tombo Históric
critérios constantes do Decreto nº 10.829, de 2 de outubro de 1987, e da Portaria nº 314, de 8 de outubro de
do Patrimônio Cultural – IBPC, hoje Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN; (Incis
Orgânica nº 12, de 1996.)

Art. 52. Cabe ao Poder Executivo a administração dos bens do Distrito Federal, ressalvado à Câmara Legis
utilizados em seus serviços e sob sua guarda.

Art. 53. São Poderes do Distrito Federal, independentes e harmônicos entre si, o Executivo e o Legislativo.

§ 1º É vedada a delegação de atribuições entre os Poderes.

§ 2º O cidadão, investido na função de um dos Poderes, não poderá exercer a de outro, salvo as exceções pr

Art. 100. Compete privativamente ao Governador do Distrito Federal:(…)

VI - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Lei Orgânica;

Aduz que há inconstitucionalidade formal por vício de iniciativa, que é privativa do Chefe do Poder Executivo em
atribuições da Administração Pública. Além disso, afirma que a norma viola o princípio da reserva da Administraçã
em atividades privativas do Poder Executivo, e o princípio da separação dos Poderes.

Inicialmente, cumpre transcrever os dispositivos legais da Lei 1.261/96, ora questionada:

LEI Nº 1.261, DE 13 DE NOVEMBRO DE 1996

(Autoria do Projeto: Deputada Lucia Carvalho)

Dispõe sobre o uso e a preservação do Parque Recreativo Rogério Pithon Farias.

[...]

Art. 3º A construção de quaisquer edifício ou logradouros na área do parque que implique alteração de cun
aprovação da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

§ 1º O disposto no caput se aplica a reformas que gerem alterações nos logradouros instalados.

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§ 2º Considera-se alteração urbanística toda e qualquer modificação do traçado original do parque e dos eq
publicação desta Lei.

§ 3º Os projetos de implantação ou de alteração dos equipamentos, antes da apreciação pela Câmara Legisl
impacto ambiental.

§ 4º O relatório de impacto ambiental será apreciado em audiência pública.”

É certo que são de iniciativa privativa do Governador do Distrito Federal as leis que disponham sobre a administraç
conforme o teor dos artigos 52, 53 e art. 100, inciso VI, da Lei Orgânica do Distrito Federal.

Cumpre salientar que o Parque da Cidade Sarah Kubitschek, antigamente denominado Parque Recreativo Rogério P
urbanístico de Brasília e, segundo dispõe o o art. 3O, inciso XI, da Lei Orgânica do Distrito Federal, é objetivo prio
conjunto urbanístico de Brasília.

Verifica-se, assim, que a Lei em questão foi elaborada por iniciativa de Deputado Distrital, porém as suas disposiçõ
exclusiva do Chefe do Poder Executivo, nos termos dos artigos 52, 53 e 100, inciso VI da Lei Orgânica do Distrito

A Lei n. 1.261/96, no seu art. 3o, dispõe que a construção de qualquer edifício ou logradouro na área do parque, qu
urbanístico, será submetida à aprovação da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Com efeito, nesse contexto, é visível que houve uma interferência do poder Legislativo, em desrespeito aos regram
competência e as prerrogavas do Governador do Distrito Federal.

Ademais, observa-se que, ao tratar de matéria exclusiva da seara do administrador público em comando, o diploma
medida em que ultrapassa seus limites de competência legiferante e desequilibra a delicada balança que sopesa o eq
Assim, afronta o artigo 53 da LODF que guarda a independência e a separação entre os poderes no Distrito Federal

Caracterizou-se, assim, uma violação à cláusula constitucional da reserva de administração, por não ter sido observ
incumbe ao Chefe do Poder Executivo a direção superior da administração pública, ofendendo os arts. 52 e 100, IV

Nesse sentido é o entendimento do Conselho Especial do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Vejamos:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI DISTRITAL Nº 5.761/2016. DOAÇÃO DE IMÓVEIS


PARCELAMENTOS INFORMAIS. OUTROS DIREITOS. ATRIBUIÇÃO DE ÓRGÃO PÚBLICO. VÍCIO DE
INICIATIVA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO. PROCEDÊNCIA.

1 - Não se controverte que é de competência exclusiva do Chefe do Poder Executivo local a iniciativa de leis
ocupação do solo, administração de bens públicos e sobre atribuições de órgãos públicos, nos termos dos ar
VII, e 100, incisos VI e X, 321, 56, este último do Ato de Disposições Transitórias, todos da Lei Orgânica do

2 - A Lei distrital nº 5.791/2016 viola a chamada Reserva de Administração, segundo a qual veda-se a inger
Legislativo em matérias de competência exclusiva do Poder Executivo.

3 - Ação julgada procedente.

(Acórdão 1033562, 20170020060014ADI, Relator: CARMELITA BRASIL, CONSELHO ESPECIAL, data de


no DJE: 1/8/2017. Pág.: 49)

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AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI DISTRITAL Nº 5.498. UTILIZAÇÃO DE INSTALAÇ
NOS FINS DE SEMANA PARA REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES CULTURAIS. INICIATIVA PARLAMENTA
DA ADMINISTRAÇÃO. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO. INCONSTIT

1. Nos termos da Lei Orgânica do Distrito Federal, compete ao Governador a iniciativa privativa das leis qu
administração dos bens públicos, bem como sobre a organização e o funcionamento dos órgãos do Distrito F

2. A Lei distrital nº 5.498, de 9 de julho de 2015, de origem parlamentar, ao dispor sobre a utilização de inst
fins de semana para realização de atividades culturais, invade matéria cuja iniciativa de lei é reservada ao C
medida em que, além de estabelecer regras de utilização e destinação de bens públicos, cria novas atribuiçõ

3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente, por vício de iniciativa.

(Acórdão 957108, 20150020217738ADI, Relator: J.J. COSTA CARVALHO, CONSELHO ESPECIAL, data d
publicado no DJE: 1/8/2016. Pág.: 17/19)

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido do autor para declarar a inconstitucionalidade do art.3º da Lei D
erga omnes.

É como voto.

O Senhor Desembargador JAIR SOARES - 7º Vogal


Com o relator
A Senhora Desembargadora VERA ANDRIGHI - 8º Vogal
Com o relator
A Senhora Desembargadora NILSONI DE FREITAS CUSTODIO - 9º Vogal
Com o relator
O Senhor Desembargador SANDOVAL OLIVEIRA - 10º Vogal
Com o relator
O Senhor Desembargador JOSAPHÁ FRANCISCO DOS SANTOS - 11º Vogal
Com o relator
O Senhor Desembargador ALFEU MACHADO - 12º Vogal
Com o relator
O Senhor Desembargador RÔMULO DE ARAÚJO MENDES - 13º Vogal
Com o relator
A Senhora Desembargadora LEILA ARLANCH - 14º Vogal
Com o relator
A Senhora Desembargadora FÁTIMA RAFAEL - 15º Vogal
Com o relator
A Senhora Desembargadora MARIA DE LOURDES ABREU - 16º Vogal
Com o relator
O Senhor Desembargador CESAR LOYOLA - 17º Vogal
Com o relator
O Senhor Desembargador ROMEU GONZAGA NEIVA - 18º Vogal

Número do documento: 22032202125495600000032445079


https://pje2i-consultapublica.tjdft.jus.br:443/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=22032202125495600000032445079
Assinado eletronicamente por: GETULIO VARGAS DE MORAES OLIVEIRA - 22/03/2022 02:12:55 Num. 33512216 - Pág. 17
Trata-se de Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta pelo GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL, pugn
inconstitucionalidade do art. 3º da Lei Distrital nº 1.261/1996, que “dispõe sobre o uso e a preservação do Parque R
Parque Sarah Kubitschek”.

Entende haver inconstitucionalidade formal (por vício de iniciativa legislativa) e material (por violação a princípios
questionado nos termos dos artigos 3º, XI, 52, 53 e 100, VI, todos da LODF.

Para isso, afirma usurpação da competência do Governador do Distrito Federal para legislar sobe matéria relaciona
Distrito Federal quando inviabiliza a adoção de medidas necessárias à modernização dos equipamentos públicos ex
assim ao princípio da separação dos poderes.

Pugna pela procedência do pedido para declarar a inconstitucionalidade do artigo 3º e seus parágrafos, da Lei Distr

A Mesa Diretora da Câmara Legislativa do Distrito Federal presta informações defendendo, preliminarmente, o não
inconstitucionalidade superveniente da norma impugnada e, no mérito, a constitucionalidade do dispositivo impugn
vigente à época e pede a improcedência do pedido, conforme ID 26683744.

O Procurador-Geral do Distrito Federal em exercício e a Procuradora-Geral de Justiça do Distrito Federal e dos Ter
impugnada, manifestaram-se pela procedência do pedido, IDs 27502096 e 28776226.

Primeiramente, cabe ressaltar que, conforme bem pontuado pelo Procurador-Geral no ID. 27502096, a Lei em com
1996, é posterior à Lei Orgânica do Distrito Federal, que é de 1993, sendo seus artigos 52, 53 e 100, VI, parte do te

Art. 52. Cabe ao Poder Executivo a administração dos bens do Distrito Federal, ressalvado à Câmara Legislativa ad
serviços e sob sua guarda.

[...]

Art. 53. São Poderes do Distrito Federal, independentes e harmônicos entre si, o Executivo e o Legislativo.

[...]

Art. 100. Compete privativamente ao Governador do Distrito Federal:

[...] VI - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Lei Orgânica”.

Nesse sentido, é completamente cabível a presente ação pela via eleita.

Pois bem. O art. 3º da Lei Distrital nº 1.261/1996, de iniciativa parlamentar, condiciona a construção de edifícios e
à prévia realização de estudo de impacto ambiental e à aprovação da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Sendo assim, o artigo questionado tem por finalidade submeter à Câmara Legislativa do Distrito Federal qualquer m
que implique em alteração de cunho urbanístico e está redigida nos seguintes termos:

LEI Nº 1.261, DE 13 DE NOVEMBRO DE 1996

(Autoria do Projeto: Deputada Lucia Carvalho)

Dispõe sobre o uso e a preservação do Parque Recreativo Rogério Pithon Farias.

[...]

Número do documento: 22032202125495600000032445079


https://pje2i-consultapublica.tjdft.jus.br:443/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=22032202125495600000032445079
Assinado eletronicamente por: GETULIO VARGAS DE MORAES OLIVEIRA - 22/03/2022 02:12:55 Num. 33512216 - Pág. 18
Art. 3º A construção de quaisquer edifícios ou logradouros na área do parque que implique alteração de cunho urba
Câmara Legislativa do Distrito Federal.

§ 1º O disposto no caput se aplica a reformas que gerem alterações nos logradouros instalados.

§ 2º Considera-se alteração urbanística toda e qualquer modificação do traçado original do parque e dos equipamen
Lei.

§ 3º Os projetos de implantação ou de alteração dos equipamentos, antes da apreciação pela Câmara Legislativa, se
ambiental.

§ 4º O relatório de impacto ambiental será apreciado em audiência pública.”

De fato, o requerente apresenta-se com razão quando destaca a inconstitucionalidade da norma impugnada. Vejamo

Ao analisar a legislação em comento, logo se vê as inconstitucionalidades apontadas, visto que o artigo impugnado
iniciativa de parlamentar, invade competência privativa do Governador do Distrito Federal principalmente quando
Parque da Cidade à realização de estudo de impacto ambiental e à apreciação da Câmara Legislativa do Distrito Fe

Tanto é assim que os artigos 52 e 100, VI, da LODF, são explícitos quanto à competência privativa do Governador
que disponham sobre a administração dos bens do Distrito Federal.

Outrossim, verifica-se também ofensa ao princípio da separação dos poderes, por tudo já explicado, nos termos do

Assim, por extrapolar o campo normativo reservado ao ente distrital de forma a afrontar os arts. 52, 53 e 100, VI, to
alternativa não resta senão anuir com a inconstitucionalidade da Lei em comento pelos vícios formal e material apo

Pelo exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, para declarar a inconstitucionalidade do art. 3º, e seus parágr
efeitos erga omnes e ex tunc.

É o meu voto.

DECISÃO

Julgado procedente o pedido para declarar a inconstitucionalidade do artigo 3º da Lei Distrital 1.261/96,
com efeitos "ex tunc" e "erga omnes". Unânime.

Número do documento: 22032202125495600000032445079


https://pje2i-consultapublica.tjdft.jus.br:443/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=22032202125495600000032445079
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