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Joao-Francisco Duarte Jinior O QUE E REALIDADE editora brasiliense Coprigh © by Jodo-Francsco Duarte ni, 1984 ‘Neuma pre desta publiordo poe ser graveda, ‘armacenda om Seat eernices,fotcopiads, produce pr mos ecco outros quis sem ators prvi do tor 10% eigso, 1996, sr reimprssi, 2002 evs: oak W,$, Mores ‘cap iarogser"Afeds Aino Dados lnuncinns de Cuaoungo a Public (CIP) (CimantBrssra do Lhe, SP Bei Duarte Init, Jo-Fancisce, 1953 "O que falda oko Franceco Duar Knit. ~ So Paulo Brslene 2002 ~ (Coley preiros paseo; 15) “emp 100d 1994. ISBNESALOLISS 1. Reside [Tilo I. Série Toaices para catilogo sstemitice: 1. Realnade Filosofia 111 editors prasionse as Av 22- nape CEP OREO $8 Pa -SP ‘Fc fe 8 nal tilaendgucon te TEeerals crm RET eRe INDICE = "Cai na real” a — “No prinefpio era a palavra” = Acedificacdo da realidade . «+ = Amanutengéo da realidade... — A aprendizagem da realidade: — Arealidade cientifica — Indicagées para leitura - “0 homem cognoscente & simplesmente 0 quarda da realidade. |W. Luljpen) .“CAI NA REAL” “Quem comorende que @ bre 9 undo Ho wanes, eth ‘ropard pare Tneaber que io ats ‘at rules mundoe haraner, de ecordS ‘com 5 atitudbs ou pontos de wrt do sito piso.” (0, Laie ~ Ac expresséo que d& nome.3 este capitulo intro- vutoria 6 uma ides: tantas que ete Surgem nd Uso coloquial da; Tinguagem e qué podem ou no se.incorporar ao; acervo..de.uma lingua. "Cai na real” 6 uma giria brasileirarecente, significando ‘Um .apelo. para que. nosso interlocutor deixe de sonhar-ou de-fazer planos mirabolantes e utépicos exwolte.&:realidade, volte a. ter, ‘‘os:pés no. cho". interessante esta visdo espacial da questéo: 0 Joto-Franeisco Duarte Jinior O-queé Realidade » sonho, a ilusio, o erro estio nas alturas; a rei dade, no solo. Quando se trata de abandonar © irreal, de voltar-se a0 mundo sdlido e concreto, caimos na realidade, colocamos os pés no cho. real é 0 terreno firme que pisamos em nosso cotidiano, idade. Todos _usamos_rotineiramente_esta palavra nos mdis diferentes contextos e éreas de atuagio e, fo entanto, quase nunca paramos para ‘em seu significado, rio. que encerram estas ios howe lettase Eno paramos_porque, assim “primers wists © concelio nos pats Wo Obvlo que consideramos desnecessario_ question coisa que ele descobriria seria & Squa. Muitas cincias — especialmente as. chamadas ciéncias humans —trabalham com 9-concsito Tidade, incorporand6-o a0 seu. jargao‘caracte- ‘ico, Ne pean «etree ating ioscan psiquiatria)”talvez. soja € maior € mais decisivo"é;"paradoxal © seu significado & mend’ pensado e !questionado. Estudantes ©. profissionals' dapsicologia: quase sempre embatucam’ ‘quatido'“se"Ihes| propde que expliquem o termo’realidade que’ efnpregam: em ‘suas falas e dissertagdes. Em geral tais“pessdas becom sennheiser tte preacterapretreterr ty a SE ee ‘Eeomo-o mundo oy aia age ‘as. coisas. S30", Expressdes que "hao ‘dizenvinad: ‘como o- mundo: 62) Como: as: 157 $0. Boe ae ea sm _variar de acordo com a maneiracomo sao ‘lijadas e apreendidas?.«> 0) ‘TTese um quadro 2°6le0,_por'exémplo; Nele se yé ima paisagem’composta’ por algumas plantas primeiro plano; uma’érvore florida cercada'por igramado em segundo’ plaho'e tendovao-fundo 6 horizonte tisnado aquie‘al por fapos de nuvens fesgarcadas: Com: certezachos'tomatiam:por toucos se:diseéssemos” que! nole, ‘plahtas? érvere; gramado’ @: nuvens 'so-reais:: As plantas"Idorquadro! nfo ossuem @ mesma qualidadede-existéncia-datelas Que. vivern lino "jarditm ej2nd entantoy"existérh; ainda” que | de "/maneira/!diferefites> Certament poder-seia' dizer que'as plantasidorjardim’sSorreais) @aquelas do quadro-uma representacSo'deste real. © "7/Mascisto® néo. resolveea questo; poisco huadca presenta: também.um-sequndo “nivel” de reali: ade: di Composto ide vtintas. tela: e« madeiras; ‘elementbs que: podem ‘ser: trabalhados de diversas_ Tmraneiras, _crian ‘mar realidade'« pictorlea font Ear ove ‘outras Sciamanr existe areca existe uma do quadro que -capto-com-a‘minhe sensibilidede wane Tein GE 9 de $e Rese TS Vio. Cee Te Gone L 10 ancico Duarte Jinor ee ea ale Sy st ears ene: fa— gam ‘Q quadro .para_o esped yuadro para o carregador de mobilias, substlnela: cujas molécules-sfo compostas'de dols ‘tomos de hidrogénio e um de oxigénio, De acordo com estes exemplos nota-se que, na ‘ecdiferente ainda paraio cientista que o submete_ verdade; se relat" lian g0.raio Xe a outros processos a fim de comprovar e_sim_de_realidades, no_plural. O_mundo se 9 ala_oa oaidad, (1 pintada-no.sfeulo- XVII preset. com. uno fae ca im eras apreender 0 mesmo. rosa tiv Conforme-a ee ae aa emesis see reveled bites em realidade diversa. in Filos6fica dirse-ia que as coisas adqui- -} Du bloda iona Frida, aubisecii de modelo ies deo aad, a20-pintor, Enquanto este:a captava em termos de ‘maneirasda_intencionalidade humana, Segundo forma, cores, Juz~e: sombras;0. as_ diferent s_ dea consciéncia se_postar Stra ane coco 265 objetos_ A Agua, pare oF jes scima, apresenta. real diversas, que sfo ainda dife. rentes da realidade da agua para 0 desportista que 3 rnela vence um campeonato de natacdo ou para o incauto’ que nela se aventura e quase se afoga poor no saberinadar: Note também. que nestes exemplos foram considerados | apenas. elementos do chamado “mundo fisi¢o”: agua, nuvens, érvoré, plantas, % etc. Quando $e trata de fatos humanos, cultu socisis._a_ coisa cresce em complexidade. Ou fealidade de_juma_greve?De_um. golpe Do ensino ago? De eleicées diretas ou indiretas? De uma pairéio. que leva a escrever poemas e 3 th abrigo: contra:a incleméncia do sol e:sentou-se 8 suasombra-para descansar. & ambos a percebiam de»maneira -diferente do. agrénomo. que, neste do. fosse cortada, a-fim de se preservar um certo equil(brio:ecol6gico no local. ‘Mais. 20 fundo. dessa: paisagem corre um regato cde dguas claras. Para’a lavadeira que ali lava as suas roupas a agua tem um sentido diverso de que para ‘0 caminhante que vé-nela a chance de matar; a sua sede. E 0 jardineiro, correu-quando tratou. de apagar um incéndio que irrompia no mato seco, nese momento a percebia de forma diferente do menino que toda tarde se dirige:20 regato para pescar alguns lambaris. E, inqlirido, certamente um quimico diria que a Sgua déquele regato nada mais é.do que H:0, ou sejaj, uma embriaguez, quando nfo correspondida? Qual a V' realidade dos modos de vida de iossos antepassados das cavernas, que inferimos a partir de uma série de. indicios’ geolégicos “e antropolégicos? Sem Baal de ‘oultiplicam, pee camagiamanie ona hime ei lidades de o real se apresentar. Realidede, porantoesdatn aie citreme: mente complexo, que merece reflexdes fil i Spas ‘SEiana cinta, ho aro, ho flosofe ou ba TennaS, fabalham con ‘ffabalham_com_o real, ou tém-nele o’seu funda. - Uma consciéncia reflexiva, construiu seus conceitos| de realidade, a partir dos quais se exerce no mundo So multptln alerando a cad momania 2 ee Gopleneta. ~ "No parégrafo anterior, -grifo.no. verbo “cons- truir” tem a sua razio. de ser. Seré fundamental compreender-se que a realidade 10, qu ‘std af se oferecendo 20s olhos humanos, olhs que. Simipresmente-a-roaiatatiam tito um. epelho ou. Fr . O.homem néo & um ser passivo, que apenas grave Esta construida, arse no enc incessante entre jeitos humanos@'6 mundo ondewivem Contudo, © paradoxo mais gritante é que, sen. Mas como, vooé poderé perguntar nesta altura do capitulo (onde se pretende apenas introduzir 2 problgmdtica do tema): quer dizer que a natu- foxy, 3 fret Ubi, so sade pal omen? fio, sg ie tans, capone ante ce ‘Yenha _pgciéncia.e.acompanhe a evolucdo do racio- cinio nog capitulos subseqientes. As forcas naturais no. so} criadas_ jumand, mas a maneira partst lose inter 4 asaesVeat agen edarnosluettatenete SEERE a inet oe wneromroeeeote reana|dadlcunorte lesion ue mora em sua margem. S60 homem pode pensar no. rio, ftomé-lo' como objeto de seu “racioc(nio @ interpretacdo. A realidade do rio, construda Ooando “Maman. cnn apres assim para 0 homem. Qual seria a realidade do rio para _um habitante de outra galéxia que nos visi- ‘fasse?:NSosp pade'sther: un arate ss ah ieoectasiorae regato citado nas paginas anteriores. Foram.des- critas ali as vérias “‘realidades'” da’ égua, os.vérios_ sereie. cra EWG eine jonalidade dos homens que com ela se relacionam, ‘oi apontado ento. que, para ium cientista (0 4 Joto-Francisco Duarte Jinior O que é Realidade 1s quimico), a égua é uma substincia formade de hidrogénio e oxiggnio. N6s, habitantes do mundo moderno e ‘com algum grau de informacio, tendemos a acreditar que ne realidade a agua é aquilo que diz ser a ciéncia. € 0 cientista quem teria as chayes com que:se abrem as portas da realidade Gltima des coitas. A realidade da égua é ser ela formada:por hidrogénio e oxigénio ligados ra proporego de dois para um. Ora, esta & uma crenga perigosa, que coloca al realidade_do e da vide. Para 0 Bescador, pouco se the dé se a agua & formada destes ou daqueles elementos, nesta ou naquel roporedo. Seus conhecimentos a respeito do ri fo de outra ordem, sua realidade 6 construida de forma diversa, e Sobre esta realidade ole atua a fim de manter a sua subsisténcia. Alliés, a8 éguas coms quais entramos em contato Ro nosso cotidiano so sempre refrescantes ou geladas, sujas ou limpas, turbulentas ou plécidas, ‘eonvidativas ou ameacadoras, nunca uma substin- ‘cia formada por tais e tais elementos quimicos. A tealidade desvelada pela ciéncia 6 uma “realidade fe segun (, ou seja, construida sobte as © mundo. Antes de a quimica afirmar a composi fo da agua, trilhdes e trilhGes de seres humans jé haviam se relacionado com ela, percebido e atuado sobre a sua “realidade”. « ; Toda_esta_discussfo_mostra_que, contigua a questo da realidade colocese outta: ade vonage Estes dois conceitos caminham juntos e, de certa forma, discutir um implica discutir 0 outro. Néo me alongarei neste ponto agora, deixando-o para . Por ora basta notar-se que, de_ ar_com os “‘niveis” de realidade,_ caminhait ‘também os “niveis” de-verdade, Ngo hé por que’ de considerar as verdades conttica- como sand | mais" fas” [ou_mais_sequras) do que as \erdades_estéticas ou _filoséficas,_por_exemplo. Cada_uma delas apresenta o seu grau de valor no seu_contexto_especffico. Tentando comparé-las {stamos, como se diz, misturando estactes Concluindo: q_questéo_da_realidade(e_da- Wetdade)_possa_pela_comorennsio_das_diferentes. maneites de © Romem se relacionar com.o mundo. - Gigneia, Filosofia, arte e religio sfio quatro formas. marcantes € especiais de esse relacionamento se dar. Todavia, em nosso cotidiano, a atitude filasotice, | TENTESES UE abrimos em nossa forma Usual totineira, de vivermos a vida e cuidarmos de nossa sobrevivéncia. Oe certa maneira, a realidade da vida Cotidiana se immp6e a nés com todo 0 seu peso. Ali, a gua ngo é H,0, nem o arrocho salarial tuma exploraglo da maiswalia — verdades pert nentes &esfera Ha ciénciae da Filosofia, A realidade da vida cotic de di assim, @ Fealidade por exceléncia, na_qual_nos Joto-Francisco Duarte Jinior “rnovemos como o peixe na égua. Seré ela, portanto, “Tor Daupareos-nas ells foe capTtlos ospeciais realidade. Je segunda _ordem”, como_chamamios_ante ‘nafite). Apenas um Ultimo capitulo for reservado ara Se-tratar das realidades e verdades construfdas pela ciéncia, por ter ela, nos dias que correm, um papel preponderante nos destinos do planeta (no hos esquegamos da ameaa nuclear que paira Sobre as nossas cabecas). Vamos, pois, “cair na real”. “NO PRINCIPIO “ERA A PALAVRA”’ "No ne sentido sm patos’ nem mundo sem tinguiger"| (04 ape Vinguoaom, @ gue so per (0, weiepaer Nas paginas anteriores foi dito que o homem é constr da reali Far do mundo, +, Ge. 80 contri. do pebve, por-exemplo, apenas 9 ser humano pode tomar_o rio como um objeto je “Seu; pensamento, lexdo @ projeto. ite de uma carta "aitincia™ Jelac&o ao mundo, interpretando-o @ dando-Ihe fos_diversos. € preciso agora explicar mais A Pabane — A Cingnes a! 0 gullne 48,2 Loma’ bomanne Soto Frances Dare finer Spd Ware periind Ton comedians» claramente tais afirmagdes, j4 que elas sfo bisicas para que se entenda o que é a realidade forjada aes imana eh Sua exstsncl evistencla $S2_sadicalmente diferente —da—tadas as quires > fOrmas de vide que habitam o planeta, | “O_que funda esta_diferenca, o que tosna o homem humano_é Bésica_e_decisivamente, a. palavra, a_linguagem. A_consciéncia_humdna sclincia_reflexiva porque ela pode se. sma, isto 8.0 homem pode pensar (em _si_préprio, tomarse Como _objeto_desua \( greflexdo. € isto s6 € possivel_qragas 4 linauagem: istema simbélico pelo qual sas, $ fo, pelo_qual este mundo é ordenado, 2 recebe significacto. “Através da palavra o homem pode “‘desprender- sede seu _meio ambiente imediato, tomando Consciéncia_de_espacos_no_acessiveis aos seu: ienidee Gu silt a alae Barta oe Tegibes_ndo_alcancdveis_pelos_meus sentidos aqui & agora, Quando digo “Japo", por exemplo) Yorno-me consciente de uma regiéo do planets ‘que-no momento me 6 inacessivel, que no pode ser vista nem tocada por mim. O animal no-podé fazer isto: esté irremediavelmente preso,. aderi < seus sentidos. A consciéncia. animal néio va além daquilo que seus érgdos.dos sentidos traze ‘até ele. O animal esté indissoluvelmente.ligado aqui. | Por isso se diz que o animal possui_um mio [ambiente, enquanto_o_homem vive no_mundo. ‘SG pela palavra podemos ter consciéncia, encerrar | ‘otalidade do espaco-no_qual ante Terra. A 4 | aad) Spawpnares a roma oe ee mp0, i | ows cia dele. Posso pensar To Treu |4S\]" | possedo, e nfo +6 no meu assedo, mas de toaa | a espécie “humana: com a palavra_encontro e ‘Wio_significagBes_para_aquilo que —viviontem, janteontem, “OU para _aquilo_que outros homens. ‘viveram_trés s€culos atrés. Com a palavia posso” ‘ainda planejaro meu futuro, com-ela sel que. Sxist-ury Tempo-que vird, um“Tempo que sinda ilo 6. J6-o shit TBO St_prose Alo apenar 20 Squi, mas também a0 agora. O-anirnal vive ium presente Tmutavel,-Sietno, fixo; wua_vide crmderbrer= Pe ? Uk Sad oid AN Aiclitice z deinen A vattinicbideds dg oftinda = same =, te I ynuon do _p 2 ) Silane Oh SGahcncie abi ek yon pa conceito “circular” @, a0 veritas 0 prato, logo o os vem & menker a0 -vermos_o avido [& sabemos que ae Ho pose a9 re ae fostoros, €20_conceito “maga” imediatamente. sare 2 anal ame ‘Quando aprondemos_a-desenhar_¢ a pintar temos de 105” raver paras age GpreeTTUaT, observando as coisas como elas chegam. a0s_nossos thos. O que cee irre chard primitives”, “ingénuos” ou naives no fazem 6 justamente esta suspensso: pintam mais através ddos conceitos. Pinta 0 prato numa forma circular, Seja qual for a perspectiva considerada. “'De epente os olhos so palavras”, assinala o poeta Pablo Neruda. | © ser_humano_movese, entéo, num_mundo. esiencialmente _simbéTico, Sendo os _simbolos TinguTsticos os preponderantes e bisicos na edit Par este mindo, na constcucto_ da realidad, Cor ation 6 MTGxofo Ludwig Witgenstein, “9s limites de minha linquagem denotam os limites de meu_mundo”. Ou seja: 0 mundo, para mim, iroungeTevese aquilo_que_pode ser santada Ret rainhe_consciénci, ¢ rinha-conscéneie anceene. as “coisas” através da. lingua femprego € ue ordena a minha realidade. Assim, o real seré ‘Sirove um produto da-dialética, do jogo existente_| etre mateialidode.do- mundo ie a ele ye aonulte Med > peak gs deel TOD CD 29 0 Mwde epee Melba ua Dts S que Aigo cli ue a tga oe de use, A EDIFICAGAO DA REALIDADE "0 intarene tcildpico nat quests de ea ade «do ‘conhecmente! justices ssn nei ‘ante pelo fto de sa rletividoe soca. O que raat” para um monge tlbetano pode ose ‘ra para um homem de nepécos american. © “coneciment go eiminoro & dierent do “conheciment! do criminal (P. Berger eT. Luckmann) No primeiro pardgrafo do capitulo introdutério foi feita a seguinte afirmagao: 0 real é 0 terreno firme que pisamos em nosso cotidiano. Agora seré preciso que se parta desta assereZo, procurando compreendé-la dentro de um contexto mais especifico. Todos temos consciéncia, de_uma_maneira ou de “outra,_de_que o mundo apreserita realidades bumeto tuples, ito ¢,que hd zones ditintas de i om e Seo oda Ure Gave ar Vide de nor liar. uando safmos do cinema ou quando BE arcs cu bono, por éxamplay experhian, amos a passagem de uma a outra dessas reas distintas da realidade. O filme (a arte) eo mundo. ‘aqueleg provenientes da vida cotidiang, Conjo jé afirmado anteriormente, a vida cot diana 4 qual retornamos sempre & consitfePacte por ordenatio 7 aris cevido a sua constincia et seguranes gu o-conhecimento de que bre ele nos dé. Pond, Resto covdgne nie rast hip vio RTs oe alae ols ema Fico de. ele a a zones [mais_proximes ou: distantes —de_mi 3 ais palpavel ‘aquela na qual tenho mafor sequranca, diz respeito SE ini que se ache ao alesis de inhi ose iando_para alteraTo jazem em minha Consoten oniticd _apresentam-rios_elementos que nossa gensciincia nfo misture_nem_eonfunde com. movemos_desembaraca- | t 30 Joto-Francisco Duarte Jini Wee wliolvu >, z Sino vite adit a Me aie is cotidiana_fundamenta-se_em_propésitos praticos, ; ‘Propdsitos que, em ultima analise, tém a ver com ‘nossa sobrevivéncia: "i Partir dessa regio mais clara e evidente de nosso. diaa-dia, outras vo se sucedendo e, & medida que se afastam de nossa possibilidade de manipulaco, tornam-se mais obscures. Por ‘exemplo: ume pessoa todo dia ao dirigirse para © trabalho, cruza a ponte sobre o rio que corta fa cidade. De Id vé pescadores em suas margens, com os canigos nas mgos. Nunca tendo pescado, desconhece as técnicas da pesca e, mais especifi camente, desconhece aquele rio em particular: (05 tipor de peixe que exjstem ali, os melhores lugares para apanhé-los, as iscas que devem ser empregadas, etc. O rio e a pesca fazem parte de seu cotidiano, mas esto localizados numa rea de realidade mers conhecida e manipulével do que a ocupada pelo seu trabalho no escritério. Da mesma forma o terreiro de umbanda que este mesmo individuo vé as vezes em seus passeios.. ‘Ao pasar pela sua porta ouve o som ritmado dos. rituais, mas desconhece totalmente como eles se rocessam @ o que se passa lé dentro. Esta é, para ele, uma zona de realidade ainda mais obscura @ distante do que aquela ocupada pelo rio e os \I= pescadores. "Q setor_da_realidade que me é mais claro © ineeido pode ser chado.de-"o- problema Sea Aira rma Conhecimenta ta Fabita a Wver de maneira mais ou menos “mectnica”, no sentido GEnifo_serernecessiriof novorconhecimentos ‘quist®es~surgiaas, Se, contudo, um “proble Thusitado” aparece neste cotdlanoprocuro TesONETS © par Wo conhecmento fs erstalizad ‘palo a cieeaiaboseande Tiley eta nova ‘realidade problemética aquela nfo-problematica. mente, por exemplo, tomo determinado dnibus para chegar a0 meu local de trabalho. Mas um dia uma greve dos motoristas daquela companhia gera-me um problema que me obriga a sair da rotina a fim de resolvé-lo, Busco entéo saber se outras companhias que nio estio em greve tém linhas que me servem, ou se hé colegas: de trabalho na regio onde moro que estejam dispostos a dividir um taxi comigo. O problema me obriga a procurar um novo conhecimento, ‘que se integra entio ao meu cotidiano jé conhecido, Como a vida cotidiana 6 dominada pelo espirito Deogascal a eioete dotreardaeciminaa devcaa Ginines pare ater peste evfore 6 (00 te jeceita”. Ou seja: conhecimentos que me dizem como devo proceder para alcancar tals e tais propésitos determinados. Nao se colocam aqui os porqués", mas esoncialnaniao-"eomg™ Set como wtilizaro- telefone, mas no por que, a0 discar um certo ntéimero, meu amigo atende do ‘outro lado da linha. Sei como ligar e sintonizar a TV, mas no posso explicar 0 fato de a imagem Jodo-Francisco Duarte Hinior © som sairem des estagbestransmisoras © serem aptads pelo meu spars receptor. Assn, mone, moves em nowo dieedia bassades em cotihees inentos_prateDe GUE Ho’ questonadoe non, olocador amr cova manor Gur urs "io posse ser resliido ett oxplcado por ales ~ Sendo nosso -cotiaiano considerado a reaTidade x peedominante a tnguagers foe vitae fora vida Com S08 Coneaor f= TOPMU= tende_a_ser_também_o nosso _meio linguistico predominant” Now £ {, Tndamenta-se nesta linquagem: procuramos sem-[f\ Bre _compreender outras esferas da realidade-a— |° partir x je VIETCTaNTGS_ at [ OURFOs campos de significago. detimitados (como Totineire. AO proceder assim 6 inevitavel_que ocorra uma certa “distorcao” signiieados-provertnter”desas"outay Sanyo rmadida om que ele Somener wo CGTESeY ae | Soi re OO eat he | (Lol ee 3 Tst0 & facilmente verificével, por exemplo, numa {exposigo de artes plésticas, especialmente em se ratando da chamada “arte’abstrata”. O pdblico \Snto feito aos cédigos estéticos deste tipo de | expressio fica, em geral, procurando encontrar nas ‘obras. formas e contornos que Ihes so conhecidos: \ ee Ate wore aclenprolein A: um animal, um rosto, uma érvore, etc, Fica bus- ‘cando traduzir uma realidade um tanto obscura O que ¢ Realidade 33 natquela que Ihe é conhecids e rotineira. Estes_outros campos de significacdo, portanto, $0 espécies de parEnteses que se abrem dentro de (ealidade_predominante, a da vide cotidiana. SSo~ ‘ehelaves””_que apresentam seus_rodos préprios Se sanifieseso, oe vole aa Sempre necessério um certo “esforeo” para nos desligarmos da realidade cotidiana e penetrarmos nesses outros setores: & preciso que se abandone 2 linguagem e 2 visdo rotinera do mete oe Flormente foram citados comoexemplos. desses “enclaves” a arte e a esfera onirica. Mas é preciso Que se note que também as experincias religiosas misticas), assim como. pensamante:" wees {2 flosofia e a ciéncia), faze parte desses campos {imitados de significacso. A questo cientifics seré abordada no Gltimo capitulo, mas pare que este ponto fique clero aqui, basta que se anote dois exemplos. Em sua vide diéria 0 quimico que utiliza a égua para beber, tomar banho, nader ou regar'o seu jardim per, cebe-d como fresca, limpid, suja, convidativa, etc, Passa a pensar nela como H; O apenas quando, em ‘seu laboratério, réaliza suas, experiéncise cientificas. Ou entio o cientista social que, em Seu escritério, estuda od reflexos da ma. distr! buigdo de rende na formagéo de uma populagdo ‘marginal. Ao ser roubado por um “trombadinna”™ Na rua, reage como qualquer pessoa, independente 4e sua compreensdo tebrica do fato. A piddeds \ 4 Clin-a- clin! polar soe realidade. Ao Tongo dis paginessequints esse Fipecto soval da constr da realidede itso tor. nando mas claro, Sigarnos com o nosso reioefno, Como fol visto, a. consul da realidad depende_da_maneire“como~o-conhecimenta £ Gispasto_na_sociedade, o que fornece_a_ela uma arta estuture, A estrulure social 6 basiamente ‘construida sobre @ gama de conhecimentos de que_ Se dspbe socialment, iencendo-seconhciritte aL oso emtido tebrico” Ta desde as Tormulas manipeladas polos cientistas até o saber nocessrio para se asentar as pedres Ge lum calgamento, por exemplo. A distribuigo do conhecimento é também a distribuicso do trabalho. Joe eoutuia socal estdesentade no caticiano, das pessoas sobre. lenominado tipifi- ardO}_processo este que impGe padres dente Taeioofe os inluiduee Os sie ea ‘utrofcom qual interagimos sempre a partir de determinadas “classificagées", que 0s colocem dentro de certos "H1p0s”. Assim, vejo meu interlo- _|¥\_ ceutor, por exempio, como “home”, "bra “comerciante”, “‘brincalhfo", "“easado”, etc. Apreendemos 0s outros a partir desses esquemas de {ipos Texistenter em nosy socledade-esquaras— ‘estes [que_padronizam_nossas_interacbes, cont indo pare-a da realidade cotidiana ‘Nag apenas 0 outro é apreendido como um’ Tipo, mas sgmbém as situacOes nes quai interagimos sio, tipificadas. Ha por exemplo a relaglo tipica de®. “compra e venda”, a de "consulta médica”, @ si “‘professor-aluno”, ‘etc. Em cada uma delas sabe, (Dos_de_anteméo’ qusis_ #1005 comportamentoy gdequados_ou_no, eo que podemos esperar do | & adequado: 0 que podemos esperar ‘Sutt0 em termos de atitudes tipices Nas interacts ditas "face a face”, especialmente em _contatos msis_fntimos, esses padres pif ‘adores sao mais fluidos. Junto aqueles que fazem arte “de meu “circulo intimo” hi uma malor liberdade e espontaneidade na minha eo, que no se prende rigidamente as tipificagdes. lida, Porém, que minhas relagBes vio se afastando do porém, que_minhas rolagSes vio se a “aqui @ agora” os exquemas tipficadores tornarnse Vege) ti le per % | oo oben woud tyr ery oO Nebded pod arco patadigen 4 apn ABU po win Or I be is take O que é Realidade ortes_e_atuantes, No outro polo | deste ‘continuo de relacdes encontram-se aquelas situacdes ‘onde os outros se apresentam como abstjacdes interamente anénimes, Se escrevo ume cafte 20 gerente comercial "de. uma determinada firma Solictando the catélogos lsat de prevos de seus Produtos, por exemplo, ele se apresenta mim Especificamente. como “erente comercial" “um ‘tipo esquemdtico sem qualquer sinal de jndivi- thalidade ou tragos de personalidade. | as saromnaanes eats ia tse coticiang OnITUS de tpficasBe, ve Gar desde as stuscBer face a face até shuels Sostatas © anbnimat onde o-Guiro € wosofnente Um tipo. A estrutura social € a soma ‘ ‘Tagwes_e dos padrbes de interacfo produzidos por * dias, A construcho social. da real os, fundamentalmente de uma estrutura social tstabelecida e conhecida (a0 menos em suas linhas gerais) pelos seus membros. esta estrutura rea- tivamente_estével_ que permife que os individuos s=_ mann _somceeamberego_“dento_de Fealidade cotidiana. Sone. ala iS tipificacdes e da estrutura social delas decorrente estamos nos referindo tambér a formacdo de hébitos, isto é, nossos comportd-_ Pos AS aE wo {e portanto_conhecldos-e previsivel]-se Rowe uma _certs rotina padronizada, Se a cada pass estivéssemos tateando num meio novo e impré- visivel seria impossivel adquirirmos uma visio estével do mundo, seria impossivel a construgio da realidade: estaria implantado 0 caos. O rea! a que nos habituamos na vida cotidiana depende desta ordem e de seus padres de interago humana, ‘© que nos garante a formagio de habitos e rotinas. Posto este conceito de tipificago e da estrutura social que dele se deriva podemos abordar agera a questo da institucionalizacto, ou seja, das instituigdes criadas na e pela scciedade. A instiiu- cionalizaedo_nada_mais ¢ que uma decorréicia ia tplficacdo reciproca entre peisoas em inter de forma_que tal tipificagio ‘5 mesmo estatuto OS coisas naturals, dos objetos facor Neste sonido € que a isutuclonalizaeio Yobre a ‘qual se edifica a realidade, possui em st / im controle social: a0 ser_percebida como algo Reo eabseG, ora que os indviduor pros] Femralterd le A Tetttele-€ saberana, os omens ‘Gevem_adaptarse_a ela, cumprindo os papéis ji GSiabelecidos. Quem j4 nfo ouviu um Trase com Fopmcakvarts hiss fe eae tre io porque a instituicgo 0 € Beer eerste instituigo arraigada em nossa cultura. Apesar d Vir sofrendo questionamentos e alteiagdes, / de apresentar pequenas diferengas em aiguns catros paises, sua esséncia se mantém para a rande maioria da.populago. Em relacgo a elt é bastante freqiiente ouvirmos afirmagées como: “se depen- ‘desse de mim eu néo teria me casado dessa maneira tradicional, em igreja e cartério, porén néo tive escolha, era a Gnica forma aceita scsialmente”’; ou ainda: “eu no escolhi me casar, tudo jé estava preparado desde 0 meu nascimento jiara que eu ‘me casasse". A grande maioria da popttlaefo, pelo ‘menos aparentemente, cré que a dica forma ica", “direita”, de um relaciona: mento amoroso entre homem e muiher ocorrer dos papeis de marido e de esposa que igo exige. Todavia, se tomarmos outras cculturas, especialmente aquelas ditas “srimitivas”, 44 Gen AiLincee’ &¢~Yodo-Francisco Duarte Sinior Do Condinvern ‘veremos que este relacionamento ocorre institu- cionalmente de maneiras as mais variadas: suas realidades s80 construfdas de modos diferentes. Esta 6 a estranha dialética_que re huffrano: o_homemn—cria_sua das institul ue The do uma estrutura soci s, \) fras_pissa entéo a ser “condicionado”” por i ios 0 pana Vitor oe Norse snot poeta Vinicius de Moraes anota 4) Giteticamente este ponto ao dizer: “Mas ele esconhecia / Este fato extraordinério / Que o \ operério faz a coisa / E a coisa faz 0 operério.” ‘A_realidade, socialmente_edificads através \nstiqucionalizacto, por este _jogo_dialético de I> \Vificagio apresenta-se ento—aos omens _como [: Asie abfetee e coocive, que Ter determina i Sectenai Em Tinka gers podpar nota cue E}Y processo possui trés momentos{ 1)/a conduta hotana é tpificada e padronizads em papéis, © v2, implict o estabelecimento_das ins {a rrilidade social € um produto humano);(2)/2 reali’ade é dbjetivada, ou seja, percebida como Bessu.ndo vida propria (9 produto — 2 realidade “deliga-se™ jutor — 0 homer) @ esta “Tealidade tornada objetiva’ determi Ssequir & consciéneia dos homens, no curso da Sotializacdo, isto 6, no processo de aprendizagem 0 mundo’ por que passam as novas geragbes (0. homen, tornase produto _daquilo_que_ele prBprio proluziv). E precisd que'se entenda claramente esta dalética (wee cz que e neue ~ ‘que perfaz 0 mundo social humano, em suas trés {ases distintes, a fim de que ndo se fique com uma vis80simplificada_e mecanicista do. processo. {soja a InsteUTgous-o padres duta_dolas ee Ren Tobre nor umefelto "educa 75”, Cond cTonando-nos pare a vida em sosiedade. Porém, sendo_tais Instituigbes criadas e mantidas— Ipor nés, clas Mo passivels de sofrerem mudangas_ ‘© alteracdes através de esTorcos deliberados neste ‘entido (se assim ndo fosse néo haveria @ historia). 1A palavra “esforgo”, af, & ‘empregada em sua mars Jampla acepedo, pois que, como jé visto, nossa ‘consciéncia _requer um certo trabalho para ae corona Sompreala ee rea por oro “0 esforao requeride 4 consciéncia_¢ justamente ‘0 de_procurar_desligar-se_o maximo possivel das indo ‘concepe6es cotidianas _da_realidade,_refl | sGbre_ab_condigbes_¢ processos em que tais con: ‘cepebes sdo_ idas. (Rares pordm, considerar um dado funda- mental neste mecanismo de construeso da reali dade através das instituigbes socials. Tratase da fod semalool, ferramenta bésica Fa crlactio do munda humano, ‘como exposto no J] capitulo anterior. Ao serem estabelecidas, as institui igBes s80_sempre_acompanhadas_de_um correspondente esquema explicative ¢ normative idente esquems explicativo e normative 46 Joao-Francisco DugrteJinior O que é Realidade a ‘que, por meio da linguagem, conceitua-as e deter onceitus.as e Meter mina eras ara a_a_unsionamente, 0 cramese do leitimass. As_intituctet slo legitimadas por” meio da linguagem: 05 razses de SON eNEnGiS ap cache rensmitfdascpncet ftualmente (vale dizer, linguisticamente], "bem Gare Formas pave 6 150 Tontoramento. Eseasnormas, dentro da _realidade de vida cotidiana,,essumem aquele caréter de “receita” ff referido, ou seja, —para_penetrarmos_e_nos _ movermos “dentro de 1 —Tnstituiglo__daver hs desta ou Taquala forme, segundo os seus 3 \ofracstos pragnaticos 0 primeiro-conhecimento.~ See TT} order isto, ee 5 situado a nivel préteérica, no sentido de no ser {Gii_conhecimento_elaborado™ Tals SDSTrsta ‘em_ samo dos “poraues”, ¢_ sim praticamen Som_relacfo 20 _“eomo”” Sedesejo. Tegalizar Sempra de um imével, por exemplo, sei que Girigirme a um cartério de registro de imévels f fim de passar uma escritura — este 6 0 conhedi Trento pragmético de que disponho, num prime nivel. 10 segundo nivel_de legitimacsa. contém pro Asi ica, _mas_ainds em forma rudimentar. 5 Raul sido prevents slguns esquemas oxDlcatvo | mento. pragmatico tituledes,integrando-o+ tres Se me perguntam por que ao comprar O71 Tmével devo. registré-lo em meu nome, Posso VerweoR responder que iso assegura perante a lei que sou, § © seu legitimo dono, e ainda que os poderes pblicos necessitam desses cobrar os impostos devidos 20s cidaddos. Wo cate na ee , sonata eae eee aicgrinntined messes cece 3 um nivel maior de abstracio. Possuem um grau * raw clevado de complexidade e estéo entregues -a especialistas naquele setor institucional. Para se adquirit_este_conhecimento_faz-se_necesssrio-Um_ " aprendizado formal_do assunto, No exemplo “anterior da compra do imével, hd todo um conhe- cimento @ respeito de leis e normas juridicas que ~ regulam a matéria e que s6o de dominio dos donos e funcionérios dos cart6rios, bem como de advogados. & a estes especialistas que deveros recorrer no caso de uma questo referente 3 regularizag80 deste situaefo que nfo pode ser resolvida ‘com 0 conhecimento pragmético de ue dispomos. >" 0 quarto e iltimo nivel de legitimacdo da ordem institucional denomif ‘Universo _simbdli i iste num corpo tebrico. busca uma inte entre % ima_dada_ordem Tnstitu-_ wel de o_difere A clonal_num esquema l6gico e consistente. Neste tial process eomneabietts Or Gara qualqu®™ veStigio—de_pragmatismo. Quer dizer: 48 Jodo-Francisco Duarte Jinior © universo_simbélico compSese_de_teorias que [Eaticam © explicam o porqué-de uma instituiedo axistir-€ om que a= Tondamenta- seu funcio: ‘mento, Sen Teriiuma aTusfo aos esquemas préticos de sau dae a especialistas e depends processo_ formal para a sua aprendizagem. Peivatianda ao nese exemplo, encontramos juristas que podem nos explicar teoricamente ‘como se estruturam as leis de uma nado, dentre 8 quais acham-se aquelas que dispoem sobre a propriedade privada. Além disso. um filésofo oderia discutir as origens de tais propriedades ha hist6ria_ humana, mostrando, por exemplo, como a partir delas’ surge todo’ um sistema de domina¢o e explora¢o do trabalho através da uta de classes. Note porém que nenhuma dessas teorias_nos fornecem receites de como_devemos [dealer —» O que é Redtdade 9! ok. uma_{aparente) coeréncia 40 serem_legitimados, Vale dizer, a0 serem pensodas e explicfadas aizavés a Tnguager WT acquis da existéncia ‘e uma TsTitdicZo eo seu mado de uncionamento, {a1 como 80 verbalizados tansmitidos i novas gpravbes, fo diversos dos motivos reais quéaTazom exIstT operar. A Tinguagem cria uma Togica e ume ‘explcaeBo,_Impriminde-as_entéo a iniitulcfo. 16s, pelo processo de reifca tito, acredi {amos_que_esta_legitimaco_provenha_da organi. ~zacho Tnstitucional mesma. “Este fato, quando ocorre de maneira que a expiteapao TiiguTtion sola Coren Tou Tees ‘aateaTiente-Tiversa) dos reais motives das insti mer Sal_dos Teals motivos das insti {Uighee Tete 6 tome de baloaie Dies ae Taramenter 0 rdsoroga 6 uma_exolieato- Com aoe: Gee hi Seip vetdeeiros poraubs A ditions aes ae fieeedar aia lagliatins 8 tompre que fz tio extetom alates 8's cont Tae be serem aisutis alguns outros apoctoe com Yelogdo aoe univrsor semble cone Ge te aponta slgins pontos relovantes © rexpato da teitmago institucional Primareente devese not que a tgs (ou) + spades ide nay ns eT iaetaation hae ee ete Bo “Tse Te ellendo-e beanies dot homens Tuer dizer: as instituigBes ganham um sentido ¢ jo @ qual, mais do que aclarar a5 motivactes ing sacas sina, procara OoE sates eum sistema explicatvo qualquar~ Guase sempre 2 Tpeolaia sere sor invoresies do Gaerivocor “wlpos sociais a0 esconder a reatcdade das institu S Tii@bmo que esses grupos no tenham consciéncia ‘Sls, Ora dca mar ampta= rept ce ‘GuEStEO fugiria dos limites deste texto, mas ela fica aqui anotada como um processo importante na construgao social da realidade, Como desdobramento deste fato convém notar-

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