D A , '
GR AMM A T I Ç A
D A
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língua
P O R T U G U E Z A .
<|>w
C OMPOSTÀ
Y O R
LISBOA. M. DCCCVI.
n
p .
J L R o p u z me nesta Grammatica dar te idéyar mais
claras, e exactas , do que comummente se achãò
nos livros d e s t e assumpto , que tenho visto no nosso
idioma , tanto á cerca das Partes Elementares da Ora-
ção , como da sua emendada composição.
Nelles não se explica por exemplo o que é arti-
go ; dizem te que se ajunta aos nomes para mostrar os
números , e os casos. Mas os norrv?s J ? d $ u g u e z e s , exce-'
ptos Eu , Tu , e Elie , não tem c i f r u í ; 4 C i t t e r ^ j ^ j w
usao com artigos. D e m a i s , sendo o artigo '.uni adjecti^'
v o , quem fala , ou escreve deve saber o venero dó no«?
m e , a que o artigo precede, para usar d e l e n a va-
riação correspondente ao género , e numero do 1107
me , como se faz com qualquer outro adjectivo.
Nenhum G r a m m a t i c o , á excepção de Duarte N u -
nes do Lião ( a ) te diz quando deves usar do arti-
go , e quando omitti-lo. Ensinão te que se não"
diz v. g. navego Tejo sem preceder 9 a Tejo , por-
que soaria mal. Mas os nossos bons Poetas dicerão
Tejo leva na mão o gran T r i d e n t e „ e , , Gua-I
dia na atras tornou as aguas „ sem o artigo. (Ji)
. Passando aos nomes , fazem te não sei quantái
declinações , e dão lhes wão sei quantos casos : mat
os nossos nomes não tem casos , ou desmentias fí-
naes d i v e r s a s , senão eu ,, tu , elle : os mais ió se v a -
ria o para indicar o numero p l u r a l , v . g. casa , casàf ;
templo , templos,
A estes sonhados casos dão lhes nomes de N o -
minativos 9 G e n i t i v o s , D a t i v o s , A c c u s a t i v o s , & c . Se
A ii lhe»
ig. íi/íi? ••-••'"
Acha»
e
; emèndaHa " g r a n d e t 0 ' P « * " 5 o o «abere.n fa-
**t emendada, e puramente.
Cicero*
V»!e.
EPI-
Hr-Y' °irratado Dí
GrammaU eSutfon.
nas Vidai de C e s a r , e Augusto.
E PIT O M E
D A
GRAMMATÍCA
P O R T Ü G U E Z A.
INTRO.DUCÇÁa
O Q
ue as nasaes sao vogaes se prova : i . ° porque
a voz trina sobre cilas , ouvindo-se distinctamente,
v . g. sobre o an de amante , ou sobre o o de cera-
fões; que se o til , ou m , ou n , representassem co-
mo consoantes, não se ouvirião , como quando se tri-
na sobre bar-ba-ro , porque os rr só se ouvem , quan-
do a voz cessa da vogal'trinada , e passa á outra
sillaba. Os Poetas sempre fazem elisão das nasaes
com as vogaes seguintes, v . g. „ A ti se d<tvem'os
altos fundamentos „ Parece que envcrde^mVdi, mais
cores. „ Florecirt/nVntre tanto novas flores „ : O mes-
mo é no Latim. Note se que em fioreclom a elisão c
do o final jioviciao , que é como se deve escrever,
mas este exemplo prova o que digo 3 ainda nos ca-
sos de má ortografia.
DA GRAMWATICA P O R T Ü G ü E Z A . u
'i íl r ' ' t! K±Jp.> ,, i
ou c r m b i n a d a , e precedida de consoantes, t)U tam-
bém de qualquer ditongo ; sendo proferidas a vogal #
ou o ditongo erpAnna só emissão , ou impulso da
v o z , e formando uma palavra , como a, t/e , lei ,
Útil , soo ; ou parte de uma palavra v . g. , t
a-d> o , tem-plo , es-cri tii-m , sec-ptro. ^ „
1 2 . Os sons vogaes s i m p l e s , que t e m o s , são os
seguintes >4' á f o r t e s , ou a g u d o s ; A , à g r a v e s ; >4
* mudos; t , agudos; È ^ graves; E e mudos;
í I agudos, I i níudos; Ôó agudos; Ò 3 graves; O
• mudos ; Ú tí agudos ; U u mudos.
1 Exemplos das vogaes agudas, ou fortes : G í r -
ro , F e r r o , T i r o , P o r t a , F«ro.
1 4 . Exemplos das g r a v e s : LÀma , Camèlo , O v O j
Eòlo.
1 5 . Exemplos das m u d a s : T&ca , -Tosse Ájuia,
T e m p l o , Còrj«ges.
1 6 . O s ditongos, ou sons vogaes compostos são ,
de vogaes puras os seguintes <w , ei, o i , ui, an , eu,
in , ou , v . g. em C o n t r a i , L è i , F ò i , Fúi huto ,
F è « d o , F e r i » , Gozou (*).
1 7 . Muitas vezes pronunciamos como ditongps ;
ou fazendo uma vogal c o m p o s t a , e urrrç sillaba, as
vogaes seguintes ià , io , na , ue , ui , v . g. em í-ptia ,
só; bri» , á-gM<i, de-lin-q«en-tt , li-q«i-do. „ T â m b e m
m o v e m da guerra as negras furirtí „ A terra da ( M i r
púscH4 e das Asturuií ,, Em Canusio reliqwiai só de
Cannas , , ( Lusíada 4 . 0 1 1 . e 20. )
1 8 . O s ditongos compostos ate vogaes nasaes sã®
o»
M iíSSíí
14 EPI T O M E
Passemos ás p a l a v r a s , que dos sons se compõem ,
ft de que consta a oração.
LI-
L I V R O I.
Das Palavras por si sis ou partes da Sentença.
¥ ,
j. J L \ S palavras , de que consta qualquer sen-
tença , são as seguintes v:;; ' / ^
2. I. Nomes , ou Sustantlvos, cora que significa-
mos os indivíduos da natureza , ou da a r t e , v . g.
P<idro \ casa, pomo : e as qualidades de per si como
alvura , .doçura, l'i ,
3. II. Os Adjectivos Articulares , que ajuntamos
aos nomes , para determinarem ^ e x t e n s ã o i n d i v i d u a l ,
a cue «e applica um nome çommum , v . g. o homçm ,
falando dos- indivíduos da especie h u m a n a ; este ho-
mem , aquella casa , itm pomo , toda pessoa , ne-
nfxú horwem , & c .
4. I I I . Os Adjectivos Attributives , que ajuntamos
aos nomes , , pára significar os attributos , proprieda-
des , qualidades, e accidentes das c o i s a s , v. g. ho-
mem bom y fruta doce , seda atui, homem moral, & c .
L I V R O I.
( Das Palavras por si sés ou partes da Scnúnça./Mjtii
C A P I T U L O I.
1 1
1
v av. f
Í DA GRAMMATICA PORTUGUEZA. I
ttm cidadão j e no numero plural , dois cav alios , M N f
trtí -drvores, ires cidadãos. ^ 1
4. Os nomes , e appellidos individuaes não t ^ i
p l u r a l , senão quando pertencem aos de uma familia ,
v. os Almeidas, Albuquerques; ou por figura se dão
a sujeitos, que tem qualidades, ou nomes semelhan-
tes , v . g. Dá a terra Lusitana ScljHÔes , Césares y
Mesçandros, tf Augustos : as duas Vlanas , &c.
5. Os nomes significão talvez animaes da mesrtia
especie , mas de sexos differentes , Variando se o mes-
mo n o m e , v. g. coelhocoelha, rato, trata : outras .
vezes indicamos a diferença sexual por nomes d i y ç r ^ g g
• s o s , v . g. homem , mulher ; cava lio, Vgwtf.
6. Os nomes, que significão o macho da e s p e c i e , '
se dizem masculinos • os "que significão as femeas são
Jemininos; e ésta diferença dos séxos, indicada pelos
nomes se diz o genero d'elles , na linguagem dos G r a m -
maticos.
7 . As diversas relações, que as coisas significadas
pelos nomes tem e n t r e ' s i , em alguas línguas te dç-
clarão , variando as -finaes dos n o m e s , v . g. no La-
tim , Domi/Jíif ( o S e n h o r ) , em Domi/it ( do Senhor ) ,
Domin§ ( ao S e n h o r ) , Domi/w/n ( ao Senhor ) , Domi-
ne ( ó S e n h o r ) . Esta? diversas terminações dos no-
mes chamão se casos.
3. Nós em Portuguez temos algua semelhança de
casos nos nomes seguintes , que os. Grammaticos cha-'
mão Pronomes.
9. Eu nome , com que quem fala de si se no*
m e y a , em lugar do seu nome proprio, tem as varia-
ções Me, Mim, Migo no singular. Se quem tala dô
si se considera como d o i s , diz Eus, v . g. „ Em mim'
ha dois eus, um segundo a carbe, outro segundo o
espirito. „ ( Heitor Pinto. )
1 0 . a Quando alguém afirma algua coisa de s i , e
de outros, diz N ç s ; e tem mais as variações J V o f ,
e Nosco. Eu, e Nós se dizem pronomes d'a primeira
pessoa. ;
l i . Quando falamos a outrem * doemos familiar»
B ii men*-
IMP I \E PI T O ME ^ V , J
ii^nte T « , Te , T i , ; e no plural a m a i s ' d e
üfn , Vós , Vos, Foíi-í), e tal é o pronome da segunda
o
;j Quaesquer outras pessoas , ou c o i s a s , ' q u e não
são a p r i m e i r a , ou segunda p e s s o a , se dizem tercei-
•ràs pessoas , , v . g, Pedro , o cavalio , a arvore_ ; e quan-
do se põem em relação comsigo m e s m o s , temos as v a -
riações , ou casos Se, Si, , para o singular, e
plural , v . ,g. Pedro é Senhor de si : Paulo, íeriu se :
Estes andão malavindos entre si , ou comsigo. Do
uso dos casos direi mais na Sintaxe , ou regras da
composição. °
15. Quando falamos a qualquer pessoa , ou coisa ,
• então se reputa segunda pessoa , v . g. 6 Pedro6
monte Sião: T u s ó , til puro amor, &c. (6)
1 4 . A influencia, que tem na composição os gê-
neros dos nomes , e as variações do plural , tem Ni-
glia coisa de commum com os adjectivos, e por isso
depois dos Capítulos seguintes tratarei dos Gêneros dei
Nomes , e das Formações dos seus Pluraes. ( V. Cap. 4. )
15. Dos n o m e s , e adjectivos primitivos sederivão
os diminutivos: v . g. de homem homemzj/rfio; de mu-
lher mulheriliha ; de cavallo c avail mho, & c . e os au-
men-
' C A P I T U L O II.
C A P I T U L O III.
v
/ D o j Adjectivos Attributives,
,
terior , &c. adoptados do Latim ; os mais , que nos
faltão , supprimos com a palavra »J<JÍÍ , v . g. WIAÍJ tf/-
vo
iràviftKí-se
32 E P I T OM É
pacissimo; Feliz , Felicíssimo , 8cc. Outros derivao eStet
superlativos dos positivos B.apace, Pertinace 7 Voracé7
y Felice, hiftàlke. Bellacisjímo não tem posití-
v o x ii^ituguez,
t
l á l Q u a n d o não temos superlativos derivados dos ad-
jectiva^ p o s i t i v o s , a j u n t a m o s a esteâ o adverbio müito ,
V. g. milito politico ; muito ajudado ; milito f avorecido,
1 3 . T a l v e z se ajuntão os advérbios /«<t('í , ião ,
muito aos superlativos, v. g. muito grandíssima suber-
b a ; /M«/fa péssimo ; wí/ís1 intimo ; íío beUicoslssimo ,
tão mínimo. Alguns adjectivos* - parece , qüe não admit-
tirião superlativo por sua significação,, v. 2;. Divinís-
simo de Divino ; Mesmíssimo de Mesmo ; Unissimo de'
Um • Infinitissimo de Infinito ; e todavia assim ,s'e achão
nos bons autores.
1 4 . Muitas palavras se usão de ordinário co'mo
nomes , que são verdadeiros adjectivos attributivos ,
V. g. 0 hermo , e herdades hernias ; o missal e Livro
missal; o passador e sêtta passadora ; 0 fedegoso , e
hervas , o u coisas fedegosos , ( Ordenação Afonsina L. I,
Tit. 28. 6. 1 6 . ) homem ou mulher herege, e hereges
opiniões ; o homem adultero , -e" o adultero engano, & c .
1 5 . Advirta s e , que com os attributivos qualifica-
mos de ordinário as coisas ; e que também o fazeinqs
c o m os nomes acompanhados da preposição de , v . g .
homem de valor , ou valoroso ; de saber ou Sabio.
Assim mesmo negamos, ou tiramos os attribütos pe-
la preposição sem , v , g. O scn&ventura amante.
Nestes últimos casos também usamos de mais e /»«£-
•to para supprir comparativos , e superlativos, v. g.
o homem de mais honra , de mais saber ; o mais sem-
honra ; minto sem-sabor i T u es mui para pouco.
( Costa , Terenc. t. 2. f . 267. )
1 6 . Os adjectivos attributivos usão se por nomes
abstractos , v. g, o agro desta f r u t a ; o doce do mel ^
o teso do monte , &c. mas não se subentenderá o no-
me verbal ser ? (£)
, 17.
§. I. *
II.
1. f \ S nomes de h o m e n s , A n j o s , Deuses da
K J ? Fábula são masculinos : v . g Achilles , Jo-
tie, o Serafim \ no figurado diz ,se ; aquella Serafim
( Ulisipo , At. i 5 c . 6. ) .
2. Os nomes de m u l h e r , Deusas, N i n f a s , Fúrias
são femininos : v. g. Ana , Chtho ; Eê/ío Ninfa ( e c o ,
ou , som r e f l e x o , é masculino) íris .ninfa é te-
minino ; o arco c masculino ; e no figurado o iris
dos o l h o s , das lentes: " eo Íris , que a paz nos asser
gura : )) outros dizem , o arco da Iris C Leão, Desr
cripç. ) . O)
3. Os nomes proprios de V e n t o s , R i o s , M o n t e s ,
M a r e s , e Mezes são masculinos; dizemos porém o
Meotuis, 011 a M e o t h i s , segundo o referimos a l a g o ,
ou alagoa ( Naufr. de Sepulv. f . 3 9. e 40. ) e a £ j -
tige , i> Esiige (Eneida , 12. 1 9 3 ) .
4. Os nomes proprios de R e g i õ e s , Cidades, V i l *
1 las
Dos
Ge-
C A P I T U L O V.
«/|#
1. Verbo é a p a l a v r a , com que decljyWrioi
V / o que a alma julga, ou quer á cerca dos
Sujeitos , e dos attributos das sentenças; com elle
firmamos, e mandamos : v . g. Eu sou amante : o
pomo ê doce : Filho sê temente a D e u s , e ama o.
2. Á significação, ou officio principal dos verbos
anda annexa a significação de algum attributo , e da
pessoa ou coisa , em quem o atrributo existe , ou
queremos, que exista; e das diversas épocas em que
o attributo existe, existiu , ou existirá no sujeito.
Assim Amo por si só equival a Eu sou aman-
te actualmente : Ama a Deus , a , Se tu amante de
Deus : Amei refere o attributo ao passado ; Amarei ao
futuro.
j. Quando a alma julga, ou quer pensa de dois
modos diversos; e por isso as variações dos verbos
que declarão a afirmação , e o nosso mando, ou que-
rer se dizem Modos do verbo, Hora nós podemos af-
i r m a r , ou querer com ajguas differenças, e modifi-
cações ; e por tanto os Modos do verbo podem ser
também diversos, á proporção d essas differenças acci-
deritáes de affirmar, ou querer. Mas a Grammatica só
reconhece por modos diversos aquelles, que se expri-
mem com palavras differences ( V ) .
_ _ _
5n, v P r UgUCZa } ^ Sá
° O U t r o s m o d « verdadeiro,
dos Verbos • mas palavras equivalentes ao attribute
do verbo refendo a uma das tres pessoas, como se
f a n a por meyo dos arhculares possessivos Men > Teu
Sejt) Nosso, Vosso Seu d'elles. Assim Lermos\ Ler-
des, Lerem sjgnificao a nessa Lição, ou , nosso Ler -
• vosso Ler ou a vossa Lição ; e 0 Ler ou Lição d'eí
Jes f e s t a s variações verbáes decópói se o verbo mais
que nas do s u b j u n e t i v o , porque 'neste modo o at-
ributo se refere a urna época ; nas variações infini-
iivas pessoaes, p.rde « t a significação accidental de tem-
po ( F . Clarim. L. 2. c. 2 4 . p a ^ z 6 l lih . v
« O vosso tngcHaç » equival to L ^ r é l ,
"IO folgardes d obturar «julval to
9. Isos Infinuv» puros representamos sónwnte o
attributo v e r b a l , sem a f f i r m a r , nem querer , 1 "
laçao co pessoas, ou tempos ; files a i o verdadeiro,
nomes verb.es abstractos: ( 0 0 murmuror do rÒL\
• 2 ^ m m
t -
( c ) O s Infinitos puros 3 e pesjoae», ião sujeito*
4* E P I T O M E
é a murmuração do povo. 0 variar faz bell a a Natu-
Kza t Por isso concordão com adjectivos articulares,
è attributivos. u Porem v ó s , tristes R e i s , 'neste ser
Reis , negais a natureza, de que Deus vos formou, »
( Men \ Pinto , c. i 6 3 )
; . Dos mesmos verbos se derivão as palavras em
nr.
an-
. ^it-
#
DA GRAMMATICA PORTUGUEZA.FF
ante , ente, lute, que sígnificSo adjectivamentè o at»
tributo do verbo ; v. g. eu sou amante. (<0 Estas to*
mão-se commummente por1 substantivos : v. w
p. o Referi»
O
te , a vasante , o Intendente , a corrente , sc. cadey? , &C.
li. Derivão-se mais dos verbos outras palaV^* em
ando , endo , indo , que significão o attributo verbal
adjectivamente , e i m p e r f e i t o , actual : v . g. a^iei a
Pedro dançando, cantando. Os Grammaticos ÍKés cha-
ínãb Participios de presente (<?) . Estas mesmas pala-
v r a s se tomáo como substantivos abstractos, que re*-
D li pre-
li • •• .......
a
• Í É
DA GRATOMATLCA PORTUGUEZA. **
con cor cía co' o nome : v . g, Em tu saindo tão formos»
t bellã.. . . " V
li. T e m o s mais palavras derivadas dos v e r b o s ,
terminadas em ado , ido , que se tomão adjectiramenfte ,
e significão o attributo do verbo passivamente com-
pleto , e acabado : v. g. o livro está tido ^^SÊLW
da , paramentada. Então se dizem pariicipiosdo/^rete*
rito , ou passado. Outras vezes se tomao como substan-
tivos , que só se usão no Singular , no genero maseeN
lino 7 e repfesentão o attributo do verbo abstractamente
mas como acabado , e perfeito no sentido activo 'h ou
neutro : v. g. tenho lido livros , acabado obras , visto Ci-
dades. Neste sentido sé' tipi nose são nomes re-
gidos , ou pacientes dos verbos Haver e Ter; porque
assim dizemos tenho um vestido , uma casa , cotfio tenho
lição , ou leiturafeita , que c o mesmo que tenho lido, ©V.
Os Latinos tem participios'j-ou adjectivos verba'es ,
que referem o attributo a uma época futura j a que
chamão participios de futuro. Nós os imitámos , e dellea
tomamos vindoiro duradoiro , futuro, e poucos mais.
O s antigos dicerão recebedoiro , digno de r e c é b e r s í r j
does ta doiro , digno de ser doestado; & c . -
n. A'cerca dos Modo? verháes; advert iremo» , que
os Poetas , imitando a simplicidade primitiva ( usada
inda entre i g u á e s , e familiarmente; ou dos superiores;
com os. seus subordinados ) usarão pedindo , do m o d o
Mandative" : v. g. " Agora tu Calliope me inspira :
outras vez»s do subjunetivo ellipticamente ; v. g. u Mu-
sa honremos o heroe & c . » e assim pedimos cortezttieiii
te. O Legislador manda , ou prohibe predizendo , c o t »
0 futuro do Indicativo : v . g, " Amarás a Deus ; .não
jurarás o seu santo nome em vão. » C o m m u m m e n t e
usamos pròhibindo, dissuadindo , ou pedindo que não ^
do modo subjunetivo : fi< Nao nos deixes cair e m ten-
tação : $?ào se mova ninguém ; assegurai vos ( Sá c Mír.
Estràng. Prol.): Não cuideis , que sendo t a ! i l l , blas-
femo , renegador podereis entrar no reipo dos Ceos
( Paiva, Ser IH. t. ) . » " Esforça, Infante , nem c ' o pe-
so inclina : » o imperativo inclina , por inclines do
1
$4 E P I T O; M E
subjunctivo , é um Latinismo. £ Mausinho, African, f .
89. y . ) Isto pelo que respeita aòs modos dos verbos,
1 4 . O Attributo verbal nas mesmas variações se
refere is pessoas eu , tu, elle, nós , vós , dies : v. g.
lej/o 1 Us , lè , /tf/fíoj , ledes , /J/m : , e nój são as pri*
nieiv .j pessoas; do singular eu , nós do p l u r a l ; iu c a
s e g u i d a pessoa do s i n g u l a r , vos a segunda do plural :
tí>da ou^rá c o i s a , 011 pessoa , a que se pode ajuntar o
pronome ella , elle , é terceira pessoa do singular ; elles
d o p i u r a l . As. variações verbáes , que respondem a es-
tes pronomes se dizem pessoas do verbo no numero sin-
gular , ou plural. *
1 5 . Alguns verbos não tem: variações responden-
tes à primeira , nem á segunda pessoa , que são de com-
inum homens , porque os attributos dos taes verbos
não podem cópetir a h o m e n s : assim não dizemos : eu
chovo , eu corisco , eu-troveja : no sentido figurado po-
rém dizemos: " tu nos choves altas doutrinas (Cami-
nha,t Ode 8. e Epist. 1 4 . ) . )) Dizemos mais o Cea
chove, gaja, neva , trovoa. A estes verbos chamão Os
G r a m m í t i c o s impessoáes, ou carecentes de variações
pessoáes ; mas elles as t e m , ao menos d'as terceiras
pessoas* Por uso não dizemos eu fedo, d t feder , nem
muno., brando , de munir , brandir , e aos verbos se-
melhantes chamão defectivos. ( V. a pag. 52, no fim
d'esta Gramm. )
I 6. Civilmente usamos , falando a u m só , das va^
riações verbaes correspondentes a vós: v. g. ^ Sabeis,
Senhor, o que v a i ? Ponde, meu Deus, em m i m os
olhos: ( f ) Outras vezes u s a m o s ' d a terceira pes-
soa : v. g. " Lingua tem V . A l t e z a ; Elk por si lho
di-
G A P I T U L O VI. '01':
Vos Advérbios.
1. M ^Zem°3 : v
' *mo com ternura, com
i.^1 constaneia-, e no mesmo s e n t i d o : amo ter"
nn mente , constantemente : éstà 'nacjuelle lugar , OU <j/í ;
fez Í/Í? boamente , ou Í/Í ?M» ME/IF* ; cantar A revezes , o u
alternadamente ; & c . T o d a s éstas frases com ternura ,
com constançia modificão o verbo amo , determinando
o modo de a m a r ; naquelle lugar, ou «li , determinão
uma circunstancia do verbo ; boa mente, mi
, modificão a acção do verbo fez , & c . E s t a s
frases pois se chamão frases adverbiáes ; e as palavras
que se substituem ás frases modificantes do verbo , co-
mo , bem , mal, agora , hoje , ©v. se dizem Adverbior.
2. Devo porém n o t a r , que os Advérbios não são
uma parte elementar das sentenças , porque todo*
elles são úomes , e^.talvez combinados com attributi-
vos , e regidos de preposições c l a r a s , ou occultas, que
por brevidade se o m m i t t e m , e também se exprimem :
v
- S- igualmente ( « ) j de antigamente; a cá, a lá ; de
E aiJm
C A P I T U L O VII.
Das Preposições,
• do
C A P I T U L O VIII.
Das Conjunções.
C A P I T U L O IX.
Das Interjeições.
,: u . :
w» n a n m &
LIVRO II.
' '2?« Cmposição- das partes da Sentença entre si , ou
Sj/ntaxe.
<••*>' C A P I T U L O I. ) # / - p z
Introducção.
a y.-e-
1
estive no theatro quando tu lá esta-
vas : )> i. e , no tempo , quando , ou no qual, Quando
veis ? u c , dize me o tempo , quando vcis ? 0 como ,
1
o quando; é o modo, como ; o tempo , quando. " Ensi-
jiai-me o como : )) i. é , o modo, de como , & c . donde
se vé , que como seirípre pertence a uma proposição in-
cidente , que modifica uma palavra subentendida, 0 «
clara da proposição principal : alguns Clássicos escre-
verão qumo, de quo modo Latinos..
K•O .1- " '-vFed™
V .• ' oJfaU
VW. 1 '.ri,:.- » a correlação
I: entre/<w<*
' •'.'•." 1
DA GKAMMATICÁ PÒRTUGUEZA. U
" j t. E m Latim por exemplo Temptum significa tem-
p l o , Domi/tus S e n h o r ; quando se quer pôr em relação
de possessão , ou considerar o templo como coisa possuí-
da , e do Sénhor, o nome Dominas muda a terminação
em D o m i n i , e dizem Templum Domini. E m Portuguez
geralmente falando os nomes não se varião na termir
nação para 5» este fim , mas dizemos: t c T e m p l o
Senhor: » onde a preposição de indica, que o Senhor
é o possuidor do templo ( * * * ) .
1 ) . Semelhàntemente o nome Dens em Latim cor-
responde a Deus Portuguez ; os Latinos dizião Amo
Deum ( amo « Deus ) mudando o us de Deus em úwf
nós representamos. Deus como paciente, por mejrp da
preposição a. Quando dizemos: a mulher ama o manii.
do : a mulher antes do verbo é o sujeito da proposi-
ção ; e se dicessemos : o marido «ma a mulher : ò mari-
do antes do verbo seria sujeito , e a mulher o objecto
da acção do verbo -ama, ou paciente , indo este depois
do verbo. O lugar indica a relação de Sujeito, ou de
paciente da mesma palavra , e não o artigo , que se nã<r
m u d a , variando as relações tanto.
1 4 . A palavra, que muda de caso , ou é acõpa-
nhada de preposição , e é segundo termo de Uma rela»
Ç ã o , se diz regida pela palavra antecedente correlata ,
§. í.
Da Sintaxe de Concordância,
D« Sintaxe da Regência,
;
\
A 8 relações dos nomes mostrão se pelos ca-
/ V SOS em iVíe , T * , Se , L/je, flfo , , Lhes
*em preposições; pelos casos Mim * Ti, .Migo,
Tigvj, S i g o , iV<>j, F Ó J , Wo/co , VOÍCO , acõpanhadqs
de preposições O . » A s relações dos nomes, que não
tem casos , indição se pelo l u g a r , que tem na sen-
ten-
" Regida pela lei das mulheres, que lhes parece inére*
cer mais o tempo, que a vontade : )) p o r , a quem pa-
*4 E P I T O M Ê
i }> :( A* relações diversas das apontadas, em que re*?
presentamos os nomes sem casos , ipdicão se pelas pre-
posições , qufe passo aexpôr brevemente.
A indica o paciente^ e ó termo da acção ; o lurar
para onde algüa coisa se move; a que outra está proxi•»
ma ; v. g. mora a o arco da Graça : o modo porque al-
güa coisa se'far.-, v. g. «pressa; ir a cavallo ; sup irar
a medo ; estar atento; á conta-, a direito com alguém'
faner a sinte l o tempo , em que aconteccu; v. d noi-
te ,
«os três dias ; © por semelhança , a o passar o rio r
a o assinar a carta : o preço , v, g. vende >se a vinte : o
lugar occupado ; v. g. estar á janella : o instrumento $
morto a lerro : o fim ; sai a ver : a causa ; morto á fo*
me : a proximidade do termo ; v. g. está a partir : o acto
inesmo ; v. g. «o sair da porta.
- - , T4.
rece. ( Clarimi. 2. c. 6. pàg. 57. ) u Qatm tão confia-
do he em seus guardadores , escusado lhe seria eu. )>
(Barr. Clarim. 3 . 1 9 . ) "Que, porque do salgado mar
nasceu; Das aguas o poder lhe obedecia. » (Lusiada )
6
Vereis este, que agora presuroso por tantos medos
o Indo vai buscando, tremer d'clle Neptuno. » ( Lu-
siada ) í e Em Diu não estavão as armas ociosas , por-
que Rumecão valeroso, e constante , não o assombra-
vão os damnos recebidos. » ( F r e i r e ) " Aquclle, ena
quem ponho a vista , por esse dou a sentença. )) (Ca-
Piões , Anftr. e V. Lusíada , a. 40. ) " De Subdiáeono
não seja ordenado quem lhe faltar esta qualiiade. »
C Sour,a , V. do Areei,) " Uma vida de quem lhe não,
lembra nada da outra. )) ( V . Paiva, Serm. 1 . / . 7 4 . )
Até qui bem ; mas é incorreto dizer : Qite eu em san-
gue , e nobreza , o claro Ceo me estremou (Camões , Fir
lod. ) : devia ser: Qiie a mim , em sangue , * nobreza,
0 Ceo me estremou : alias eu será sujeito sem verbo.
" Da cavalgada ao Mouro já lhe peza : )) o lhe escusa-
do
serve d'encher o verso. ( Lusiada , i* 90. ) " Gom
OS quaes lhe pareceu a D. João Mascarenhas, que pO-
dia intentar coisas may ores ( Freire J: » o lha c su-
pérfluo.
I
DA GRAMMATICA ÍORTUGUKZA. 9T
1 4 . Ante indica o objecto , era cuja presença se acha
outro; v. g. u ante nós appareceu: )) que também di-
zemos Perante nós : " não mereço tanto ante Deus; »
para com Elle : " em quã baixo predicamento está
Deus ante nos! )> Também indica antecedência • v. g.
" ante maduros annòs amostrando pensamento viril : »
u
Li li a ante Celia pondo ? » ( Ferreira ) v.
1 5 . Após designa o objecto , (fim outro sc^fc: v. g.
Orfeu levou as pedras após si , após seu canto (<t) ;
após a fama falsa e mentirosa.
16. Até indica o termo de um espaço , ou distancia ;
u. g. de casa até a praça; até cima das cilhas ; desd'
o R e i até o mendigo todos somos snortáes : de manha
até a noite, (e)
' 17.
ouft-
., ... ' • ;• " f^ÊÊp
DA GRAMMATICA PORTUGUEZA. 9*;.jàí'M
iiunca a recebeste , ouviste : a materia de que algua cai-
ta se fax, ; vaso de oiro , cobre , berro ; e fig. homem
de nada : o modo de Jazer a coisa ; v. g. de pressa , de
vagar : o instrumento ; v. g. dar de lançadas , dar d'es-
poras; figur. usar dejiervas , ensalmos 5 valer se das ha-
bilidades : d'a parte para o tedo como pertença ; v. me-
tade do dia , de minha alma; nua dos pés, rapado </<1
cabefa : gwen? <í especie; v. g. o sentido í/o tacto;
a virtude da castidade : o sujeito do attributo ; v. g. o po-
bre de mim ; tnesejuinho de mim : o accidente ; v, g\ cha-
ma se d'este nome ; chamando os defracos , e covardes í
Accusar é ellipse , e falta reo, que do crime
m o d i f i c a , e'copleta : assim é : u forão d'elles a cavai-
lo , e d'elles a pé ; » onde falta parte. Nós dizemod
com equivoco o amor da patria , a caridade de Christo ,
significando o amor , que a patria tem , ou o que te-
mos á patria; a caridade ou amor de Christo a nó« , ou
que temos a Christo , ou em Christo. Por tanto falan-
do do a m o r , que temos í patria diremos : o amor ã
Patria , ao Rei; a veneração aos Santos ; a caridade de
Ç/nisto com nosco; a charidade , (jur cm Christo temor
com alguem , ou a alguém ; para alguém, ( j f ) como
" Tive indinação aos maos, vewdo a pai do peccador. *
( Cathec. Rom. J . 1 0 6 . ) *
20. Desde indica o termo, d'onde se mede conta t
G al-
# C A P Í T U L O II.
9»
- " r ' • : 4 W m
- iXKsS-• ; •':•>;••.../:•;„ • ^ ^ Ú r ^ f ^ ^ m Ê S
DA GRAMMATICA PORTUGUEZA. F|FF|
grandes riquezas, e mesmo depois , que foi pobre fez
este homem virtuoso muitos bens &c. » ( n ) •
í 8. Quando se perturba muito a ordem da construo-
ção a figura , que ella toma , ciiama se Synchise : v.g.
•
C A P I T U L O III
1
PCÍ Composições viciosas,
( b ) Má
versão de negttium facesscret H em o LtU
lio ' dc Resende. ' mÊÊm
1 LI T F®|; EP I T O M E
tivesse visto a Rainha : tem ganhado as índias: Só
usamos dos participios , quando não queremos signifi-
car o complemento da acção verbal, mas queremos
qualificar a coisa , que possuímos , ou temos * v. g. te--
nho ainda as armas compradas para aquella occasião\
tenho feito (acabei ) duas moradas de casas ; tenho
( p o s s u o ) duas moradas de casas feitas, e acabadas,
:
por m i m , ou por outrem (e) " arrependia-se de ser
Mid* do Castello [Men. e Moça , l . 2. e. 2%. ) : »
có
TA-
/V T A BOA S
(
Va-
D o Presente , e do Passado.
Singular,
1 . Eu Éra Estava Tinha Havia
2. T u Eras Estávas Tinhas Havias
3. Elie Éra Estáva Ti alia Havia
Plural;
I Nós Éramos Estávamos Tínhamos Havíamos
a . V ó s Éreis Estáveis Tínheis Havíeis ($)
J.Elles Érao Estávao Tínhão Havíão
:
\ , ^ : ; V ; . " ' ,, " Po
M O D O S SUB J U N C T I V O S
Singular.
I, Eu Fàsse Estivesse Tivésse Houvesse
S. Tu Fosses Estivesses TivésseS Houvés-ses
f. Elle Fòsse Estivesse Tivesse Houvesse
Plural.
1. Nós Fôssemos Estivéssemos Tivéssemos Houvéssemos
2. Vós Fósseis Estivésseis Tivésseis Houvésseis
} , Elles Fossem Estivessem Tivessem Houvessem
De Futuros do Subjunctivo,
Singular.
I. EU" For Estiver Tiver Houver '
a. Tu Fores Esúvéres Tivéres Houveres
3. Elle Fòr Estiver Tiver Houver
Plural.
1. Nós Fòrmot Estivermos Tivermos Houvermo»
a. Vós Fordes Estiverdes Tiverdes Houverdes
J , Elles Forem Estiverem Tiverem Houverem
Neste modo Subjunctivo também combinamos
• s Auxiliares com os Gerúndios, e Supinos, para indi-
car o estadoimperfeito : v. g. que eu esteja sendo , lendo ,
ouvindo ; OU estivesse sendo , lendo , ouvindo ; estiver
lendo, ouvindo : e para indicar o estado perfeito dos
Auxiliares Ter , Haver ; v. g. que eu tenha , ou haja
estado , sido , tido , lido , ouvido ; se eu tivesse, ou hou-
vesse sido 9 tido , lido, ouvido j quando eu tiver sido,
houver tido , lido , ouvido,
MODOS I N F I N I T I V O S
Exm
x
E M P L O
Do Presente, a
Singular.
Eu Amo Defendo Appláudo Pònho
T u Amíií Defende* A p p l á u d a v Pois , ou Pões
Elle Am« Defende Appláude Pói, ou Põe
Plural.
Nós Amámos Defends/no* Appláudwnof! Pomos
Vós Am ais Defendeis Applaudix Pondes
Elles AmÃo Defende/n Applaudest Põem
Do Passado.
Singular. v
E u Am^i Defend/ Applaud/ Púr.
T u Amáste Defendeste Applaud/si* Poxêsic
Elle Kmòu Defendi Applaud/" Pò
. Plural. v -1
Nós Amámos DefendeWí Applaud/mo* Pozémos
Vós Amóítfí Defendeííex Ápplaud/jíèí Pozéstes
Elles Amarão Defenderão Applaudirão Poiérão
•Singular.
Eu Amáv<i- Defend/fl ; Applaud/í» Punha
Tu Amátw Defend/Vu Applaud/aJ <• Punhas
Elle | m á v 8 Defendia Applaud/a Punha
,r
Plural. , ' , - , -
Nós 'Amávamos Defend/tfwof Applaud/âmoí Púnhamos
Vós Amáveis Defend/etJ Applaüd/eií Púnheis
Elles Amávão Defend/^ Applaud/^ Púnlião
I
Iff ';'Wf I P I T O M E
Jiabilon , T . 1 . /wg. 1 6 $ . col I. Daarte , Orig. c.
29. adverte bem , que os futuros em ei, farei, om^rci,
& c . e os em ia , <77»<?ri<i, leria , são os Infinitos compos-
tos' com hei de h a v e r ; e os em iíi do imperfeito de ir ;
eu amaria, i. é , eu ia amar , ou hia por havia,
Singular. ,
E u À m aria Defendi Applauding Por ta
T u Am arias Defend erías Applaudir/ru Porias
Elle Amaria Defender/a Applaudir/a Poria
Plural. ,
Mós Amaríamos Defenderíamos Applmdiriàms Poríamos
V ó s Amaríeis Defenderíeis Applaudir/m Poríeis
EllesA maríao Defenderia Applaud iríão Poríão
Mo-
M o d o s Imperativos.
Singular. , t
Ânírttu Defende tu A p l a u d e tu Põí t u , o u P ^
Plural.
Modos Subjunctivos. ( 4 )
Singular,
Eu 2me Dê find a Appiáuda Ponha
Tf.il Amei- Defendei Appíáudtfj Ponhas
Elle i m e Defenda Appiáuda Ponha
Plural.
Nós Armemos D e f e n i a m s Applaudà/woi Ponhamos
Vos- Amèis : -Defen&íii AppiaucMi* Ponhais •
Elles Ami/?) Defendia Appiáudíío Ponhao
Singular.
Eu Âmásse Defendc^íe Applaud isiè Pozésse
T u Amrt-ncí Defend<?««' Applaud/jíM Potésses
Elle • Amásst Vekridèsse Apphud/íJe Pozésse "a
Plural.
Nós Amássemos Defendêssemos Applaud;ssemos Pozêsscnioi
MM Amásseis Defendèíjeij A p p l a u d f r j m Pozésseis
Elles Amássem Detende'.UÍ/N ApplaudíJJffff» Pozéssem .
I ii N.
O ) Os Antigos dicérão no plural do Imperativo
de , D-jendede \ AppUudide , conforme á E t i m o l o g i a La-
t i n a ; depois tirarão o d, e ficou 'aniae , defende jjj, ap-
piau die, iNas Ordenações Afonsinas se achão exemplos.
o L 1. T . 1} ç. 5. 1 1 antes lha comprle i e guardaet, »
( 4 ) N a T a b o a dos Auxiliares dice ô uso das varia-
ções subjunetivas; as primeiras usão se , quando o ver»
bo no Indicativo está rto>presèwe.:" v . g. q^er!à' que de-
fendas ; as segundas quando o verbo principal está no
preterito : v . g. qua que defendesses : ."eu .fvtria que
amasses a Deus : m u i t o favor ms faria* a g o f a , s f f f ^ e i
comprar-mé isso. Lusíada, a. est. 7, u d'4gun.s-' què
trazia, porque podessem ser aventurado 8 ? MaHda dole
porque notem. )) ( F , a Estança l). do èh. Ciht, a . )
IJL E P I TOME
Futuros do Subjuncrivo.
Singular.
E u Amar "Defender Applaud/r Por. ir
T u Amares Defender*/ Applaud/rtfJ Po teres
Elle Amir Defender Àpplaud/r Poiér
Plural.
Kós Am irmos Defend^rmoj ApplaudíVmtfí Pozérmos
Vós Amardes Dcknúèrdes Applaud/rcfej Poiérdes
Elles Amárem Defendera» Applaud/Vív?» Po té rem
Infinitivos puros.
N .
( $ ) Mas estas variações requerem um tempo futuro :
v . g. manda , que amanha lhe tenhas aparelhado a ca-
sa : mas na Lusíada , 1 . 74. " Está determinado que
tamanhas victorias hajão alcançado os Portuguezes das
indianas gentes )> é improprio , e devia ser que alcan-
eem , que não rima com determinada , e por isso o Poe-
ta não usou da v a r i a ç ã o , que o sentido p e d e ; htyão
àtançado suppõe uma época futura determinada , den-
tro da qual a acção deve estar perfeita : v. g. que anu-
níiã por noite hajas «cubado.
DA GRÀMMATICA PORTUGUESA» I*$
Infinitivos Pessoáes são como os futuros dos Sub"
junctivos, Araar, Am arcs, & c . Defender, D e f e n d ^ * , See.
Applaud/r , Applaud/rctf , & c . Os do verbo P à r e deri-
vados são assim : Par eu , Pòres tu , Pòr elle , Pormos
n ó s , Pordes vós , Pòrem elles.
If*.
( 6 ) Dizemos : cxceptos Pedro e Francisco : excepto
eu : ío\ exceptuado deste numero ; ficou exceptuado o
e&cepto ( no Foro ) contra quem se ailegou excepção.
DA GRAMMATICA PORTUGUEZÀ. I JF
g. a Lei de Deos foi manifestada a todos pelo:
A p o s t o l o s : este principio de moral è claro
e manifesto : todas essas razões me forão ma
infestadas por vós inesmo , e já me erã<
manifestas pela minha reflexão., e por ou-
tras averiguações.
Matado de Matar ? dizem : a peste tem morto muita gen-
t e ; J o ã o foi
morto- na briga ; depois de ha-
ver morrido , ou ser morta muita gente. Mor-
rido participio não se diz : v . g. estou morrido ;
mas morto.
Molestado —Molestar Molestado participio usual , OU
molesto : v.-g. está molesto de ca-
ma : tem um braço molestado da
queda. " deste causa á molesta
rporte sua, ))
Occulta do —OcQultar Occulta.
Pagadj —Pagar Pagado , e Pago : as dividas estão
pagas : dos enganos de Amor t i o
pagado j satisfeito , contente : re-
munerado. husiada , 10.
Professado —Professar Professado: a Religião ChristS pro
fessáda em toda a Europa : caval-
Jeiro , frade professo : tem profes-
sado miíitos noviços , ativa , «
neutramente. ( 7 )
Quietado"—Quietar Quieto: Quedo é de Quedar, antiq
Salvado — S a l v a r Solvo, \
Seccado —Seccar Secco.
Se-
De S Pârt
A, . »P- - *
^solver A b s o l v i d o — i d o . Absolto de culpa'e pena :
é homem absoluto ; que não respeita supe-
rior. Abioluto, it. absolvido ( Freire ) : ÍIÍ-
W/o ( S o u z a ) .
Absorver Absorvido Renda , absorvido : a al-
ma ÍJAJO^ÍZ em Deus : absorto nas ondas :
absorto em contemplação.
Accender Accendido Acceso. os brados accendidos \
part. ( 6 ) '
• • " ' Agra- .
Sup. Part.
Abrir AbrUh Aberto : comrmimente dÍ7«rn
aberto no Supino. " tem-llit
aberto os olhos : por ter abertt
a «..uccessãojcontra ÍIB ordens,í
Abs-
DA GRAMMATICA PORTÜOUEZA. 15 F
Âbstrahir Abstraindo Abstracto. ' *
Affligir Afligido Afligido t Ajpicto: ' P 7 , 1
Cobndo
Coberto, e s e u s derivados; cp-
berto por Supino é usual,
Concluir Cohcluido Concluído. Concluso o ' f e i t o .
Confundir Confundido Confundido: Confuso estilo 5
idej/as confusas.
Contrahir Contraindo Contraindo ; v . g. dividas con-
^ trahidat: contracto por abrevia-
do.
> DitTundir Diftendido Difundido : v . g. Lttx.es difundi-
e
v." das : Difuso estilo,
Dirigir DinV/í/é» Dirigido : Directo por direi-
to ; v . g. ordem directa , oppose
ta a inversa ; por modo directo y
' indirecto.
Distinguir Distinguido D is tin cto : tem fc distinguido ; #
m«/ distincto o caso.
Dividir Dividido Dividido. Diviso, pouco usado,
frigir Erigido Erigido, C Erecto
Exhaurir Exhaurido E o c L 4 , e E c c i w , de for-
ças , de dinheiro : as dilações
estão exhauridaj y acabadai"; t.
forense.
Expellir Expellido Expulso.
Expremir Expremido Expresso.
Extinguir Extinguido Extincto.
Extrahir Extraindo Extraindo : certidão— ; j f e r * .
cif óleo ; os Extractos na Far-
inada ; oiro extraindo ; fazendas
. . extrahidas.
Dos V e r b o s Defectivos.