Bras.

il
revista
Número 18 • Outubro 2020

kasher
em israel
o que diz
a halachá

acordos Rabanei
de paz Tzohar
a europa Aproximando

não foi o mundo judaico

a revista dos brasileiros em israel

 Judaísmo
04 Kasher e não kasher segundo a
halachá
Alan Zilberman

Israel
08 Alon Shvut: uma colônia na
Judeia
Carla Hamoy
04 08
10 Uri Orbach: jornalista,
radialista, escritor e Ministro da
Knesset
Tamara Zins Nahon

13 Crise global do COVID-19:

oportunidade para Israel
acelerar a transformação dos
sistemas de saúde?
13 Beny Rubinstein

16 Irgun Rabanei Tzohar:

trabalhando incessantemente
para o povo judeu
Leonel Caraciki
24
18 Ser voluntário em Israel por
uma perspectiva pessoal
Lucia Barnea

18 20 Tshik Tshak

22 Quem é minha rua

24 A história do hino de Israel

Internacional
27 Criptojudeus de Belmonte
Denver Felix

30 A Europa não se fez presente

Marcos L Susskind

Brasil
32 Sionismo amazônico:
27 08 pioneirismo e herança
Iria Chocron

35 ALEF News, sobre Israel e o

mundo judaico, comemora 25
anos
Mauro Wainstock

Kehilot
36 Rehovot: cidade da Ciência e da
Cultura
Colaboração Francisco Kirchenchteyn

30

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DO EDITOR
O coronavírus chegou e trouxe com ele situações que, embora acon-
teçam no nosso dia a dia, chegaram de uma vez só. Tomaram de assalto
nossa tranquilidade e nos tiraram de nossa zona de conforto: doença,
morte, desemprego, liberdade para ir e vir, crise, dificuldades, soluções
e oportunidades.
A face mais visível (ou nem sempre tão visível como previsto),
estampada em nossa capa, é o lockdown, isolamento, “fica em casa”. O
que nem sempre é tão claro, ao contrário, extremamente obscuro é se,
como e quando venceremos este desafio.
A Revista Bras.il orgulha-se de estar enfrentando este desafio, tra-
zendo ao seu público em Israel, no Brasil e em todo o mundo, notícias
e informações úteis, atualizadas e gratuitas, como foi seu propósito Nossa capa
desde seu lançamento, procurando soluções criativas, buscando e ofe- Foto: Daniel Geller
recendo oportunidades de parcerias. Instagram @daniel_geller_photographer
Dezoito edições já são uma vida. Que venham mais dezoito e mais
dezoito... E que o ano novo judaico renove em todos a esperança, a
crença e a capacidade de descobrir e vencer na nova realidade, qual-
quer que seja ela. Editora
Colabore com a revista dos brasileiros em Israel, lendo, divulgando, Marcia Cherman Sasson
comentando, curtindo, elogiando, criticando, anunciando, compartilhan- marcia.sasson@gmail.com
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do esta ideia!
E, como sempre, boa leitura!
Administração
Daniel Sasson
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Revista Bras.il.

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 JUDAÍSMO
kASHER E NÃO KASHER
SEGUNDO A HALACHÁ
Por Alan Zilberman
Assistente Social
Especial para Bras.il
Nota de esclarecimento: o autor deste
texto não é rabino formado pelo
rabinato-chefe de Israel, portanto
por mais que artigo trate assuntos
de Halachá, ele não deve ser tomado
como base para tomar decisões
haláchicas. Em caso de dúvidas deve-se
aconselhar com um rabino. Este artigo
também não discute a ligação entre
estado e Halachá. Seu intuito é trazer
fatos tanto da lei de Israel como de
assuntos básicos da kashrut.
4 • Bras.il • www.bras-il.com
É
poca de pandemia. Infelizmente
muitas pessoas perderam seus em-
pregos e precisaram se reinventar
para poder continuar sustentando suas
famílias. Podemos acompanhar, nos di-
versos grupos da comunidade brasileira
em Israel nas redes sociais, várias pes-
soas que resolveram revelar seus dotes
culinários e começaram a vender comida
caseira. Como muitas pessoas cuidam
de kashrut, muitos foram questionados
sobre a kashrut dos alimentos vendidos
e, como não há em Israel um órgão regu-
lador que dê um atestado de kashrut para
comida feita em casa, a base daquele que
questionou está na resposta daquele que
prepara a comida. Será então que aquele
que segue as leis de kashrut pode confiar
na pessoa que vende comida em casa?
Para respondermos a esta pergunta
temos que entender como funciona o sis-
tema de kashrut em Israel e quais são as
principais leis da Torá referentes a kashrut.
É extremamente complicado resumir
um assunto tão complexo em apenas um
artigo. Dezenas, senão centenas, de livros
foram e ainda são escritos sobre as leis
de kashrut. A prova mais complexa para
adquirir a Smichá (diploma de rabino)
é a que se refere às leis de kashrut, co-
nhecida como Issur veHeter. Ainda assim,
tentarei fazer um breve resumo, em tópi-
cos, dos principais pontos que devemos
cuidar para o alimento ser kasher. Na
segunda parte deste artigo farei uma
breve explicação sobre como funciona o
sistema de kashrut em Israel e os dife-
rentes tipos de Hashgachot que existem.
Antes de tudo, para o alimento ser
considerado kasher ele tem que ser pro-
veniente de uma cozinha kasher. Existem
vários tópicos que tornam uma cozinha
kasher que vou resumir a seguir:
1. Separação carne e leite - de acordo
com a Halachá, para uma cozinha ser
considerada kasher deve haver uma
separação completa entre produtos
e utensílios de carne e leite no que
tange ao cozimento e preparação dos
alimentos. Fornos, panelas, talheres e
 demais utensílios devem ser designa-
dos separadamente para derivados de
carne e leite.
2. Mikve Kelim - de acordo com a Halachá,
todo utensílio de metal, vidro ou porce-
lana produzido por um não judeu deve
ser emergido em uma mikve de uten-
sílios antes de seu uso. A obrigação de
emergir os utensílios de acordo com
a maioria dos poskim (legisladores) é
da Torá com exceção dos utensílios de
porcelana que é derabanan (obrigação
dos sábios). Comer ou cozinhar em um
utensílio que não foi em uma mikve
torna o alimento não kasher.
3. Shabat - de acordo com a Halachá um
utensílio que foi usado no Shabat para
cozinhar, desrespeitando as leis do sha-
bat, perde sua kashrut e todo alimento
cozido nele passa a ser não kasher.
4. Produtos - para uma cozinha ser
considerada kasher, todos os pro-
dutos utilizados devem ser kasher.
Diferentemente da diáspora, aqui em
Israel uma vez que existem várias
leis que só são relevantes em solo
israelense, como teruma e maaser, é
obrigatório ter kashrut também em
produtos agrícolas (a não ser que a
pessoa saiba fazer o processo de se-
paração de maasrot em casa). Farinha
deve ser peneirada em uma peneira
extrafina, folhas e grãos e certos legu-
mes e verduras devem ser averiguados
antes do cozimento para verificar a
inexistência de tolaim (insetos).
Na segunda parte desse artigo, vou
tratar dos tipos de kashrut existentes em
produtos e estabelecimentos em Israel.
Em 1983 foi aprovada na Knesset a
“Chok Issur Honaa b’kashrut - lei que pro-
íbe a fraude na kashrut”. Esta lei estipula
que somente o rabinato oficial de Israel,
seja ele o rabinato-chefe ou o rabinato
das cidades podem dar teudat kashrut a
um estabelecimento. Um estabelecimento
que apresenta um certificado de kashrut
sem a autorização do rabinato-chefe ou
municipal está infringindo essa lei.
Dentre as leis de kashrut existem
várias situações que a Halachá difere
dentre um caso a priori a um caso em
retrospecto. Ou seja, situações em que a
princípio temos que seguir um rigor, mas
caso o rigor não tenha sido seguido em
retrospecto, o alimento ainda é conside-
rado kasher. Nas leis de kashrut encon-
tramos também várias leniências que a
própria Halachá considera kasher, mas
elogia aquele que segue o rigor, como por
exemplo consumir um leite produzido
por um não judeu.
O intuito do Rabinato de Israel é que
a grande maioria da população possa
comer kasher sem dificultar os donos dos
estabelecimentos. Para isso, o rabinato
criou níveis de kashrut.
Kashrut reguila - normal - essa kashrut
tem o nível mais baixo e garante que
o estabelecimento é kasher, mas não
segue todos os rigores da lei, tanto em
relação à preparação da comida quanto
à qualidade da kashrut dos produtos e
insumos. Os mashguichim (supervisores)
do rabinato vistoriam o estabelecimento
de forma esporádica usando o elemento
surpresa em sua visita para garantir que
o dono do estabelecimento não infrinja
as leis de kashrut.
Kashrut lamehadrin - esse nível de
kashrut obriga o dono do estabeleci-
Bras.il • bras.il.editor@gmail.com • 5

mento a seguir a risca os rigores da lei
sem abrir brecha a nenhuma leniência.
O mashguiach visita o estabelecimento
com uma maior frequência evitando que
ocorra algum desvio na cozinha.
Além do atestado da Rabanut exis-
tem vários órgãos rabínicos particulares
que atestam a kashrut do estabeleci-
mento (um segundo atestado fora o da
Rabanut). Estes órgãos são conhecidos
como Badat”z (Beit Din tzedek - tribunais
de justiça). Cada Badat”z tem os seus
critérios e rigores que muitas vezes
superam os rigores do rabinato-chefe.
Uma vez que os mashguichim devem
ter a chave do estabelecimento para
poder entrar a qualquer hora do dia,
não há como o rabinato dar atestado à
produção caseira. Fica então somente a
palavra do dono do pequeno negócio
para confiarmos se o alimento é kasher
ou não.
Sobre essa questão, muito foi es-
crito e discutido. A Halachá dá plena
confiança a uma pessoa (que segue as
leis da Torá) a testemunhar sobre sua
casa ser kasher. Portanto, caso alguém
seja convidado por um amigo ele pode
confiar na comida feita e comer sem
problema algum. Mesmo que ele saiba
que o dono da casa não cuida de todos
os rigores, ele pode confiar caso o amigo
ateste que tomou cuidados especiais em
honra à visita.
O problema surge quando a cozinha
caseira se torna um negócio, uma vez que
existe a suspeita de que a pessoa não vai
querer perder a venda. Nesse caso, o mais
aconselhável é que cada um se aconselhe
em particular com seu rabino.
Já no caso de um estabelecimento que
atesta que todos os produtos são kasher,
mas abre no Shabat, de acordo com a ha-
lachá, não é kasher uma vez que os uten-
sílios utilizados no Shabat para cozinhar
tornam a comida não kasher.
Enquanto escrevia esse artigo, recebe-
mos a notícia do falecimento de meu que-
rido avô Sr. Moshe Aharon Kiszenbaum
z”l. Meu avô sempre contava da época em
que chegou ao Brasil nos anos 30. Com
todas as dificuldades que tinham, meus
bisavós sempre mantiveram uma casa
kasher. Na época, não havia ainda açou-
gues kasher em São Paulo e o shochet
vinha à casa deles abater as galinhas
para que conseguissem comer de acordo
com a halachá. Que este artigo seja em
elevação de sua memória.

CEKSP - Centro Educacional Religioso Moysés David Laufer Z”L

Por Raphael Laufer Orlean
Gostaria de agradecer a oportuni-
dade de poder falar um pouco mais
de mim e da ONG pela qual eu sou
responsável. Para quem não me conhe-
ce, me chamo Raphael Laufer Orlean,
sou carioca do bairro da Tijuca, vim de
uma família não religiosa, estudei pou-
cos anos em colégio judaico. Se hoje
sou o que sou, tenho que agradecer a
D' us primeiramente, várias pessoas que
me apoiaram incluindo minha família e
uma extraordinária família do Rio de Janeiro que é a família
Guterman, a quem eu preciso agradecer imensamente e eter-
namente.
Atualmente trabalho como mashguiach (supervisor reli-
gioso) e aproveitando meu conhecimento, fundei uma insti-
tuição, que na verdade é uma ONG, chamada CEKSP - Centro
Educacional Religioso Moysés David Laufer Z"L. Essa ONG tem
por objetivo ajudar famílias que queiram ser kasher, mas não
têm recursos financeiros ou estão passando por dificuldades fi-
nanceiras para arcar com os custos do procedimento. Essa ONG
é única não apenas em São Paulo, mas no Brasil todo. O CEKSP
já está em quatro estados do Brasil, tendo chegado ao Rio de
Janeiro, Pará e Amazonas, em parceria com instituições locais.
Também chegou a Israel para atender famílias que possam
precisar de ajuda. O CEKSP tem apoio de Rabinos e institui-
ções que conhecem a importância e a
necessidade dessa ONG em atender os
membros da comunidade judaica.
Quais são as atividades do CEKSP?
Primeiramente, quem tiver interesse,
receberá orientações sobre as regras
da kashrut, como a separação de carne
e leite e como se deve fazer com os
utensílios de cada tipo; o que é e a
importância da micve; como verificar
grãos, folhas e tudo que precise de veri-
ficação; que tipos de utensílios podem ser kasherizados e como
se kasherizam. Após esse primeiro contato, quem estiver sendo
beneficiado e tiver interesse em prosseguir, sempre que possí-
vel, terá a cozinha kasherizada. Na festa de Pessach seguinte,
também terá a cozinha kasherizada e eu ficarei a disposição
para tentar solucionar qualquer dúvida que possa aparecer por
um ano (para todas as dúvidas que não conseguir responder,
procuro um rabino competente para me ajudar).
Buscamos crescer cada dia que passa para poder atender a
mais pessoas da comunidade. Eu digo que hoje só não é kasher
quem não quer porque já tem o CEKSP para ajudar a todos.
Se você, leitor, quiser saber mais sobre a ONG inclusive sa-
ber como ajudar para poder contribuir para nosso crescimento,
é só me procurar.
www.ceksp.com.br

6 • Bras.il • www.bras-il.com
 Estamos chegando
O CEKSP tem como finalidade orientar, auxiliar,
kasherizar, divulgar o kasher através de shiurim para
pessoas e famílias menos ortodoxas que estejam
passando por alguma dificuldade financeira.

Existe um fundo para cobrir os custos de quem desejar

ser beneficiado pelo ceKsp. Kasherizamos sua casa
duas vezes. A primeira vez quando estiver no início do
processo da tshuvá e a segunda no Pessach seguinte.

Estaremos à disposição para orientar e tirar dúvidas por

um ano, a partir do momento em que começamos as
explicações sobre as leis da kashrut.

A kashrut influencia o corpo e a alma

www.ceksp.com.br
11 97676 3387
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 israel
Alon Shvut
uma colônia nA JUDEIA
Q
Por Carla Hamoy uando me mudei para Alon Shvut,
meus pais não conseguiam nem
Residente de Alon Shvut
dizer o nome da cidade, e depois
Especial para Bras.il
que “descobriram” que é nos assentamen-
tos, não gostaram muito da ideia. Mas
só quando vieram para cá pela primeira
vez entenderam que não era bem o que
eles pensavam. Alon Shvut é uma cidade
pequena, calma, como se fosse um condo-
mínio de casas do Brasil.
Localizado nas colinas do norte da
Judeia, a cerca de 950 m acima do nível
do mar, Alon Shvut foi criado na década
de 70 como uma extensão de Kfar Etzion.
O assentamento foi criado em volta da
Yeshivat Hesder Har Etzion como um
centro comunitário e de serviços em
uma região predominantemente agrícola:
muitos dos alunos trabalhavam na terra
em Kfar Etzion e estudavam na Yeshivá.
Com o tempo a cidade foi crescendo
enquanto os alunos e professores da
Yeshivá resolviam fazer aqui a sua casa.
8 • Bras.il • www.bras-il.com
A Yeshivat Hesder Har Etzion é uma
instituição que, por acordo especial com o
governo, combina um programa de estudo
religioso de cinco anos com serviço do
exército. Os graduados da Yeshivá de Gush
Etzion representam uma grande percen-
tagem de combatentes nas unidades de
elite das Forças de Defesa de Israel.
Alon Shvut faz parte dos 22 assenta-
mentos que formam Gush Etzion. Alon
Shvut traduzido literalmente como “car-
valho do retorno”, é uma referência ao
retorno dos judeus expulsos de Gush
Etzion pela Legião Árabe da Jordânia em
1948, após o massacre de Kfar Etzion. O
carvalho, que fica ao lado da cidade, de
700 anos de idade era uma característica
central de Gush Etzion e ficou conheci-
do como “carvalho solitário”, pois era a
única árvore que se via por milhares de
quilômetros. Esse mesmo carvalho foi
incorporado no emblema municipal de
Gush Etzion.
 Segundo Bezalel Bar-Kochva, Alon
Shvut está localizado no local da Batalha
de Beth Zacarias, travada entre os
Macabeus e o exército selêucida após a
derrota dos selêucidas em Jerusalém. A
antiga cidade de Beit Zakariah, no norte
da Judeia, é identificada com as ruínas de
Khirbet Zachariah, a menos de um quilô-
metro ao norte de Alon Shvut.
Hoje a cidade conta com um pouco
mais de 700 famílias, cerca de 4500
pessoas, com 15 famílias de brasileiros,
sendo que mais da metade das famílias
moram na mesma rua, que apelidamos
carinhosamente de Conde do Bonfim de
Alon Shvut. Há somente dois bairros na
cidade, que apesar de terem nomes, todos
só conhecem como bairro velho (Givat
HaEtz) e bairro novo (Givat HaBracha) -
sim, eu tive que pesquisar no Google o
nome dos bairros.
Alon Shvut é classificada como uma
localidade judaica, o único assentamen-
to em Gush Etzion a ter esse status, é
religiosa Dati Leumi e conta com quatro
sinagogas (lembra da piada, numa ilha
com um judeu você encontra duas sina-
gogas?) e um mikvê para homens e um
para mulheres. O rabino da cidade é o
Rav Zev Weitman, que também é o rabino
que supervisiona, há mais de 20 anos, a
kashrut da fábrica de laticínios Tnuva.
Além dele o Rav Yosef Zvi Rimon, “posek”
Halacha aclamado internacionalmente, é
o rabino do bairro novo.
Minyanim em Alon Shvut é igual a
ônibus saindo da estação: um a cada 15
minutos. Há diversas aulas de Torá para
homens e mulheres. O seminário anual
de aprendizado de Tanach da faculdade
Herzog (que também fica dentro do as-
sentamento) é um evento de cinco dias
que atrai milhares de participantes de
todo o país. Em 2010, mais de 100 acadê-
micos importantes fizeram 150 palestras
e, em 2011, o seminário atraiu 5.000
participantes e ofereceu 200 palestras
em assuntos como arqueologia bíblica,
hermenêutica, linguística, poesia, história,
geografia, cabala e halachá.
A maior parte dos habitantes trabalha
em Jerusalém (que fica 15 minutos a
norte da cidade, de carro), mas muitos
trabalham também dentro do Gush: nos
kupat holim, lojas, yeshivá, faculdade e
escolas. Em Alon Shvut há um despropor-
cional número de pessoas que trabalham
com educação.
Dentro de Alon Shvut você encontra
o único banco de Gush Etzion (Banco
Mizrahi), um minimercado, uma pizza-
ria, um açougue, correio, biblioteca, dois
salões de festa, quadras de basquete,
futebol e tênis, uma clínica do Clalit e
uma do Meuhedet. Além disso, o Machon
Tzomet - instituto que une Halachá com
tecnologia - também tem sua sede aqui.
Para os jovens há dois movimentos juve-
nis: Bnei Akiva e Ariel.
Ao lado do bairro velho fica a “Giva
HaTzehuba”, onde se localizam os prédios
do conselho regional de Gush Etzion, o
Matnas (centro comunitário), a maioria das
escolas da região, uma piscina e academia.
E ao lado do bairro novo há um supermer-
cado Rami Levi, um mini-shopping (com
Fox, Zip, Café Greg, etc) e a vinícola de
Gush Etzion, com seus excelentes vinhos e
restaurante, que vale uma visita por si só.
Por fim, vale mencionar que Alon
Shvut é frio - uns 2 ou 3 graus menos
que Jerusalém. Mesmo no verão o clima
é seco e fresco, e no inverno é um frio
de rachar. Todo ano cai neve pelo menos
uma vez em Alon Shvut. Isso faz que
muitos dos meus amigos brasileiros não
gostem de me visitar durante o inverno.
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 israel
Uri Orbach: jornalista, radialista,
escritor e Ministro da Knesset
Por Tamara Zins Nahon
Formada em Biologia pela
Universidade Mackenzie
Especial para Bras.il
10 • Bras.il • www.bras-il.com
U
ri Shraga Orbach, filho de Pnina
e Aharon Orbach, nasceu e cres-
ceu em Petach Tikva. Estudou nas
Yeshivot Nahalim e Hesder de Kiryat
Shmona. Como a maioria dos israelenses,
se alistou no exército ao completar a
maioridade, em 1979, servindo no 75º
Batalhão da 7ª Brigada do Corpo de
Blindados. Ao encerrar seu período de
alistamento, passa a se dedicar em tempo
integral ao jornalismo, onde desenolveu
uma carreira de destque.
Orbach foi um dos fundadores e pri-
meiro editor do jornal infantil religio-
so “Otiot” (letras). Posteriormente foi
também editor da revista Bnei Akiva,
“Sementes” e da seção satírica “Pasik”
na década de 1980. O jornal “Nekuda”
também beneficiou-se de seu talento na
década de 90, quando Orbach foi convi-
dado a chefiar uma de suas seções. Ainda
em 1987, escreve um artigo neste mesmo
jornal, considerado bastante decisivo: a
fim de disseminar seu ponto de vista, que
acreditava em uma plena interação entre
o mundo laico e religioso, Uri Orbach
escreve o artigo “o Bom na mídia”, enco-
rajando mais jovens sionistas religiosos
a seguirem uma carreira na mídia e co-
municações.
O seu trabalho em jornais impres-
sos também conta com passagens pelos
Hadashot, Maariv e Yedioth Ahronoth,
neste último com uma coluna semanal
lidando principalmente com política e as-
suntos atuais no suplemento de Shabat.
Muitas vezes seus textos também fize-
ram-se presentes no Ynet, famoso portal
online sobre Israel e judaísmo.
Seu trabalho, entretanto, transcende
a mídia escrita. Foi um dos fundadores
da Rádio Kol Chai, atuando nesta até
um desentendimento com o gerente da
estação, que impediu a transmissão de
uma música com voz de mulher. Orbach
opta então por deixar a rádio. Em 1988,
começa a apresentar um programa na
Rádio do Exército, “Hamila Ha’ahrona” (A
Última Palavra), sendo co-apresentador
com Gidi Gov, Irit Linur, entre outros. Pelo
seu exímio trabalho como radialista, foi
condecorado com vários prêmios, incluin-
do o Prêmio do Comandante na Rádio do
Exército, e foi nomeado várias vezes para
o título de Homem do Ano do Rádio.
A influência de Orbach também atin-
giu a televisão. Ele tinha um segmento
regular no programa de televisão educa-
cional “Piyus Ba’am” e mais tarde foi um
convidado regular no programa “Sheva
V’Hetzi” do Canal 1. Posteriormente atuou
como responsável pela diversidade social
e multiculturalismo no Canal 2, “Reshet”.
Sua passagem pelo mundo televisivo
também inclui a fundação do canal de
televisão religioso “Tchelet”, onde atuou
como chefe de programação.
Como um homem da mídia, Orbach
apresentou uma linha de direita e se opôs
à transferência de territórios. Seus progra-
mas jornalísticos lidavam com críticas ao
sistema e à mídia, relações religioso-se-
culares e sátira política. Em seus artigos,
sempre se manteve a fiel a sua visão
judaico-religiosa-sionista, divergindo do
campo secular esquerdo por sua aliena-
ção de suas raízes judaicas e da sociedade
religiosa ultraortodoxa por se manter
excessivamente conservadora e, por vezes,
ausente dos assuntos de estado.
Entretanto, Uri Orbach não se dedicou
exclusivamente a sua carreira jornalís-
tica. Seu talento e esmero como escri-
tor infantil reverbera até os dias atuais,
quando encontramos seus livros ainda
em exibição nas livrarias. Em sua grossa
maioria, seus livros infantis tratam do
mundo da criança religiosa com uma
linguagem carinhosa e leve. Ele tam-
bém escreveu o grande sucesso chamado
“Meu avô era um rabino”, que é um dicio-
nário humorístico de termos da vida de
pessoas religiosas.
Sua lista de livros é extensa, incluindo
títulos que foram traduzidos para outras
línguas, como o “Once Upon a Time in
Jerusalem: Children’s Stories from the
Talmud & Aggada”, “Honi the Circle Maker
and Other Stories” e “Donkeys on the Roof
& Other Stories”. Seu livro “O que você
acha de sorvete? - Conceitos de judaísmo
para crianças e pais” foi traduzido para
o russo e, em um concurso realizado em
Moscou, ganhou o primeiro prêmio na
categoria de livros infantis sobre temas
religiosos. Orbach também foi home-
nageado pelos seus livros em sua terra
natal, através do Prêmio Zeev em 2000,
também tendo um de seus títulos se-
lecionado pelo Ministério da Educação
para a “Parada Nacional do Livro Infantil
de Israel” de 2010.
Em 2008, Orbach anuncia que estava
deixando sua carreira na mídia por uma
carreira política e se junta ao partido de
direita Bayit Yehudi, ocupando o terceiro
lugar em sua lista de 2008. Após eleito,
propôs vários projetos de lei, entre ele
a famosa lei que obriga a marcação dos
níveis de açucares em produtos alimen-
tícios (junto com Yaakov Katz). Orbach
também deu início ao projeto “Feel at
Home”, que visa abrir sinagogas a toda
Bras.il • bras.il.editor@gmail.com • 11
a população, a partir do desejo de pro-
mover o entendimento entre religiosos
e seculares.
Para as eleições de 2013, ele foi
colocado em sexto lugar na lista do
mesmo partido, mantendo sua cadeira
enquanto o Bayit Yehudi conquistou 12
assentos. Neste momento, foi nomeado
Ministro dos Assuntos dos Aposentados
e da Terceira Idade, assumindo o car-
go em 18 de março de 2013. Em de-
zembro, herda a responsabilidade sobre
a pasta de Administração da Função
Pública Nacional, que foi transferida do
Ministério da Economia para o ministério
sob sua responsabilidade.
Em 2012, Uri Orbach tem uma doença
hematológica degenerativa diagnostica-
da e, devido suas complicações, acaba
pedindo afastamento de suas responsa-
bilidades ministeriais no mês de Janeiro
de 2015. Após uma deterioração em seu
estado geral, acaba falecendo em 16 de
fevereiro do mesmo ano, com apenas 54
anos. Em seu enterro comparecem o pri-
meiro-ministro Benjamin Netanyahu e o
presidente Reuven Rivlin. Este último res-
saltou em sua eulogia que Orbach era um
amigo próximo e confiável e o chamou
de “Uri, o bom e modesto, o justo, o honra-
do”. Rivlin ainda acrescenta que não con-
seguiu encontrar palavras para expressar
a perda e elogiou o senso de humor e a
língua afiada do falecido ministro. “Nós
por tantos anos. Deixou esposa e quatro Além das homenagens citadas acima,
pensamos que você faria o anjo da morte
filhos, que seguiram morando em Modi’in. algumas escolas foram batizadas em
rir, ganhando a batalha no final”.
No aniversário de um ano de sua mor- seu nome. Em adição às instituições em
Naftali Bennett, chefe do partido de
te, o comandante do exército Yaron Dekel Mevaseret Zion e Belshem, o Colégio
Orbach, agradeceu-o “em nome das crian-
decidiu nomear o principal estúdio de Religioso de Kfar Ganim, em Petah
ças que você encantou com seus livros,
transmissão da estação em homenagem Tikvah, é também atualmente chamado
em nome dos pais que você fez rir com
a Orbach. Outras homenagens também Colégio Uri Orbach de ensino Religioso e
seu humor, em nome dos aposentados,
podem ser listadas: o Jardim de infância Criativo, e é justamente a instituição de
religiosos e secularistas que você aproxi-
de Uri no bairro de Ramat Elyashiv de ensino que meus filhos frequentam. Foi
mou como sua missão de vida”. Membros
Lod, uma praça chamada “Kikar Matkan precisamente assim que fui apresentada
da guarda do Knesset carregaram o cai-
Chalomot”, nome de um de seus livros, a esta biografia excepcional, ao auxiliar
xão em seu funeral, no cemitério de
foi inaugurada em Raanana e uma com- meu mais velho na terceira série, quando
Modi’in, e seu túmulo se encontra pró-
petição de yeshivá que foi realizada para juntos elaboramos um trabalho sobre
ximo aos túmulos dos três adolescentes
escrever contos também recebeu seu Uri Orbach a ser apresentado na escola.
sequestrados em 2014 (Naftali Frenkel,
nome. O Prêmio do Ministro da Educação Em seu website, a escola esclarece que
Gilad Shaer e Eyal Yifrah). No dia seguin-
para a Cultura Judaica foi nomeado em adotou o nome deste escritor, jornalista,
te à sua morte, quatro de seus amigos
sua homenagem em 2016 e em 2017, radialista e político, a fim de seguir seus
fizeram uma transmissão especial em sua
Mifal Hapayis decidiu homenageá-lo no exímios passos nos caminhos de sionis-
memória no programa de rádio “A Última
concurso de redação da Torá para o setor mo religioso e de ponte entre o ensino
Palavra”, onde Orbach foi apresentador
religioso nacional. laico e de Torá.

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 israel
Crise global do COVID-19
oportunidade para Israel acelerar a
transformação dos sistemas de saúde?
Por Beny Rubinstein
Beny.Rubinstein.WG01@
Wharton.UPenn.Edu
Engenheiro de Computação formado
pela PUC-RJ e Mestre em Finanças
e Planejamento Estratégico pela
Wharton School da University of
Pennsylvania. Atualmente reside
em Tel Aviv e atua em diversos
Conselhos Consultivos para startups
de Inteligência Artificial, Corporações
e Fundos de Investimento. Foi co-
fundador do Microsoft Azure (um dos
seis primeiros funcionários com a
missão de criar o modelo de negócios
para o Microsoft Cloud & AI com par-
ceiros globais e atua como Chairman
do “Future of Health Summit” em
Bratislava, Eslováquia.
Especial para Bras.il
I
srael e Emirados Árabes assinam acor-
do de cooperação estratégica na pes-
quisa relacionada ao COVID-19
Na edição número 15 (abril/2020),
falamos sobre a prova de fogo em que foi
colocado o ecossistema de inovação isra-
elense após cinco semanas de pandemia
- e de algumas estratégias para transfor-
marmos a adversidade decorrente desta
“nova realidade” em oportunidades.
Cinco meses depois, duas coisas estão
claras:
1. A pandemia chegou para ficar
(apesar de algumas esperanças de
termos uma vacina e/ou possível
solução ainda em 2020, a grande
maioria da comunidade científica
recomenda que nos preparemos
para pelo menos mais 9-12 meses
de “coexistência” com o COVID-19).
2. Emergiremos desta crise com novos
paradigmas (como disse o pensa-
dor Heráclito de Efeso, “Nenhum
homem pode banhar-se duas vezes
no mesmo rio... pois na segunda
vez o rio já não é o mesmo, nem tão
pouco o homem!”
Além de um número estimado de
quase 200 mil mortes apenas nos
Estados Unidos (no nível global estima-
se cerca de 1 milhão de mortes até o
momento), a pandemia global trouxe
várias outras consequências com impac-
to significativo em um curto período
de tempo para readaptação às “novas
normas”: crise econômica, escolas e ins-
talações públicas fechadas, aeroportos e
fronteiras fechadas em vários países do
mundo... Talvez os maiores receios que
a pandemia trouxe foram o impasse e
a incerteza. Governos e empresários em
todo o mundo precisam ponderar riscos
de saúde e impacto econômico - e a
maioria ainda não consegue vislumbrar
como reabrir a economia de forma rápida,
eficiente e economicamente viável.
Bras.il • bras.il.editor@gmail.com • 13
 Por mais que ainda que seja difícil ter
uma visão clara de como será 2021, algu-
mas tecnologias e mudanças geopolíticas
merecem atenção:
1. O acordo histórico assinado entre
Israel e os Emirados Árabes (países
que não possuíam relações diplo-
máticas), facilitado pelo presidente
dos Estados Unidos, Donald Trump,
em agosto, abriu as portas para
uma nova era de colaboração entre
Israel e a ala mais progressiva do
mundo árabe.
2. Enquanto ainda não temos uma
vacina para o COVID distribuída
globalmente - precisaremos de
vários fornecedores da vacina até
termos capacidade de distribuição
global já que as primeiras vacinas
serão priorizadas para profissionais
da área de saúde, trabalhadores
essenciais (polícia, militares, líderes
de governo) e segmentos da popu-
lação mais vulneráveis - estamos
evoluindo bastante em tecnologias
para a detecção mais rápida e eficaz
do COVID-19. Somente em Israel,
empresas como Deep Sensing
Algorithms, NanoScent, Scentech
Medical e Newsight Imaging estão
em estágios distintos de desenvol-
vimento de novas tecnologias de
detecção do COVID-19.
A empresa Tera Group, por exemplo
- originada no Instituto Weizmann (uma
das mais renomadas instituições de pes-
quisa em ciências naturais e exatas, loca-
lizada em Rehovot, Israel) - foi a primeira
empresa israelense a assinar um acordo
de colaboração estratégica na pesquisa
14 • Bras.il • www.bras-il.com
relacionada ao COVID-19 com a APEX
e, Abu Dhabi, Emirados Árabes. O grupo
- que já investiu mais de 100 milhões
de dólares em pesquisa e desenvolvi-
mento e possui dezenas de patentes
- foi a primeira empresa no mundo a
comercializar uma plataforma tecnológi-
ca baseada em Terahertz (um espectro de
frequência entre 300 e 3 mil GHz) que já
é aplicada em diversos setores, incluin-
do Agricultura & Alimentação, Energia,
Defesa, Farmacêutica e Equipamentos
Eletrônicos.
Após 17 anos trabalhando com corpo-
rações multibilionárias, em apenas cinco
meses e meio a empresa reaproveitou
sua tecnologia de ponta e reinventou
seu modelo de negócios para criar uma
divisão focada na Segurança Biológica
(ou “Biossegurança”). Utilizando-se de um
equipamento chamado TeraSystem - um
analisador de espectro portátil de alta
resolução capaz de detectar o gênero de
pintinhos dentro de um ovo (e que por-
tanto preveniu a execução de 7 bilhões
de galos após seu nascimento que eram
sufocados e macerados por não poderem
produzir ovos) - a empresa desenvolveu o
mais rápido, barato e eficiente analisador
de respiração usando ondas TeraHertz
- permitindo que pessoas e populações
possam retornar ao trabalho, viajar ou
simplesmente terem a confirmação de
que testaram negativo quanto ao COVID-
19. O procedimento não é invasivo, é
extremamente simples de operar e leva
apenas um minuto:
1. A pessoa sopra três vezes dentro
de um tubo plástico descartável
(TeraTube)
2. O tubo é escaneado pelo sistema
analisador de espectro e submetido
às ondas de TeraHertz
3. O resultado inicialmente aparecerá
na tela (futuramente, haverá outras
opções: abrir a porta ou portão
automaticamente, enviar SMS, ou
imprimir resultado).
O sistema já foi testado com êxito
em Israel e diversos países do mundo
- incluindo vários na América Central e
América do Sul - e será utilizado também
pelo governo israelense.
Em junho, tive a oportunidade de
entrevistar a cientista renomada Kira
Radinsky (minha ex-colega do Microsoft
Research) como parte do fórum global
de inovação e transformação do setor
de saúde, onde atuo como “Chairman”.
Autoridades de saúde israelenses estão
usando a plataforma de avaliação e
monitoramento de risco digital desen-
volvida pela startup Diagnostic Robotics,
com sede em Tel Aviv, como parte de
sua estratégia para ajudar a rastrear a
disseminação do coronavírus em Israel
e avaliar seu progresso em trazê-lo sob
controle. Os dados são então utilizados
pelo Ministério da Saúde para estabele-
cer diretrizes e emitir ordens restritivas. A
solução também foi oferecida a preço de
custo para países que lutam com a pan-
demia e gerou interesse de autoridades
dos Estados Unidos, Itália, Brasil, Áustria
e Holanda, entre outros, conforme nota
divulgada em abril.
Todas as tecnologias aqui menciona-
das utilizam-se de Inteligência Artificial
e Machine Learning (“aprendizado de
máquina”) - sistemas modelados para
análise em tempo real de grande volu-
mes de dados baseados em modelagens
feitas em geral por cientistas de dados, e
que se tornam cada vez melhores/mais
eficazes ao passar do tempo (“aprendem”
com mais dados).
Se levarmos essa “evolução” tecnoló-
gica um extremo - e pensarmos na “evo-
lução Darwiniana” - chegaremos à con-
clusão de que para que esses sistemas
se tornem cada vez mais “inteligentes”,
precisamos remover alguns obstáculos
para sua curva de aprendizado. Alguns
desses obstáculos são eletrônicos - por
exemplo, a chamada “lei de Moore” -
observada por Gordon E. Moore - afirmava
que o número de transistores dos chips
teria um aumento de 100%, pelo mesmo
custo, a cada período de 18 meses. Em
outubro de 2019, a Google declarou ter
alcançado a supremacia quântica, o que
pode multiplicar consideravelmente o
poder de processamento.
Porém hoje os reais fatores limitantes
em sistemas de Inteligência Artificial
são dois: dados e pessoas (ou talen-
to). Para aperfeiçoarmos sistemas de
AI/ML (“Artificial Intelligence/Machine
Learning”), se deixarmos de ser limitados
pela capacidade de processamento dos
nossos processadores, atingiremos um
limite de quantos cientistas de dados
experientes conseguiremos recrutar (e
pagar). Essa foi a motivação do Prof. Tal
Ronen-Botzer - Diretor do Programa de
Genômica e Informática Biomédica - uma
parceria do Universidade Bar-Ilan e do
Sheba Medical Center - ao iniciar sua ter-
ceira startup (ele é também co-fundador
da Sense Education, empresa no setor de
educação). No quarto trimestre do ano
passado, iniciamos nosso trabalho na
Evolution.inc - a primeira solução base-
ada em Inteligência Artificial que utiliza
algoritmos genéticos para automatizar e
otimizar a criação e manutenção de siste-
mas e aplicações de Inteligência Artificial
em diversos setores: jogos, e-Commerce,
agricultura... e adivinhem o quê? Saúde
e medicina! Mas isso fica para a próxima
edição...
“Muito tem sido escrito sobre o poten-
cial da IA de refletir o melhor e o pior
da humanidade. Por exemplo, vimos a IA
proporcionando conversação e conforto
aos solitários; também vimos a IA envol-
vida na discriminação racial. No entanto,
o maior dano que a IA provavelmente
pode causar aos indivíduos em curto
prazo é o deslocamento do trabalho,
já que a quantidade de trabalho que
podemos automatizar com IA é muito
maior do que antes. Como líderes, é res-
ponsabilidade de todos nós garantirmos
que estamos construindo um mundo em
que cada indivíduo tenha a oportunidade
de prosperar.” - Andrew Ng, cofundador e
líder do Google Brain.
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israel
Irgun Rabanei Tzohar
trabalhando incessantemente para o povo judeu
Por Leonel Caraciki
Diretor de Parcerias do Tzohar
Especial para Bras.il
16 • Bras.il • www.bras-il.com
E
m 1995, um grupo de jovens ra-
binos se reuniu para discutir a
sociedade israelense após o as-
sassinato do Primeiro-Ministro Yitzhak
Rabin. A sensação era de que havia um
problema sério na sociedade israelen-
se: uma divisão séria entra religiosos e
seculares em Israel que potencialmen-
te resultaria em uma crise social de
proporções inimagináveis. O diagnóstico
partiu do Rabino David Stav, então com
35 anos, egresso das Yeshivot Netiv Meir
e Mercaz HaRav, juntamente com seus
colegas Yuval Cherlow, Rafi Feuertein,
Elisha Aviner, Shai Piron e Tzachi Lehman,
todos treinados em instituições de elite
do mundo dati leumi.
O mundo da política foi imediatamen-
te descartado como solução. “Diálogo,
procurar o que nos faz israelenses em
conjunto” foi a solução encontrada pelo
grupo, me contou Rav Stav em uma de
nossas reuniões. A fórmula encontrada foi
algo inesperado: casamentos. A natureza
centralizada dos serviços religiosos em
Rabino David Stav
Israel infelizmente pode criar uma expe-
riência inflexível para muitos daqueles
que não são religiosos, mas que gosta-
riam de se casar de acordo com a halachá.
O israelense secular, que aprende
Tanach para seu exame de admissão na
faculdade e celebra os chaguim, ao se ca-
sar, depara-se com uma estrutura que não
lhe é familiar. O rabino que vai celebrar a
união do casal sequer pode ser escolhido,
deixando um momento tão especial a
ser celebrado por um funcionário público
que decorou o nome do casal. Para novos
imigrantes, acostumados com suas comu-
nidades em que os rabinos são parte da
vida judaica, é um choque.
Rav Stav entendeu imediatamente que
debaixo da chupá seria possível criar
laços, experiências e memórias que du-
rariam para sempre. As lições de como
criar e manter uma casa com as tradições
de Moshe v’Israel seriam pensadas para
cada casal, levando em consideração a
história de cada um. O rabino e os volun-
tários explicariam a lei judaica de manei-
ra didática, clara, sem ignorar as fontes e
as nuances de nossa tradição.
A ideia foi um sucesso. Mais de cem
mil casais se casaram em chupot do
Tzohar desde então, criando laços du-
radouros entre casais e seus rabinos. A
experiência positiva se expandiu para
outras áreas. Diversos casos esbarravam
em um problema sério da sociedade
israelense: imigrantes que não tinham
documentos para provar seu judaísmo.
Em sua vasta maioria, os judeus soviéti-
cos que vieram na onda de aliá dos anos
90 não tinham acesso a uma vida judaica
organizada. Diversos não tinham acesso
a um rabino e seus casamentos, mesmo
entre dois judeus haláchicos, não foram
registrados em uma ketubá. A sugestão
de conversão plena para indivíduos que
se viam como judeus é quase sempre vis-
ta como humilhante - estes acabam por
procurar um casamento não-reconhecido
no Chipre e até mesmo desistem de uma
identidade judaica.
“Uma conversão custa 50.000 shekel
aos cofres públicos, nossa verificação
de judaicidade somente três mil”, diz
o Rabino Stav. O projeto, hoje em dia
conhecido como Shorashim, envia inves-
tigadores para todos os continentes para
recuperar documentos perdidos. O foco
é na ex-União Soviética, mas parte das
investigações se dá na América Latina e
do Norte. O foco é o mesmo - não permitir
a nossa divisão como povo. São mais de
um milhão de cidadãos israelenses nesta
situação, dos quais mais de quarenta mil
já receberam os serviços de verificação
de judaicidade.
Em pontos polêmicos, entendemos
que não é necessário criar conflitos.
Tzohar não faz conversões. Em diversos
casos, cooperamos com rabinatos locais,
como o de Tel Aviv, para combater o declí-
nio de casamentos tradicionais na cidade.
Não existe espaço para uma revolução,
no sentido de demolir estruturas antigas
e criar novas. Isto geraria apenas mais
conflitos.
A ideia do Tzohar é simples: soluções
claras para aproximar o mundo judaico
com amor e respeito. Os chaguim, que
pontuam o ano e o ciclo de vida judai-
co, também ganharam a marca Tzohar.
Bastiões da vida secular em Israel, como
o Gymnasia Herzeliya e kibutzim que du-
rante anos jamais convidaram um rabino
para qualquer cerimônia. Tzohar criou
livros de reza com explicações dos rituais
em termos claros, em espaços convidati-
vos. Rosh Hashaná, Shavuot, Yom Kipur
- celebrados sempre com uma atitude de
respeito e compreensão com o próximo.
Neste ano, que esperávamos números
altíssimos de participantes, infelizmente
vimos nossos planos interrompidos pelo
COVID-19. A solução foi extremamente
rápida: para Pessach, um manual para
celebrar um seder especial com a famí-
lia. Em Shavuot, lições online antes do
chag e materiais educativos gratuitos,
que também serão enviados para Rosh
Hashaná e Yom Kipur para aqueles que
não se sentem plenamente à vontade
de rezarem em um minyan. Para Purim,
nossos voluntários entraram nos setores
hospitalares de internados com corona,
paramentados com roupas de isolamento
para lerem a meguilá.
Criar uma sociedade que não tem me-
do de se ver como judaica, que procura
em suas fontes a inspiração para sua vida
é o objetivo do Irgun Rabbanei Tzohar. O
rosto do Rabino Yuval Cherlow estampou
jornais do país e do exterior, com suas
curtas respostas sobre ética para pergun-
tas tais quais “É ético mandar meus filhos
para a escola durante a pandemia?” ou
mesmo “Não consigo mais trabalhar. Sou
médico e o regime de trabalho durante a
pandemia me afastou da minha família”.
É notório que um rabino seja visto como
um ponto de referência para questões
éticas de toda a sociedade israelense!
Como Diretor de Parcerias do Tzohar,
eu ouvi, contei e presenciei uma série
de histórias emocionantes. E gostaria de
estender meu convite à comunidade bra-
sileira em Israel para conhecer um pouco
de nosso amor por Am Yisrael.
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 israel
Ser voluntário em Israel
por uma perspectiva pessoal
S
Por Lucia Barnea etembro de 2020, Raanana, apre-
ensão frente ao segundo lockdown.
Antropóloga
Véspera de Rosh Hashaná, emoções
Especial para Bras.il
desencontradas: por um lado, a esperan-
ça e o otimismo com a aproximação do
ano novo judaico; por outro, a ansiedade
frente ao desconhecido e o receio pelo
déjà vu da onda anterior, do chacoalhar
renovado de uma rotina já enfraquecida
e instável, de famílias separadas em cáp-
sulas nucleares celebrando a festividade,
do setor de PMEs a se pulverizar, do café
e da quitanda da esquina fechados sem
aviso prévio, da cultura jogada à sarjeta,
do cancelar da programação esportiva,
projetos e investimentos seguros - pul-
verizados. Forte nostalgia por uma vida
pré-março, pré-segundo decênio do sécu-
lo XXI, quando corona significava para os
18 • Bras.il • www.bras-il.com
não iniciados pouco mais do que coroa
em espanhol, antes de nos habituarmos
a nos esconder atrás das máscaras que,
outrora, indicavam doença, e hoje simbo-
lizam proteção... Como sociedade, sobre-
vivemos ao primeiro confinamento, Israel
de certo se sobressaiu entre os países
que protegeram seus cidadãos e cuida-
ram da terceira idade em particular; a
economia nacional foi a principal vítima,
bem entendido, Todos Nós.
Seis meses se passaram, hoje sabemos
mais sobre o COVID-19, que para conter a
pandemia é primordial seguir um timing
preciso na execução de políticas públicas,
testemunhamos mundo afora como paí-
ses distintos lançam mão de estratégias
diferentes, optando por modelos que
variam tanto como os Estados Unidos,
o Brasil e a Suécia, ou a Áustria, a Suíça,
o Japão, a China e Israel. Entre outras,
a compreensão da variável cultural é
central para a análise do fenômeno do
combate ao coronavírus. Esse, porém, não
é nosso tema.
Segundo índices atualizados do
Ministério do Interior, a população isra-
elense tem hoje cerca de 9.150.000 ha-
bitantes. O Ministério da Justiça por sua
vez edita anualmente uma lista de todas
as organizações não governamentais e
sem fins lucrativos do Terceiro Setor, a
Guidestar Israel. Segundo seu website
(www.guidestar.org.il), em 2020 estão re-
gistradas 42.600 ONGs, das quais 36.000
são ativas. De certo modo, somos uma
startup nation de ONGs! Uma locomotiva
social praticamente, se não gerida, ao
menos movida por voluntários. A razão
de ser dessas organizações do chamado
Terceiro Setor é tão diversificada como a
própria sociedade israeli.
Há, imagino, um substrato comum a
todos os ativistas voluntários, qual seja,
certo inconformismo latente e o reco-
nhecimento tácito da incapacidade do
Governo de fazer face a todas as ne-
cessidades da população. Ser voluntário
significa tomar para si a responsabi-
lidade e a coautoria pela construção
de um mundo melhor, traduzindo, Tikun
Olam. Vislumbrar a brecha na criação do
Universo é aceitar o desafio da parceria e
obrar por uma sociedade e uma realidade
idealizadas. Se nos basearmos na pirâmi-
de do psicólogo clínico Abraham Maslow,
é preciso alcançar o quinto estágio mais
elevado de saciedade
das necessidades pes-
soais para se envolver
com projetos de realiza-
ção pessoal, como doar
de seu tempo e energia
para iniciativas que não
estão envolvidas direta-
mente com sua própria
subsistência. Trata-se
sem dúvida de uma do-
ação, de um compro-
misso social maior. Para
que isso ocorra, faz-se
necessário que o indi-
víduo se sinta ele mesmo rico e pleno
- é quase uma condição sine qua non, só
doa quem sabe que tem para doar. Todos
temos algo para oferecer, mas nem todos
reconhecemos nossas riquezas.
Voluntariar implica também reconhe-
cer sua humildade e carência como in-
divíduo. Significa multiplicar os recursos
disponíveis, acreditar em soluções win
-win, enfim, contribuir para a sustentabi-
lidade do planeta Terra.
Vejo no caráter e na ação do volun-
tariado algo inerente ao Judaísmo, cuja
origem se encontra atrelada ao conceito
de resiliência, ou hossen em hebraico.
Significa a habilidade de fazer face às
adversidades e seguir adiante, com um
quê de “levanta, sacude a poeira e dá a
volta por cima”, nas palavras do poeta.
Resiliência inclui ambos resistir, aguentar
firme, mas também improvisar e ousar
aplicar soluções inusitadas e não orto-
doxas aos desafios existentes. Segundo
Dickson e Baum (www.isresilience.com),
o sujeito resiliente é essencialmente al-
guém flexível, empático e pleno de sig-
nificado interior. Imbuídos desse espírito
resiliente, há mais de dois mil anos, nos-
sos ancestrais reinventaram seus desti-
nos e recriaram a vida comunitária judai-
ca nas novas diásporas que se formavam,
com a grande dispersão ocorrida após a
destruição do Segundo Grande Templo.
Assim remanejaram nossos antepassados
na sua maior parte ao longo do século
anterior, quando deixaram seus países
de origem e imigraram para o Brasil, on-
de criaram raízes e descendência. Assim
ocorre em nossa trajetória pessoal, como
novos imigrantes em Israel.
O voluntariado é encarado de forma
tão séria em Israel, que ele é ironica-
mente obrigatório para todos os alunos
do Ensino Médio. Há todo um racional
envolvido: o Ministério da Educação con-
diciona o direito ao diploma de bagrut
ao cumprimento de 120 horas de serviço
voluntário realizado ao longo de três
anos a ser selecionado em uma lista
de instituições credenciadas ao projeto,
que por sua vez devem ratificar as horas
lançadas, e que posteriormente serão
aprovadas pelo professor responsável.
Em paralelo, os conceitos de cooperação
social e empatia são desenvolvidos, seja
em Educação Cívica ou ainda na classe
de História do Povo Judeu.
Toda essa prática quase se liquefez
com a eclosão da primeira onda do
COVID-19 e a estratégia governamental
de confinamento da população em Israel.
Era preciso adequar a estratégia educa-
cional às novas circunstâncias. A palavra
de ordem foi adaptação e reajuste. A
partir desse momento, toda e qualquer
forma de empatia e prestação de serviço
voluntário foi validada, desde ligar para
o avô ou avó para saber como estão,
passear o pet dos vizinhos, ou ainda fazer
compras para indivíduos e famílias em
isolamento.
Em um movimento rápido e curioso,
busco dados sobre ONGs que se ajusta-
ram ao momento tão sui generis e pro-
põem soluções para a situação caótica
atual. Ao todo, são mais de 2.000 ONGs
em Israel que oferecem
serviços sociais para li-
dar com o coronavírus,
seja no auxílio emer-
gencial em momentos
de crise, no recruta-
mento de voluntários
ou ainda na assistência
diferenciada a médio e
longo prazo.
A isso denomina-
mos resiliência, talvez
Israeliência, às vésperas
de 5781.
Bras.il • bras.il.editor@gmail.com • 19
 3.
4.
1.
israel
Um vagão de trem que fazia parte do
1.
sistema ferroviário usado pelos nazistas
para transportar judeus para a morte nos
campos durante o Holocausto foi trazido
para o Museu da Casa do Testemunho no
Moshav Nir Galim, perto de Ashdod. O vagão chegou a Israel
em um navio que atracou no porto de Ashdod, e foi levado
para o pátio da Casa do Testemunho, onde será apresentado ao
público. Especificações coletadas por pesquisadores mostram
que este vagão foi construído na Tchecoslováquia em 1923,
foi levado para a Alemanha e fez parte da Reichsbahn - a em-
presa ferroviária na Alemanha nazista. O vagão foi usado para
transportar judeus de 1941 ao final de 1944, depois serviu
à companhia ferroviária na Alemanha Ocidental e até recen-
temente fazia parte do acervo do Museu Ferroviário em uma
pequena cidade na Alemanha. Segundo a diretora da Casa de
Testemunho, Rachel Rosenman, o vagão foi localizado neste
museu, que passou por dificuldades por causa da corona e foi
colocado à venda. “Depois de muito esforço, conseguimos tra-
zê-lo para Israel e hoje faz parte do Museu. Os trilhos do trem
em que ele foi colocado nos foram doados pela Israel Railways.
A sensação é de que ele chegou ao lugar certo”, conclui. “Todos
nós ficamos muito comovidos no fundo de nossas almas”, disse
20 • Bras.il • www.bras-il.com
5. 2.
Tshik
tshak
Rachel Rosenman, cujos pais Hannah e Eliezer Shimoni são
sobreviventes do Holocausto e co-fundadores de Nir Galim.
O filme Final Account, de Luke Holland,
2.
que estreou no Festival de Veneza, mos-
tra que a maior parte da população da
Alemanha sabia sobre o massacre de
judeus na Segunda Guerra Mundial. O
diretor britânico Luke Holland entrevistou cerca de 300 idosos
alemães e austríacos, muitos dos quais ex-membros da SS, para
filmar Final Account. Holland, que morreu de câncer em junho,
fez amizade com ex-nazistas por mais de uma década, persua-
dindo-os a falar sobre o que sabiam. Seu filme atraiu aplausos
entusiasmados da crítica. O Hollywood Reporter classificou o
documentário como “excepcional”, observando que essa pode
ser a última vez em que se ouvirão depoimentos de “partici-
pantes ativos nos horrores dos campos de concentração”. O
produtor Sam Pope disse que o impressionante trabalho de
Holland se deve ao fato de ele ter passado anos conquistando
a confiança dessas pessoas. Enquanto muitos lutavam com a
própria consciência, outros não se arrependeram, revelando or-
gulho de ter servido à SS, “na qual todos os homens podiam ser
100% confiáveis”, disse um dos entrevistados. Outros negaram
o Holocausto, embora admitissem abertamente que sabiam de
massacres. “Não culpe Hitler”, observou um homem. E acrescen-
tou: “A ideia estava correta, mas (os judeus) deveriam ter sido
expulsos do país, em vez de ser mortos.” Sam Pope lembrou que
entrevistas com não combatentes, principalmente mulheres,
refutam a ideia de que poucas pessoas comuns sabiam o que
estava acontecendo. Como se fosse frase de efeito, muitos afir-
maram que souberam depois da guerra. “No desenvolvimento
das entrevistas, essa probabilidade se mostra cada vez menor”,
observou o produtor. “Mesmo sem ter estado ali ou participado,
certamente você conhecia alguém que estava ou ouviu boatos.
Por exemplo, seu irmão, que era soldado, chegou em casa um
dia e lhe contou”. No filme, um homem diz: “Se 99 pessoas na
minha frente achassem que não havia problema em massacrar
judeus, eu também aceitava. O anormal se torna muito normal
sob tais circunstâncias.”
A Binah.ai criou um software que retorna
3.
à sensação de normalidade diária, mes-
mo antes da chegada da tão esperada
vacina COVID-19. A tecnologia da empre-
sa - que usa inteligência artificial - faz a
varredura da pele de uma pessoa para ler os sinais vitais iden-
tificados por epidemiologistas como associados a uma maior
probabilidade de infecção por COVID-19. O objetivo de Binah é
permitir que esse exame possa ser feito em casa, como pré-re-
quisito para fazer uma reserva para comer, voar ou participar
de um evento com muitas pessoas. Com o software, que pode
ser integrado ao site de uma companhia aérea ou aeroporto,
o rosto seria escaneado com a câmera de seu computador ou
dispositivo móvel para gerar uma avaliação no local e verificar
se está apto ou não a voar. A realidade é que Binah não testa o
COVID-19, mas monitora as alterações em cinco sinais vitais co-
muns em quase todas as infecções por coronavírus: frequência
cardíaca, saturação de oxigênio, frequência respiratória, nível
de estresse mental e variabilidade da frequência cardíaca. Todo
o processo, da varredura ao resultado, leva menos de um minu-
to. O tipo de processamento de sinal pode fornecer resultados
precisos de 80 a 99 por cento, de acordo com a empresa. Estes
são os sinais vitais que os médicos recomendam verificar antes
de uma internação hospitalar. Se os sinais vitais não parece-
rem normais, o sistema recomendará o teste para COVID-19. Se
novos tipos de testes produzirem resultados rápidos e precisos,
isso pode permitir que um viajante ou restaurante continue
com sua reserva ou passe rapidamente para a quarentena. O
software de Binah não substitui os controles de temperatura
cada vez mais comuns para detecção de COVID-19, prática que
já se mostrou de valor questionável em um relatório publi-
cado pela revista médica JAMA. Segundo o relatório, pode-se
tomar um antitérmico antes de ir para o aeroporto para baixar
a temperatura. A saturação de oxigênio ou a alta frequência
respiratória, por outro lado, não podem ser enganadas por um
remédio para baixar a febre, conclui o relatório.
JustKibbitz.com é um novo site de na-
4.
moro que permite que os pais sejam
casamenteiros. Como afirma o slogan
da empresa, o site existe para “ajudar
alguém que você ama a encontrar al-
guém que eles vão amar.” As mães judias costumam pensar que
sabem melhor quando se trata de quem seus filhos adultos de-
veriam namorar. Agora elas têm a chance de provar isso. O novo
aplicativo judaico de namoro permite que as mães configurem
perfis para seus filhos e filhas e encontrem possíveis pares pa-
ra eles. Primeiro as mães se conectam e, se ambas pensam que
os filhos gostariam um do outro, marcam um primeiro encontro
para eles. “‘Sem pressão. Apenas kibbitz’, é a nossa marca”, disse
Kaplan, o fundador do JustKibbitz (em iídiche, “kibbitz” pode
significar ter uma conversa leve). Kaplan disse que teve a ideia
em 2013, enquanto visitava sua família no sul da Flórida. Ele
descobriu que sua mãe havia criado um perfil “falso” para seu
irmão no Jdate. As mulheres responderam, e a mãe de Kaplan
interagiu com elas. “Achei a ideia muito engraçada. E então
eu soube que outras mães e tias estavam fazendo isso”, disse
Kaplan. Sem dúvida, as mães judias levam a sério o desejo de
que seus filhos encontrem uma esposa judia, adequada e amo-
rosa. Mas JustKibbitz está focado em ajudar os jovens adultos a
dar o primeiro passo para conhecer um parceiro em potencial.
Atualmente, JustKibbitz concentra-se nos mercados dos EUA,
Canadá, Reino Unido e Israel. No início, os perfis terão apenas
informações básicas, como região geográfica, idade, orientação
sexual e nível de observância religiosa. Futuras interações do
aplicativo solicitarão mais detalhes, dependendo do feedback
dos usuários. Muitas mães usuárias não escondem o fato de
que anseiam por netos judeus e que seus filhos possam trans-
mitir os valores fundamentais do judaísmo.
A israelense OrCam Technologies lançou
5.
o OrCamRead, um equipamento portátil
e leve com uma câmera inteligente que
lê textos sem falhas em qualquer super-
fície impressa ou tela digital. Fundada
em 2010 por Amnon Shashua e Ziv Aviram, que também são
cofundadores da Mobileye, líder do sistema de prevenção de
colisões para direção autônoma, a OrCam Read tem tudo para
ser confundido com uma versão pequena dos sabres de luz
celebrizados por algumas sagas de ficção científica, mas é, na
verdade, um ajudante de leitura que foi desenhado para pesso-
as com visão subnormal leve, fadiga de leitura e dificuldades
de leitura, incluindo a dislexia e para qualquer pessoa que faça
a leitura de grandes quantidades de texto. Equipado com dois
feixes de laser que devem ser apontados para o texto a ser lido,
o dispositivo distingue-se por fazer uma leitura automática em
diferentes suportes - e em português, além de poder ler em
“voz alta” os textos escolhidos. O dispositivo criado pela marca
Orcam Technologies tem a capacidade de se conectar a fones
para não incomodar quem está à volta.
Bras.il • bras.il.editor@gmail.com • 21

S
eria cômico se não fosse trágico. Uma rua em Tel Aviv tem
o nome de Mazeh que em hebraico quer dizer “o que é
isso”. Seria engraçado se este não fosse o sobrenome de
um rabino russo que teve uma importante participação na vida
Yaakov Mazeh
(1859-1924)
Nasceu em Mogilev e muito jovem
perdeu o pai. Foi criado por seu avô que
lhe deu uma rígida educação judaica e
também fez com que cursasse Direito na
Universidade de Moscou. Mazeh se tor-
nou uma figura proeminente nos assun-
tos comunitários judaicos. Era conhecido
por ser um estudioso competente da lei
e tradição judaica. Foi um líder sionista e,
em 1879, fez sua estreia literária no jor-
nal hebraico Ha-Melits. Em 1882, ele se
juntou ao movimento pré-sionista Hibat
Tsiyon e foi o fundador da sociedade
Bene Tsiyon em Moscou.
Em 1893, Mazeh foi nomeado rabino
de Moscou, depois que a comunidade
judaica foi dizimada pela expulsão de
1891. Ele trabalhou duro para reconstruir
as instituições locais e, por causa de seu
conhecimento judaico, tornou-se o rabino
da congregação. Um excelente orador, ele
ganhou fama nacional quando apareceu
em 1913 para a defesa no julgamento de
Mendel Beilis, acusado de um assassinato
ritual, refutando a acusação de que os
judeus precisavam de sangue humano
em seus rituais.
22 • Bras.il • www.bras-il.com
israel
Quem é
minha rua
Do Editor
de outra pessoa que também nomeia uma rua em Israel. Talvez
o responsável da prefeitura que confeccionou a placa tenha
somente querido abreviar o nome do rabino Yaakov Mazeh.
Menahem Mendel no jubileu tricentenário do reinado dos
Beilis (1874-1934) Romanov. Beilis se recusou a sair da prisão
e respondeu: “Esse manifesto será para os
Nasceu em uma família hassídica, mas
katorzhniks, não para mim. Não preciso
era indiferente à religião e trabalha-
de manifesto, preciso de um julgamento
va regularmente aos sábados. Pai de
justo.” “Se você for ordenado a ser libera-
cinco filhos, Beilis era superintendente
do, você terá que ir”, disse o militar. “Não,
na fábrica de tijolos Zaitsev em Kiev.
mesmo que você abra as portas da prisão
Em março de 1911, Andrei Yushchinsky,
e me ameace com tiro, não irei embora.
de 13 anos, desapareceu a caminho da
Não irei sem um julgamento”. Falsamente
escola. Oito dias depois, seu corpo foi des-
acusado do crime, Mendel Beilis foi inter-
coberto perto da fábrica de tijolos Zaitsev.
nacionalmente reconhecido como repre-
Beilis foi preso em 21 de julho de 1911,
sentante de toda a nação judaica, tanto
depois que um acendedor de lâmpadas
por seus defensores quanto por seus
testemunhou que o menino havia sido
detratores. Quando foi levado a julgamen-
sequestrado por um judeu. Um relatório
to em 1913, os líderes de todos os setores
apresentado ao czar pelo judiciário consi-
da comunidade judaica uniram forças com
derava Beilis o assassino de Yushchinsky.
representantes da intelectualidade liberal
Beilis passou mais de dois anos na
russa para organizar a defesa. Mas para
prisão aguardando julgamento. Enquanto
que Beilis fosse julgado, a alegação de
isso, uma campanha antissemita foi lan-
assassinato ritual teria que ser abordada,
çada na imprensa russa contra a comu-
e as acusações contra o movimento has-
nidade judaica, com denúncias de assas-
sídico precisariam ser desmentidas. Esta
sinato ritual. Na verdade, a promotoria
importante tarefa coube ao Rabino Mazeh.
alegou que o assassinato ritual era pra-
Em 4 de novembro de 1913, o Rabino
ticado rotineiramente por membros do
Mazeh foi testemunhar. Ele discorreu
movimento hassídico.
extensivamente sobre atitude judaica
Quando Beilis já estava na prisão há
para com os não-judeus, a obrigação
mais de um ano, uma delegação chefiada
haláchica de obedecer à lei do país
por um militar foi até sua cela e informou
e a exortação talmúdica fundamental:
que ele logo seria libertado devido a um
“O que é odioso para você, não faça ao
manifesto perdoando todos os katorzh-
seu amigo.” Depois disso, Rabi Mazeh
niks (condenados a trabalhos forçados)
 Yaakov Mazeh Menahem Beilis
começou uma descrição detalhada do
estabelecimento e disseminação do
movimento hassídico na Europa Oriental.
Após o julgamento, a apresentação do
Rabino Mazeh foi publicada no jornal
Ha-Tzefirah. Durante o período de pré-
julgamento, a investigação foi conduzida
por Nikolay Krasovsky, investigador do
Departamento de Polícia de Kiev. Por se
recusar a participar de uma falsificação
do caso, foi demitido, mas continuou sua
investigação em particular e finalmen-
te chegou aos verdadeiros assassinos
de Yushchinsky: criminosos profissionais
cujos filhos eram amigos de Yushchinsky.
Em maio de 1912, relatórios foram
publicados nos jornais de Kiev. Krasovsky
foi preso sob a acusação de abuso oficial,
mas absolvido por um tribunal.
O julgamento de Beilis começou em
Kiev em setembro de 1913. Beilis tinha
um álibi forte que resultava de seu hábito
de trabalhar no sábado. Yushchinsky foi
sequestrado em uma manhã de sába-
do, e Beilis estava então trabalhando,
como confirmado por seus funcionários
não-judeus. A promotoria foi forçada a
argumentar que Beilis poderia ter esca-
pado por alguns minutos, sequestrado
Yushchinsky e, depois, voltado ao trabalho.
Uma testemunha de acusação, apre-
sentada como um especialista religioso
Oscar Gruzenberg
em rituais judaicos, era um padre católi- Oscar Gruzenberg
co, Justinas Pranaitis de Tashkent, conhe-
(1866-1940)
cido por seu viés antissemita. Pranaitis
Também tem ligação com o caso
testemunhou que o assassinato do meni-
Beilis. Ele fazia parte do grupo de cinco
no era um ritual religioso, associando o
dos mais famosos advogados liberais da
caso ao libelo de sangue. A credibilidade
Rússia que se uniram em sua defesa e era
de Pranaitis rapidamente evaporou quan-
o único judeu da equipe.
do a defesa demonstrou sua ignorância
Anos depois do julgamento, Gruzenberg
de alguns conceitos e definições sim-
escreveu que a defesa de Beilis não era
ples do Talmud, a ponto de a plateia rir
simplesmente uma questão judaica, mas
pela maneira confusa como respondia ao
que dizia respeito a toda a Rússia.
advogado de defesa.
Gruzenberg nasceu em uma família de
O Rabi Yaakov Mazeh fez um longo e
um comerciante judeu em Yekaterinoslav
detalhado discurso citando passagens da
em 1866. Seu pai morreu quando ele era
Torá, o Talmud e muitos outros livros para
criança, deixando a família na pobreza.
desmistificar o testemunho dos “espe-
Depois de se formar em um ginásio em
cialistas” trazido pela acusação. Ao final,
Kiev, Gruzenberg entrou na Universidade
o acendedor de lâmpadas, que acusou
de Kiev para estudar jurisprudência. Ele
Beilis, confessou que fora confundido pela
fez seu nome defendendo trabalhado-
polícia secreta e o júri absolveu Beilis.
res em greve e membros de partidos
Após sua absolvição, Beilis se tornou
revolucionários. Saiu da Rússia após a
um enorme herói e celebridade. Ele e
Revolução de Outubro e emigrou para
a família deixaram a Rússia para uma
Berlim. Em 1926, ele se mudou para
fazenda comprada pelo Barão Rothschild
Riga, na Letônia, onde foi eleito para
na Palestina, então uma província do
representar a comunidade judaica letã na
Império Otomano.
Agência Judaica para Israel. Em 1932, ele
Em 1921 ele se estabeleceu nos
se mudou para Nice, na França, onde viveu
EUA, onde morreu em julho de 1934
até sua morte em 1940. Gruzenberg ano-
e está enterrado no cemitério Mount
tou em seu testamento o desejo de ser
Carmel, local de sepultamento de Sholem
enterrado em Israel. Seu corpo foi enter-
Aleichem. Seu funeral foi assistido por
rado no Cemitério Trumpeldor em Tel Aviv.
mais de 4.000 pessoas.
Bras.il • bras.il.editor@gmail.com • 23
 israel
A história do
hino de Israel
C
Do Editor omo o único manuscrito sobrevi-
vente do texto original do HaTikva
Fontes: Aish.com, Revista Morasha, Iton
chegou a Israel? Composto por
Gadol
Naftali Herz Imber (1856-1909), um ver-
dadeiro aventureiro de seu tempo, o
poema que dá letra ao hino nacional tem
uma história muito particular.
Embora muitos locais em Israel reivin-
diquem o privilégio de ter sido o lugar
onde Imber escreveu o poema que mais
tarde se tornaria a música nacional - entre
elas Gedera, Yesud HaMa’ala e Rishon
LeZion -, aparentemente a história do texto
nasceu na cidade de Iasi, no leste da
Romênia, perto da fronteira com a Moldávia.
De acordo com um artigo recente do
blog da Biblioteca Nacional de Israel
(BNI), Imber começou a escrever o poema
em Iasi, tomando a música alemã “Der
Deutsche Rhein” como inspiração e a
completou em 1884 em Jerusalém. Imber
havia chegado lá dois anos antes para
24 • Bras.il • www.bras-il.com
Foto: Daniel Geller
trabalhar como secretário do diplomata
inglês de origem sul-africana Sir
Lawrence Oliphant, escritor britânico, jor-
nalista e deputado que o contratou para
esse papel devido ao seu amplo conheci-
mento da língua hebraica.
Durante sua permanência na Palestina
sob o domínio otomano, o poeta viveu
com Oliphant e sua esposa Alice, em suas
residências em Haifa e Daliyat el-Carmel,
ambos no norte de Israel.
Imber nasceu em 1856 em Zolochiv, na
Ucrânia, então parte do Império Austro-
Húngaro, em uma família chassídica es-
tritamente ortodoxa. Foi considerado ilui
(um prodígio infantil) no Talmude e na
Cabala e começou a escrever poesia aos
10 anos. Alguns anos mais tarde ganhou
um prêmio do imperador Franz Joseph.
Ele deixou o shtetl aos 20 anos e vi-
veu vagando pelo Império Austro-
Húngaro por alguns anos. Suas primeiras
viagens o levaram, por exemplo, à
Romênia, Hungria e Sérvia.
Foi em Jerusalém, em 1886, que Imber
publicou seu primeiro livro de poemas
em hebraico, “Barkai” ou “Morning Star”.
Incluído nesse volume estava “Tikvateinu”
(Nossa Esperança), um poema com nove
estrofes, originalmente escrito em Iasi e
que mais tarde se tornaria HaTikva.
Aqueles que conheceram Imber na-
queles anos relataram que ele visitou as
colônias judaicas com seus poemas e os
lia em todos os lugares, e talvez seja por
isso que alguns consideram que ele foi
escrito em uma daquelas primeiras colô-
nias judaicas, embora pesquisas históri-
cas indiquem que ele foi escrito vários
anos antes, na Romênia. O certo é que foi
cantado pela primeira vez em Eretz Israel,
onde também foram feitas várias modifi-
cações no texto, algumas das quais foram
aprovadas pelo próprio autor.
Foi nessa época que seu poema come-
çou a se tornar famoso entre os pioneiros
sionistas que vieram para construir o
país. Um grupo deles, moradores da então
cidade agrícola de Rishon
LeZion, o adotou como
uma canção de protesto
contra as condições im-
postas pelos delegados do
filantropo sionista francês
Edmond Rothschild, dono
das colônias.
A música ganhou vida
própria e o texto acabou
sendo abreviado até se
Naftali Herz Imber
tornar o poema atual que é cantado no
contemporâneo HaTikva. Após várias revi- veu as palavras originais das duas pri-
ravoltas musicais, em 1886 ou 1888 (se- meiras estrofes de sua música, que se
gundo fontes diferentes), surgiu a melo- tornariam o hino nacional, em um papel
dia definitiva, composta por outro fazen- do hospital.
deiro, Samuel Cohen. Finalmente, em 1936, Robinson-
Em 1887, o poeta retornou à Europa, Murphy enviou o manuscrito, o único do
para residir em Londres, de onde viajou gênero no mundo até onde sabemos, pa-
para a Índia e depois se estabelecer nos ra lembrança eterna na Biblioteca
Estados Unidos. Nacional de Israel, em Jerusalém.
Durante o último ano de sua vida, A autoria da música é bem controver-
Imber foi internado em um hospital ju- sa, segundo alguns, é inspirada por uma
daico em Nova York, onde conheceu uma canção folclórica romena; segundo ou-
jovem cantora: Jeanette Robinson- tros, em uma melodia italiana do século
Murphy. A pedido da cantora, Imber escre- XVII, usada no poema sinfônico “Vltava”
Bras.il • bras.il.editor@gmail.com • 25
(“The Vltava”), pertencente à obra “Má
vlast” (“My Homeland”), do compositor
tcheco Bedřich Smetana. Outros dizem
que os acordes da música têm semelhan-
ças estruturais com “La Mantovana. Mas
seja qual for a inspiração a música foi
adaptada por Samuel Cohen, agricultor
de Rishon LeZion, imigrante da Moldávia
e orquestrado em 1897 pelo compositor
Paul Ben-Chaim.
Sua mensagem de esperança no rápi-
do restabelecimento de um estado judeu
a identificou totalmente com o incipiente
Movimento Sionista, já com o nome
HaTikva, que foi cantado pelos delegados
no final do Quinto Congresso Sionista e,
a partir desse momento, começou a ser
cantado a cada atividade sionista, sendo
oficialmente designada como o hino do
Movimento Sionista em 1933, no 18º
Congresso Sionista realizado na cidade
de Praga.
Durante o mandato britânico, as auto-
ridades proibiram a execução da música
por breves períodos, devido à mensagem
que suas letras transmitiam.
No final da cerimônia no Museu de Tel
Aviv, em que David Ben Gurion leu a de-
claração da Independência do Estado de
Israel, o HaTikva foi executado pela or-
questra filarmônica da cidade e sus letra-
foi cantada por todos os participantes,
tornando-se de fato o hino do nascente
Estado judeu.
Imber deixou Eretz Israel e morou em
Londres antes de ir para os Estados
Unidos, onde se casou com uma mulher
protestante (que supostamente se con-
verteu), percorreu o país e finalmente se
estabeleceu em Nova York, onde conti-
nuou a escrever poesia.
Apesar dos esforços significativos da
comunidade judaica local para ajudá-lo,
ele morreu de alcoolismo na miséria. No
Enquanto no fundo do coração
Palpitar uma alma judaica
E em direção ao Oriente
O olhar voltar-se a Sião
Nossa esperança ainda não está perdida
Esperança de dois mil anos
De ser um povo livre em nossa terra
A terra de Sião e Jerusalém
26 • Bras.il • www.bras-il.com
entanto, quando seus restos mortais foram
transportados para o enterro em Long
Island, as ruas estavam cheias de pessoas
cantando “HaTikva”. Em 1953 seus restos
mortais foram levados para Jerusalém pa-
ra serem enterrados em Har HaMenuchot.
A esperança
Em sua versão atual, HaTikva incorpo-
ra apenas a primeira estrofe do poema
original. As estrofes restantes se concen-
tram no estabelecimento de uma nação
israelense soberana, uma esperança cum-
prida com a fundação do Estado de Israel.
Esta combinação única é mágica.
Hatikva foi cantado pelos judeus em tem-
pos de horror e alegria e, de acordo com
relatos de alguns sobreviventes da Shoa,
também foram cantado durante o estágio
mais sombrio da história do povo judeu.
Em 1944, os judeus tchecos cantaram
espontaneamente na entrada da câmara
de gás de Auschwitz-Birkenau e, confor-
me relatado por um membro do
Sonderkommando, foram espancados pe-
los guardas da SS.
Em uma gravação da BBC (20 de abril
de 1945), sobreviventes judeus dos
Bergen-Belsen cantaram HaTikva, cinco
dias após a libertação.
Quando o Estado de Israel foi estabe-
lecido em 1948, HaTikva foi oficialmente
proclamado o hino nacional. Muitos anos
depois, em 2004, o Knesset (Parlamento
de Israel) alterou a lei sobre emblemas
nacionais e a oficializou como o hino do
Estado de Israel.
Questões religiosas sobre HaTikva
Bem como o próprio Israel, houve dife-
renças de opinião em relação à letra.
Alguns judeus observadores sentem que
o hino carece de referências judaicas es-
pecíficas sem a menção de Deus ou da
Kol od balevav p’nimah
Nefesh Yehudi homiyah
Ulfa’atey mizrach kadimah
Ayin l’tzion tzofiyah
Od lo avdah tikvatenu
Hatikvah bat shnot alpayim
L’hiyot am chofshi b’artzenu
Eretz Tzion v’Yerushalayim
Torá e mudaram a palavra “chofshi” (livre,
aludindo a um judeu não religioso livre
de mitzvot) com a palavra “kodshi” (san-
to), lendo a frase: “Ser uma nação santa”,
referindo-se ao versículo em Êxodo
19:10: “Você será para mim um reino de
sacerdotes e uma nação santa”.
O rabino Abraham Isaac Kook se opôs
ao aspecto secular da HaTikva e escreveu
um hino alternativo chamado HaEmuna
(“A Fé”). No entanto, Rav Kook não se opôs
ao canto de HaTikva e o endossou, pois
tinha grande respeito pelos judeus secu-
lares, indicando que mesmo em seu tra-
balho era possível ver um nível de ke-
dushá (santidade).
Hatikva, a esperança perdura
Apesar da controvérsia, a letra e a me-
lodia têm o poder de falar com a alma
humana, de recontar nossos sonhos, nos-
sos anseios e nossa determinação.
“Nossa esperança ainda não está per-
dida ... Ser uma nação livre em nossa
própria terra.”
‫כל עוד בלבב פנימה‬
‫נפש יהודי הומיה‬
‫ולפאתי מזרח קדימה‬
‫עין לציון צופיה‬
‫עוד לא אבדה תקותנו‬
‫התקוה בת שנות אלפים‬
‫להיות עם חופשי בארצנו‬
‫ארץ ציון וירושלים‬
 Internacional
Criptojudeus de
Belmonte
E
Por Denver Felix screver sobre o conselho de Bel-
monte, Portugal, é realmente um
Um judeu de alma, de Braga, Portugal
desafio, pois a riqueza de informa-
Especial para Bras.il ções é inigualável.
Belmonte é uma vila portuguesa do
Fontes:
distrito de Castelo Branco, na provín-
Roteiro do Conselho - Belmonte, por
cia da Beira Baixa, região do Centro e
Cristina Nogueira
sub-região das Beiras e Serra da Estrela,
Os Últimos Criptojudeus em Portugal por
com cerca de 3.500 habitantes. É sede
David Augusto Canelo
de município com 118,76 km² de área e
Belmonte. Inquisição, Criptojudaísmo,
7.000 habitantes aproximadamente, sub-
Marranismo, por António Bento
dividido em quatro freguesias. O municí-
pio é limitado a norte pelo município da
Guarda, a leste pelo Sabugal, a sudoeste
pelo Fundão e a oeste pela Covilhã.
A história de Belmonte está relacio-
nada à história da família Cabral e dos
judeus. Foi terra natal de Pedro Álvares
Cabral, o navegador que em 1500 coman-
dou a segunda armada à Índia conforme a
história relata o descobrimento do Brasil.
Desde o final do século XIII os judeus
tiveram alguma importância na vila de
Belmonte. A presença judaica na região
tem referência documental por uma lápi-
de com inscrição em hebraico, “E Adonai
(D’us) está no Seu templo sagrado / emu-
dece perante Ele toda a Terra”, com data
de 1297, sendo encontrada no início do
século XX em uma capela da Vila. Samuel
Schwarz atribuiu a data de 5057 da era
hebraica que corresponde ao ano de 1297
na era cristã. Esta referência nos diz muita
coisa, pois podemos afirmar que já existia
uma comunidade judaica em Belmonte.
Após a conversão forçada e a inquisi-
ção estabelecida aos judeus de Belmonte,
passaram à prática do judaísmo em se-
gredo, sendo denominados de criptoju-
deus, tendo muitos sido penitenciados
pela Inquisição. Apesar de toda a perse-
guição, os judeus de Belmonte continua-
ram no seu segredo e puderem manter
suas tradições criptojudaicas até os dias
de hoje com as devidas marcas do tempo.
Bras.il • bras.il.editor@gmail.com • 27
 Alguns questionam como os cripto-
judeus conseguiram se manter na Vila
de Belmonte por tanto tempo. Uma das
explicações pode estar justamente na
forma em que a atividade inquisitorial
exerceu mais violentamente a sua ação
nas grandes cidades do que nas vilas
do interior de Portugal. A vigilância e
perseguição aos judeus eram maiores
nas cidades portuárias, enquanto que as
regiões mais montanhosas do interior do
país dificultavam esse acesso e controle
dos judeus nessas áreas, o que de certa
forma nos leva a pensar na possibilida-
28 • Bras.il • www.bras-il.com
de de se manter o criptojudaismo em
relação aos grandes centros, conforme
historiadores e pesquisadores.
Mesmo com a luta e perseverança em
se manter o judaísmo em sua essência,
fica notório que sempre existiu a perda
do contato com o judaísmo normativo,
deixando marcas até os dias de hoje em
suas práticas e estilo de vida.
Os relatos tristes desses momentos
tão macabros enfrentados pelos judeus
de Belmonte e restante de Portugal po-
dem ser testificados através dos inú-
meros documentos localizados na Torre
do Tombo (unidade orgânica nuclear da
Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e
das Bibliotecas que se constitui como ar-
quivo central do Estado Português desde
a Idade Média, tendo os seus primeiros
Guardas-Mores sido, também, Cronistas-
Mores do Reino. Com mais de 600 anos,
é uma das mais antigas instituições por-
tuguesas ainda ativas), onde se encon-
tram diversos processos inquisitoriais de
naturais e moradores do Conselho de
Belmonte nos séculos XVI, XVII e XVIII.
Esses fatos deixam claro e reforçam que
sempre houve judeus em Belmonte e que
a atual comunidade não descende ape-
nas do casal Maria Caetana e João Diogo
Henriques que se instalaram no referido
Conselho de Belmonte em 1782.
As ricas informações abaixo cons-
tam do livro “Belmonte. Inquisição,
Criptojudaísmo, Marranismo” de António
Bento (Editora LabCom.IFP em parceria
com Câmara Municipal de Belmonte;
EMPDS - Empresa Municipal de Promoção
e Desenvolvimento Social do Concelho
de Belmonte, Direção José António
Domingues) que está disponível em for-
mato pdf no endereço: (https://labcom-i-
fp.ubi.pt/livro/309):
A guarda dos sábados como se fossem
dias santos, sem trabalhar, varrendo
a casa, fazendo a cama, vestindo rou-
pa lavada, cozinhando e acendendo as
candeias às sextas-feiras, é a cerimónia
que faz o pleno nos séculos XVI, XVII e
XVIII. Também era aquela que se tornava
mais visível para os cristãos-velhos e,
em consequência, a mais denunciada.
O jejum do Dia Grande, ou Iom Kipur,
também se celebrou constantemente
durante os três séculos. Seguem-se o
padre-nosso, rezado sem dizer Jesus e a
privação de carne de porco, lebre, coelho
e peixe sem escamas, a que muitas vezes
se acrescentavam o sangue, as gorduras,
as peles e os nervos da carne e as aves
afogadas.
Embora tenha havido uma cristã-nova
no século XVI que sabia muitas orações
judaicas, foi no século XVIII que se
registou o maior número de réus e de
orações. Seguramente que não surgiram
de geração espontânea. A progressi-
va mobilidade dos cristãos-novos bel-
montenses, sobretudo nas terras beirãs,
proporcionou um maior conhecimento
dos preceitos judaicos. Da mesma for-
ma, pode entender que a religiosidade
acompanhou esse conhecimento e che-
gamos a meados do século XVIII com
uma comunidade criptojudaica mais in-
formada em Belmonte, situação que terá
contribuído decisivamente para a sua
sobrevivência até ao século XX e a sua
revitalização desse século até à atual
Comunidade Judaica de Belmonte.
Nos dias de hoje, a Comunidade Judaica
de Belmonte, constituída em 1988, tem
Rabino para as cerimônias principais e a
Nova Sinagoga, inaugurada em 1996.
Existem pontos turísticos interessan-
tes em Belmonte e que vale a pena conhe-
cer, entre eles: Museu do Descobrimento,
Museu judaico de Belmonte, Sinagoga de
Belmonte, entre outros.
Ao visitar a cidade de Belmonte, ti-
ve a grata oportunidade de conhecer o
Rabino Avraham Elbaz Franco (brasilei-
ro/israelense), rabino da comunidade de
Belmonte na época e que mostrou a mim
e a minha família, bem como a diversas
pessoas a essência do judaísmo e suas
verdades, não medindo esforços em nos
ensinar a Torá e abrindo sempre o seu
coração para nos acolher. Com disponibili-
dade e dedicação conduziu a Comunidade
Judaica de Belmonte, não medindo esfor-
ços para manter viva a alma judaica nessa
vila com tantas histórias ainda ocultas
e que, atualmente, persevera para que
Portugal possa reacender a verdadeira
essência do judaísmo.
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 Internacional
A Europa não
se fez presente
O
Por Marcos L Susskind mundo assiste, neste momento,
à ousada mudança de rumos em
Guia de turismo formado pelo
direção à paz. Depois de déca-
Ministério do Turismo de Israel.
das de mortes, assassinatos, destruição,
Apaixonado pelo Sionismo
bombardeios e terror eis que se abre
uma fresta para a paz. A luz imensa da
paz que se anuncia parece cegar mentes
escuras. E a Europa, em conjunto, é uma
das grandes cegas. Não um país europeu,
não cinco - todos eles com uma e uma só
exceção: a Hungria.
Antes de descrever a atitude euro-
peia, quero transcrever palavra por pa-
lavra o pronunciamento do Embaixador
Mohamad Aklouk, representante pales-
tino junto à Liga Árabe, ao ver rejeitada
a petição palestina de condenação aos
Emirados Árabes por normalizarem as
relações com Israel:
30 • Bras.il • www.bras-il.com
“Com todo o orgulho, a Palestina exi-
gia uma decisão dos Ministros do Exterior
dos Países Árabes que rejeite e condene
a normalização dos Emirados, evite o de-
clínio e preserve o legado da Liga Árabe.
Porém a Palestina não conseguiu impor
esta resolução e, portanto o rascunho de
resolução desabou. Mas nós temos a dig-
nidade, temos os mártires, os prisioneiros
e os gloriosos campos de refugiados e isto
nos basta”. Ressalto que o grifo é meu.
Se você reler o que ele disse verá que
ao invés de mudança de rumo em direção
à paz, a liderança palestina ressalta o
martírio e a condição permanente de re-
fugiados, encoraja o terrorismo e rejeita
a paz em troca de um Estado Palestino.
Pois bem, na terça feira, 15/09/2020,
os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein e
Israel assinaram a normalização de suas
relações, investimentos mútuos, troca de
embaixadores, cooperação nas áreas de
medicina, tecnologia, turismo, meio am-
biente e outras. A Palestina se recusa a
aceitar e pediu à Europa que não endosse
este normalização. E a Europa, de joelhos
frente ao terror, aceitou o pedido (ou o
ultimato?) e não estiveram presentes.
A Europa, que tanto preza a paz, en-
dossa a posição anti-paz. Enquanto isso
o Omã, o Sudão, o Marrocos e a Arábia
Saudita analisam e esperam dar o mesmo
passo, aliás, já dado pelo Chade em 2019.
A grande Europa da Paz estará ausen-
te. A Bélgica que usou trabalho forçado
de negros no Congo, punindo com am-
putação dos braços a quem não atingisse
as cotas de colheitas de borracha, não
enviará seus piedosos representantes.
A Santa Itália que dominou com violên-
cia sem fim a Eritreia, Líbia, Somália e
Etiópia tampouco enviou seus santos re-
presentantes. A França, da Liberté, Egalité,
Fraternité que escravizou os haitianos,
trucidou e matou 1.000.000 de argelinos,
dizimou os habitantes de Madagascar
não veio pois a paz no Oriente Médio
só se os piedosos palestinos do Hamas,
Jihad Islâmica, Fatah, FPLP e outros “ter-
roristas pacifistas” endossarem os ter-
mos dos acordos. A sempre fleugmática
Inglaterra também esteve ausente. Claro,
seus líderes talvez não se lembrem de
seus “bondosos atos” como o massa-
cre dos Boer, os assassinatos em massa
na Índia (Amristar) os 10.000.000 de
desalojados na separação entre Índia
e Paquistão ou os 100.000 mortos na
Revolta Mau-Mau entre outros atos de
generosidade humana. A Espanha que tão
inocentemente matou, mutilou, expulsou
e queimou os judeus durante a inqui-
sição, a mesma Espanha que dizimou
os índios na América e que santificou
o Terror Branco com estupros, assassi-
natos, execuções há menos de 80 anos
também esteve ausente. A Alemanha que
iniciou as duas Guerras Mundiais com
20.000.000 de mortos na primeira e
75.000.000 na segunda, tampouco esteve
lá. A inocente Áustria, pátria de Hitler e
sua primeira aliada, não esteve lá bem
como estiveram ausentes a Romênia de
Vlad o Empalador, a Rússia com seus
incontáveis crimes na Letônia, Geórgia,
Lituânia, Polônia, Tchecoslováquia. A pací-
fica Sérvia que tinha a norma de estuprar
as mulheres da Bósnia e de matar islâ-
micos também optou por não ir. Portugal,
que escravizou, explorou e destruiu a
dignidade em Moçambique e Angola, que
explorou Macau, arrasou o Ceilão tam-
bém se absteve.
A lista poderia seguir, mas já há nú-
meros e nomes suficientes. Todos estes
“amantes da paz” se ausentaram por-
que estão convencidos que Israel não é
suficientemente flexível frente aos pa-
lestinos. Afinal, é em nome da paz que
palestinos pacifistas raptam Israelenses,
cometem assassinatos, explodem ônibus
e salões de festa, esfaqueiam crianças
de cinco anos e mulheres de 83, seques-
tram aviões, mataram atletas Israelenses
na Olimpíada de Munique, jogaram 23
crianças vivas do 4º andar de uma escola,
mataram uma senhora no sétimo mês de
gravidez, seu filho de quatro anos e feri-
ram gravemente a filha de cinco. O único
A luz imensa da
paz que se anuncia
parece cegar
mentes escuras
(...) A Europa, que
tanto preza a paz,
endossa a posição
anti-paz.
sobrevivente em Maalot foi um bebê de
16 meses, surdo-mudo. Como ele não
chorou, não foi encontrado! Sim, estes
amantes da paz jogam seus caminhões
e jipes sobre civis em pontos de ônibus,
escondem armas de fogo na mochila
escolar de seus filhos ou entre as fraldas
de seus bebês. A estes, a sagrada, pacífica
e piedosa Europa presta solidariedade,
condenando os Emirados Árabes e o
Bahrein. Provavelmente também boicota-
rão os demais que se encontram a poucos
passos de tomar a mesma decisão: Omã,
Sudão, Marrocos, Arábia Saudita.
A Europa sepulta sua moral e caminha
a passos largos para se transformar em
mais um imenso protetorado islâmico.
Sepultada a moral, gradativamente, ca-
vam a sepultura de suas tradições nacio-
nais e religiosas. Quem viver verá!
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Brasil
Sionismo amazônico:
pioneirismo e herança
Por Iria Chocron
Professora de história
Especial para Bras.il
32 • Bras.il • www.bras-il.com
David José Perez
A
extraordinária história do sio-
nismo teve a sua força iniciada
no século XIX, surgindo nas co-
munidades judaicas da Europa, podendo
assumir um caráter tanto religioso quanto
político. A ideia principal era a possível
formação de um estado nacional que
pudesse garantir morada para os judeus
na Palestina. O principal responsável para
que essa grandiosa união acontecesse foi
o jornalista húngaro Theodor Herzl, que,
ao lançar a sua obra “O Estado Judeu” (Der
Judenstaat), ativou uma força antissemita
no continente europeu, fazendo-o perce-
ber que os judeus só encontrariam a paz
se tivessem um “estado próprio”, fortale-
cendo o antigo desejo de retorno à “Terra
Prometida” de Davi e Salomão.
Toda essa ideia foi sendo espalhada
ao redor do mundo, através de cor-
respondentes e famílias que estavam,
concomitantemente, realizando proces-
sos migratórios das regiões onde algum
tipo de ameaça aos costumes religiosos
Major Eliezer Levy
dos judeus faziam-se presentes. Com as
ideias e projetos de Theodor Herzl sendo
espalhadas e utilizadas para a criação
de diversos movimentos sionistas ao
redor do mundo, não seria diferente no
Brasil, pois por volta de 1808, iniciou a
imigração dos judeus marroquinos, que
se instalaram na região amazônica em
busca de ouro, borracha e outros tipos de
comércios locais.
Os judeus sefaraditas que foram se
instalando na região norte, movidos
sempre por boas condições de traba-
lho e também pela liberdade religiosa,
começaram a ter contato com líderes
do movimento idealizado por Herzl na
Europa, sendo assim que Moysés Cohen,
juntamente com outros judeus que tam-
bém apoiavam a ideia e estavam vivendo
na região norte do país, fundou uma
sociedade sionista chamada Ohabe Sion.
Max Nordau, cofundador da Organização
Sionista Mundial, recebia todas as infor-
mações, através dos correspondentes, so-
bre o andamento do sionismo que estava
sendo instaurado no Brasil.
Toda a trajetória de firmamento que
o movimento teve no país, sempre foi
motivo de muito orgulho para os judeus.
A constante luta por seguirem esse ideal
em meio às diversas dificuldades que
eles passaram durante as tentativas de
instalação de um estado soberano, prati-
camente, no meio da Floresta Amazônica,
pode ser considerada um grande ato de
heroísmo. Todos os envolvidos merecem 1 - Carro alegórico “Salve Palestina Livre”, festejando a 2 - “O Estado Judeu”, tradução
todo o respeito pela força que tiveram, Declaração Balfour. Belém-PA de David José Perez
destacando-se três nomes que servirão
como força representativa de todo o sio-
nismo amazônico: Moysés Cohen, David
José Perez e Major Eliezer Levy.

Moysés Cohen
Por mais que o Brasil fosse conside-
rado um país que respeitava a liberdade
religiosa, alguns acontecimentos que en-
volviam resistências às crenças e costu-
mes dos judeus, como ameaças e alguns
tipos de perseguições, fizeram com que o
sionismo fosse ganhando força no país.
Moysés Cohen teve um papel fundamen-
tal na troca de informação entre as ideias
que estavam sendo praticadas nos países
da Europa e o início do movimento no
Brasil. O seu papel em manter a corres-
pondência com Max Nordau, tendo liga-
ção direta com um dos fundadores da im-
prensa judaica no Brasil, David José Perez,
foi peça útil para que tanto a sociedade
Ohabe Sion fosse criada quanto para a
disseminação do sionismo. Este servia
como forma de proteção para as famílias
que mantinham algum tipo de medo
interno, seja carregado por um histórico
trágico ou por pequenos atos que faziam
com que a insegurança tomasse conta
das emoções. A importância de Moysés
Cohen está marcada para sempre, tanto
na região do rio Madeira, quanto em
outros locais onde o sionismo pôde ser
visto como uma promessa e esperança,
para que o coração dos judeus pudesse
alcançar uma certa paz.
David José Perez
David José Perez, juntamente com
Major Eliezer Levy, foi um dos pioneiros
3 - Major Eliezer Moyses Levy
Fotos 1, 3 e 4 do acervo de Sérgio Simon, presidente do Museu Judaico de São Paulo.
da imprensa judaica da região norte e do
Brasil, e do grupo sionista Ohabe Sion.
Todo o seu pioneirismo pode ser enten-
dido por sua história, que tem como base
sua família de imigrantes da África do
Norte e seu estabelecimento no estado
do Pará, também em busca de boas con-
dições de trabalho e liberdade religiosa.
David Perez nasceu na cidade de
Breves no dia 1° de março de 1883,
sendo este o local onde passou toda a
sua infância. Mas, em 1895, iniciou seus
estudos na cidade marroquina de Tânger,
tendo contato direto com o ambiente
do qual a maioria dos judeus da região
amazônica vieram. Talvez tenha sido esse
contato tão próximo que tenha feito com
que ele despertasse todo o seu interesse
e sensibilidade em apoiar o sionismo.
Voltou para o Brasil, em 1900, e desde
então a sua inteligência e determinação
fizeram com que ele participasse de di-
versas fundações importantes, como da
Confederação do Professorado Brasileiro
e da Escola Maguen David, a primeira
entidade judaica do Rio de Janeiro. A sua
4 - Túmulo do Major Eliezer Moyses Levy
mente visionária e seu caráter humanista
faziam com que a sua preocupação fosse,
amplamente, voltada para a comunidade
judaica.
Com essa visão sobre os direitos dos
judeus e seguindo a linha sionista, fun-
dou, juntamente com Álvaro de Castilho,
o primeiro jornal judeu impresso em
língua portuguesa no Brasil, cujo o nome
era “A Columma”. A ideia principal era
estimular a união entre os judeus, para
que a comunidade continuasse seguindo
de forma organizada, sem perder a es-
sência dos costumes e da religião, como
podemos ver em um trecho retirado da
primeira publicação do jornal.
“Defender os interesses dos israelitas
no Brasil sob todos os pontos de vista.
(...) Não é fantasia afirmar que no nosso
país, excetuada a classe culta, não se
faz ideia exata a que seja o judeu (...). É
verdadeiramente assombroso, fantástico
o que a respeito do judaísmo e do seu
passado temos lido em vários jornais (...).
Defendendo o judaísmo e a raça judaica
no que têm de melhor, não temos em vis-

Bras.il • bras.il.editor@gmail.com • 33
ta ofender nem atacar crenças alheias. A
todas rendemos respeito. (...) Queremos a
confraternização das crenças e das raças.”
Todo esse trabalho foi importantís-
simo para o reconhecimento do povo
judeu na região e no país, mostrando
a verdadeira beleza e magnitude que
eles tinham. Toda a orientação sionista
que estava presente no jornal aconteceu
devido aos estudos e à dedicação de
Davi Perez, que teve carinho e cuidado
diante das orientações que recebia de
Max Nordau, trazendo para o Brasil os en-
sinamentos e padrões estabelecidos na
Europa, servindo de exemplo aos judeus
que viviam em terras brasileiras.
Percebendo a importância do sionismo
para a comunidade, os fundadores, em
1917, reservaram quase todas as páginas
para explicar e mostrar a grande impor-
tância que o movimento teria para a po-
pulação judaica. Toda essa coragem e luta
pela comunicação direta visando à união se em 1900, na cidade de Cametá, mas a sua habilidade em disseminar as ideias
e exposição dos fatos, muitas vezes dis- sua residência fixa foi Belém, onde teve sionistas fez com que ele publicasse
torcidos pela sociedade da época, fez de os seus 13 filhos. diversas matérias no jornal Kol Israel.
David José Perez um importante colabora- Desde a infância, o Major demons- Muitas delas, infelizmente, foram perdi-
dor e disseminador do sionismo e da rica trava sua inteligência, dedicação e amor das, mas alguns trechos encontrados por
cultura judaica de que fazia parte. Faleceu pelos estudos judaicos, sempre apoiando familiares podem comprovar a grande
em 1971, porém, o seu legado ainda pode a comunidade, e sendo considerado um importância revolucionária que o Major
ser sentido na região onde viveu, servindo líder local. A Guarda Nacional também fez teve para o movimento sionista do Brasil.
de influência para o restante do país. parte do seu currículo profissional, sendo Major Eliezer Levy faleceu em 1946,
por esse motivo que muitos o chamavam antes de ver o Estado de Israel ser criado.
Major Eliezer Levy de Major, mesmo tendo chegado ao posto Porém, a sua obra e a sua energia incan-
Major Eliezer Levy também merece to- de coronel. O seu ideário sionista, intro- sável, ainda estão presentes dentro do
do o reconhecimento e afeto por ter sido duzido precocemente, fez com que desse coração dos judeus, que agradecem forte-
pioneiro nas publicações e nas iniciativas um importante apoio do então chanceler mente todo o seu empenho e cuidado na
sionistas no Brasil. Sua peculiaridade his- Oswaldo Aranha, que visava à partilha da propagação de um ideal extraordinário
tórica deve-se ao fato de conseguir toda Palestina, levando à independência de para a comunidade judaica.
essa divulgação em um período onde a Israel em 1948, e tornando-o um marco
comunicação era precária, mostrando que histórico para a comunidade. Considerações finais
para o bem da comunidade, não existia Apesar de ter tido alguma ligação Estes três ativistas do sionismo ama-
barreiras. política com o governo de Magalhães zônico representam a luta e a determina-
De acordo com os registros, Major Barata, sendo eleito por três mandatos ção que os judeus tiveram ao enfrentar
Eliezer Levy nasceu em Gurupá, no ano para a prefeitura de Macapá, o seu co- os diversos obstáculos que o contexto
de 1877. Porém, a família relata que o ração estava sempre ligado ao ideário da época apresentava. Toda a força mo-
local do seu nascimento pode ter sido al- sionista. Prova disso foram os diversos tora, que tinha o intuito de alcançar um
terado para acomodar algumas questões escritos publicados, que deixavam evi- objetivo sionista, difundir as reais carac-
políticas da época, sendo o local real a dente sua admiração e devoção pelas terísticas do povo judeu e fortalecer as
cidade de Casablanca. A sua família tinha ideias desenvolvidas por Theodor Herzl, comunidades, ainda perdura até os dias
um comércio local na cidade de Gurupá, bem como o apoio aos diversos movi- atuais, servindo de base para que novos
cidade em que permaneceu até o seu Bar mentos e lideranças sionistas que sur- movimentos possam surgir, visando sem-
Mitzvá, mudando-se para Belém para que giam na época. Foi fundador do Comitê pre à preservação da identidade judaica.
seus estudos fossem aprimorados. Casou- Ahabat Sion, em novembro de 1918, e a

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 Brasil

ALEF News, sobre Israel e o mundo

judaico, comemora 25 anos
Por Mauro Wainstock
Fundador e CEO do ALEF News

Especial para Bras.il

S
eis horas da manhã do dia 06 de setembro de 1995. A an-
siedade era incontrolável, mas o telefone fixo finalmente
tocou. Era a gráfica informando: o primeiro exemplar do
ALEF estava pronto, 15 mil jornais impressos produzidos e um
sonho concretizado.
ALEF: a primeira letra do alfabeto hebraico. O início. De um
árduo, porém gratificante desafio que, ao longo de 25 anos, vi-
venciamos com muita intensidade, esforço e determinação. Um
projeto criado para enaltecer Israel e o mundo judaico.
Sem conflitos, ideologias ou políticas; recheado de notícias
sobre inovação, empreendedorismo, ciência, cultura, história, tec-
nologia, solidariedade e tudo o que o país oferece de melhor para
a humanidade.
Inovamos desde a primeira edição: disponibilizamos o jornal
de forma sempre gratuita (inicialmente pelo correio e depois
virtualmente); fomos pioneiros ao lançarmos a newsletter online
e nosso conteúdo sempre foi diferenciado: uma agenda positi-
va, com as “últimas de primeira”; um calendário completo dos
eventos comunitários; os aniversariantes do mês (antes mesmo
das redes sociais) e a concorrida coluna “Ti-Ti-Ti”, que fortalece o
orgulho de ser judeu.
Tivemos a oportunidade de realizar entrevistas exclusivas, pro-
fundas reportagens e de conversar com algumas das principais
lideranças judaicas, como Shimon Peres e Benjamin Netanyahu,
além de inúmeras personalidades mundiais.
Credibilidade, profissionalismo e humanização sempre foi o
nosso tripé. De acordo com manifestação expressa da ONU, somos
“fonte de referência séria para veículos nacionais e internacio-
nais”. Entre os muitos veículos que frequentemente reproduzem • à incrível equipe de profissionais e colaboradores espalha-
reportagens publicadas no ALEF está o francês Le Monde. dos pelo Brasil e pelo exterior;
Foram muitas homenagens: “Prêmio Adolpho Bloch”, “Medalha • aos anunciantes, que desde o primeiro momento confiaram
Barbosa Lima Sobrinho”, “Medalha Tiradentes”, “Medalha Pedro em nosso trabalho e perceberam a importância e a abran-
Ernesto”, “Medalha Albert Sabin”, “Homem de ação, Homem de va- gência do projeto,
lor”, entre outras condecorações em Educação, Direitos Humanos • e aos leitores do mundo inteiro, que constantemente suge-
e ações voluntárias. rem pautas, enviam interessantes conteúdos e nos emocio-
Este ano, vamos superar as 3 mil edições, com 50 mil leitores nam com suas mensagens de incentivo.
em 70 países. Nosso objetivo é estimulante: produzir edições sempre me-
Tudo isto só foi possível graças: lhores.
• ao apoio total e irrestrito de meus familiares, particular- Nosso sonho é permanente: divulgar a paz definitiva.
mente da minha irmã Tania e da minha esposa Betty; Vamos continuar fazendo acontecer juntos!

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 Kehilot
Rehovot: cidade da
Ciência e da Cultura
Do editor com colaboração de
Francisco Kirchenchteyn
Residente de Rehovot
Especial para Bras.il
36 • Bras.il • www.bras-il.com
R
ehovot foi fundada em 1890 por
judeus poloneses que vieram com
a primeira aliá.
O terreno usado para a cidade foi
comprado de um árabe cristão usando
fundos fornecidos pela Sociedade
Menuha Venahala, uma organização po-
lonesa dedicada ao comprar terras em
Eretz Israel.
Os pioneiros chamaram o local de
Rehovot (“ruas”), um nome baseado em
Gênesis 26:22 (Reobhote), que diz: “Agora
o Senhor nos abriu espaço e prosperare-
mos na terra”.
Em 1906, imigrantes do Iêmen se jun-
taram aos primeiros habitantes.
Esses primeiros colonos trabalharam
muito para fazer de Rehovot a cidade
próspera que é hoje. Eles plantaram vi-
nhas, pomares de amendoeiras e poma-
res de cítricos. Rehovot se tornou um dos
principais centros de frutas cítricas de
Israel, especialmente depois da inaugura-
ção do porto de Ashdod, em 1965.
Em 1932, uma Estação de Pesquisa
Agrícola foi transferida de Tel Aviv para
lá. 30 anos depois, tornou-se o
Departamento de Agricultura da
Universidade Hebraica de Jerusalém. Em
1934, Chaim Weizmann construiu o Sieff
Institute, que mais tarde se tornou o
Weizmann Institute of Science.
Localizada no distrito central a 20
quilômetros ao sul de Tel Aviv, Rehovot é
uma cidade tranquila, conhecida princi-
palmente pelo Instituto Weizmann, um
dos maiores e melhores institutos de
ciência do mundo. A equipe científica do
Instituto conduz pesquisas em ciências
naturais, câncer, envelhecimento, meio
ambiente, computadores, etc. Além disso
oferece cursos de mestrado e doutorado
 O Instituto Weizmann é um instituto de pesquisa
acadêmica e escola de pós-graduação que compreende
faculdades de Ciências da Vida, Química, Física,
Matemática Aplicada, Computadores e Ensino de
Ciências. Ele se espalha por uma grande área na parte
norte da cidade. São mais de 2.500 funcionários, incluin-
do cerca de 350 cientistas. A pós-graduação e o próprio
Instituto atraem um grande número de estudantes es-
trangeiros e cientistas visitantes, de forma que a língua
oficial de ensino e científica é o inglês.
O Weizmann abriga o único “jardim das ciências” ao
ar livre do mundo com atrações para todas as idades.
Eventos especiais ocasionais, como a observação de
estrelas, são realizados neste jardim.

em Matemática, Informática, Física,
Química e Biologia bem como diversos
programas interdisciplinares.
Rehovot se orgulha de seus locais
históricos e com o objetivo de preservá
-los, criou, há vários anos, uma comissão
para a preservação destes locais, da qual
participam representantes da população,
dos órgãos municipais e do Conselho de
Preservação de Sítios. O comitê aprovou
cerca de 150 sítios históricos, como parte
de um plano mestre de conservação. A
lista foi aprovada em 2004 pela Comissão
de Planejamento e Construção Distrital.
Isso fez de Rehovot uma das poucas ci-
dades a implementar um plano abran-
gente para a preservação de sítios histó-
ricos, alguns dos quais já são de domínio
público. Entre os vários museus da cida-
de estão o Instituto Ayalon, a Casa de
Chaim Weizmann, O Levinson Visitors
Center e o Museu Minkov Citrus Orchard.
O Instituto Ayalon era uma fábrica de
munição que funcionou, clandestina-
mente, nos subterrâneos da edificação
durante três anos entre o final da
Segunda Guerra Mundial e a fundação
do Estado de Israel. Para disfarçar o ba-
rulho e os cheiros provenientes da fábri-
ca, cuja atividade era proibida, os judeus
camuflaram uma lavanderia industrial e
uma padaria.
A residência privada do primeiro
Presidente de Israel, Chaim Weizmann,
uma linda casa projetada pelo arquiteto
Erich Mendelsohn, também é aberta à
visitação pública. Em exibição ao lado da
casa está o Royal Ford Lincoln
Cosmopolitan dado a Chaim Weizmann
como um presente de Henry Ford em
1950. Apenas 18 desses carros foram
feitos no mundo.
Conhecida como a capital cítrica de
Israel, Rehovot abriga o Museu Minkov
Citrus Orchard que fica no local do pri-
meiro pomar de frutas cítricas da cidade,
e é um pedaço da história da cidade e do
país. Este pequeno museu é uma home-
nagem ao primeiro “embaixador” de Israel
no mundo, a laranja Jaffa e a indústria de
citros que ela criou.
O sistema educacional de Rehovot
conta com cerca de 30 escolas de ensino
fundamental e 29 escolas de ensino mé-
dio, entre religiosas e seculares. Possui
uma Yeshivá Chabad para jovens e crian-
ças, bem como um colel para recém-casa-
dos, além de inúmeras creches, jardins de
infância comuns e jardins de infância
verde, escolas que operam no espírito de

Bras.il • bras.il.editor@gmail.com • 37
proteção ambiental e sustentabilidade, e
uma escola para crianças especiais.
A cidade abriga o Instituto Weizmann
de Ciências, a Faculdade de Agricultura,
Alimentação e Meio Ambiente Robert H.
Smith (Universidade Hebraica de
Jerusalém) e o Peres Academic Center
College. Há também várias faculdades
menores, que oferecem treinamento es-
pecializado e técnico, e o Kaplan Medical
Center, um hospital universitário afiliado
ao Hadassah e à Escola de Medicina da
Universidade Hebraica de Jerusalém, o
que tornam Rehovot uma verdadeira ci-
dade universitária.
Parques públicos e complexos esporti-
vos estão espalhados por toda a cidade.
Como toda cidade que se preza em
Centro Comunitério de Rehovot
Israel, Rehovot também tem seu shuk. Um
labirinto lotado de caminhos com deze-
nas de barracas que vendem todos os ti-
pos de alimentos.
Rehovot tem um produtivo parque in-
dustrial na parte oeste da cidade. Lá se
encontram a fábrica de laticínios Tnuva, a
fábrica de bebidas Yafora-Tavori e a fábri-
ca de sorvetes Feldman, entre outras in-
dústrias.
O Tamar Science Park, estabelecido
em 2000, é um parque de alta tecnologia
de 1 km quadrado na entrada norte da
cidade. O Tamar Science Park fica ao la-
do do antigo parque industrial Kiryat
Weizmann. Embora todo o parque cientí-
fico seja amplamente concebido como
uma área de Rehovot, parte dele está na Shopping Center
verdade sob os limites municipais da
vizinha Ness Ziona. O Tamar Science
Park abriga filiais das principais empre-
sas de biotecnologia.
O Centro Cultural Municipal da cidade
tem o nome de Moshe Smilanski, escritor
e um dos fundadores de Rehovot. Este
centro oferece vários cursos de artes,
workshops, palestras e passeios.
Em 2013, Rehovot tinha a maior renda
média mensal entre as famílias em Israel.
O fluxo contínuo de visitantes acadê-
micos do exterior dá à cidade um clima
internacional.
Rehovot tem uma localização central
e os sistemas rodoviários e ferroviários
tornam a cidade facilmente acessível a O Royal Ford Lincoln Cosmopolitan, um presente de Henry Ford a Chaim Weizmann, em 1950
qualquer parte do país.

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