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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA JURÍDICA

DIREITO CIVIL IV
CONTRATOS DE DEPÓSITO E MANDATO

Mário Henrique Inácio de Paula


Professora Godameyr Alves
Turma C-04

GOIÂNIA, 2010
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA JURÍDICA

EXERCÍCIOS EXTRAS

01 – Defina contrato de mandato e cite suas características.


Mandato é um contrato ao qual o mandatário (ou procurador) recebe poderes de
outrem, denominado esta como sendo o mandante. Estes poderes são para que o mandatário
pratique atos ou administre alguns interesses em seu nome como se fosse o próprio
mandante. Como características deste tipo de contrato temos que ele exige o mútuo
consenso, ou seja, gera a vontade em conferir poderes, por parte do mandante ao mandatário,
e a este cabe a aceitação, sendo expresso este tipo acordo. Ele será bilateral pois gera deveres
mútuos, tanto para o mandante quanto ao mandatário. Ele é oneroso por ser presumida nos
casos em que o mandatário trabalhar em razão de ofício ou profissão lucrativa (como
advogados) ou, em alguns casos, embora muito comum, de forma gratuito. Há a
predominância da mútua confiança dos contratantes. Este tipo de contrato é livre, ou seja, não
se fala em como deve ser ou existir, ou melhor, não se fala em formalidades a que deve seguir.

02 – Defina contrato de depósito e cite algumas de suas características.


Depósito é o contrato em que uma das partes, nomeada de depositária, recebe da
outra, denominada depositante, algo móvel com obrigação de guardá-lo e o restituir na
ocasião em que for reclamada. Apesar da lei falar em coisa móvel, tanto a doutrina quanto o s
STJ já têm o entendimento pacífico de que pode ser dado bem imóvel afim de depósito. É um
contrato do tipo unilateral em regra; isto porque pode se tornar bilateral no decorrer do
tempo, por exemplo, quando, no curso do depósito, o depositário teve gastos para manter a
coisa em perfeitas condições e o mesmo receberá o valor desembolsado. Além disso será
gratuito em regra, mas pode ser oneroso quando estipulado em contrato. É um contrato real
pois exige a entrega ao depositário do bem para que se tenha plena eficácia e que haja a
perfeição efetiva. Este tipo de contrato, há um certo tempo, quando o depositário não
respeitava suas obrigações, a lei conferia a este a possibilidade de prisão civil e ainda
reparação do objeto ou da coisa. O STF revogou a súmula 619 e logo pacificou, no fim de 2008,
que já não cabe a prisão civil por depositário infiel, que é aquele que vende, consome ou
deteriora o bem lhe dado em depósito. É o disposto da súmula vinculante 25.
03 – Em que casos a característica da revogabilidade do contrato de mandato é
excepcionada pela lei?
Será por disposição no próprio texto do instrumento de mandato ou em outro
momento posterior à outorga. São os casos previstos nos artigos 683, 684, 685 e 686 (este no
seu parágrafo único) ou seja:
 Quando estiver convencionado entre as partes que o mandante não poderá revogar
onde, o descumprimento desta ensejará na indenização por eventuais perdas e danos;
 Se a procuração dada for em causa própria, ou seja, com interesse exclusivo do
mandatário (artigo 684). Na tentativa de realizar a revogação, esta não surtirá efeitos,
sendo a obrigatoriedade transferida, inclusive, aos herdeiros;
 Nos casos em geral, em que for condição de um contrato bilateral, ou que foi
estipulada para atender a benefício ou a interesse exclusivo do mandatário. A
revogação será ineficaz (art. 684);
 Quando contiver poderes de cumprimento ou confirmação de negócios encetados,
aos quais se ache vinculado, resguardando-se terceiros de boa-fé que confiaram
 naqueles atos negociais ao efetivá-los com o mandatário (art. 686, parágrafo
único).

Mas, de um modo geral, o mandato poderá ser revogado a qualquer tempo, por
qualquer uma das partes, sem a necessidade de anuência (aceitação) da outra parte, mesmo
sem justificativas e mediante simples manifestação volitiva unilateral.

04 – Quem poderá ser constituído mandatário?


Qualquer pessoa capaz civilmente, incluindo os emancipados. Também poderão os
relativamente incapazes, maiores de 16 anos sendo-os menor de 18, e pessoas casadas,
independentemente de outorga do outro cônjuge, além de pródigos e falidos.

05 – Comente acerca de algumas das espécies de mandato


É um contrato, em regra, oneroso (mas pode ser gratuito), pode ser simples (ou
singular, que é quando se tem apenas um procurador, ou mandato plural, quando se tem
vários procuradores. Pode ocorrer de forma tácita, verbal ou escrita. Possui algumas
particularidades, podendo ser do tipo mandato civil empresarial ou de uma forma geral
(quando para todos os negócios do mandante), mas pode se ter, também, um mandato
especial, decorrente para que se realize determinados atos ou negócios. Existe, ainda, os
mandatos com poderes especiais e poderes restritos, além de mandatos judiciais (para
representação em juízo) e procuração a rogo, quando é assinada por outra pessoa a pedido do
outorgante (a seu rogo), isto quando este estiver impossibilitado para que assine
pessoalmente aquele contrato ou quando se é analfabeto. Quando assim, somente pode ser
dada por escritura pública.

06 – Comente acerca dos direitos e deveres do mandatário.


Direitos: Receber os recursos indispensáveis à execução do mandato, inclusive por
adiantamento; receber os recursos, a remuneração devida que estipulava o contrato e ser
reembolsado das despesas, inclusive juros compensatórios; reter o objeto até ser
reembolsado; substabelecer, salvo quando não autorizado ou proibido; não prestar contras
quando coisa própria.
Deveres: Executar o mandato em nome do mandante com toda sua diligência habitual;
manter o mandante informado da situação do negócio e responsabilidades assumidas, enviar
ao mandante os valores recebidos e prestar contas de sua gerência. Indenizar qualquer
prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer, sem autorização; apresentar
o instrumento do mandato às pessoas com quem tratar em nome do mandante, sob pena de
responder a elas por qualquer ato exorbitante dos poderes recebidos; prestar contas de sua
gerência ao mandante; não compensar os prejuízos a que deu causa; concluir com lealdade o
negócio já iniciado; responsabilizar-se pessoalmente pelos atos negociais feitos em seu
próprio nome, ainda que em conta do mandante (art. 663, segunda parte).

07 – Comente acerca dos direitos e deveres do mandante


Direitos: revogar ad nutum o mandato; permitir ou proibir o substabelecimento;
ratificar ou não: 1) o negócio realizado pelo mandatário, que excedeu os poderes outorgados;
o ato praticado por quem não tenha mandato, sob pena de ser ineficaz em relação àquele em
cujo nome foi praticado; exigir que as somas recebidas pelo mandatário, em função do
mandato, lhe sejam entregues ou depositadas em seu nome; reclamar a prestação de contas
por parte do mandatário; exigir a responsabilização do mandatário, no caso de proibição
expressa, de omissão ou de autorização de substabelecimento do mandato, pelos prejuízos
causados; mover contra o mandatário, ação pelas perdas e danos resultantes da inobservância
de suas instruções; solicitar que o procurador preste informações a respeito do estado em que
se encontram os negócios;
Deveres: remunerar os serviços do mandatário, quando assim ficar convencionado, ou
quando o objeto do mandato for daqueles que o procurador trata por ofício ou profissão
lucrativa; adiantar as despesas necessárias à execução do mandato, quando o mandatário
lho pedir, se recusar esses adiantamentos, o mandatário poderá renunciar ao mandato;
reembolsar o mandatário não só de todas as despesas feitas na execução do mandato,
bem como das quantias que ele porventura tenha adiantado para o cumprimento da
obrigação, com a complementação dos juros compensatórios que se vencem desde a data
do desembolso; ressarcir o mandatário das perdas ab mandatum, ou melhor, dos
prejuízos que sofreu em conseqüência do mandato, sempre que não resultem de culpa sua
ou excesso de poderes; honrar os compromissos em seu nome assumidos, satisfazendo
todas as obrigações contraídas pelo mandatário na conformidade do mandato conferido;
vincular-se com quem o seu procurador contratou, contrariando suas instruções, desde que
não tenha excedido os limites do mandato, mas terá contra ele ação pelas perdas e danos
resultantes da inobservância das instruções relativas à execução do mandato;

08 – Quais são as causas de extinção do mandato?


Por revogação pelo mandante (podendo ser total – toda a procuração – ou parcial –
alguns poderes apenas), por renúncia expressa por parte do mandatário, mesmo que não se
tenha um motivo justificado (mas quando assim, deverá ser comunicado o fato com
antecedência à tempo do mandante providenciar outro mandatário para si), quando houver a
morte do mandatário ou do mandante, salvo se for conferido com cláusula de “contrato em
causa própria”, onde este se estenderá aos herdeiros e cessará apenas quando o procurador
tiver a ciência do ocorrido, sendo válido os negócios praticados enquanto não,lhe for
comunicado, por interdição de uma das partes como incapaz, quando houver alguma mudança
de estado que impossibilite e inabilite o mandante a conferir poderes ou ao mandatário em
exercê-los, quando findar o prazo estipulado em contrato e quando houver a conclusão do
negócio.

09 – Comente acerca do substabelecimento do mandato judicial.


Ao substabelecimento do mandato judicial, devemos observar os dispostos nos artigos
655 e 667 do Código Civil: deve-se, antes de substabelecer, observar se o contrato está com
poderes de reserva ou sem reserva de poderes. Se com reserva de poderes, significa que o
mandatário poderá chamar outra pessoa mas ele ainda continua com poderes para exercer,
também, aqueles atos, apesar do substabelecimento. Já, quando for sem reservas, o
mandatário se substitui por outro e este primeiro não mais poderá exercer ou ter poderes
(salvo se for novamente substabelecido para si) para exercer aqueles atos delegados.
10 – Defina contrato de depósito e cite suas características.
** Mesma resposta da questão 02

Depósito é o contrato em que uma das partes, nomeada de depositária, recebe da


outra, denominada depositante, algo móvel com obrigação de guardá-lo e o restituir na
ocasião em que for reclamada. Apesar da lei falar em coisa móvel, tanto a doutrina quanto o s
STJ já têm o entendimento pacífico de que pode ser dado bem imóvel afim de depósito. É um
contrato do tipo unilateral em regra; isto porque pode se tornar bilateral no decorrer do
tempo, por exemplo, quando, no curso do depósito, o depositário teve gastos para manter a
coisa em perfeitas condições e o mesmo receberá o valor desembolsado. Além disso será
gratuito em regra, mas pode ser oneroso quando estipulado em contrato. É um contrato real
pois exige a entrega ao depositário do bem para que se tenha plena eficácia e que haja a
perfeição efetiva. Este tipo de contrato, há um certo tempo, quando o depositário não
respeitava suas obrigações, a lei conferia a este a possibilidade de prisão civil e ainda
reparação do objeto ou da coisa. O STF revogou a súmula 619 e logo pacificou, no fim de 2008,
que já não cabe a prisão civil por depositário infiel, que é aquele que vende, consome ou
deteriora o bem lhe dado em depósito. É o disposto da súmula vinculante 25.

11 – Comente acerca dos modos de extinção do contrato de depósito.


A extinção poderá se dar pelo vencimento do prazo estipulado em contrato, pela
manifestação unilateral do depositante, por iniciativa do depositário quando este não mais
quiser ou puder manter o bem consigo (ou quando não puder manter o bem em condições
favoráveis), onde neste caso, deverá ser devolvido ao depositante e, este não aceitando,
poderá ser feito o depósito judicial, pelo perecimento da coisa por algum caso fortuito ou
força maior, pela morte do depositário ou quando o depositário tornar-se incapaz. O prazo
máximo que um objeto pode ser dado em depósito é de 25 anos. Neste prazo, o depositário
deverá devolver o bem ao depositante ou não o encontrando, ou este recusando, deverá o
depositário entregar o bem ao Tesouro Nacional, que reterá o objeto por mais 5 anos e não
sendo possível contatá-lo, venderá o bem, liquidará as despesas que o depositário teve para
manter o bem nas melhores condições possíveis, e o restante, se houver, ficará para o próprio
Tesouro Nacional. É nula qualquer estipulação, em contrato, de prazo acima de 25 anos para
depósito.

12 – Comente acerca do depósito necessário


Está regido nos artigos 647 a 652. Poderá ser por três formas. Vejamos elas:
 Depósito Legal = quando advém por força judicial ou por força de lei;
 Depósito Miserável = quando, em situação de calamidade pública, é conferido a
terceiros, podendo, inclusive, ser a um estranho. Por exemplo, uma obra de arte
valiosa ao dono, vem a sofrer riscos devido a inundação ocorrida naquela residência,
seu dono poderá conferir o depósito, necessário, daquele e outros objetos a terceiros,
sem a necessidade de um contrato escrito para que a proteja.
 Depósito do hoteleiro ou do hospedeiro = é aquele que ocorre com a bagagem do
viajante ou hóspede. Tudo o que for deste, estando no quarto pago, é de
responsabilidade daquele hotel. Devido a autorização dada pelo hotel às camareiras
em adentrar os quartos, com esta atitude o hotel se responsabiliza pelos pertences do
hóspede. Só não terá responsabilidade por força maior, por exemplo, quando um
grupo de homens, fortemente armados, rendem os seguranças e vigias do hotel e
roubam os pertences. Também não terá responsabilidades caso o hospedeiro esteja
portando um objeto de alto valor e não informou isto à recepção.

13 – Comente acerca do depósito mercantil.


É um tipo de depósito em que se tem um contrato de armazenagem através dos
armazéns, que são os depositários. Este recebe pela guarda e conservação das mercadorias e
obriga-se a restituir ou entregar a terceiros. Esta entrega a terceiros ocorrerá quando este
deter posse do título armazeneiro correspondente (warrant e conhecimento de depósito),
quando solicitadas. A restituição nem sempre se dará naquele bem colocado em depósito,
onde a restituição será por algo semelhante (em mesma quantidade e qualidade). É o caso do
depósito de grãos.

14 – Comente acerca dos direitos e obrigações do depositário.


Direitos: exigir a restituição da coisa depositada, com todos os seus acessórios, a
qualquer tempo, mesmo antes do vencimento do prazo estipulado; impedir o uso da coisa
depositada, se não o autorizou; exigir a conservação da coisa no estado em que entregou;
Obrigações: pagar a remuneração do depositário, se convencionado; reembolsar ex
lege o depositário das despesas necessárias feitas com a coisa, indenizando-o dos
prejuízos resultantes do depósito e pagar ex contractu as úteis e voluptuárias; responder
pelos riscos do contrato de depósito, por ser ele o proprietário da coisa depositada; dar
causão (real ou fidejussória) idônea, exigida, pelo depositário, se as dívidas, as despesas ou
prejuízo não forem provados suficientemente ou forem ilíquidas .
15 – Comente acerca dos direitos e obrigações do depositante.
Direitos: receber do depositante as despesas necessárias feitas com a coisa e a
indenização dos prejuízos oriundos do depósito; reter a coisa depositada até que lhe
pague a retribuição devida e o valor líquido das despesas necessárias e dos prejuízos a
que se refere o art. 643; exigir, havendo cláusula contratual expressa, a remuneração
pactuada; requerer o deposito judicial da coisa quando por motivo plausível a não puder
guardar e o depositante não lhe queira receber e nos casos do art. 633; compensação, se se
fundar em outro depósito.
Obrigações: guardar a coisa sob seu poder, sendo-lhe permitido invocar a ajuda de
auxiliares, que ficarão sob sua responsabilidade; ter na custódia da coisa depositada o
cuidado e a diligência que costuma com o que lhe pertence, respondendo pela sua perda
ou deterioração se contribuiu dolosa ou culposamente para que isso acontecesse; não se
utilizar da coisa depositada sem autorização expressa do depositante, sob pena de
responder por perdas e danos, nem a dar em depósito a outrem,e, se devidamente
autorizado a confiar em depósito a terceiro, terá responsabilidade por culpa in vigilando
e in eligendo; manter a coisa no estado em que lhe foi entregue; deverá respeitar o
segredo da coisa sob sua guarda até o momento da devolução; restituir à custa do
depositante, no local estipulado ou no lugar do depósito, o objeto depositado in natura
OU o seu equivalente se:
1) Se tratar de depósito irregular;
2) A coisa depositada se perder por força maior, caso fortuito ou por fato inimputável
ao depositário, que recebeu outra em seu lugar, em razão de indenização ou do seguro,
pois nesse caso será obrigado a restituir a coisa sub-rogada ao depositante e ceder-lhe
as ações que tiver contra o terceiro responsável pela restituição da primeira;
3) O herdeiro do depositário tiver vendido de boa fé a coisa depositada por julgar ser sua;
será obrigado a assistir o depositante na reivindicação e a restituir ao comprador o preço
recebido, a título de compensação, uma vez que está obrigado a restituir o bem ao
depositante;
4) A perda da coisa se der por culpa do depositário;

Ainda, deverá responder pelos riscos da coisa, mesmo por caso fortuito ou força
maior: seu houver convenção nesse sentido; se estiver em mora de restituir a coisa
depositada.
16 – Em que situações o depositário terá direito a depositar em juízo o bem sob sua guarda?
Poderá ocorrer quando o depositário não mais puder manter o bem sob sua guarda,
seja por motivos financeiros ou outros, desde que seja e esteja plausível, quando não
encontrar o depositante (não contiver informações sobre o paradeiro deste) ou ainda quando
o depositante não quiser receber a coisa.

17 – Em que situações é possível ao depositário reter a coisa sob sua guarda?


Nos casos em que o bem tornou-se oneroso ao depositário e o depositante não quiser
desembolsar aquela quantia ou qualquer outra que fora pactuada antes (nos casos de
remuneração devida). Esta retenção poderá ser apenas de título calsão mas o depositário não
poderá ficar com a coisa. Poderá requerer o reembolso ou remuneração devida em juízo.

18 – Se as dívidas, despesas ou prejuízos que suportou o depositário não forem provadas


suficientemente ou forem ilíquidas, que alternativa a lei confere ao depositário, haja vista a
impossibilidade de retenção neste caso?

Questões disponibilizadas na internet:


www.direitonacatolica.com.br/trabalhos/civil4

Realizado pesquisas no material da professora

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