Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1º.mar.2020 à 1h00
EDIÇÃO IMPRESSA
(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/fac-simile/2020/03/01/)
[RESUMO] Em novo livro, Ruy Castro retrata o dinamismo da cena carioca nos
anos 1920, quando de tudo parece ter ocorrido na então capital federal, e
contesta ideia difundida pleo modernismo paulista, a fim de promover a
Semana de 1922, de que o Rio daquela década estaria culturalmente defasado.
E não foi pouca coisa. São listas e enumerações de nomes, músicas, filmes,
romances, prédios, movimentos, agitações políticas etc. que fornecem um
quadro da metrópole cultural, econômica e política que o Rio foi naquela
década.
carnaval.shtml),
Ruy chega a um resultado bastante esclarecedor: o Rio continuava a
ser o grande centro cultural do Brasil. Mas ainda havia dúvidas sobre este fato?
Aqui nasce o teor polêmico deste livro, bem maior do que possa parecer à
primeira vista. Após a Semana de Arte Moderna de 1922, difundiu-se
amplamente a ideia de que a cultura da então capital federal fora sepultada;
estaria superada, esclerosada, tresandando ao parnasianismo e ao
academicismo arcaico.
O Rio, contudo, não se reduzia a isso. Ruy Castro vem fortalecer o coro dos
contrários, reparando um equívoco altamente nocivo para o próprio
entendimento do país e de sua identidade cultural. Tal engano teria sido
promovido pela necessidade do modernismo paulista de abrir espaço para si;
entre a verdade e a lenda, publicou-se a lenda.
Lemos agora, todavia, que os modernistas de São Paulo tiveram muito que
aprender com os cariocas; conforme o livro mostra, a Semana de 1922 não teria
ocorrido sem a iniciativa de cariocas como Di Cavalcanti e Ronald de Carvalho.
O Rio não precisava ser modernista, pois já era moderno.
após a leitura. Por sugestão de cariocas, a elite paulista buscou como patronos
os grandes fazendeiros de café, gente que “não tinha grande apreço pelas artes,
e muito menos por futurismos”, mas possuía interesses econômicos
envolvidos.
O modernismo visava atribuir a São Paulo uma posição privilegiada, acima das
demais províncias. Uma extensão, portanto, do Convênio de Taubaté, de 1906,
pelo qual todo o país era subordinado à economia do café. Oswald de Andrade,
já comunista, afirmou este fato.
(https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/05/1885519-trunfo-de-antonio-candido-foi-aproximar-literatura-e-
A questão central não é que o Rio fosse culturalmente superior, ponto por
ponto, a São Paulo. Era natural que assim o fosse, pois, afinal, era a capital
federal, sede do Estado brasileiro, cujo aparato era capaz de absorver grande
parte da intelectualidade nacional, atraída pela vida metropolitana.
acrescenta.shtml).
(https://play.google.com/store/apps/details?
id=br.com.folha.app&hl=pt_BR&utm_source=materia&utm_medium=textofinal&utm_campaign=androidtextocurto)