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MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL

TECNOLOGIA DE LIGAÇÕES DE ESTRUTURAIS

INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DO PORTO

Departamento de Engenharia Civil

MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL

TECNOLOGIA DE LIGAÇÕES DE ESTRUTURAIS (TESIC II)

LIGAÇÕES POR SOLDADURA

Novembro 2011

Apontamentos elaborados por Rui de Camposinhos;


(Professor Coordenador com Agregação)

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MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL
TECNOLOGIA DE LIGAÇÕES DE ESTRUTURAIS

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Porto PORTUGAL

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Ligações por Soldadura


Uma soldadura quando correctamente projectada e executada oferece uma
característica e comportamento no mínimo igual e muitas vezes superior à
própria resistência dos elementos ligados.
As soldaduras são realizadas, na maioria dos casos, em estaleiro devido à
facilidade de execução comparativamente à execução em obra; as ligações
aparafusadas são em geral preferidas, para a montagem em obra, devido à
maior facilidade de controlo na sua efectivação.
A soldadura por arco eléctrico é relativamente simples: ao estabelecer-se um
campo eléctrico entre as peças a ligar e o metal de adição (o eléctrodo) que é
encostado às peças, forma-se um arco eléctrico contínuo que desenvolve calor
a uma temperatura de tal forma elevada que permite fundir tanto as
superfícies de contacto dos elementos como a parte do eléctrodo em
contacto.
O metal derretido do eléctrodo funde-se com o dos elementos a ligar
formando uma massa única.
O eléctrodo, ao percorrer lentamente o trajecto da soldadura, deixa uma
camada de metal que após o arrefecimento constitui uma ligação perfeita entre
os elementos.
Para elementos de pequena dimensão é suficiente realizar uma passagem única
para que o cordão adquira a espessura. Para elementos com maiores
espessuras é necessário mais do que uma passagem para que se obter a
espessura necessária, tendo em atenção que a espessura máxima dos
elementos a ligar é de 30 mm.
O ar deve ser afastado na altura de soldagem a fim de evitar a oxidação rápida
do metal enquanto líquido. Por isso os eléctrodos são revestidos de um
material que ao ser derretido liberte um vapor e líquido que formam uma
barreira de protecção à volta do arco eléctrico da soldadura (Figura 1).

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Figura 1 – Representação esquemática de uma soldadura.

Os cordões que podem ser realizados numa só passagem são particularmente


económicos.
Em oficina é possível realizar cordões de 8 mm mas em obra é conveniente
reduzir esta espessura para 6 mm (Figura 2).

Figura 2 – Cordões simples e de dupla passagem.

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Soldabilidade dos aços em varão


Para se verificar a viabilidade de soldadura dos varões em aço dever-se-á
conhecer com exactidão a composição química dos mesmos, designadamente
a quantidade em carbono (C), fósforo (P), enxofre (S), azoto (N) e de carbono
equivalente (CE).
Ao contrário do que sucede com o aço laminado em chapa (tubos, perfis,
chapas) o aço em varão tem uma elevada quantidade de carbono o que faz
com que nem todos os aços em varão possam ser considerados
satisfatoriamente soldáveis.
A soldabilidade de um aço é determinada pela sua composição química em
que o factor condicionante é a percentagem de carbono equivalente (CE).
Segundo a recomendação da Federação Internacional do Betão (FIB) admite-
se a soldabilidade de varões quando não forem ultrapassados os limites em
percentagem constantes do Quadro 1.
Elemento ou Percentagem
equivalente máxima

C Carbono 0.24%

P Fósforo 0.05%

S Enxofre 0.05%

N Azoto 0.012%

CE Carbono 0.45%
equivalente
Quadro 1 – Percentagens máximas constituintes em aço de varão soldável

A percentagem em carbono equivalente (CE) é obtida com a seguinte


expressão:

CE  %C      
% Mn %Cu % Ni %Cr % Mo %V
6 15 15 5 5 5
(Mn – Manganês; Cu – Cobre; Ni – Níquel; Cr – Crómio; Mo – Molibdeno;
V – Vanádio.)

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Tipos de soldadura
As soldaduras podem classificar-se sob diferentes pontos de vista. As
classificações mais usadas dependem da forma geométrica e da posição e em
função da penetração na zona a ligar (Quadro 2 e Quadro 3).

soldaduras de ângulo

soldaduras por entalhe furos circulares


– Classificação das
soldaduras de topo furos alongados
soldaduras
soldaduras por pontos

soldaduras sem chanfro

Quadro 2 – Classificação das soldaduras quanto à geometria e posição

penetração total
– Em função da penetração
penetração parcial

Quadro 3 – Classificação das soldaduras quanto à profundidade

Tipos de cordões de soldadura


É na forma como se materializam os cordões de soldadura que a sua
designação é definida. Assim tem-se os seguintes tipos de cordões:
Cordões de topo – (Figura 3) São os que unem as peças colocadas topo a
topo, no prolongamento umas das outras, tenham ou não os eixos
coincidentes. Desde que as disposições construtivas apresentadas na Figura 3,
Figura 4, Figura 5, Figura 6 e Figura 7 sejam atendidas não é necessários
comprovar por cálculo a sua segurança.

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Figura 3 – Definição de cordões de topo

Se a espessura dos elementos a ligar não exceder 6 mm, é dispensável a


formação de chanfro (Figura 4).

Figura 4 – Cordões de topo sem chanfro.

Se a espessura for superior a 6 mm e inferior a 15 mm deve ser executado


chanfro em V.

Figura 5 – Cordões de topo com chanfro em V.

No caso de a espessura do cordão exceder 15 mm e ser possível realizar a


soldadura pelas duas faces o cordão deve ser executador em forma de X.

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Figura 6 – Cordões de topo com chanfro em V.

Não sendo possível realizar a soldadura pelas duas faces, dever-se-á executar
um cordão em forma de U ou utilizar uma contra-chapa (backup) que permita
efectuar a soldadura com as arestas inferiores dos chanfros devidamente
afastadas.

Figura 7 – Soldaduras realizadas através de uma face única

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Cordões de ângulo
Podem considerar-se como sendo cordões de ângulo quando as faces da
soldadura que ligam os elementos formam um ângulo entre 60º e 120º.

Figura 8 – Soldaduras realizadas através de uma face única

As seguintes considerações dizem respeito a cordões sem interrupções. No


caso de haver descontinuidade do cordão dever-se ter em consideração as
disposições construtivas para cordões de ângulo descontínuos (Art.6.6.2.2.) do
EC3.
Os cordões de ângulo têm uma secção aproximadamente triangular e são
aplicadas às superfícies das chapas. Não é necessária qualquer preparação dos
bordos pelo que são o tipo de cordão mais utilizado e por isso normalmente
mais económicos que os cordões de topo.
Em função da posição relativa das partes a soldar definem-se três tipos
diferentes de soldadura de ângulo:
Cordões de Transmissão de Esforço Longitudinal
As ligações que asseguram a transmissão entre duas ou mais peças de esforços
paralelos aos eixos das mesmas podem ser realizadas com cordões laterais ou
frontais, conforme o cordão se desenvolve paralelamente ou
perpendicularmente à direcção da força longitudinal a transmitir (Figura 9).

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Figura 9 – Cordões de ângulos laterais e frontais

Se um cordão se desenvolve em direcção que faz um ângulo nem recto nem


raso em relação à direcção da força longitudinal a transmitir está-se em
presença de cordões oblíquos (Figura 9).

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Figura 10 – Cordões oblíquos.

Cordões em T ou em Cruz
Os cordões em T ou em cruz, como o nome indica, são os que permitem a
transmissão de esforços transversais em que peças a ligar fazem ângulos
perpendiculares ou aproximadamente perpendiculares entre si (Figura 11).

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Figura 11 – Cordões em T ou em cruz.

Cordões de Ligação entre Viga e Pilar


As ligações entre vigas e pilares são normalmente realizadas por vários tipos
de cordões em função do tipo de esforços a transmitir. A ligação deve ser
compatível com o grau de encastramento que se pretende (Figura 12).

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Figura 12 – Transmissão de esforços axiais, transverso e de flexão.

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Dimensionamento de Cordões de ângulo


Os cordões de ângulo ocorrem na grande maioria dos casos, em 80% ou mais,
das ligações metálicas.
Para o seu dimensionamento deve ter-se em conta as seguintes considerações:
As soldaduras são consideradas elementos isotrópicos e homogéneos.
As partes ligadas pelas soldaduras são rígidas e as suas deformações são
portanto desprezáveis.
Os efeitos devido a tensões residuais, concentração de tensões e efeitos de
forma são desprezados.
A distribuição de tensões na soldadura é considerada uniforme
A rotura de um cordão corresponde a que se atinja ao longo da soldadura a
tensão de cedência.
O Eurocódigo 3 específica que o material de melhoramento, do eléctrodo,
deve possuir características mecânicas (tensão de cedência, tensão de rotura,
extensão pós-rotura) iguais ou superiores às do metal de base (das peças a
ligar). Desta forma para o cálculo das soldaduras admite-se que as tensões do
material de base são normalmente tomadas como sendo as tensões de
referência.
Espessura de um cordão de ângulo
A espessura do cordão de ângulo corresponde à altura do triângulo isósceles
inscrito em secção de cordão. Na Figura 13 apresentam-se alguns exemplos
para a definição da espessura de um cordão. A espessura mínima de um
cordão soldadura não pode ser inferior a 3 mm.

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Figura 13 – Definição da espessura de um cordão de ângulo.

Verificação da segurança

nesse cordão nas duas componentes tangenciais – paralela ( / / ) e transversal


Para a verificação da resistência de um cordão decompõe-se a força que actua

(  )ao eixo longitudinal do cordão – e na componente normal ao plano que


define a espessura (   ), conforme se ilustra na Figura 14.

Figura 14 – Definição das componentes da tensão instalada na espessura de um cordão.

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O dimensionamento dos cordões de ângulo é obtido a partir da definição de


tensão equivalente que resulta do critério de cedência de Von Mises:
 equiv    2  3  ( / / 2    2 )
Assim um cordão vê a sua capacidade esgotada quando se encontrar sujeito a
um estado de tensão tal que:

 equiv    
fu fu
 w     Mu Mu ;
sendo:
fu – Tensão nominal de resistência à tracção do elemento ou peça mais fraca
 M u – Coeficiente parcial de segurança por soldaduras tomado com o valor
1,25;
w – Factor de correlação que depende do tipo de aço e que se reproduz no
Quadro 4.

Quadro 4 – Definição do factor w em função do tipo de aço

No Quadro 5 apresentam-se os valores das tensões de rotura à tracção e de


cedência em função da classe do aço e da espessura dos elementos resistentes.

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Quadro 5 – Características dos aços e normas aplicáveis

No texto principal de Eurocódigo é feita referência a um método, dito


“método simplificado”, que dispensa a determinação das componentes das
tensões no plano de soldaduras.
Este procedimento consiste em considerar que a resistência de soldadura é
igual à tensão resistente de corte independentemente da direcção da força que
nela actua. Uma vez que a menor resistência da soldadura corresponde a nela
estar instalada um estado de tensão corresponde ao corte puro, este método
conduz a resultados pelo lado de segurança.
A verificação da segurança pode então resumir-se a verificar a condição:
FW ,Ed  FW ,Rd

FW ,Ed – Valor de cálculo da força actuante num cordão, por unidade de


comprimento;
FR ,Ed – Valor de cálculo da força resistente de um cordão por unidade de
comprimento.

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A força resistente por unidade de comprimento é independente da direcção da


mesma e é definida da seguinte forma:
FW ,Rd  f vw ,d  a
considerando:
fvw ,d – valor de cálculo de tensão resistente ao corte de soldadura
a – espessura do cordão de soldadura
Dado um cordão com um dado comprimento, l , tem-se:

 fvwd ;
FSd
a l
em que:

fvw,d  
fu
 Mw
1
3
e para o valor do esforço resistente na soldadura:

FRd  a l
fu
3   w   Mw
Cordões de ângulo (ligações por sobreposição) cordões laterais
As soldaduras com cordões de ângulo ditos laterais realizam a transferência de
um esforço axial F aplicado à ligação numa direcção paralela ao comprimento
dos cordões.

Figura 15 – Cordões de ângulo laterais

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Fy
A cada cordão da soldadura está associada uma força (Figura 15), pelo
2
que aplicando o método de tensão média tem-se para cada cordão:


Fy fu
2a l 3   w   Mw
A espessura de um cordão é assim determinada:

Fy   w   Mw  Fy   w   Mw
a   0, 866 
3
2 fu  l fu  l
Aplicando o método alternativo.
Como só existe esforço axial, apenas a componente  / / é considerada pelo que
(Figura 14):
      0 e a tensão equivalente vem igual a:
 eq  02  3  ( 2  02 )    3

Em estado limite último da condição:


3  Fy

fu
2a l  w   Mw ;
resulta para a espessura mínima do cordão:
Fy   w   Mw Fy   w   Mw
a    0, 577 
3
2 fu  l fu  l

Resistência mínima de uma ligação soldada


Dada uma determinada configuração para a união de um ou mais elementos,
conhecidas direcções das forças a transmitir, não é necessário conhecer o
valor dos esforços aplicados. De facto uma união soldada deve ser
dimensionada para ter capacidade resistente, no mínimo, igual à resistência do
elemento ligado com menor capacidade.
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Por exemplo, como se ilustra na Figura 15, a ligação dos dois elementos
solicitados em tracção deve ser tal que a soldadura tenha uma resistência que
satisfaça a condição:
2  a  l  fuw
 Ap  fsy
3   w   Mw
em que:
Ap – área da secção da peça de ligação

fsy – tensão de cedência característica do aço das peças ligadas;


A espessura de cada cordão é dada por:

a     w   Mw
3 A fsy
2 l fuw

Ligações de Topo com Penetração Parcial


Uma ligação de topo parcial é caracterizada pelo facto de a penetração da
soldadura ter uma espessura inferior à dos elementos ligados.
Na Figura 16 está definida a espessura de um cordão em que se verifica uma
penetração parcial ligando faces de topo.
A resistência de uma soldadura de topo com penetração parcial deve ser
determinada usando os métodos que são aplicados para as soldaduras de
ângulo, considerando a espessura dos cordões que efectivamente se obtém no
processo de formação da soldadura.

Figura 16 – Espessura de cordão de soldadura Figura 17 – Ligações em T com cordões de topo


com penetração interior parciais

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Ligações em T
A resistência de uma ligação, em T com 2 cordões de soldadura de penetração
parcial, pode ser considerada como sendo de topo (penetração total) desde
que se verifiquem as seguintes condições (Figura 17):
a nom ,1  a nom ,2  t ;
c nom  t / 5  3 mm

Nos casos em que estas condições não se verifiquem a resistência de cálculo


deve ser determinada considerando os cordões como sendo de ângulo com a
espessura correspondente.

Ligações por Sobreposição


Soldaduras Extensas
Na Figura 18 apresenta-se um diagrama característico da distribuição de
tensões em soldaduras extensas numa ligação de continuidade por
sobreposição de duas chapas.
As tensões de corte têm valores mais elevados nas extremidades dos cordões
de soldadura. Em estado limite último, no momento da rotura, a deformação
entra em regime plástico nas extremidades e é uniforme no caso de soldaduras
curtas, uma vez que a redistribuição de tensões até à cedência pode se dar em
toda a extensão.

Figura 18 – Distribuição de tensões em soldaduras extensas

Tal facto não acontece nas soldaduras extensas, pois a redistribuição plástica
não se verifica ao longo de todo comprimento dos cordões.
Para atender a este facto, no Eurocódigo 3 especifica-se que o
dimensionamento de uma soldadura extensa em ligações de continuidade com
sobreposição deve ser corrigido para ter em conta que os cordões apenas
plastificam nas extremidades sendo a rotura progressiva com um valor inferior
ao dos cordões mais curtos.
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por um factor Lw para ter em conta a distribuição não uniforme das tensões
Assim o valor de cálculo da resistência das soldaduras deve ser multiplicado

ao longo do seu comprimento.


Se o comprimento da soldadura for superior a (150a) cento e cinquenta vezes
a espessura então tem-se:

 LW1  1, 2   1
0, 2 L j
150  a
onde
Lj – comprimento da soldadura na direcção da actuação da força;
a – espessura do cordão.

Para cordões de soldadura com comprimento superior a 1,7 metros que ligam

coeficiente de redução, adicional,  Lw2 em função do seu comprimento, L w2 ,


banzos e almas (elementos de secção não normalizada) deve considerar-se um

definido da seguinte forma:

 LW2  1, 1 
Lw

0, 6   LW2  1, 0
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Ligações por Sobreposição com Entalhes (Slot And Plug)


Em certos casos há conveniência, ou apenas possibilidade, de realizar as
soldaduras realizando furações circulares (plug) ou ovalizadas (slot) na chapa
visível (Figura 19).
As furações podem ou não ser completamente preenchidas com o metal de
adição.

Figura 19 – Soldaduras com furações circular e ovalizada

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A resistência destas soldaduras é calculada através do método da tensão média


como nos cordões de ângulo. Para efeitos de dimensionamento a área da
secção da soldadura é considerada com o mesmo valor da área das secções
(Figura 20) das furações circulares (i) ou ovalizadas (j).

Figura 20 – Dimensões das furações para aplicação da equação 3

A força resistente de cálculo de uma ligação realizada de acordo com o


exposto é dada pela seguinte equação:
 
 p   
FRdw     d12 i    d20 j  L  d 0 j  
q
fu
 i 1 4 j 1 4   w   Mw  3

onde:
d0 e d1 – diâmetro dos furos conforme figura 3;
L – comprimento da secção recta da furação ovalizada;
Os restantes parâmetros seguem a simbologia do EC3 para as soldaduras.

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Exemplo de cálculo para cordões Laterais

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Ligações de ângulo (cordão frontal)


Na Figura 21 apresenta-se uma ligação típica com cordões de ângulo em
posição frontal.

Figura 21 – Cordões de ângulo frontais

Recorrendo ao método de tensão média para o dimensionamento da


espessura dos cordões tem-se ao actuar F / 2 em cada cordão:

3 F

fu
2a l  w   Mw ;
donde resulta para a espessura de cada cordão:
Fy   w   Mw
a  
3
2 fu  l

Com a aplicação do método alternativo e fazendo referência à Figura 21:

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1  1  ;2  0
F 2
4 a l

A tensão equivalente, de cálculo, instalada tem que ser inferior à tensão


resistente de cálculo

 12  3   12 
fu
 w   Mw
donde:

3  F2
 
F2 fu
8  a2  l2 8  a2  l2  w   Mw

resultando para a espessura mínima de cada cordão:

a     w   Mw
2 F
2 fu  l
a condição deverá ser ainda ter tida em conta:

1  
F 2 fu
4 a l  w   Mw ,
pelo que viria para a espessura do cordão a seguinte condição adicional:

a    w   Mw
F 2
4  l  fu
valor que é metade do calculado no parágrafo anterior.

Verifica-se assim que no caso de cordões frontais o método alternativo é mais


vantajoso que o método de tensão média. A redução da espessura do cordão
2
comparando os dois métodos é igual a , cerca de 82%.
3

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Cordões oblíquos
As duas condições de solicitação atrás descritas ocorrem frequentemente. Um
cordão de ângulo pode também estar sujeito a uma solicitação oblíqua.

Figura 22 – Cordões de soldadura solicitados obliquamente.

Usando o método de tensão média, o cálculo de soldaduras solicitadas


obliquamente é bastante simples, uma vez que por este método a resistência
ao corte é independente da direcção da força actuante aplicando-se a fórmula
geral:

fv  3 a l
Frd 
 w   Mw

aplicada nas componentes paralela  2    e transversal ao eixo longitudinal


Utilizando o método alternativo o cálculo é realizado decompondo a força

transversalmente ao plano de soldadura  1    ,   .


de soldadura. A componente transversal é ainda decomposta normal e

Com as referidas componentes é determinada a tensão equivalente de cálculo


que não pode ultrapassar a tensão de rotura à tracção:

 equ   1 2  3  ( 12   2 2 ) 
fu
 w   Mw
A relação entre a espessura (a ) do cordão calculada com recurso ao método
alternativo e a espessura (a ' ) necessária recorrendo ao método da tensão

inclinação,  , é facilmente deduzida e dada pela expressão:


média para uma ligação em T sujeito a um esforço actuando com uma

2  cos2 

a'
a 3
Esta expressão está representada no gráfico da Figura 23.

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Figura 23 – Relação entre espessuras para cordões oblíquos – Método alternativo vs Tensão Média

Exemplo de dimensionamento de uma ligação pilar viga

Cálculo do esforço de tracção máximo no banzo superior da viga/exterior do


pilar.
w p  fy
T  
Mp

 235MPa
hv hv
fy
w px  628cm 3  628000 mm 3
hv  300 m
628000  235
T   491933N  491.9 KN
300
Cálculo da espessura necessária para a alma do nó.
  e  hc  491.933N

    135.67 MPa
1 235
3  fy 3
e   12.08 mm  twb  7.1mm
491.933
135.67  300

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Conclusão: é necessário reforçar o nó.


O esforço da tracção calculado terá de ser equilibrado pela resultante de
tensões tangenciais na alma F e pela componente horizontal do esforço das
nervuras inclinadas Fn

Fn  cos   fy  n  cos 
T  F  Fn  cos     tw  h p  fy  n  cos 

491.933  135.67  7.1  300  235  n 


2
2

n – secção total das nervuras diagonais

Espessura das nervuras

n 
1221.37
 610.68 N
n
2 2
 en  75
2
en   8.14 mm
610.68
75
adoptar e = 10 mm

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Dimensionamento das soldaduras


F fu
2l a 3  w   Mw

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Cordão de ângulo

a     w   Mw
3 F
fu  l
 360 MPa
2
fu
 w  0, 8
 Mw  1, 25
l  278, 6 mm
F  491933N

a    0, 8  1, 25  4, 24 mm  3 mm
3 491933
2 360  278, 6
(O.K.)

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Soldadura b

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Soldadura do rigidizador diagonal

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Ligações Viga – Pilar


Neste capítulo são estudadas as ligações típicas em que se pretende assegurar a
transmissão de esforços nas ligações pilar – viga.
Na zona de tracções, assinalada com um circulo, o esforço de tracção tem que
ser transferido do banzo da viga para a alma do pilar. Na Figura 24
representa-se o caso da transferência entre os banzos de uma viga e o de um
epilar para um esforço de tracção.

Figura 24 – Esforços de Tracção entre banzos

O valor do esforço de tracção que pode ser transferido sem reforço do pilar
depende da resistência nesta zona da ligação tendo presente diversas
configurações de rotura: pelo banzo do pilar, pela alma do pilar ou pela
soldadura.

Figura 25 – Configurações de rotura à tracção numa ligação pilar-viga

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Rotura do Banzo do Pilar


A verificação da segurança para este tipo de rotura consiste em garantir que a
sua resistência é igual à menor resistência de cada uma das partes da viga.
Para uma ligação desprovida de elementos de reforço adicionais, o valor do
esforço de tracção T é comparado com dois esforços de tracção resistentes: o
que é proporcionado pela alma do pilar ( Ft 1 ) e o que é devido ao seu banzo
( Ft 2 ).

T  Ft 1  Ft 2

Ft 1 – A resistência proporcionada pela alma do pilar em que se considera


como secção efectiva à área dada pela equação:

Figura 26 – Resistência devido à alma do pilar

Com referência à Figura 26 tem-se.


Aef  t fb (twc  2  rc )
Ft 1  Aef  fyb

Ft 2 – Corresponde à parte resistente conferida por flexão do banzo do pilar


apoiado na alma do pilar.

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Para esta parte adopta-se um modelo de cálculo que considera o banzo como
uma placa (laje) apoiada em 3 bordos e solicitado com uma carga de faca a
meio vão.

Figura 27 – Resistência devido ao banzo do pilar

A soma das duas parcelas de resistência vem dada por:

Ft1  Ft2  fyb  tfb  twc  2rc   7fyc  tfc 2

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Esta expressão pode ser simplificada recorrendo ao conceito de largura


efectiva de tal modo que:
Ft 1  Ft 2  fyb  t fb  beff

beff  bw  2rc  7 
fyc t fc 2
fyb t fb
fyc – tensão de cedência do aço do pilar

fyb – tensão de cedência do aço da viga


t fc – espessura do banzo do pilar

t fb – espessura do banzo da viga


A largura efectiva para a determinação de Ft2 deve ser limitada a [7tfc]. É
necessário também garantir que o banzo de viga plastifique antes da rotura
dos cordões de soldadura ou do banzo do pilar.
Assim o valor de cálculo da resistência de banzo do pilar deve ser no mínimo
igual a 70% da resistência do banzo de viga (Figura 28).

Ft  fyb  t fb (twc  2rc  7t fc )


Ft  0, 7 fyb  t fb  bfb

Figura 28 – Identificação da espessura e largura do banzo de uma viga.

Nervuras de Rigidez
Nos casos em que esta condição não é satisfeita a ligação deve ser reforçada
por nervuras de rigidez tal como se indica na Figura 29.

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Figura 29 – Corte horizontal – Nervuras de rigidez num pilar

A utilização de nervuras de rigidez de comprimento reduzido tem a vantagem


de estes serem facilmente montados uma vez que as suas dimensões não têm
necessariamente de preencher o espaço entre os banzos do pilar (Figura 30).

Figura 30 – Nervuras de rigidez com comprimento inferior à altura do banzo da secção

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Rotura pela Alma do Pilar


A força Ft transmitida pela alma do pilar ao longo de um comprimento beff .

Figura 31 – Altura efectiva para a rotura da alma do pilar

A altura efectiva é a que se obtém a partir do interior da secção do pilar


incluindo as concordâncias de raio, rc , com um inclinação de 2,5:1 para cada
um dos lados da soldadura, ab , (Figura 31). A resistência da alma vem então
dada por:
FRc  fyc  t wc  b eff

twc – espessura da alma do pilar

beff  t fb  2 2  ab  5(t fc  rc )

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ab – espessura do cordão de soldadura do banzo da viga ao banzo do pilar.


Nas situações em que a força transmitida pelo banzo da viga for infeior a que
o pilar proporciona a alma do pilar pode ser reforçada com placas de rigidez
ou por soldaduras de placas complementares.

Ligação Viga-Pilar – Exemplo

Verificação sem qualquer reforço

Mviga =wp*fy=1419.000*235=333.47 KNm

Ft   1389, 4 KN
333, 47
0.4

A resistência proporcionada pela alma do pilar – Ft


Ft 1  t fb (twc  2rc )  fyb  26  ( 7, 5  2  18 )  235  265, 79 KN
Ft 2  7 fyc  t fc 2  7  235  12, 52  257, 03 KN
Ft  Ft 1  Ft 2  1389, 4  (257, 03  265, 79 )
pelo que é necessário reforçar a ligação.

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Ao distribuir a força por nervura nas ligações soldadas em partes iguais


obtemos por nervura:

Ffrontal =347.5 KN

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Flateral =347.5 KN

a front    0, 8  1, 25  6, 31 mm
2 347500
2 360  108
Ao manter a mesma espessura para os cordões laterais – o que é conveniente
em obra – virá para o comprimento dos cordões de soldadura laterais a
seguinte dimensão mínima:

l    0, 8  1, 25  132, 5 mm
3 347500
2 360  6, 31

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Resistência da alma do pilar.

A espessura de reforço necessária será tal que


beff  26  2 2  6, 3  5  (12, 5  24 )  226, 32 mm

FR ,td  235  226, 3 * 7, 5  399 kN

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Ft  1389, 4 kN  FR ,td  399 kN ,


pelo que é necessário reforçar a alma do pilar.
Fref  1389, 4  399  990, 5 kN ;

esforço que é absorvido:


t ref  fy  beff  990, 5 kN

t ref   18, 9 mm
990500
226, 3  235
No caso presente com duas chapas a espessura de cada uma é
18,9mm/2 > 7,5mm.
Adopta-se duas chapas de reforço de 10mm cada e será tref =2 x 10=20 mm.

Devido ao espaço necessário para realizar a soldadura e devido à curvatura de


transição entre o banzo e a alma do pilar, a totalidade da força de tracção não
mobiliza a totalidade do reforço pelo que as seguintes limitações para o
reforço da alma devem ser atendidas:
trefo  twc – a espessura da chapa para os reforço tem que ser igual ou
superior à espessura da alma do pilar.
Se se dispuser de uma única placa suplementar (de um só lado):

t 
A espessura total efectiva de reforço deve ser:

wc  tref  1,4  twc ;

t 
Se usar uma placa de cada lado, a espessura total efectiva de reforço:

wc  tref  2,8  twc

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No caso presente, o valor máximo para a largura efectiva da alma reforçada é:


t wc ,eff  2, 8  7, 5 mm  21 mm

pelo que
FRTd  235  226, 3  2  1116, 8 kN

Este valor é inferior ao valor necessário (1389,4 kN), pelo que os critérios de
segurança não são satisfeitos, sendo necessário recorrer a outro tipo de
reforço através de nervuras de rigidez oblíquas.

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Transmissão de esforços de compressão


A acção da força de compressão do banzo de viga num pilar sem reforço
pode provocar encurvadura localizada da alma do pilar.
Do mesmo modo que em tracção, o modelo de cálculo admite que a alma do
pilar pode entrar em instabilidade localizada para valores da tensão média ao
longo de um comprimento efectivo befc superiores à tensão de cedência.
FCR  fyc  t wc  b eff  R
R – coeficiente de redução dado por
n
R  1.25  0.5   1.0
fyc
Em que  n é a tensão no pilar devido ao esforço axial actuante do(s) pisos
superiores, por exemplo.
Este factor só é aplicado se  n  0, 5 fyc
No caso do exemplo (considerando  n  0.5  fyc ) e bef = 226.3 mm, tem-
se que Fc=235 x 7,5 x 226.3=399 kN < 1389,4 kN  pelo que o problema do
reforço da alma também se põe tal como no esforço de tracção.
Esta impossibilidade de reforçar a alma do pilar obriga a utilização de nervuras
de rigidez. Estes elementos transferem os esforços de tracção na parte que
ultrapassa o valor proporcionado pela resistência da alma do pilar.
O banzo inferior da viga deve ser prolongado para o interior do pilar como se
apresenta na resolução do exemplo que temos vindo a tratar.
A resolução desta ligação terá que passar pela utilização de nervuras de rigidez,
(rigidizadores), uma vez que as chapas de reforço alma do pilar não são
eficazes.
Utilizando dois rigidizadores, um para cada face da alma e atendendo à figura,
o equilíbrio dos esforços horizontais obriga a que:
2  Fn cos   Ft  FR

Os valores de FR e Fn são respectivamente os esforços de tracção a que a


alma do pilar e o rigidizador resistem, e F o valor total a equilibrar
transferido pela viga.

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Sendo   arctan  40, 23


220
260
Vem para o esforço a resistir por cada nervura:

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1389, 4  399 1389, 4  399


Fn    648, 25 kN .
2 cos  2  0, 76339
A largura de cada nervura é:
260  10
bn   125 mm
2
Para a espessura, tn, o valor necessário para resistir a um esforço de tracção é
obtido a partir da expressão:
tn  bn  fy  648, 25 kN ,

pelo que:

tn   22 mm
648250
125  235

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