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Realização:
Secretaria Municipal do Meio Ambiente
Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto

Concepção e Organização: Perci Guzzo - Ecólogo


Regina Maria Alves Carneiro - Engenheira Florestal

Colaboração: Licia Brasil Cesarino Vecchi - Engenheira Agrônoma


Carlos Henrique Alonso Toldo - Engenheiro Agrônomo
Olga Kotchetkoff Henriques - Bióloga
Paulo de Tarso Mello - Engenheiro Florestal
Hamilton de Oliveira Júnior - Engenheiro Agrônomo
Nádia Fontes (estagiária) - Arquiteta Urbanista
Carolina Silva Simões (estagiária) - Ecóloga

Ilustração: Nádia Fontes

Diagramação: Marcos Rivera / Claudio Lapria Junior

Tiragem: 5.000 exemplares

1ª edição, 2008

FICHA CATALOGRÁFICA

G9948v Vamos arborizar Ribeirão Preto / Perci Guzzo, Regina Maria Alves Carneiro
(orgs.). - Ribeirão Preto: Secretaria Municipal do Meio Ambiente, 2008.
40 p.; 22 cm.

1. Arborização urbana. 2. Plantio em calçadas. 3. Áreas verdes. 4. Espécies


arbóreas. I. Guzzo, Perci. II. Carneiro, Regina Maria Alves. III. Título.

CDU 712.2

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O desafio de arborizar a cidade
Arborização urbana é o conjunto de árvores existentes em uma cidade. Entretanto, esse termo também
inclui os cuidados aplicados a essas árvores, como: plantios, controle de doenças e pragas, rega, podas quando
necessário, adubação do solo, entre outros. Esses cuidados são imprescindíveis para a boa qualidade da
arborização e a pessoa que se dedica a plantar, manter e zelar pelas árvores de sua cidade é chamado de
arboricultor ou arborista.

Ribeirão Preto precisa aumentar a quantidade e melhorar a qualidade do verde em sua área urbana. As
árvores são necessárias para nossa cidade, pois contribuem para diminuir os impactos da urbanização. O
clima local pede uma cidade bem arborizada que se traduza em maior conforto térmico e controle de luz.

Nas últimas décadas a cidade cresceu bastante, mas o verde urbano não acompanhou esse crescimento.
Na verdade, o verde tem perdido espaço para outras estruturas urbanas, como a exposição de fachadas e
elementos publicitários, ou o rebaixamento de guias ao longo das calçadas para uso privativo de estacionamento
de automóveis.

Para melhorar a arborização da cidade são necessárias regras urbanísticas que garantam espaço para as
árvores, assim como o desenvolvimento do Plano Diretor de Arborização e Áreas Verdes que oriente os projetos
e a gestão do verde urbano no município. Além disso, são necessários investimentos financeiros e educativos,
decisões administrativas e técnicas, esforços individuais e coletivos para a implementação de um programa
eficiente de arborização urbana.

A cartilha Vamos Arborizar Ribeirão Preto é um material de apoio às ações educativas e técnicas que
visam contribuir para uma cidade com melhores índices de verde urbano e melhor qualidade ambiental na
cidade.

Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto

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Índice

Por que as árvores da cidade são importantes? ..................................................................................... 5


Onde estão e quantas são as árvores da cidade? .................................................................................. 7
Planejando o plantio: o quê e onde plantar? ........................................................................................... 9
Atenção ao porte da árvore e ao formato da copa ....................................................................... 9
Atenção ao verde de acompanhamento viário: as calçadas ........................................................ 12
Escolhendo o que plantar ..................................................................................................................... 18
Espécies indicadas para arborização urbana em Ribeirão Preto - SP ........................................... 19
Atenção ao verde de acompanhamento viário:
canteiros centrais, trevos e rotatórias .......................................................................................... 23
Áreas verdes públicas (AVP) e áreas de preservação permanente (APP) .............................................. 24
Plantando ............................................................................................................................................. 26
Canteiros em calçadas ............................................................................................................... 26
Cuidados com o solo .................................................................................................................. 27
Depois do plantio: mantendo a muda .................................................................................................... 28
Poda ................................................................................................................................................... 29
Poda na passagem da fase juvenil para a fase adulta da árvore .................................................. 29
Os tipos de poda ........................................................................................................................ 30
Ferramentas adequadas para serviços de poda .......................................................................... 32
Ferramentas não recomendadas para a poda de árvores ........................................................... 33
Equipamentos de proteção individual ........................................................................................ 34
Equipamentos acessórios ........................................................................................................... 34
Pragas e doenças em árvores. O que fazer? ........................................................................................ 35
Práticas inadequadas ........................................................................................................................... 36
Extração de árvores urbanas ................................................................................................................ 36
Os resíduos do manejo da arborização urbana. O que fazer? ................................................................ 37
Apoio e orientações para suas ações pelo verde urbano ...................................................................... 38
Bibliografia ........................................................................................................................................... 39

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Por que as árvores da cidade são importantes?

Figura 1: A presença de árvores na cidade proporciona melhor qualidade de vida.

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As árvores das calçadas, praças, parques, avenidas e quintais oferecem:
• sombra e frescor;
• flores e frutos;
• embelezam a cidade com formas e cores;
• reduzem a intensidade dos ruídos;
• retêm poeira, absorvem gás carbônico e produzem oxigênio, reduzindo a poluição do ar;
• amenizam conseqüências indesejáveis da insolação direta;
• melhoram o solo por meio de suas raízes e folhas;
• diminuem a força da água da chuva que cai no solo;
• alimentam e abrigam pássaros e outros animais;
• criam lugares agradáveis para encontros, descanso e brincadeiras...

Enfim, elas melhoram a qualidade de nossas vidas. Porém, para serem saudáveis, as árvores da cidade têm
que conviver bem com calçadas, pedestres, asfalto, tubulações, alicerces, paredes, ônibus, caminhões,
sinalizações de trânsito, fios elétricos e telefônicos, por isso seu plantio deve ser planejado.
As árvores são um bem de interesse coletivo, assim como o ar, as águas, os animais e seus ninhos, não são
propriedades particulares e por isso pertencem a todos os habitantes da cidade.

Você sabia?
Uma árvore isolada de grande porte, se estiver em boas condições, pode transpirar até 400 litros de
água em um dia, enriquecendo a umidade do ar.
Estima-se que um pequeno maciço de árvores de copas frondosas pode gerar um ambiente sombreado
com até 3ºC a menos de temperatura em relação ao ambiente ao redor.
A vegetação gera menos aquecimento do ar e de objetos próximos porque reflete apenas 10 a 20% da
radiação, enquanto que as superfícies artificiais podem refletir até 50% da radiação incidente.
A presença de 3 árvores frondosas pode reduzir o consumo de energia para ar condicionado em até
50%, devido ao sombreamento de um edifício e diminuição da temperatura em seu interior.
Maciços de árvores são até 40% mais eficientes do que campos gramados para funcionar como zonas
de amortecimento, ou seja, barreiras contra a dispersão de poluentes.
Cientistas sociais e ecólogos comprovaram que as famílias passam mais tempo de folga juntas e têm
mais relações sociais com seus vizinhos quando moram próximas a áreas verdes.

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Onde estão e quantas são as árvores da
cidade?

Na cidade, as árvores estão presentes em:

• áreas verdes públicas - praças, parques e outros espaços de lazer;

• áreas verdes particulares - quintais, jardins internos, chácaras, sítios e clubes de lazer;

• áreas verdes de universidades e escolas;

• áreas que acompanham o sistema viário – calçadas, canteiros centrais de avenidas, trevos e rotatórias;

• áreas de preservação permanente (APP) - margens de cursos d’água, topos de morro e áreas de
encostas, de domínio público ou privado, definidas de acordo com a Lei Federal 4.771/65 que institui o
Código Florestal Brasileiro;

• unidades de conservação localizadas na área urbana;

• áreas de proteção obrigatória, localizadas em área urbana, de acordo com a Lei Complementar 1.616/
2004 que institui o Código Municipal de Meio Ambiente.

Área verde é todo espaço urbano livre de edificação com presença considerável de vegetação e de solo
permeável.

Quando observamos a cidade de um avião é possível visualizar toda a cobertura vegetal existente. Pelas
imagens aéreas e de satélite podemos quantificar a cobertura vegetal da cidade e saber qual a porcentagem
que está coberta por verde. Com esses dados calculamos o índice de cobertura vegetal da área urbana.

Alguns pesquisadores estimaram para cidades norte-americanas, onde, de um modo geral, as temperaturas
são mais baixas que na maioria das cidades brasileiras, que é necessário o mínimo de 30% de cobertura
vegetal para manter o clima mais fresco. Podemos então imaginar quanto de cobertura vegetal seria necessário
para refrescar uma cidade como Ribeirão Preto, quente em boa parte do ano.

Também é possível medir a quantidade de áreas verdes públicas da cidade, com o objetivo de saber qual a
oferta de espaços ao ar livre para o lazer da população, com presença de vegetação. Esse índice é expresso
em metros quadrados por habitante (m2/hab). A Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU), por ocasião
do VI Encontro Nacional sobre Arborização Urbana, realizado em Londrina em 1995, recomendou um índice
mínimo de 15 m2/hab de áreas verdes públicas destinadas à recreação para as cidades brasileiras. Ribeirão
Preto, no último levantamento feito pela Prefeitura Municipal, em 2005, contava com 4,5 m2/hab de áreas
verdes públicas devidamente implantadas. Vamos fazer aumentar nossas praças e parques!

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Figura 2:
As árvores na cidade devem estar presentes nas calçadas, avenidas, praças, parques, quintais e ao longo dos rios.

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Planejando o plantio: o quê e onde plantar?
Não há uma espécie ideal de árvore e o importante é a maior variedade possível de espécies na arborização da
cidade, pois isso atrai uma diversidade maior de animais o que permite um reequilíbrio na cadeia alimentar do
ambiente urbano. Assim, pode ocorrer uma diminuição de animais tidos como pragas, tais como baratas,
pernilongos, ratos, pombos e escorpiões. O maior número de espécies de árvores embeleza a cidade pela
variedade de formas e cores.

O plantio de árvores frutíferas na cidade é recomendado, pois atrai animais, principalmente as aves, e também
porque os frutos podem ser fonte de alimento para as pessoas. Todavia, plantas com frutos carnosos devem
ser evitadas nas calçadas (riscos de escorregões), nos locais de trânsito intenso de veículos (riscos de
atropelamentos) e nos estacionamentos (riscos de danos aos veículos).

Cada lugar na cidade tem suas necessidades e exige atenções, que serão tratadas nas próximas páginas.

Atenção ao porte da árvore e ao formato da copa


Na arborização urbana classificamos as árvores em pequeno, médio e grande porte, com a função de orientar,
principalmente, o plantio nas calçadas, avenidas e rotatórias, para evitar conflitos com redes de fiação, edificações
e com fluxo de pedestres e veículos.

• Árvore de porte pequeno: espécies que


na fase adulta atingem, no máximo, 6 metros
de altura e que possuem um diâmetro de
copa* de 5 metros, em média.

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• Árvore de porte médio: espécies que na fase adulta atingem,
no máximo, 12 metros de altura e cujo diâmetro da copa é, em
média, de 7 metros.

• Árvore de porte grande: espécies com altura superior a


12 metros e com diâmetro de copa superior a 10 metros.

O formato da copa da árvore adulta também é outro fator importante na escolha da espécie, para evitar aqueles
mesmos conflitos. Esse formato também interfere nos tipos de poda a realizar.

• Copa piramidal: Espécies com essa característica, como magnólias,


pinheiros e jambo-vermelho, não devem ser plantadas sob fiação e,
quando podadas, não devem ter a gema apical* removida, evitando
assim a descaracterização de sua forma original.

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• Copa arredondada: Os ipês, paineiras, falsa-murta,
angicos, são exemplos desse tipo de copa.

• Copa pendente: Os exemplos mais comuns são


calistemom, aroeira-salsa e chorão-verdadeiro. Espécies
com essa característica nem sempre são adequadas para
calçadas, pois dificultam a passagem de pedestres ou
demandam serviços constantes de poda dos ramos.

* VOCABULÁRIO TÉCNICO

Diâmetro de copa: É o comprimento entre dois pontos extremos da copa de uma árvore. Imagine uma linha reta
que una esses dois pontos, passando pelo centro da copa. O comprimento dessa linha é o diâmetro de copa.
Gema apical: protuberância no caule ou nos ramos de uma planta, que dá origem a folhas, flores e a outros ramos.
Pode ser lateral ou apical. Neste caso se refere à ponta do caule em formação. O mesmo que brotação ou broto.

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Atenção ao verde de acompanhamento viário: as calçadas

As calçadas são espaços que acompanham as ruas e avenidas da cidade e que devem ser arborizadas de
acordo com o espaço aéreo e subterrâneo disponível.
As principais questões que interferem na escolha das espécies a plantar em calçadas são:
• A largura das calçadas;
• Presença ou ausência de fiação aérea*;
• Tipo de fiação aérea (convencional, isolada ou protegida*);
• Recuo frontal* das edificações;
Algumas das principais questões que interferem na localização e distanciamento entre mudas são:
• Localização da rede de água e esgoto;
• Rebaixamento de guia;
• Postes;
• Sinalizações de trânsito;
Distanciamento das esquinas.

Figura 5A: Fiação aérea convencional ou


desprotegida.

VOCABULÁRIO TÉCNICO
Fiação aérea convencional ou cabo nú: fios da rede elétrica, telefonia e/ou tv a cabo sustentados por postes.
Fiação aérea isolada/multiplexada e protegida/compacta: os fios de transmissão elétrica podem ser isolados total-
mente por cobertura emborrachada especial ou podem ser compactos com distanciadores ocupando menos espa-
ço aéreo e com maior proteção do que a fiação convencional. Esse tipo de fiação não entra em curto circuito
quando em contato com galhos de árvores.
Recuo frontal: distância entre a edificação e o limite do terreno com a calçada.

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A Prefeitura Municipal orienta e recomenda a presença de árvores em calçadas
nas seguintes condições:

Para calçadas com largura em torno de 2m

• Árvores de pequeno porte: quando houver fiação


convencional

• Árvores de médio porte: quando houver recuo


predial de no mínimo 3m e fiação ausente, protegida
ou isolada.

Figura 5B: Situação em que deve ser


utilizada árvore de pequeno porte.

Para calçadas com largura de no mínimo 2,50 m até


3,40 m:

• Árvores de pequeno porte: quando houver fiação


convencional ou não houver recuo predial.

• Árvores de médio porte: quando houver recuo predial


inferior a 3m e fiação ausente, protegida ou isolada;

• Árvores de grande porte: quando houver recuo predial


superior a 3m e fiação ausente, protegida ou isolada.

Figura 6A: Situação em que deve ser utilizada


árvore de médio porte.

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Para calçadas com largura a partir de 3,5m:

• Árvores de pequeno porte: apenas se todas as fiações de energia elétrica forem convencionais;

• Árvores de médio porte: apenas se não houver recuo predial, mesmo com fiação ausente, protegida ou
isolada;

• Árvores de grande porte: quando houver recuo predial de no mínimo 3m e fiação ausente, protegida ou
isolada.

Figura 7 A: Outra situação em que deve


ser utilizada árvore de médio porte.

Figura 7 B: Situação em que deve ser


utilizada árvore de grande porte.

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De forma geral, os recuos prediais favorecem a presença de espécies arbóreas de maior porte. Mas,
mesmo sem recuo, é possível manter árvores maiores se a edificação for de um pavimento, pois a
copa pode formar-se acima do telhado – o que também pode exigir manutenção periódica do telhado,
dependendo da espécie.

A largura das calçadas varia de acordo com o tipo de rua. Por exemplo, pela legislação de Ribeirão Preto, as
calçadas de avenidas devem ter no mínimo 4 metros e em ruas de menor circulação, no mínimo 2 metros.

Em calçadas com largura a partir de 4 metros e fiação não protegida, é possível deslocar o plantio
para o interior da calçada, para além dos 50 centímetros de distância mínima da guia. Dessa forma,
desviamos o plantio do alinhamento dos postes/fiação, permitindo a presença de espécies de maior
porte.

As calçadas não comportam árvores de porte muito grande, tais como jequitibás, paineiras, palmeiras imperiais,
pinheiros, abacateiros, flamboynts entre outras.

Para conciliar a presença de árvores saudáveis com a passagem segura de pedestres, bem como, com a
conservação dos equipamentos urbanos, as calçadas não devem ter menos que 2 metros de largura, de forma
que é difícil promover a arborização nas calçadas mais antigas e estreitas da cidade.

Para segurança e conforto do


pedestre, deve ser mantida,
conforme lei, uma faixa livre
para passeio de 1,20 metros,
no mínimo, independente da
largura da calçada.
Também é recomendado man-
ter a base da copa da árvore
adulta com altura mínima de 2
metros.

Figura 8: Para a livre mobilidade do pedestre nas


calçadas deve ser respeitada a largura mínima de
passeio e observada a altura mínima da base da
copa da árvore.

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Distâncias mínimas entre as árvores e os equipamentos urbanos
presentes nas calçadas
Como regra geral, para o plantio de árvores em calçadas podem ser adotadas as seguintes dimensões
mínimas:
Espaçamento entre mudas: 4 m entre espécies de pequeno porte
6 m entre espécies de médio porte
8 m entre espécies de grande porte
Distância da muda (haste) à guia 0,5 m
Distância de esquinas 6 m da confluência do alinhamento das guias
Distância de postes de fiação e iluminação 4m
Distância de placas de sinalização de trânsito 3m
Distância de semáforos 6m
Distância de bocas-de-lobo e caixas de inspeção 1,5 m
Distância de guias rebaixadas (acesso de veículos e 1,5 m
cadeirantes)
Quando a testada do lote tiver a guia toda rebaixada, plantar uma árvore a cada 7 metros,
aproximadamente.
Quando houver sobreposição de distâncias recomendadas, considerar a maior.

Figura 9A: Distâncias recomendadas das árvores em relação ao meio fio, a bocas-de-lobo e a guias rebaixadas.

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Figura 9B: Distâncias recomendadas das árvores em relação às esquinas, às
sinalizações de trânsito e aos postes de iluminação.

Figura 9C: É possível e recomendado a presença de árvores em calçadas com


guias rebaixadas.

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Escolhendo o que plantar
É preciso escolher as espécies que serão plantadas em função do espaço disponível e do resultado que se
quer obter com a árvore adulta. Por exemplo, para estacionamentos amplos, podemos optar por espécies de
grande porte, de folhas perenes que ofereçam sombra durante o ano todo e de frutos pequenos e leves que não
ofereçam riscos aos automóveis.

Para a escolha das espécies, podem ser consideradas características de floração, frutificação e caducidade
das folhas*, entre outras, em função do efeito estético e ambiental desejado.

Para ajudar nessa escolha, foi construída uma lista de espécies indicadas para a arborização urbana em
Ribeirão Preto, informando sobre:

• Nome popular e científico;


• Origem:
• se a espécie é nativa brasileira e qual tipo de vegetação está associada;
• ou se é uma espécie exótica, ou seja, originária de um ecossistema diferente dos existentes no Brasil;
• Floração: período do ano em que ocorre a floração da espécie e qual a sua cor predominante;
• Frutificação: período do ano em que ocorre e se o fruto é do tipo seco, carnoso ou vagem;
• Porte da árvore;
• Tipo de copa;
• Indicações de onde plantar;
• Observações sobre o comportamento da espécie.

Essa listagem, apresentada a seguir, foi construída com base em pesquisas e na experiência de técnicos
dedicados ao planejamento e manejo da arborização de Ribeirão Preto. Não deve ser tomada como única fonte
de pesquisa, pois há muitas outras espécies que podem e devem ser utilizadas.

A Prefeitura de Ribeirão Preto estimula a variedade de espécies na arborização urbana, em favor da


biodiversidade, da conservação ambiental e do embelezamento da cidade.

VOCABULÁRIO TÉCNICO
* Caducidade das folhas: diz-se da planta ou vegetação que perde as folhas em determinada época do ano,
geralmente na estação seca ou inverno.

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Atenção ao verde de acompanhamento viário: canteiros centrais,
trevos e rotatórias

Os trevos, as rotatórias e os canteiros centrais de avenidas possuem grande potencial para abrigar árvores e,
assim, contribuir com o embelezamento e ordenamento da paisagem urbana. Quando esses espaços não
estão impermeabilizados, contribuem para a qualidade ambiental, porém sem função de lazer.

Da mesma maneira que as calçadas, a escolha da espécie e o local de plantio dependem:

• Da largura dos canteiros centrais das avenidas ou o raio das rotatórias e dos trevos;

• Da localização de redes coletoras de esgoto e água pluvial;

• Da presença, localização e condição de redes aéreas de fiação elétrica, telefônica e TV a cabo;

• Da existência e localização de placas de sinalização de trânsito;

• De outros mobiliários urbanos existentes.

Sobre a interferência de redes de esgoto e água, redes aéreas de fiação e sinalização de trânsito, as mesmas
questões levantadas para as calçadas são válidas para os canteiros, trevos e rotatórias.

Para termos canteiros com árvores de grande porte, como na Avenida Nove de Julho, repleta de Sibipirunas, e
na Avenida Costa e Silva, repleta de flamboyants, o ideal é que as fiações aéreas estejam nas calçadas laterais
ou, se estiverem nos canteiros, que sejam protegidas, compactadas ou subterrâneas.

Em canteiros, trevos e rotatórias não se deve plantar espécies arbustivas, porque os “muros verdes” feitos com
essas espécies atrapalham a visão do trânsito, provocando acidentes.

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Áreas verdes públicas (AVP) e áreas de
preservação permanente (APP)

As praças e os parques são os dois principais tipos de áreas verdes públicas (AVP).

Ribeirão Preto possui muitas áreas desse tipo, mas grande parte ainda não está arborizada e estruturada para
permitir o uso pela população. As árvores são imprescindíveis nesses espaços, pois proporcionam maior
qualidade para o ambiente urbano e conforto para o lazer das pessoas.

As praças e os parques são os lugares mais adequados para as árvores de grande porte, de frutos grandes e
carnosos, e quando estão integradas a áreas com remanescentes de vegetação natural, podem abrigar
exemplares da fauna regional. Esses lugares também são importantes para diminuir os riscos de enchentes
nas cidades, porque seus grandes espaços e canteiros com solo vegetado permitem a infiltração e o
amortecimento da força das águas de chuva que escoam pela superfície do solo.

As áreas de preservação permanente (APP) são uma categoria especial de área verde nas cidades. Estão
associadas aos percursos de córregos e rios, lagos, nascentes, aos topos de morro, encostas íngremes, restingas
e outras áreas frágeis. Precisam ser conservadas em estado natural e assim podem ajudar muito na proteção
dos cursos d’água e na estabilidade do solo, evitando desmoronamentos.

O Código Florestal Brasileiro (Lei n. 4771 de 1965) determina os limites mínimos das áreas de preservação
permanente, mas, além dessas normas, os municípios também podem estabelecer outras áreas que devem
ser protegidas, criando leis específicas e mais restritivas. O plantio e a manutenção de árvores nas APPs
devem ser autorizados pelo Poder Público estadual.

A Resolução SMA no47 / 2003 traz uma extensa listagem de espécies arbóreas indicadas para a recuperação
de áreas degradadas, que pode ser utilizada como importante fonte de pesquisa para plantio em APP. As áreas
de preservação permanente podem ser públicas ou privadas.

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Figura 10: Ao longo dos cursos d’água e nas áreas verdes, a arborização protege o solo e o recurso hídrico, atrai a fauna e
proporciona bem-estar para quem visita essas áreas.
Plantando
Em áreas verdes para fins de reflorestamento, a muda da árvore pode ser plantada quando tiver a altura
mínima de 1,20m, mas em áreas verdes com função de lazer e principalmente nas calçadas, o ideal é
que tenha pelo menos 1,80m.
É recomendável que a muda tenha haste única, esteja sem brotações laterais ou bifurcações e que seja
o mais retilínea possível.

Figura 11: Ao plantarmos uma muda de árvore,


devemos adotar medidas para garantir seu bom
desenvolvimento.

Canteiros em calçadas
Depois de escolhidas as espécies e os locais de plantio, de acordo com as orientações das páginas anteriores,
partimos para a construção do canteiro da muda.
O canteiro ou área livre de impermeabilização ao redor da muda é importante para que as raízes da árvore
respirem e retirem água e nutrientes do solo. A dimensão recomendada dessas áreas é, no mínimo:

• 1 m² para árvores pequenas e médias;


• 2 m² para árvores grandes.
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Cuidados com o solo
• A ocasião mais apropriada para o plantio da muda é o início do período chuvoso (outubro a dezembro),
quando o solo se mantém úmido;

• A cova deve ter a forma de uma bacia, sendo mais profunda na parte central, com aproximadamente 60
centímetros;

• Se o solo for de boa qualidade (argiloso, vermelho escuro, fofo e com camada superficial sem pedras, reboques
etc.), a cova pode ter dimensões menores;

• Se o solo não for de boa qualidade (arenoso, de cores mais claras, compactado, solo de aterro e/ou com
presença de entulho), a cova deve ser maior.

• A cova deve acomodar o torrão* da muda com folga, para que as raízes encontrem solo fofo na sua fase de
acomodação;

• Recomenda-se fertilizar a cova para garantir um desenvolvimento inicial rápido e saudável da muda. Misture
bem os fertilizantes com a terra e encha a cova com este material, comprimindo com as pontas dos dedos cada
camada adicionada.

• No plantio, o colo* da muda deve estar no nível da superfície do solo;

• Não deixe raízes sem enterrar;

Para guiar a muda, utilize um sarrafo ou uma estaca de bambu enterrada cerca de 0,50m e com pelo menos
2 m acima da superfície do terreno. Use um cordão de sisal para amarrar a muda ao tutor. Faça o amarrilho
em forma de oito deitado.

Sugestão de adubação orgânica da cova:


10 litros de esterco de curral curtido ou 5 litros de esterco de galinha ou 1 litro de torta de mamona. O
adubo é depositado no fundo da cova.

Sugestão de adubação inorgânica da cova:


200 gramas de 4 : 14 : 08 ( Nitrogênio : Fósforo : Potássio ) ou 400 gramas de superfosfato simples.

* VOCABULÁRIO TÉCNICO

Torrão: porção de terra que contém as raízes que são formadas no viveiro em uma lata ou num saco plástico. No
momento do plantio o que é enterrado é exatamente o torrão.
Colo: parte intermediária entre o tronco e as raízes da árvore, que fica em contato com a superfície do solo.

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Depois do plantio: mantendo a muda
A rega é necessária principalmente no desenvolvimento inicial da muda:

• No verão, jogue água a cada dois dias, caso não esteja chovendo.

• Na estação seca, jogue água todos os dias.

• Procure aguar pela manhã ou no final da tarde. Evite o excesso de água, pois pode ser prejudicial.

O controle de pragas e doenças deve ser efetuado se necessário (confira este assunto nas páginas 22 e 23).

Para as mudas plantadas em áreas verdes e áreas de preservação permanente:

• É necessário o controle do mato que cresce ao seu redor, por isso se faz o coroamento* da muda e a
manutenção do mesmo.

• O mato que se desenvolve por toda a extensão dessas áreas também deve ser controlado ao longo do ano
todo, por meio de capina.

• Para o coroamento das mudas e a capina é importante privilegiar meios mecânicos ao invés do uso de
herbicida. Os herbicidas contaminam o solo e a água, podendo prejudicar o crescimento de outras espécies, já
o emprego de enxada, ceifadeiras e cortadores de grama, não é agressivo ao ambiente.

• Os resíduos da capina ou roçada podem ser utilizados como cobertura vegetal, com o objetivo de manter a
umidade, proteger e enriquecer o solo, gerando também menor quantidade de resíduos para depósito em
outros locais. Com essa prática, durante o período seco do ano, são necessários cuidados para evitar queimadas.

A queimada urbana não é uma prática recomendada e constitui crime ambiental. Quando ocorre nas áreas
verdes urbanas, prejudica as plantas rasteiras, arbustivas e arbóreas e ainda provoca a morte da mesofauna*
e dos microorganismos* que vivem no solo. Além disso, as queimadas aumentam a poluição atmosférica,
piorando significativamente a qualidade do ar da cidade, dificultando a respiração e as condições de visibilidade.

* VOCABULÁRIO TÉCNICO

Mesofauna: invertebrados habitantes do solo, de tamanho intermediário entre a microfauna e a macrofauna. São
responsáveis por fazer a decomposição inicial da matéria orgânica (folhas, galhos, fezes de animais etc) existente
no solo. Exemplos: minhocas, pequenos besouros, formigas, vermes de vida livre etc.

Microorganismos: organismos microscópicos como bactérias, fungos, vírus e protozoários que no solo exercem a
função de decomposição final da matéria orgânica, tornando disponível os nutrientes químicos (fósforo, potássio,
magnésio, cálcio, sódio etc) para as raízes das plantas.
Coroamento: capina ao redor da muda com pequeno rebaixamento do nível do solo para acúmulo de água.

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Poda

Poda na passagem da fase juvenil para a fase adulta da árvore

A passagem da fase jovem (muda) para a fase adulta (árvore) requer alguns cuidados do arboricultor. Muitas
espécies utilizadas na arborização urbana, quando plantadas em lugares abertos, tendem a desenvolver ramos
laterais, formando sua copa a partir da base.

Assim, caso o plantio em calçadas, canteiros centrais e áreas verdes seja feito com mudas de altura menor que
1,80 m, além de precisar de maior proteção contra maus tratos, será necessário conduzi-las através da “poda
de formação” que deve ser iniciada já na fase de viveiro.
A “poda de formação” consiste na eliminação dos ramos inferiores, conservando, pelo menos, 1/3 do volume
original da copa para não prejudicar o crescimento da muda.

A futura árvore deverá ter os galhos


situados sempre acima de 2,0 m. Assim,
evitaremos que seus galhos atrapalhem
a passagem de veículos e de pedestres
e, além disso, posteriormente serão
desnecessárias podas drásticas para
corrigir a sua forma.

Figura 12: A poda de formação é a de grande importância


para compatibilizar a presença de árvores com os
equipamentos urbanos.
29
Os tipos de podas

Além da poda de formação, existem outros tipos de poda para condução de árvores urbanas:

• Poda de conformação: visa adequar o volume da copa ao ambiente onde a árvore está plantada, reduzindo

interferências na circulação de pedestres, veículos e nas edificações. Este tipo de poda é bastante criterioso,

respeitando-se a arquitetura original da árvore, sem causar o seu desequilíbrio.

• Poda de limpeza: tem o objetivo de retirar galhos secos, inativos ou mal formados. Ela também pode ser

usada para recuperar árvores danificadas. Nesta poda, procura-se serrar os galhos sempre rentes ao tronco ou

rentes aos galhos mais grossos de onde partem. A poda de limpeza é importante para reduzir a disponibilidade

de alimento para cupins, diminuindo sua infestação na cidade.

• Poda de elevação da base da copa: tem a finalidade de remover galhos pendentes ou que interfiram com

demais usos nos passeios e áreas públicas. Também deve ser feita com critério, sem causar o desequilíbrio da

árvore.

• Poda de contenção: serve para conter a copa da árvore abaixo dos fios elétricos e telefônicos. Este tipo de

poda não é recomendado para espécies de grande porte, podendo comprometer a saúde e longevidade da

árvore. É importante saber que este tipo de poda requer manutenção constante, tendo em vista que o crescimento

da árvore mantém-se enquanto ela estiver viva.

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Em qualquer tipo de poda, os galhos devem ser removidos na sua base, respeitando-se a região da
crista* do galho e do colar*, de modo a garantir a adequada cicatrização. Esta técnica evita a permanência
de tocos ou “cabides” que dão origem a processos de apodrecimento do lenho com a exposição dos
tecidos internos à ação do tempo e de microrganismos.

Figura 13: Em qualquer tipo de poda, o corte


deve respeitar as regiões da crista e do colar
do galho, de modo a garantir a adequada
cicatrização.

A poda drástica ocorre quando há o corte total da copa, restando apenas o tronco da árvore; quando há
o corte de grandes galhos deixando a árvore em desequilíbrio; e ainda, quando há a retirada de mais de
30% das folhas.
Esse tipo de poda não é recomendado e só será efetuado em condições de emergência. A poda drástica
é crime ambiental e há penalidades para a pessoa física ou jurídica responsável.

* VOCABULÁRIO TÉCNICO

Crista: parte superior da inserção de um galho no tronco, com papel importante na cicatrização da base do
galho podado.
Colar: parte inferior da inserção de um galho, que também exerce função importante na cicatrização da base do
galho podado. Pode apresentar saliência, indicando preparo da árvore para a perda do galho.

31
Ferramentas adequadas para serviços de poda
Para que a poda seja bem-feita é importante utilizar ferramentas adequadas. As ferramentas mais utilizadas
nos serviços de poda de árvores são:

• Tesouras de poda: para cortar galhos finos, com diâmetro de


até 2 centímetros. São usadas manualmente na poda de formação
e no acabamento das podas de manutenção e de limpeza;

• Tesouras de poda de cabo longo e podão: para corte


de galhos com espessura entre 1,5 e 2,5 centímetros. É
formado por uma tesoura de poda montada sobre haste e
acionadas por cordel, sendo útil nas árvores adultas, em
poda de conformação e limpeza.

• Serras manuais: para o corte de galhos com


diâmetro entre 2,5 e 15 centímetros. Existem vários
tipos de serras manuais com características distintas,
destacando-se dentre elas:
a. Serra de lâmina rígida – a lâmina é mais larga,
exigindo maior esforço do operador. Permite acesso
a forquilhas mais fechadas. A lâmina pode ser reta
ou curva;
b. Serra de arco – lâmina mais fina, facilitando a
operação de corte. Necessitam mais espaço para o
corte. a b
32
• Motosserra: utilizada para o corte de galhos com
diâmetro superior a 15 centímetros. A aquisição e
o uso de motosserra precisa ser licenciado e
por ser um equipamento perigoso devido ao
risco de acidentes, só deve ser utilizado por
profissionais treinados. A motosserra deve ser
utilizada no chão ou em plataforma elevatória, com
apoio seguro para o operador.

Ferramentas não recomendadas para a poda de árvores

Jamais deverão ser usados facões, foices e machados, pois, além de os cortes com essas ferramentas serem
imprecisos, existe o risco de acidente envolvendo o podador.

Nas ações de poda, a casca da ár-


vore deve ser mantida íntegra. É
necessário evitar lascas e danos à
casca da árvore.
Nunca quebre um galho com as
mãos.

Figura 15: A poda de galhos e ramos deve sempre ser


efetuada com ferramentas e técnica adequadas.

33
Equipamentos de proteção individual
Equipamentos de proteção individual (EPI) devem ser usados por todos os operadores que estiverem trabalhando
na manutenção da árvore, para evitar acidentes. Os equipamentos mínimos são:
• Capacete de segurança com fixação no queixo
• Roupas apropriadas (calça grossa e camisa de mangas compridas)
• Óculos de proteção contra o pó de serra e serragem
• Luvas de couro
• Sapatos de solado reforçado e rígido
• Cinto de segurança com alça de comprimento variável, para subir em árvores.
• Coletes refletores, principalmente em local onde houver trânsito de veículos.
Quando utilizar uma motosserra, além destes equipamentos de proteção, é necessário também um protetor
auricular.

Figura 16: O podador deve utilizar os


equipamentos de segurança para que não ocorra
acidentes.

Equipamentos acessórios
• Escada: o acesso à copa da árvore é feito com escada de madeira ou alumínio, sendo as escadas de dois
corpos mais seguras. Quando estendidas, devem ter altura entre 6 e 9 metros. Para atender às normas de
segurança devem ter apoios antiderrapantes de solo, com base larga; apoio único na árvore, flexível e anti-
deslizante, para evitar o tombamento da escada.
• Cordas: a corda é um acessório indispensável em qualquer operação na copa das árvores. Serve de
comunicação entre o operador e o solo, auxilia no transporte de ferramentas e, principalmente, atua na segurança
do operador. A corda também pode ser usada no direcionamento da queda do galho cortado.
Isolamento da área: para isolar a área de trabalho, devem ser usados cones de sinalização, cavaletes, fitas
plásticas zebradas ou coloridas e placas de sinalização.

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Pragas e doenças em árvores. O que fazer?

O controle da saúde das árvores deve ser feito regularmente. Os problemas mais freqüentes são a presença de
formigas cortadeiras e carpinteiras, cupins, lagartas, cochonilhas, pulgões e fungos. O controle fitossanitário*
contra pragas e doenças pode ser preventivo ou curativo.

O controle fitossanitário preventivo é obtido:

• pelo uso de espécies nativas da região;

• adquirindo mudas de boa qualidade, com sistema radicular bem formado e parte aérea sadia;

• atendendo aos procedimentos recomendados de plantio, garantindo o desenvolvimento saudável da muda.

No controle fitossanitário curativo, podem ser empregados métodos menos agressivos ao ambiente, tais como:

• controle biológico* de pragas, inseticidas caseiros como “calda de fumo”, bem como o controle mecânico* de
lagartas, cupins e formigas cortadeiras.

Caso você detecte algum problema nas árvores próximas de sua casa, procure orientação de um engenheiro
florestal ou de outro profissional habilitado, que indique o procedimento adequado para cada caso, pois no
Brasil o uso de produtos químicos para controlar pragas na arborização urbana ainda não está regulamentado
por lei.

VOCABULÁRIO TÉCNICO

Fitossanitário: diz respeito às condições de saúde das plantas

Controle biológico: controle pela presença e ação natural de outros seres vivos, não fazendo uso de produtos
químicos estranhos àquele ambiente
Controle mecânico: retirada da praga fazendo uso das mãos ou de ferramentas.

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Práticas Inadequadas:

- Caiar ou pintar o tronco


- Colocar pregos e arames
- Pendurar faixas, propagandas e outros objetos
- Plantar a muda em tubos e manilhas
Todas são prejudiciais ao desenvolvimento e à
saúde da árvore, por isso não são recomenda-
das.

Figura 17: Caiar o tronco das árvores e fixar pregos e faixas são práticas não recomendadas.

Extração de árvores urbanas


Há situações na cidade em que algumas árvores estão tão velhas ou doentes que é preciso extraí-las, ou seja,
retirá-las por inteiro, inclusive suas raízes. São casos em que há o risco de a árvore cair por força da chuva ou
do vento forte. Há também situações de risco envolvendo espécies de grande porte que, plantadas em locais
inadequados, podem, por exemplo, causar danos a residências ou ao patrimônio público. Nesses casos, a
melhor medida é retirar a árvore e substituí-la por uma espécie de porte menor.

Para uma extração correta não se deve deixar parte do tronco rente ao chão e as raízes devem ser removidas
totalmente. Isso é necessário para manter a segurança do passeio público e liberar o canteiro para o plantio de
outra muda.

Nenhuma pessoa deve extrair árvores na cidade sem a autorização que é obtida no órgão ambiental competente.

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Os resíduos do manejo da arborização
urbana. O que fazer?

As sobras de podas e de remoções de árvores no meio urbano podem receber uma destinação ecológica, no
sentido de serem transformadas em matéria-prima para produção de adubo orgânico. Para que isso ocorra é
necessário um triturador mecânico.
O adubo pode ser obtido da seguinte maneira:

1) faz-se a trituração da folhagem, ramos e galhos;


2) dispõe-se o material triturado em camadas alternadas com esterco bovino ou eqüino;
3) acrescentam-se minhocas;

4) espera-se aproximadamente 90 dias quando são retiradas as minhocas e o material é peneirado;


5) usa-se o composto na produção de mudas e adubação de plantas utilizadas na arborização urbana.
Ao invés de serem transformados em adubo, alguns galhos e troncos podem ser úteis na carpintaria ou como
fonte de energia.

Situações em que é necessária a autorização do Poder Público Municipal


Extrações de árvores na área urbana necessitam de autorização da Prefeitura Municipal nos seguintes casos:

• quando localizadas em logradouros públicos, inclusive nas calçadas;

• quando isoladas em terrenos ou glebas particulares, na zona urbana;


O serviço de extração de árvores em logradouros públicos é de responsabilidade da Prefeitura Municipal. Já
em área particular, o serviço de extração é de responsabilidade do proprietário, com prévia vistoria técnica.

Situações em que não é necessária a autorização do Poder Público


Municipal
A poda de árvores localizadas em logradouros públicos ou em propriedades particulares não precisa ser
autorizada pela Prefeitura Municipal. No entanto, ela deve ser efetuada adequadamente, de forma a não prejudicar
a árvore, e ser executada por pessoa credenciada.
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Apoio e orientações para suas ações pelo
verde urbano

Onde conseguir mudas adequadas


Para a obtenção de mudas saudáveis deve-se procurar por viveiros públicos ou particulares de Ribeirão Preto
e região. Segue uma pequena listagem de viveiros púbicos para consulta:

· Parque Ângelo Rinaldi – Viveiro Municipal. Avenida Manuel Antonio Dias, s/nº, Jardim Marquezi, Ribeirão
Preto – SP, telefone 16 - 3637-6198.
· CATI – Departamento de sementes, mudas e matrizes. Rua Peru, 1472, Vila Carvalho, Ribeirão Preto –
SP, telefone 16 - 3626-0235 / 3626-2659.
· Instituto Florestal - Estação Experimental de Santa Rita do Passa Quatro. Rodovia Zequinha de Abreu,
Km 8.5, Santa Rita do Passa Quatro – SP, telefone 19 - 3582-1807.
· Floresta Estadual de Batatais – Horto Municipal. Rodovia Cândido Portinari, Km 347, Batatais – SP,
telefone 16 - 3662-6327.

Orientações técnicas
O plantio e o manejo de árvores urbanas requerem conhecimentos técnicos. Além de consultar essa cartilha, o
morador deve buscar informações na Prefeitura Municipal nos seguintes setores:

• Secretaria Municipal do Meio Ambiente

• Parque Ângelo Rinaldi – Horto Florestal Municipal. Avenida Manoel Antonio Dias, s/no, Jardim Marchezi, Ribeirão
Preto – SP, telefone 16 – 3637-3341, endereço eletrônico: pear@planejamento.pmrp.com.br

Parcerias em projetos e ações de arborização urbana


Empresas, escolas, organizações não governamentais e outras entidades que desejem implementar ações ou
projetos relacionados à arborização da cidade, devem procurar a Prefeitura Municipal por meio da Secretaria
Municipal do Meio Ambiente.

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Bibliografia
EFEITOS DA PAISAGEM. Revista Pesquisa FAPESP, São Paulo, n.127, seção Laboratório, Set. 2006. Disponível
em: <http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=3257&bd=2&pg=1&lg=>. Acesso em: Out.2006.
GUZZO P., CARNEIRO, R.M.A., OLIVEIRA - JÚNIOR, H. Cadastro Municipal de Espaços Livres Urbanos de
Ribeirão Preto (SP): acesso público, índices e base para novos instrumentos e mecanismos de gestão. Revista
da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana. V.1, N.1 Piracicaba, SP, Dez. 2006. Disponível em
www.revsbav.esalq.usp.br

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Vol.1, 4.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 1992. 352p.
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LORENZI, Harri et al. Árvores exóticas no Brasil: madeireiras, ornamentais e aromáticas. Nova Odessa, SP:
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MAGALHÃES, Luís Mauro S., CRISPIM, Angela Alves. Vale a pena plantar e manter árvores e florestas na
cidade? Revista Ciência Hoje, Rio de Janeiro, vol. 33, p.64-68, Mai.2003.
PIRACICABA. Secretaria de Defesa do Meio Ambiente (SEDEMA). Manual de Normas Técnicas de Arborização
Urbana. Disponível em <http://www.piracicaba.sp.gov.br>
PORTO ALEGRE. Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Plano Diretor de Arborização Urbana de Porto Alegre.
Porto Alegre, 2007. 36p. il.
RIBEIRO, Edson Leite; SILVEIRA, José Augusto Ribeiro da. Desenho urbano e qualidade do ambiente
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SÃO PAULO. Prefeitura da Cidade de São Paulo - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. Manual técnico de
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SEITZ, Rudi Arno. A poda de árvores urbanas. Curitiba, PR: Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná,
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