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Para escrever sobre este assunto, fiz algumas pesquisas na Internet e, para minha sorte,
encontrei um texto muito bem escrito, bastante didático e elucidativo sobre como
funcionam as relações tóxicas entre as pessoas. O texto foi escrito por Kátia Ricardi de
Abreu, Psicóloga graduada pela PUCCAMP, especialista clínica em Análise Transacional
pela ALAT e UNAT-Brasil, consultora de empresas, palestrante e escritora. Aproveitei o
texto na íntegra e para diferenciar escrevi meus comentários em Itálico e na cor azul.
http://katiaricardideabreu.blogspot.com.br
Compreendendo os papéis
A Análise Transacional ensina como compreender as relações tóxicas entre as pessoas.
Eric Berne classificou os tipos de condutas padrão não saudáveis em três papéis:
Salvador, Perseguidor e Vítima. Karpman, discípulo de Berne, criou um diagrama para
entender visualmente e de forma simples, esta dinâmica do relacionamento interpessoal,
que é o Triângulo Dramático e recebeu o Prêmio Eric Berne por esta valiosa contribuição à
teoria da Análise Transacional. Primeiro temos que diferenciar os papéis de Salvador,
Perseguidor e Vítima, dos papéis da vida real. Um salvador autêntico pode ser, por
exemplo, um enfermeiro, um médico, que salva uma vida. Um perseguidor autêntico pode
ser o policial que persegue um bandido. E uma vítima autêntica, pode ser uma pessoa que
foi assaltada pelo bandido.
Relacioname
ntos tóxicos
No Triângulo Dramático de Karpman, estes papéis são utilizados de forma representativa,
para compreender relacionamentos tóxicos entre as pessoas, comunicações distorcidas
que levam a conflitos, os chamados jogos psicológicos. Os Jogos Psicológicos ocorrem
quando a comunicação não é direta, mas cheia de mensagens ocultas.
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O perseguidor
O Perseguidor é aquele que cobra de forma veemente, crítica e autoritária, muito além do
necessário. O extremo disso chama-se assédio moral e no Brasil, é um assunto que está
despertando o interesse dos profissionais. Pessoas que são massacradas diariamente,
perseguidas ao ponto de prejudicarem a sua saúde física, em face da frequência e
intensidade de um relacionamento com este padrão, estão reagindo no sentido de se
fazerem respeitar através da comunicação ou através da justiça comum. A Posição
existencial do Perseguidor também é, geralmente, a de superior às demais pessoas, mas
também pode ocorrer desta posição ser apenas a fachada. Ou seja, no fundo, o
Perseguidor sente-se tão inferior que ele precisa se fazer superior através da posição de
Perseguidor. Veja mais sobre o “Perseguidor” em : “A VIOLÊNCIA EMOCIONAL E
PSÍQUICA“
O grande problema dos Perseguidores
contumazes é que eles são Auto referenciados, isto é, tomam a si mesmos como
referência de comportamento ideal e, obviamente, acham que todos à sua volta devem se
comportar de acordo com essa referência. Quando alguém não se comporta dessa forma,
por espontaneidade ou por recusa consciente, costumam ficar furiosos. E tentam de todas
as maneiras desqualificar as pessoas que não seguem o padrão. Aproveitam-se de
pequenas falhas dos colegas (ou funcionários) para sabotá-los e assim criar
constrangimento perante os demais colegas deixando claro com isso, que se o funcionário
ou colega se comportasse dentro do padrão ‘referência, isso não aconteceria com ele.
Adoram passar lições de moral nos outros. Quando chamam o colega (ou funcionário)
para conversar, sua conversa quase sempre começa com uma dessas frases: “VOCÊ
TEM QUE ENTENDER QUE…” ou “VOCÊ PRECISA APRENDER UMA COISA…” –
Sempre são os outros que precisam entender ou aprender algo. Incrível como essas
pessoas tem uma predileção por se considerarem os “portadores da verdade”. Só eles
sabem das coisas, só eles são instruídos, só eles tem experiência, enfim… só eles, tudo.
Essas pessoas normalmente ocupam o papel de Perseguidor, mas quando confrontados,
trocam imediatamente de papel, passando para o de Vítima e acusam o confrontador de
ser o sabe tudo, o mais experiente, o bonzão, etc. E geralmente o fazem em tom
sarcástico ou jocoso.
Outra forma
pérfida que o Perseguidor costuma utilizar frequentemente, é o ‘Conceito de Tempo
Zero‘, ou seja o conceito de que o tempo para se executar determinadas tarefas
simplesmente não existe. Ele passa duas ou três tarefas ao mesmo tempo para um
funcionário, mas calcula o tempo necessário para execução de apenas uma delas e
depois ele cobra de forma impiedosa e agressiva de seus funcionários, da esposa ou outra
pessoa o porquê de certas tarefas não terem ainda sido cumpridas. E nunca aceita as
desculpas. Aliás, o Perseguidor é uma das pessoas mais difíceis para se manter um
diálogo. Eles sempre tem razão. E ante a improvável hipótese de o outro (a Vítima) ter
razão, o Perseguidor a desqualifica rapidamente com apenas uma pergunta: “Você veio
aqui para discutir razão?” – ou então falam em tom jocoso: “Lá vem você com suas
teorias furadas!” – A missão mais difícil para qualquer pessoa sensata é tentar convencer
o Perseguidor de que ele é um doente psicológico (psicopata) e que precisa de ajuda. Se
você tentar isso, pode ter certeza de que será deflagrada a Terceira Guerra Mundial
apenas porque você tentou.
A vítima
A posição de Vítima é aquela onde a pessoa nunca fez nada para merecer nada. Ela não
assume a responsabilidade pelos seus atos. Ela fez assim porque o outro fez assado. Se
ela erra, vai buscar uma justificativa sempre no outro. Quando as pessoas falam sobre ela,
costumam colocar sempre a palavra coitada no meio da frase: “a fulana, coitada, não tem
boca pra nada…”. E assim a vítima se protege, usando uma bengala para não ser
chamada a pensar e a agir com autonomia nem para responder pelos seu atos.
Desqualificando as pessoas
As pessoas que estão dentro do Triângulo, principalmente quando no papel de
Perseguidor, para não terem que assumir responsabilidades sobre seus atos, e também
para não terem que reconhecer que são portadores de uma psicopatia, costumam
desqualificar os que vem de fora com o objetivo legítimo de ajudar ou esclarecer, tratando-
os como crianças, colocando-os forçosamente no Estado de Ego ‘Criança’, porque assim
não precisam levar a sério os conselhos ou orientações, afinal, é uma criança que está
falando, não um adulto. Para isso, utilizam-se de frases em tom sarcástico ou jocoso, do
tipo: “ihh, lá vem você de novo com suas teorias furadas” – Ou então, passam uma
lição de moral no sujeito, mas ainda colocando-o no Estado de Ego ‘Criança’: “Você está
estudando muito, isso está te fazendo mal“, ou ainda: “Você fica vendo essas coisas
na Internet, isso vai acabar deixando você louco“.
Afetivid
ade barganhada
E por que as pessoas jogam ou por que as pessoas entram no Triângulo Dramático de
Karpman? Há várias razões. A principal delas é: para evitar intimidade. Ou seja, pessoas
que não desenvolveram seu potencial para amar se assustam diante da possibilidade de
estarem diante de pessoas que não escondem cartas na manga, onde possa haver uma
rica troca de afagos, uma amizade autêntica e profunda. Isso as assusta por ser uma
forma de relacionamento que não foi introjetada, não foi aprendida. São pessoas que
aprenderam o amor de troca, de barganha e se sentem vulneráveis diante de uma
proposta de comunicação onde não há armadilhas. Elas não acreditam que isso possa
acontecer, devido às suas experiências, seu histórico, suas mensagens introjetadas muito
cedo na vida.
Muitas pessoas (se não a
maioria) foram criadas em um ambiente familiar doentio, convivendo diariamente com
esses tipos de comportamentos tóxicos, portanto, para essas pessoas isso é
perfeitamente normal. O Triângulo Dramático está presente em todas as relações
humanas então é óbvio que as pessoas aprenderam desde muito pequenas a se
adaptarem aos papéis dentro do triângulo. São psicopatas inconscientes, não tem noção
do mal que fazem (a si mesmos e aos outros). A grande tragédia é que nenhum de nós
recebe educação emocional, portanto mesmo ‘sentindo’ que há algo errado, levamos
adiante para as gerações seguintes o que aprendemos no convívio familiar, já que não
tivemos outra referência. A educação escolar e acadêmica não nos prepara para termos
relações saudáveis. Na verdade, as escolas também são ambientes altamente tóxicos do
ponto de vista emocional e psíquico. Duvida? Então tente se lembrar de como eram seus
professores e os diretores das escolas onde você estudou. Isso para não falar de muitos
de seus colegas.
Salvador, vá se divertir!
Quem está na Posição de Salvador, pode aprender a sair dela deixando de ajudar quem
não pede ou não precisa ser ajudado, acreditando na capacidade das pessoas de
existirem com autonomia e acreditando que pode ser amado pelo que é e não apenas pelo
que faz pelas pessoas. Digo sempre para os Salvadores: “vá se divertir!”, “cuide de você!”.
Perseguidor, seja menos crítico!
Para sair da Posição de Perseguidor, a pessoa pode utilizar seu tempo e sua energia para
considerar o todo das pessoas e não apenas as suas falhas ou erros. Pode também
buscar uma forma de se sentir importante, pode construir sua existência de glória sem
necessidade de destruir o que já foi construído. Pode exercer seu poder sem humilhar ou
denegrir as qualidades dos outros. Pode apontar erros ao invés de criticar duramente.
Vítima, largue as muletas e
caminhe!
Para sair da Posição de Vítima, a pessoa pode exercitar seu pensamento lógico. Como eu
posso cuidar de mim? O que eu posso fazer por mim? De que forma posso resolver isso
sozinha? Desistir de ter bengalas, de estabelecer simbioses permanentes com as pessoas
que estão sempre prontas para respaldar suas deficiências e buscar o fortalecimento de
seus pontos fracos, é o caminho.
Desista da guerra e
faça amor!
O Triângulo Dramático de Karpman, portanto, mostra a patologia das relações
interpessoais. O desgaste que isso provoca nos relacionamentos é resultado garantido,
podendo chegar a algo doloroso chamado fim. Para Eric Berne, relacionamentos
saudáveis são aqueles onde as pessoas se encontram para compartilhar aquilo que são,
num clima de espontaneidade, criatividade e autonomia. Segundo ele, a intimidade é a
mais arriscada e mais compensadora forma de relacionamento humano.
Quem não a pratica, vai
praticar os jogos psicológicos, única forma negativa de estruturação do tempo, para
abastecer sua bateria com estímulos negativos, uma vez que ela não tem os positivos. E
os Jogos Psicológicos garantem este abastecimento. O mais grave deles chama-se
guerra. Tenho dedicado parte da minha vida a trabalhar contra a guerra que se estabelece
no coração das pessoas que, machucadas, me procuram porque um dia entraram e ainda
não conseguiram sair do Triângulo Dramático. Creio que assim, estou fazendo a minha
parte para que este mundo seja melhor.