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Dimensionamento de pilares mistos de aço e concreto conforme ABNT NBR


8800:2008

Article · April 2012

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3 authors, including:

Valdir Pignatta Silva Jorge Munaiar Neto


University of São Paulo University of São Paulo
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Volume 1. Número 1 (abril/2012). p. 1-19

Dimensionamento de pilares mistos de aço e


concreto conforme ABNT NBR 8800:2008
Paulo Henrique Lubas1 , Valdir Pignatta Silva2* e Jorge Munaiar Neto3

1 Programa de pós-graduação da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,


paulolubas@yahoo.com.br
2 Escola Politénica da Universidade de São Paulo

valpigss@usp.br
3 Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo,

jmunaiar@sc.usp.br

Composite steel-concrete column design based on Brazilian standard


ABNT NBR 8800:2008

RESUMO
O potencial para uso de pilares mistos de aço e concreto no Brasil é grande. Na norma
brasileira ABNT NBR 8800:2008 são indicados dois procedimentos alternativos para o
dimensionamento desses pilares. Os autores do presente trabalho desenvolveram um
código computacional, denominado CalcPM, o qual executa o cálculo da capacidade
resistente dos pilares mistos de aço e concreto e apresenta os resultados de modo
gráfico para os dois procedimentos indicados. O objetivo deste trabalho é descrever o
código CalcPM e apresentar resultados com base nos dois modelos da norma brasileira
para fins de comparação.
Palavras-chave: pilar misto, flexocompressão, NBR 8800, dimensionamento.

ABSTRACT
The use of composite steel and concrete columns has a great potential in Brazil. The
Brazilian standard ABNT NBR 8800:2008 allows two alternative procedures for design
of these columns. The authors have developed software, CalcPM, which performs the
calculation of resistance of the composite columns and presents the results in
graphical mode, for the two models cited by Brazilian standard and others based on
international standards. The aim of this paper is to describe the CalcPM and presenting
comparative results between the two models of Brazilian standard.
Keywords: composite columns, combined compression and bending, Brazilian
standard, design.

* Autor correspondente 1
1 Introdução

A utilização de pilares mistos de aço e concreto nas construções brasileiras ainda é


pequena, entretanto, o potencial desse sistema é promissor. Em edifícios altos com
pilares submetidos a grandes esforços em que a combinação de elevada capacidade
resistente e rigidez à flexão seja essencial, em pilares de garagens em subsolos nos
quais a área útil é fundamental para viabilizar o arranjo de veículos (Lubas; Silva, 2011)
ou quando se deseja aproveitar o perfil de aço para o suporte imediato de carga, o
pilar misto pode ser a solução mais adequada.

Os pilares mistos devem ser dimensionados segundo a norma brasileira ABNT NBR
8800:2008. Essa norma permite o uso de dois modelos de cálculo, o modelo I, com
base na norma norte-americana ANSI/AISC 360 (2005), e o modelo II com base na
norma europeia Eurocode 4 (2004).

O objetivo deste trabalho é comparar os resultados obtidos a partir dos dois modelos.
Para facilitar o dimensionamento, foi desenvolvido um código computacional
denominado CalcPM.

O código CalcPM foi desenvolvido em linguagem de programação C#, que é o principal


esforço da Microsoft em linguagem de programação, sendo criado no Visual Studio
2010, que também é da Microsoft. O Visual Studio apresenta algumas vantagens que
justificam a sua utilização: primeiro, por ser da Microsoft, o que lhe permite trabalhar
em harmonia com o Windows; segundo, ele é de fácil utilização, tendo várias
ferramentas que agilizam a criação da interface com o usuário, permitindo ao
engenheiro se preocupar mais com a formulação matemática no âmbito da
engenharia; e terceiro, o Visual Studio aceita programação em outras linguagens
bastante difundidas, tais como o Visual Basic e o C++, facilitando a melhoria do código
em conjunto com outros programadores no eventual desenvolvimento de futuras
versões.

O código CalcPM v 1.0 tem cerca de 60.000 linhas de código, necessárias para o cálculo
dos pilares mistos, geração de gráficos, geração de memória de cálculo, verificações,
desenhos, entradas e saídas de informações e tratamentos de erro. Além do
dimensionamento conforme os dois modelos da ABNT NBR 8800:2008, objeto deste

2
artigo, e tendo em vista de que esses modelos não são exatamente iguais às
recomendações das normas que lhe deram origem, o código CalcPM também está
preparado para verificações conforme o ANSI/AISC 360 (2005), e Eurocode 4 (2004),
além do novo ANSI/AISC 360 (2010).

Até o momento os autores não encontraram qualquer código estrangeiro, para o


cálculo de pilares mistos de aço e concreto com tantos recursos, atendendo às
necessidades acadêmicas de estudo e com a funcionalidade necessária para utilização
em projeto.

Além dos métodos simplificados, modelos I e II da ABNT NBR 8800:2008, o código


CalcPM está sofrendo implementações que permitirão o dimensionamento por meio
de método analítico avançado empregando duas disposições de dimensionamento. O
primeiro dimensionamento se faz com base no Eurocode 4 Part 1-1 (2004), o segundo
dimensionamento se faz com base nessa norma, adaptando-as às normas brasileiras,
principalmente à ABNT NBR 8800:2008 e à ABNT NBR 6118:2007. Para completar, com
o CalcPM também será possível verificar um pilar misto em situação de incêndio.

2 Código Computacional CalcPM

Figura 1 - Interface com o usuário. Perfil circular preenchido por concreto.

3
Quando se trata do método simplificado, o código CalcPM v 1.0 calcula seções
retangulares ou circulares, preenchidas por concreto, figuras 1 e 2, e seções
retangulares de concreto revestindo, total ou parcialmente, um perfil I, figuras 3 e 4.

Figura 2 - Interface com o usuário. Perfil retangular preenchido por concreto.

Figura 3 - Interface com o usuário. Seção retangular de concreto revestindo totalmente


um perfil I.

4
Figura 4 - Interface com o usuário. Perfil I parcialmente revestido por concreto.

Dessa forma, pode-se decompor a aplicabilidade do Código CalcPM em quatro


pacotes, conforme descritos a seguir nos subitens a até d:

a) Introdução de esforços

Para todos os tipos de seções dimensionadas pelo método simplificado no Código


CalcPM, a introdução de esforços é realizada por meio de uma tabela na qual devem
ser informados os momentos fletores Mkx, Mky aplicados no topo e na base do pilar,
bem como a força normal Nk. É possível importar todos esses dados por meio do Excel
com base em planilhas salvas com qualquer nome em extensão “*.csv”.

b) Introdução da geometria

A introdução da geometria é realizada de forma dinâmica e simplificada, uma vez que


as seções estão todas parametrizadas, a fim de serem geradas automaticamente com
base nos dados inicias informado pelo usuário. A entrada de dados da geometria do
perfil de aço pode ser realizada de duas formas, no caso, preenchendo-se
manualmente as dimensões do perfil, ou por meio de perfis catalogados, como
ilustrado pela figura 5.

5
Figura 5 - Entrada de dados do perfil de aço.

A introdução da armadura está parametrizada e pode ser inserida com base nas
informações preestabelecidas, figura 6, ou diretamente na tabela de armadura, onde é
necessário informar as coordenadas (x,y) de cada barra e a sua bitola, figura 7.

Figura 6 - Entrada parametrizada de dados da armadura.

Figura 7 - Entrada de dados manual da armadura.

c) Introdução da segurança

Como o código CalcPM abordará normas distintas, a introdução da segurança é


realizada separadamente como ilustrado pela figura 8.

6
Figura 8 - Introdução da segurança para diversas normas.

Figura 9 - Controle gráfico. Gráfico dos momentos máximos para uma determinada
força normal, conforme diversos modelos.

d) Controle gráfico

Para facilitar a identificação da capacidade resistente das seções, o CalcPM, apresenta


um controle gráfico onde são plotados valores de momentos máximos para uma
7
determinada força normal solicitante com os esforços solicitantes de cálculo
majorados, conforme figura 9, bem como o diagrama de interação “normal x
momentos máximos” para uma determinada seção transversal, conforme figura 10.

Figura 10 - Controle gráfico. Diagrama de interação normal x momentos máximos.

e) Relatório de cálculo

O relatório de cálculo é apresentado em duas caixas de texto, como apresentado na


figura 11.

Figura 11 - Caixas de texto dos relatórios de cálculo.

8
A primeira, detalhando o resumo e outra relatando a ocorrência de problemas no
dimensionamento. Ambas as caixas de textos podem ser exportadas e salvas em um
formato de texto aceito pelo Microsoft Word, com a extensão “*.rtf¨.

3 Comparação de resultados

Neste item serão comparados resultados obtidos por meio dos modelos I e II
apresentados na ABNT NBR 8800:2008. Os parâmetros analisados no estudo da
capacidade resistente das seções mistas, neste item, são:

- nas seções circulares preenchidas por concreto: a espessura e o diâmetro do perfil e a


introdução ou não de armadura longitudinal

- nas seções retangulares preenchidas por concreto: a largura e altura do perfil de aço
e a presença ou não de armadura;

- nas seções retangulares de concreto preenchendo, parcialmente ou totalmente, um


perfil I: tipo de perfil, largura e altura da seção de concreto e a quantidade de
armadura.

Neste item, é analisada a capacidade resistente da seção do pilar misto sem


preocupações com fenômenos de instabilidade global, ou seja, os perfis terão
comprimento nulo, e sem a introdução da segurança, ou seja, os fatores,
γ f , γ c , γ s e γ a da ABNT NBR 8800:2008 são tomados iguais a um.

As hipóteses básicas e os limites de aplicabilidade do dimensionamento de pilares


mistos apresentados pela ABNT NBR 8800:2008 são válidas tanto para o Modelo I
como para o Modelo II. Além disso, a força normal resistente das seções submetidas à
compressão centrada é determinada pela mesma formulação em ambos os modelos.
O que difere entre os modelos são as formulações de verificação da seção submetida à
flexocompressão, objeto deste trabalho, e as disposições para obtenção dos efeitos da
não linearidade geométrica do pilar, nas quais a maior diferença se refere à adição de
um momento fletor devido à imperfeição entre nós, quando o pilar é calculado pelo
Modelo II. Esta diferença não será considerada neste trabalho, pois o objetivo é a
seção transversal e não fenômenos relacionados com instabilidades.

9
3.1 Seções circulares preenchidas por concreto

Nenhum dos modelos apresentados pela ABNT NBR 8800:2008, para o cálculo de
pilares mistos circulares preenchidos, avaliam a contribuição do confinamento do
concreto, como faz o Eurocode 4 (2004), sendo sua formulação semelhante aos pilares
retangulares preenchidos. As disposições de dimensionamento também não avaliam a
esbeltez das chapas que constituem a seção do perfil de aço, como faz o ANSI/AISC 360
(2010). Como são poucos os parâmetros que intervêm na capacidade resistente das
seções dos pilares mistos circulares preenchidos, as conclusões a respeito das
diferenças entre resultados conforme ambos os modelos apresentados pela norma
brasileira podem ser obtidas por meio de diagramas de interação “Força Normal x
Momentos”.

Para o estudo dos pilares mistos de aço e concreto circulares preenchidos foram
utilizados 14 tubos sem costura existentes no mercado, tabela 1, com variação da
espessura e do diâmetro, mas sempre com fyk igual a 25 kN/cm2, fck igual a 2,5 kN/cm2
e módulo de elasticidade do aço do perfil igual a 20.000 kN/cm2. Não foram incluídas
armaduras longitudinais.

Tabela 1 - Perfis de aço circulares.


Dimensão Espessura Cátalogo
D (mm) e (mm) D/e
1 141,30 8,00 17,7 *
2 152,40 2,25 67,7 *
3 152,40 8,00 19,1 *
4 165,10 2,25 73,4 *
5 165,10 8,00 20,6 *
6 168,30 2,25 74,8 *
7 168,30 8,00 21,0 *
8 177,80 3,35 53,1 *
9 177,80 8,00 22,3 *
10 219,10 15,90 13,8 **
11 323,80 8,40 38,6 **
12 323,80 28,60 11,3 **
13 355,60 9,50 37,4 **
14 355,60 25,40 14 **
* Tubos Brastubo by Persico Pizzamiglio ** Vallourec & Mannesmann tubes

10
Foram traçados diagramas de interação força normal x momento fletor para as 14
seções transversais listadas na tabela 1. Para as seções 2, 4, 6, 8, 11 e 13, resultaram
diagramas similares ao indicado na figura 12 e, as demais seções, à figura 13.

Figura 12 - Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno do eixo X-X
para pilar misto circular preenchido (D= 16,51 cm, t = 0,225 cm)

Figura 13 - Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno do eixo X-X
para pilar misto circular preenchido (D= 16,51 cm, t = 0,8 cm)
11
Conclui-se que, em geral, o Modelo II conduz a resultados mais econômicos quando
comparados ao Modelo I, exceto para forças normais pequenas, da ordem de 20% das
máximas. Nota-se, também, que para pequenos valores da relação D/t, ou seja, maior
contribuição do perfil na capacidade resistente do pilar misto, a vantagem econômica
do Modelo II decresce, podendo até ser ligeiramente superada pelo Modelo I.

3.2 Seções retangulares preenchidas por concreto

As seções mistas retangulares preenchidas por concreto são tratadas pela ABNT NBR
8800:2008 de forma semelhante às seções circulares, sendo que as principais
diferenças estão na relação-limite b/t (para que não ocorra instabilidade local do perfil
de aço) e no coeficiente α de minoração da resistência do concreto, de 0,95 na seção
circular, para 0,85 na seção retangular.

Para fins de comparação, utilizaram-se perfis retangulares conforme tabela 2, todos


retirados do catálogo Vallourec & Mannesmann tubes e as mesmas características de
aço e concreto empregadas para o perfil circular.

Tabela 2 - Perfis de aço retangulares.


Dimensões Espessura
b1/ b2 (mm) e (mm)
190/ 190 6,40

240/ 240 7,10

240/ 240 8,20

260/ 260 7,10

350/ 220 7,10

Com auxílio do código CalcPM foram construídos diagramas de interação força normal
x momento fletor para todas as seções. Na figura 14 é apresentado um exemplo. Da
mesma forma que nas seções circulares, o Modelo II conduz a resultados mais
econômicos, exceto quando a força normal for pequena, da ordem de 20% da máxima.

12
Figura 14 - Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno dos eixos
X-X e Y-Y para pilar misto retangular preenchido (b1= 35 cm, b2 = 22 cm, t = 0,71 cm)

3.3 Seções totalmente revestidas por concreto

Para o estudo das seções retangulares de concreto revestindo um perfil I de aço foram
adotadas armaduras longitudinais de aço CA 50 nos quatros cantos da seção, com
diâmetro de 12,5 mm, para as seções W150x13,0 até W460x89,0 e diâmetro de 20,0
mm para as seções W610x101,0 até HP310x125,0, atendendo a quantidade mínima de
barras de aço estabelecida pela ABNT NBR 8800:2008 e o diâmetro mínimo em
incêndio estabelecido pela ABNT NBR 14323:2012, quando o pilar é dimensionado pelo
método tabular. O concreto adotado foi de fck igual a 3,0 kN/cm2, o fyk do aço do perfil
igual a 25 kN/cm2, o módulo de elasticidade do aço do perfil igual a 20.000 kN/cm2 , o
módulo de elasticidade do aço da armadura igual a 21.000 kN/cm2 e o cobrimento da
armadura de 3,0 cm.

Seguem-se na tabela 3, os perfis adotados no estudo comparativo entre o Modelo I e o


Modelo II, com as respectivas seções de concreto revestindo o perfil I. Todos os perfis
adotados são laminados e retirados do catálogo da Gerdau.

13
Tabela 3 - Perfis I de aço e geometria da seção de concreto analisados.

Designação
d bf tw tf h bc hc
do perfil
mm mm mm mm mm mm mm
W150x13,0 148,00 100,00 4,30 4,90 138,20 200,00 250,00
W150x37,1 162,00 154,00 8,10 11,60 139,00 260,00 270,00
W250x17,9 251,00 101,00 4,80 5,30 240,40 210,00 360,00
W250x89,0 260,00 256,00 10,70 17,30 225,40 360,00 360,00
W360x32,9 349,00 127,00 5,80 8,50 332,00 230,00 450,00
W360x79,0 354,00 205,00 9,40 16,80 320,40 310,00 460,00
W460x52,0 455,00 152,00 7,60 10,80 428,40 260,00 560,00
W460x89,0 463,00 192,00 10,50 17,70 427,60 300,00 570,00
W610x101,0 603,00 228,00 10,50 14,90 573,20 330,00 710,00
W610x174,0 616,00 325,00 14,00 21,60 572,80 480,00 770,00
HP200x53,0 204,00 207,00 11,30 11,30 181,00 310,00 310,00
HP200x71,0 216,00 206,00 10,20 17,40 181,00 310,00 320,00
HP310x79,0 299,00 306,00 11,00 11,00 227,00 460,00 450,00
HP310x125,0 312,00 312,00 17,40 17,40 227,20 470,00 470,00

Construiram-se os diagramas força normal x momento fletor para todas as seções da


Tabela 3. Na figura 15 apresenta-se um exemplo representativo de todas as respostas
encontradas.

Figura 15 - Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno dos eixos
X-X e Y-Y para o perfil HP310x79,0 totalmente revestido por concreto.

14
Confirmam-se as conclusões já conseguidas para os perfis preenchidos, ou seja, o
Modelo II é mais econômico exceto para forças normais atuantes pequenas, da ordem
de 20% da máxima. Os valores máximos da força normal são os mesmos para ambos
os modelos.

3.4 Seções parcialmente revestidas por concreto

No estudo das seções transversais formadas por perfil I de aço revestido parcialmente
por concreto, utiliza-se a mesma tabela do item 3.3 de perfis I de aço totalmente
revestido por concreto, entretanto, a largura da seção transversal é tomada igual à
dimensão da mesa do perfil e a altura da seção transversal igual à altura do perfil,
como apresentado pela tabela 4.

Tabela 4- Perfis I de aço e geometria da seção de concreto analisados.

Ap Ap/Aperfil
Designação d bf tw tf h bc = bf hc = d Área da seção
transversal do
do perfil pilar
mmxkg/m mm mm mm mm mm mm mm m2 m2/m2
W150x13,0 148,0 100,0 4,30 4,90 138,2 100,0 148,0 0,0148 8,9
W150x37,1 162,0 154,0 8,10 11,6 139,0 154,0 162,0 0,0249 5,3
W250x17,9 251,0 101,0 4,8 5,3 240,4 101,0 251,0 0,0254 11,1
W250x89,0 260,0 256,0 10,7 17,3 225,4 256,0 260,0 0,0664 5,9
W360x32,9 349,0 127,0 5,8 8,5 332,0 127,0 349,0 0,0443 10,6
W360x79,0 354,0 205,0 9,40 16,8 320,4 205,0 354,0 0,0726 7,2
W460x52,0 455,0 152,0 7,6 10,8 428,4 152,0 455,0 0,0692 10,4
W460x89,0 463,0 192,0 10,5 17,7 427,6 192,0 463,0 0,0889 7,8
W610x101 603,0 228,0 10,5 14,9 573,2 228,0 603,0 0,137 10,7
W610x174 616,0 325,0 14,0 21,6 572,8 325,0 616,0 0,200 9,0
HP200x53,0 204,0 207,0 11,3 11,3 181,0 207,0 204,0 0,0422 6,3
HP200x71,0 216,0 206,0 10,2 17,4 181,0 206,0 216,0 0,0445 4,9
HP310x79,0 299,0 306,0 11,0 11,0 227,0 306,0 299,0 0,0915 9,1
HP310x125 312,0 312,0 17,4 17,4 227,2 312,0 312,0 0,0973 6,1

As disposições de dimensionamento apresentados pela ABNT NBR 8800:2008 no


cálculo da capacidade resistente desses dois tipos de seções são as mesmas, mas com
adição de um limite de aplicabilidade em relação à instabilidade local dos elementos
de aço para as seções parcialmente revestidas.

15
No estudo comparativo é adotado uma armadura adicional nos quatros cantos da
seção transversal com diâmetro de 12,5 mm, para as seções W150x13,0 até
W460x89,0, e diâmetro de 20,0 mm para as seções W610x101,0 até HP310x125,0.
Além disso, o fck do concreto é igual 3,0 kN/cm2, o fyk do aço do perfil igual a 25
kN/cm2, o fys da armadura igual a 50 kN/cm2, o módulo de elasticidade do perfil de aço
igual a 20.000 kN/cm2 e o módulo de elasticidade da armadura igual a 21.000 kN/cm2,
e o cobrimento da armadura adotada é de 3,0 cm.

Seguem-se na mesma tabela 4, os perfis adotados no estudo comparativo entre o


Modelo I e o Modelo II, com as respectivas seções de concreto revestindo o perfil I.
Todos os perfis adotados são laminados e retirados de catálogos de fabricantes
nacionais.

Construiram-se os diagramas força normal x momento fletor para todas as seções da


Tabela 4. Nas figuras 16 a 18 apresentam-se exemplos representativos das respostas
encontradas.

Figura 16 - Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno dos eixos
X-X e Y-Y para o perfil W250x17,9 totalmente revestido por concreto.

16
Figura 17 - Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno dos eixos
X-X e Y-Y para o perfil W360 x 32,9 totalmente revestido por concreto.

Figura 18 - Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno dos eixos
X-X e Y-Y para o perfil HP200x71,0 totalmente revestido por concreto.

17
Similarmente às conclusões anteriores, o Modelo II é mais econômico do que o
Modelo I. Entretanto na figura 18, a capacidade resistente determinada pelo Modelo I
é muito próxima a do Modelo II. Explica-se isso em função de que na formulação do
Modelo II, a capacidade resistente do concreto minora os valores do esforço resistente
do pilar, dessa forma, quanto maior for a participação do concreto em relação à
capacidade resistente total da seção (vide última coluna da tabela 4), melhor será o
desempenho do Modelo II.

4 Conclusões

Os pilares mistos de aço e concreto devem ser dimensionados com base na ABNT NBR
8800:2008. Essa norma fornece dois procedimentos alternativos para o
dimensionamento desses pilares.

Foi desenvolvido para este trabalho um código computacional, denominado CalcPM,


que permite calcular a capacidade resistente dos pilares mistos “I” revestidos total ou
parcialmente de concreto e de perfis tubulares, retangulares ou circulares,
preenchidos de concreto. Os resultados são apresentados sob forma de roteiro de
cálculo, em caixas de texto exportáveis e de modo gráfico para os dois modelos
constantes na norma brasileira

O código CalcPM foi utilizado para comparar resultados entre os dois modelos citados,
para os quatro tipos de pilares mistos e para diversas seções comerciais.

De uma forma geral, conclui-se que o Modelo II, com base na norma europeia
Eurocode 4 (2004) leva a resultados mais econômicos quando comparados ao Modelo
I, que tem por base a norma norte-americana ANSI/AISC 360 (2005), exceto para forças
normais pequenas, da ordem de 20% das máximas.

No caso de seções circulares com pequenos valores da relação D/t, ou perfis


parcialmente revestidos por concreto com grande área do perfil em relação à do
concreto, os resultados advindos do Modelo I se aproxima do Modelo II.

O código CalcPM está recebendo implementação para calcular pilares mistos de aço e
concreto com base no ANSI/AISC 360 (2005), ANSI/AISC 360 (2010), Eurocode 4 (2004)

18
e por um método avançado de cálculo. Em seguida a verificação em incêndio também
será inserida.

6 Referências bibliográficas

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Steel Buildings. Chicago. 2005.
American Institute of Steel Construction. ANSI/AISC 360. Specification for Structural
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Vallourec & Mannesmann tubes. Catálogo comercial.

Agradecimentos

Agradece-se à FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e ao


CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pelo apoio a
pesquisa.

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