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ANÁLISE DOS EFEITOS DAS INTERAÇÕES ENTRE PILARES E VIGAS, NO COMPORTAMENTO TRIDIMENSIONAL DE PILARES DE CONCRETO ARMADO SOB FLEXÃO
COMPOSTA EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO View project
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valpigss@usp.br
3 Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo,
jmunaiar@sc.usp.br
RESUMO
O potencial para uso de pilares mistos de aço e concreto no Brasil é grande. Na norma
brasileira ABNT NBR 8800:2008 são indicados dois procedimentos alternativos para o
dimensionamento desses pilares. Os autores do presente trabalho desenvolveram um
código computacional, denominado CalcPM, o qual executa o cálculo da capacidade
resistente dos pilares mistos de aço e concreto e apresenta os resultados de modo
gráfico para os dois procedimentos indicados. O objetivo deste trabalho é descrever o
código CalcPM e apresentar resultados com base nos dois modelos da norma brasileira
para fins de comparação.
Palavras-chave: pilar misto, flexocompressão, NBR 8800, dimensionamento.
ABSTRACT
The use of composite steel and concrete columns has a great potential in Brazil. The
Brazilian standard ABNT NBR 8800:2008 allows two alternative procedures for design
of these columns. The authors have developed software, CalcPM, which performs the
calculation of resistance of the composite columns and presents the results in
graphical mode, for the two models cited by Brazilian standard and others based on
international standards. The aim of this paper is to describe the CalcPM and presenting
comparative results between the two models of Brazilian standard.
Keywords: composite columns, combined compression and bending, Brazilian
standard, design.
* Autor correspondente 1
1 Introdução
Os pilares mistos devem ser dimensionados segundo a norma brasileira ABNT NBR
8800:2008. Essa norma permite o uso de dois modelos de cálculo, o modelo I, com
base na norma norte-americana ANSI/AISC 360 (2005), e o modelo II com base na
norma europeia Eurocode 4 (2004).
O objetivo deste trabalho é comparar os resultados obtidos a partir dos dois modelos.
Para facilitar o dimensionamento, foi desenvolvido um código computacional
denominado CalcPM.
O código CalcPM v 1.0 tem cerca de 60.000 linhas de código, necessárias para o cálculo
dos pilares mistos, geração de gráficos, geração de memória de cálculo, verificações,
desenhos, entradas e saídas de informações e tratamentos de erro. Além do
dimensionamento conforme os dois modelos da ABNT NBR 8800:2008, objeto deste
2
artigo, e tendo em vista de que esses modelos não são exatamente iguais às
recomendações das normas que lhe deram origem, o código CalcPM também está
preparado para verificações conforme o ANSI/AISC 360 (2005), e Eurocode 4 (2004),
além do novo ANSI/AISC 360 (2010).
3
Quando se trata do método simplificado, o código CalcPM v 1.0 calcula seções
retangulares ou circulares, preenchidas por concreto, figuras 1 e 2, e seções
retangulares de concreto revestindo, total ou parcialmente, um perfil I, figuras 3 e 4.
4
Figura 4 - Interface com o usuário. Perfil I parcialmente revestido por concreto.
a) Introdução de esforços
b) Introdução da geometria
5
Figura 5 - Entrada de dados do perfil de aço.
A introdução da armadura está parametrizada e pode ser inserida com base nas
informações preestabelecidas, figura 6, ou diretamente na tabela de armadura, onde é
necessário informar as coordenadas (x,y) de cada barra e a sua bitola, figura 7.
c) Introdução da segurança
6
Figura 8 - Introdução da segurança para diversas normas.
Figura 9 - Controle gráfico. Gráfico dos momentos máximos para uma determinada
força normal, conforme diversos modelos.
d) Controle gráfico
e) Relatório de cálculo
8
A primeira, detalhando o resumo e outra relatando a ocorrência de problemas no
dimensionamento. Ambas as caixas de textos podem ser exportadas e salvas em um
formato de texto aceito pelo Microsoft Word, com a extensão “*.rtf¨.
3 Comparação de resultados
Neste item serão comparados resultados obtidos por meio dos modelos I e II
apresentados na ABNT NBR 8800:2008. Os parâmetros analisados no estudo da
capacidade resistente das seções mistas, neste item, são:
- nas seções retangulares preenchidas por concreto: a largura e altura do perfil de aço
e a presença ou não de armadura;
9
3.1 Seções circulares preenchidas por concreto
Nenhum dos modelos apresentados pela ABNT NBR 8800:2008, para o cálculo de
pilares mistos circulares preenchidos, avaliam a contribuição do confinamento do
concreto, como faz o Eurocode 4 (2004), sendo sua formulação semelhante aos pilares
retangulares preenchidos. As disposições de dimensionamento também não avaliam a
esbeltez das chapas que constituem a seção do perfil de aço, como faz o ANSI/AISC 360
(2010). Como são poucos os parâmetros que intervêm na capacidade resistente das
seções dos pilares mistos circulares preenchidos, as conclusões a respeito das
diferenças entre resultados conforme ambos os modelos apresentados pela norma
brasileira podem ser obtidas por meio de diagramas de interação “Força Normal x
Momentos”.
Para o estudo dos pilares mistos de aço e concreto circulares preenchidos foram
utilizados 14 tubos sem costura existentes no mercado, tabela 1, com variação da
espessura e do diâmetro, mas sempre com fyk igual a 25 kN/cm2, fck igual a 2,5 kN/cm2
e módulo de elasticidade do aço do perfil igual a 20.000 kN/cm2. Não foram incluídas
armaduras longitudinais.
10
Foram traçados diagramas de interação força normal x momento fletor para as 14
seções transversais listadas na tabela 1. Para as seções 2, 4, 6, 8, 11 e 13, resultaram
diagramas similares ao indicado na figura 12 e, as demais seções, à figura 13.
Figura 12 - Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno do eixo X-X
para pilar misto circular preenchido (D= 16,51 cm, t = 0,225 cm)
Figura 13 - Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno do eixo X-X
para pilar misto circular preenchido (D= 16,51 cm, t = 0,8 cm)
11
Conclui-se que, em geral, o Modelo II conduz a resultados mais econômicos quando
comparados ao Modelo I, exceto para forças normais pequenas, da ordem de 20% das
máximas. Nota-se, também, que para pequenos valores da relação D/t, ou seja, maior
contribuição do perfil na capacidade resistente do pilar misto, a vantagem econômica
do Modelo II decresce, podendo até ser ligeiramente superada pelo Modelo I.
As seções mistas retangulares preenchidas por concreto são tratadas pela ABNT NBR
8800:2008 de forma semelhante às seções circulares, sendo que as principais
diferenças estão na relação-limite b/t (para que não ocorra instabilidade local do perfil
de aço) e no coeficiente α de minoração da resistência do concreto, de 0,95 na seção
circular, para 0,85 na seção retangular.
Com auxílio do código CalcPM foram construídos diagramas de interação força normal
x momento fletor para todas as seções. Na figura 14 é apresentado um exemplo. Da
mesma forma que nas seções circulares, o Modelo II conduz a resultados mais
econômicos, exceto quando a força normal for pequena, da ordem de 20% da máxima.
12
Figura 14 - Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno dos eixos
X-X e Y-Y para pilar misto retangular preenchido (b1= 35 cm, b2 = 22 cm, t = 0,71 cm)
Para o estudo das seções retangulares de concreto revestindo um perfil I de aço foram
adotadas armaduras longitudinais de aço CA 50 nos quatros cantos da seção, com
diâmetro de 12,5 mm, para as seções W150x13,0 até W460x89,0 e diâmetro de 20,0
mm para as seções W610x101,0 até HP310x125,0, atendendo a quantidade mínima de
barras de aço estabelecida pela ABNT NBR 8800:2008 e o diâmetro mínimo em
incêndio estabelecido pela ABNT NBR 14323:2012, quando o pilar é dimensionado pelo
método tabular. O concreto adotado foi de fck igual a 3,0 kN/cm2, o fyk do aço do perfil
igual a 25 kN/cm2, o módulo de elasticidade do aço do perfil igual a 20.000 kN/cm2 , o
módulo de elasticidade do aço da armadura igual a 21.000 kN/cm2 e o cobrimento da
armadura de 3,0 cm.
13
Tabela 3 - Perfis I de aço e geometria da seção de concreto analisados.
Designação
d bf tw tf h bc hc
do perfil
mm mm mm mm mm mm mm
W150x13,0 148,00 100,00 4,30 4,90 138,20 200,00 250,00
W150x37,1 162,00 154,00 8,10 11,60 139,00 260,00 270,00
W250x17,9 251,00 101,00 4,80 5,30 240,40 210,00 360,00
W250x89,0 260,00 256,00 10,70 17,30 225,40 360,00 360,00
W360x32,9 349,00 127,00 5,80 8,50 332,00 230,00 450,00
W360x79,0 354,00 205,00 9,40 16,80 320,40 310,00 460,00
W460x52,0 455,00 152,00 7,60 10,80 428,40 260,00 560,00
W460x89,0 463,00 192,00 10,50 17,70 427,60 300,00 570,00
W610x101,0 603,00 228,00 10,50 14,90 573,20 330,00 710,00
W610x174,0 616,00 325,00 14,00 21,60 572,80 480,00 770,00
HP200x53,0 204,00 207,00 11,30 11,30 181,00 310,00 310,00
HP200x71,0 216,00 206,00 10,20 17,40 181,00 310,00 320,00
HP310x79,0 299,00 306,00 11,00 11,00 227,00 460,00 450,00
HP310x125,0 312,00 312,00 17,40 17,40 227,20 470,00 470,00
Figura 15 - Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno dos eixos
X-X e Y-Y para o perfil HP310x79,0 totalmente revestido por concreto.
14
Confirmam-se as conclusões já conseguidas para os perfis preenchidos, ou seja, o
Modelo II é mais econômico exceto para forças normais atuantes pequenas, da ordem
de 20% da máxima. Os valores máximos da força normal são os mesmos para ambos
os modelos.
No estudo das seções transversais formadas por perfil I de aço revestido parcialmente
por concreto, utiliza-se a mesma tabela do item 3.3 de perfis I de aço totalmente
revestido por concreto, entretanto, a largura da seção transversal é tomada igual à
dimensão da mesa do perfil e a altura da seção transversal igual à altura do perfil,
como apresentado pela tabela 4.
Ap Ap/Aperfil
Designação d bf tw tf h bc = bf hc = d Área da seção
transversal do
do perfil pilar
mmxkg/m mm mm mm mm mm mm mm m2 m2/m2
W150x13,0 148,0 100,0 4,30 4,90 138,2 100,0 148,0 0,0148 8,9
W150x37,1 162,0 154,0 8,10 11,6 139,0 154,0 162,0 0,0249 5,3
W250x17,9 251,0 101,0 4,8 5,3 240,4 101,0 251,0 0,0254 11,1
W250x89,0 260,0 256,0 10,7 17,3 225,4 256,0 260,0 0,0664 5,9
W360x32,9 349,0 127,0 5,8 8,5 332,0 127,0 349,0 0,0443 10,6
W360x79,0 354,0 205,0 9,40 16,8 320,4 205,0 354,0 0,0726 7,2
W460x52,0 455,0 152,0 7,6 10,8 428,4 152,0 455,0 0,0692 10,4
W460x89,0 463,0 192,0 10,5 17,7 427,6 192,0 463,0 0,0889 7,8
W610x101 603,0 228,0 10,5 14,9 573,2 228,0 603,0 0,137 10,7
W610x174 616,0 325,0 14,0 21,6 572,8 325,0 616,0 0,200 9,0
HP200x53,0 204,0 207,0 11,3 11,3 181,0 207,0 204,0 0,0422 6,3
HP200x71,0 216,0 206,0 10,2 17,4 181,0 206,0 216,0 0,0445 4,9
HP310x79,0 299,0 306,0 11,0 11,0 227,0 306,0 299,0 0,0915 9,1
HP310x125 312,0 312,0 17,4 17,4 227,2 312,0 312,0 0,0973 6,1
15
No estudo comparativo é adotado uma armadura adicional nos quatros cantos da
seção transversal com diâmetro de 12,5 mm, para as seções W150x13,0 até
W460x89,0, e diâmetro de 20,0 mm para as seções W610x101,0 até HP310x125,0.
Além disso, o fck do concreto é igual 3,0 kN/cm2, o fyk do aço do perfil igual a 25
kN/cm2, o fys da armadura igual a 50 kN/cm2, o módulo de elasticidade do perfil de aço
igual a 20.000 kN/cm2 e o módulo de elasticidade da armadura igual a 21.000 kN/cm2,
e o cobrimento da armadura adotada é de 3,0 cm.
Figura 16 - Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno dos eixos
X-X e Y-Y para o perfil W250x17,9 totalmente revestido por concreto.
16
Figura 17 - Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno dos eixos
X-X e Y-Y para o perfil W360 x 32,9 totalmente revestido por concreto.
Figura 18 - Diagrama de interação força normal x momento fletor em torno dos eixos
X-X e Y-Y para o perfil HP200x71,0 totalmente revestido por concreto.
17
Similarmente às conclusões anteriores, o Modelo II é mais econômico do que o
Modelo I. Entretanto na figura 18, a capacidade resistente determinada pelo Modelo I
é muito próxima a do Modelo II. Explica-se isso em função de que na formulação do
Modelo II, a capacidade resistente do concreto minora os valores do esforço resistente
do pilar, dessa forma, quanto maior for a participação do concreto em relação à
capacidade resistente total da seção (vide última coluna da tabela 4), melhor será o
desempenho do Modelo II.
4 Conclusões
Os pilares mistos de aço e concreto devem ser dimensionados com base na ABNT NBR
8800:2008. Essa norma fornece dois procedimentos alternativos para o
dimensionamento desses pilares.
O código CalcPM foi utilizado para comparar resultados entre os dois modelos citados,
para os quatro tipos de pilares mistos e para diversas seções comerciais.
De uma forma geral, conclui-se que o Modelo II, com base na norma europeia
Eurocode 4 (2004) leva a resultados mais econômicos quando comparados ao Modelo
I, que tem por base a norma norte-americana ANSI/AISC 360 (2005), exceto para forças
normais pequenas, da ordem de 20% das máximas.
O código CalcPM está recebendo implementação para calcular pilares mistos de aço e
concreto com base no ANSI/AISC 360 (2005), ANSI/AISC 360 (2010), Eurocode 4 (2004)
18
e por um método avançado de cálculo. Em seguida a verificação em incêndio também
será inserida.
6 Referências bibliográficas
Agradecimentos
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