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www.kinetophone.net
Received: 20/08/2013
Accepted: 07/04/2014
Kinetophone #1 | September 2014
INTRODUÇÃO
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Embora seja colocada no início deste processo, a sessão do Royal Cine não merece
mais do que uma nota de rodapé no livro de Costa (47), uma referência circunstancial no
texto de Pina (71), estando ausente na obra citada de Félix Ribeiro. A importância da
sessão do Royal Cine ficou consagrada noutro trabalho de Félix Ribeiro, Os mais antigos
cinemas de Lisboa (1978), onde a “introdução do fonocinema em Portugal” é descrita
como “um acontecimento do mais alto significado”, juízo que o autor justifica, por um
lado, com o “matemático sincronismo” entre imagens e sons, e por outro, com a
presença do Presidente da República e “demais entidades oficiais” (168). A reprodução
de um convite da empresa do Royal Cine descrevendo aquela sessão como “inauguração
do filme sonoro” reforça a ideia de uma ruptura abrupta introduzida por aquele evento.
A construção desta sessão como um momento histórico não é puramente
historiográfica. Vários artigos publicados na imprensa especializada procuraram registar
as reacções da comunidade cinematográfica à “inauguração do sonoro” (Baptista 2008:
177-181). O seu primeiro aniversário, devidamente assinalado pelas mesmas revistas,
consolidou esta cronologia consensual que inscrevia a sessão do Royal Cine no início de
um processo que terminaria com a produção de filmes sonoros, interpretação
teleológica que justificava o carácter sumário de todas as referências à mesma sessão._1
Deste modo, a historiografia não fez mais que naturalizar uma cronologia da introdução
do cinema sonoro marcada por três características principais. Primeiro, a história do
cinema sonoro era reduzida à história da produção de filmes sonoros – a exibição era um
mero antecedente desse processo. Segundo, a ideia de que o sonoro foi “inaugurado”
num evento solene supõe a ideia de uma transição rápida e definitiva para a nova
tecnologia. Terceiro, esta história do cinema sonoro presume a identidade estável da
mesma tecnologia e das formas como teria sido percepcionada ao longo do tempo.
A leitura da imprensa contemporânea e a análise dos equipamentos de reprodução
do cinema sonoro que chegaram até nossos aos dias oferecem, porém, uma versão
alternativa desta cronologia de introdução do sonoro e, mais importante, questionam a
estabilidade da sua identidade. É tão difícil encontrar um projector sonoro inalterado
como dois relatos coincidentes sobre que filmes marcaram o início do “verdadeiro”
cinema sonoro.
A partir de 1928, José da Natividade Gaspar assinou uma importante coluna da
revista Cinéfilo sobre os acompanhamentos musicais de filmes mudos nos cinemas de
Lisboa. Foi também o autor das críticas de boa parte dos primeiros filmes sonoros
mostrados em Lisboa em Abril de 1930. Nesses textos, os seus comentários são
surpreendentemente lacónicos, disfarçando mal uma desilusão e uma irritação
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crescentes com o furor que, na mesma revista e em muitas outras, aqueles mesmos
filmes estavam provocando. Não só as obras cinematográficas lhe pareciam apenas
medianas, como a novidade do som lhe parecia muito questionável. O facto de a parte
sonora destes filmes consistir, fundamentalmente, em acompanhamento musical,
permite-lhe aliás continuar a utilizar os mesmos critérios que usara (e continuava a usar)
para a crítica dos acompanhamentos musicais de filmes mudos feitos por orquestras:
adequação dos trechos escolhidos às imagens, sincronização entre música e imagem,
condições acústicas da sala, performance da orquestra ou, no caso do sonoro, apreciação
da qualidade da reprodução (potência, fidelidade, correcção dos timbres).
Um mês depois da sessão no Royal Cine, Natividade Gaspar publicou finalmente
uma apreciação de conjunto dos filmes sonoros estreados desde início de Abril de 1930.
Segundo ele, era difícil justificar a “novidade” destas sessões:
Com efeito, se antes da sessão no Royal Cine já outros cinemas tinham exibido filmes
sonoros através do sistema de som em disco – e obras tão significativas da história
mundial do cinema sonoro como The Jazz Singer – em que consistiria a novidade da
sessão do Royal Cine? 2 A resposta tem que ser dupla. Em primeiro lugar, a sessão do
Royal Cine tem que ser vista como uma enorme e muito bem sucedida manobra de auto-
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As fontes para calcular dados estatísticos sobre o ritmo da transição para o cinema
sonoro são pouco fiáveis. Consistem nos artigos e anúncios publicitários publicados na
imprensa especializada, nos relatórios comerciais da embaixada americana publicados
no Trade Information Bulletin (doravante TIB) e, depois de 1931, nos dados compilados
pelo Instituto Nacional de Estatística. Apesar das suas limitações, estas fontes permitem
estabelecer alguns dados elementares sobre as datas e ritmos da transição para o sonoro.
Dada a inexistência de estatísticas oficiais antes de 1931, importa repetir que a maior
parte dos números avançados na imprensa da época não passava de estimativas.
Os relatórios do TIB fornecem ainda algumas pistas sobre a rapidez da transição
para o sonoro no mercado da distribuição. Segundo esta fonte, em 1932 já não foram
estreados filmes mudos em Portugal. Este indicador não deve ser tomado de forma
absoluta, uma vez que não contabilizaria reposições de filmes mudos, por exemplo. No
entanto, este indicador temporal coincide com os dados disponíveis sobre os ritmos da
conversão de salas ao cinema sonoro.
A ausência de dados consistentes sobre o total de salas no país dificulta a
interpretação dos dados anuais sobre o número de salas convertidas ao sonoro. As
grandes divergências registadas entre esses valores podem explicar-se pela inclusão ou
não das salas situadas nos Açores, Madeira e colónias, pelas flutuações anuais do número
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“Vou, mais uma vez, ser inútil e insistir com os senhores empresários
dos cinemas da província, para equiparem as suas salas com
aparelhos sonoros... Nem os senhores calculam, os senhores que
continuam a moer filmes mudos nas suas máquinas áfonas, como
estão a prejudicar a indústria nacional e (não se riam, porque estou a
falar a sério) a própria civilização...” (s.a., editorial da revista Imagem,
31-7-1931.)
Como a esmagadora maioria das salas fora de Lisboa e Porto não dava espectáculos
diários, e como mesmo as salas das grandes cidades não faziam projecções durante a
tarde, a expectativa de retorno do investimento dos exibidores parecia remota. A mesma
opinião era partilhada pelos relatórios comerciais americanos publicados no TIB, cuja
avaliação pessimista do mercado português fazia avaliar em apenas 40 o ponto de
saturação do número de salas sonoras em 1930 (Long 1931: 53). No entanto, como já
vimos, o ritmo de conversão das salas portuguesas progrediu rapidamente, triplicando
entre 1930 e 1931 (9 e 27), e mais que duplicando entre o final de 1932 e 1933 (42 e 107).
Mais rápido nas grandes cidades, onde como vimos também o processo estava
concluído no final de 1931, o grande mercado para a venda de equipamentos de
reprodução de som encontrava-se no resto do país, junto dos exibidores que tinham,
justamente, o menor poder de compra. A situação destes exibidores era, para mais,
dificultada pelo facto de terem de lidar com representantes que eram, simultaneamente,
as grandes empresas distribuidoras portuguesas. A Castello Lopes era a representante da
Western Electric, Raul Lopes Freire representava a marca americana Ra-mo-phone e a
alemã Nitzsche, e H. da Costa e Francisco Correia de Matos representavam a Survox-
Primor e a Borussia.
As acusações mútuas trocadas entre exibidores e representantes nas páginas da
imprensa especializada eram, por isso, um resultado directo da acumulação de papéis
entre concessionários de equipamentos de reprodução de som e distribuidoras de filmes
sonoros. Por seu lado, os exibidores declaravam-se encurralados entre a pressão da
concorrência e os custos elevados quer da instalação dos equipamentos, quer da
distribuição de filmes sonoros.
Mas mais uma vez, os números disponíveis permitem matizar a “crise” dos
cinemas “de província”. No final de 1932, quase 6 dezenas de cidades e vilas fora de
Lisboa e Porto apresentavam já filmes sonoros.9 É nesse ano, aliás, que o ratio entre os
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número de salas equipadas pelos aparelhos da Western Electric e da RCA entre 1930 e
1931, embora sempre inferior ao total combinado de fabricantes europeus como, e por
esta ordem, a Bauer, a Klangfilm-Tobis, a Nitzsche, a Philips e a Gaumont. Estes
sistemas coexistiram em 1930 com sistemas exclusivamente de disco como o Survox-
Primor ou o Ra-Mo-Phone, mas apenas o sistema Pratofone, combinado com
amplificadores e altifalantes americanos, parece ter tido uma implantação de mercado
significativa.
O princípio da modularidade diminuía os custos do processo de conversão de uma
sala, mas também tornava mais complexa a escolha dos exibidores, reféns das pressões
dos distribuidores/representantes de aparelhos, da autoridade dos técnicos instaladores
e das informações muito deficientes que circulavam no meio cinematográfico. Os vários
exemplares de projectores deste período existentes nas colecções da Cinemateca
provam a enorme diversidade de combinações entre os diferentes componentes da nova
tecnologia, presentes na adaptação de projectores mudos, mas também substituídos
continuamente ao longo da década de 1930.
A grande diversidade de fabricantes que comercializaram os seus aparelhos em
Portugal é explicada pelo resultado dos acordos negociados em Paris em Junho de 1930,
entre as principais empresas eléctricas e majors americanas e o cartel europeu Tobis-
Klangfilm (Thompson 1985: 148-70 e Gomery 1992: 105-14). O acordo punha fim a
todas as acções judiciais anteriores e definia os termos de uma colaboração para a
utilização conjunta das patentes das empresas americanas e das da Tobis-Klangfilm. Na
prática, a “paz de Paris” estabelecia um novo cartel sonoro euro-americano que tinha
como premissa fundamental a criação de um padrão técnico internacional do sonoro e a
completa intercompatibilidade de filmes e equipamentos das duas partes. Para colocar
fim às disputas territoriais, o acordo ditava ainda a divisão dos mercados mundiais entre
zonas exclusivas de cada uma das partes e uma terceira zona aberta a todos.13 Localizado
nesta zona aberta, o mercado português admitia, portanto, que cada grupo ali explorasse
livremente os seus equipamentos e, se assim o desejasse, cobrasse os royalties devidos
pela utilização das suas patentes e exigisse que os filmes fossem projectados apenas nos
seus aparelhos.
Na secção que se segue, tentarei identificar a primeira geração de equipamentos de
reprodução sonora dos cinemas de Lisboa, indicando as suas características técnicas e
distinguindo, sempre que possível, entre as que lhes foram atribuídas pela imprensa e
aquelas efectivamente documentadas. Infelizmente, não é apenas o som do cinema
mudo que é um “maddening topic”, como escreveu Rick Altman (1996: 651): o som do
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SISTEMAS DE DISCO
Survox-Primor
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cada um dos aparelhos, possibilitando assim exibir filmes mudos e usar o leitor de discos
nos intervalos. O reprodutor de discos possuía um indicador mecânico que permitia ao
projeccionista compensar manualmente as faltas de sincronismo entre som e imagem.
Não existe informação sobre os amplificadores e altifalante utilizados (Lerouge 1996:
101-2).
Ra-Mo-Phone
Pratofone
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Imagem 1
Anúncio ao sistema Ra-mo-phone (Cinéfilo 91, 17-5-1930)
(Colecção da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema)
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O operador de imagem Artur Costa de Macedo, por seu lado, também declarou ter
“inventado” um processo de registo simultâneo de imagem e som em película, que teria
já testado com sucesso perante um jornalista da revista Cinéfilo. A mesma revista
publicou um excerto de três fotogramas do teste de Costa de Macedo, onde se podem
ver claramente as marcas da manipulação daquela imagem, prova do logro do operador
(s.a. 1931: 4). O mesmo Costa de Macedo registaria várias patentes sobre processos de
registo de som, tal como Manuel Luís Vieira.15
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Imagem 2
Anúncio ao sistema Pratofone (Cinéfilo 137, 4-4-1931)
(Colecção da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema)
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Western Electric
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Imagem 3
Anúncio do fabricante Western Electric (Imagem 26, 24-4-1931)
(Colecção da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema)
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RCA Photophone
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Imagem 4
Anúncio do sistema Photophone-RCA (Cinéfilo 213, 17-9-1932)
(Colecção da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema)
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Pacent
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Imagem 5
Anúncio do sistema Pacent (Cinéfilo 137, 4-4-1931)
(Colecção da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema)
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Bauer
Fundada por Eugen Bauer em Estugarda, em 1905, esta empresa tornou-se um dos
principais fabricantes europeus de projectores sonoros, exportando a maior parte da sua
produção. Seria adquirida pela Bosch em 1932 e emergiu da Segunda Guerra Mundial
como o principal fabricante alemão de projectores de cinema (Dendler 2005). Foi
representada em Portugal pela empresa Santos Beirão Lda., de Lisboa, sem outra ligação
conhecida ao meio cinematográfico.
Entre os concorrentes europeus dos aparelhos americanos, este fabricante
alemão parece ter conquistado a preferência dos exibidores portugueses fora de Lisboa e
Porto. Até ao final de 1932, pelo menos 36 cinemas de todo o país estavam equipados
com aparelhos deste fabricante (apenas 10 em Lisboa e no Porto). Em Julho de 1931,
foram equipados os primeiros dois cinemas (Capitólio e Max-Cine, em Lisboa), ambos
com o modelo “M7 Supertyp”. Até Maio do ano seguinte, o mesmo modelo foi
instalado em pelo menos mais seis salas em Lisboa, Portimão, Braga, Amadora e Faro._20
O projector “M7 Supertyp” era um modelo blindado, embora as imagens que
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Imagem 6
Anúncio do projector Bauer M7 Supertyp (Cinéfilo 137, 4-4-1931)
(Colecção da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema)
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Imagem 7
Anúncio do sistema Bauer 1932 (Cinéfilo 197, 28-5-1932)
(Colecção da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema)
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Klangfilm-Tobis
O cartel Tobis teve um papel central na história do cinema sonoro europeu, arrastando
os fabricantes americanos para uma onerosa guerra de patentes (Thompson 1985; Bock,
Jacobsen e Schöning 2003; Gomery 2005). Através dos seus aparelhos de registo de som,
que equiparam vários estúdios por toda a Europa, incluindo o da Tobis Portuguesa em
1932, esta empresa teve igualmente um papel de destaque na produção cinematográfica.
Os filmes saídos dos estúdios de Berlim e de Paris funcionaram como “protótipos” de
novas utilizações do som e da música no cinema, convertendo os últimos críticos ao
potencial artístico do cinema sonoro (Hagener 2003). Em Portugal, a Tobis exerceu um
enorme fascínio sobre os meios cinematográficos, fruto do impacto da obra de René
Clair, que viria a ter um envolvimento pessoal na rodagem do primeiro filme sonoro
português, A Severa (Leitão de Barros, 1931), sonorizado, justamente, nos estúdios
parisienses da Tobis (Baptista 2008: 177-192). A construção dos estúdios lisboetas da
Tobis seria, de certo modo, a confirmação da permeabilidade do meio cinematográfico
português ao prestígio daquela marca, associada tanto à qualidade técnica dos seus
estúdios, como ao interesse artístico dos filmes ali produzidos. O apetrechamento de
cinemas portugueses com aparelhos sonoros da Klangfilm-Tobis (a marca através da
qual foram comercializados os equipamentos produzidos pela AEG com as patentes do
grupo Tobis) inclui-se neste mesmo processo.
O primeiro cinema equipado com aparelhos deste fabricante foi o Chiado
Terrasse (Lisboa), em Novembro de 1930, com o objectivo expresso de fazer “reposições
dos filmes sonoros até agora estreados em Lisboa”, iniciadas com a projecção da
produção da Tobis francesa Sob os telhados de Paris (René Clair, 1930), estreado no mês de
Junho no São Luís Cine (Cinéfilo 118, 22-11-1930). A data daquela instalação significa que,
depois da Western Electric e de alguns fabricantes de sistemas de disco, a Klangfilm-
Tobis foi a empresa que mais cedo se implantou no mercado português. Depois do
Chiado Terrasse, foram instalados aparelhos em pelo menos mais seis cinemas de Lisboa
(na sua maior parte, de reposição), 22 havendo notícia de apenas duas salas equipadas fora
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Imagem 8
Cabine do Cinearte (Lisboa) com dois projectores “Triumphator” AEG (Estúdio Horácio Novais, c.1938)
(Biblioteca de Arte; Fundação Calouste Gulbenkian)
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Imagem 9
Anúncio do projector Klangfilm-Tobis “1930” (Cinéfilo 119, 29-11-1930)
(Colecção da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema)
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Imagem 10
Anúncio do fabricante Klangfilm-Tobis à coluna modelo Europa (Cinéfilo 197, 28-5-1932)
(Colecção da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema)
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Imagem 11
Anúncio do fabricante Klangfilm-Tobis (Imagem 27, 8-5-1931)
(Colecção da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema)
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Nitzsche
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Imagem 12
Anúncio do projector Nitzsche, modelo “1931” (Cinéfilo 137, 4-4-1931)
(Colecção da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema)
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Imagem 13
Anúncio do projector Nitzsche, modelo “1932” (Cinéfilo 197, 28-5-1932)
(Colecção da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema)
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Imagem 14
Anúncio do fabricante Nitzsche (Cinéfilo 113, 18-10-1930)
(Colecção da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema)
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Zeiss-Ikon
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Imagem 15
Anúncio de equipamentos comercializados pela Audak Lda. (Cinéfilo 235, 18-2-1933)
(Colecção da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema)
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Philips
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Imagem 16
Anúncio do projector Philisonor (Cinéfilo 232, 28-1-1933)
(Colecção da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema)
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Imagem 17
Anúncio do projector Philisonor (Cinéfilo 227, 14-12-1932)
(Colecção da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema)
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CONCLUSÃO:
A IDENTIDADE PROBLEMÁTICA DO “CINEMA SONORO”
José da Natividade Gaspar (1930) usara um argumento tecnológico e outro estético para
questionar a suposta novidade do cinema sonoro introduzida pelas sessões do Royal
Cine e do Politeama, em Abril de 1930. O primeiro argumento defendia que a existência
de música reproduzida mecanicamente em discos não se confundia com o “cinema
sonoro” e antecedera-o mesmo, ainda que esporadicamente e reduzida à condição de
atracção especial. Assim o provariam as projecções de The Jazz Singer, L'Argent, e Ver e
Amar!, entre Fevereiro de 1929 e Fevereiro de 1930. Embora não referidas por Gaspar,
poderíamos acrescentar a estes exemplos as experiências de João Freire Correia no início
do século XX ou, de modo geral, a presença de sistemas de música reproduzida
mecanicamente durante todo o período do cinema mudo.
Ainda antes da Primeira Guerra Mundial, o realizador João Freire Correia filmou e
exibiu em Lisboa várias “canções filmadas” usando um “Chronophone Gaumont”
(aparelho comercializado desde 1906; Ribeiro 1983: 39 e 1978: 152). Em 1909, a
imprensa menciona várias “canções filmadas” do tenor Pinto Ramos, desta vez sem
identificar explicitamente qualquer aparelho de registo ou reprodução de som. 32 A
ausência de um levantamento sistemático impede-nos de conhecer outras exibições do
mesmo género.
Em 1928, o inquérito da revista Cinéfilo aos exibidores portugueses deixa-nos
mapear, porém, o estado do acompanhamento musical, com meios mecânicos ou
outros, em quase 200 salas. A esmagadora maioria das salas dispunha de orquestras (67)
ou pianos (19), pelo menos 31 faziam acompanhar os filmes mudos de pianolas (três
salas referindo explicitamente o electrofone Kolster Columbia) e três de grafonolas. 33
Esta familiaridade com sistemas de reprodução mecânica de música, que
obviamente não se limitava às salas de cinema, pode ajudar a explicar o motivo pelo qual
as novas projecções com discos de 1929 e 1930 não causaram sempre uma grande
impressão de novidade, apesar de tentarem, com maior ou menor sucesso, explorar a
voga internacional do “cinema sonoro” – ou melhor, explorar o desconhecimento
daquilo em que consistia precisamente esse “cinema sonoro”.
Em Maio de 1929, o cinema Condes mostrou o filme L'Argent (Marcel l'Herbier,
1928). Os efeitos sonoros que notabilizaram o filme tinham um carácter excepcional e
nenhuma campanha promocional parece ter sublinhado a estreia do filme como
“sonoro”:
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Para que se animasse o filme, cuja realização nada tem de notável, não
se contentaram ao ser exibido em Lisboa, com o acompanhamento
da orquestra, em regra excelente no Odéon. Meteram-lhe dois discos
de Al Jolson, pretendendo conseguir uma espécie de sincronização.
Pouco feliz ideia. Quando assistimos ao espectáculo, ainda a voz do
cantor se estava ouvindo e já ele, tendo deixado de cantar
hipoteticamente, recebia os cumprimentos dos seus admiradores!
Desde que o filme se encontra sincronizado, e por forma que a
própria grande crítica parisiense reconhece a singular importância do
facto, parece-nos menos sensata a lembrança do Odéon. Que coisa
diversíssima não deve ser O cantor de jazz, tal como se exibe agora no
Albert-Palace, de Paris!
Com duas cançonetas, aliás muito sugestivas, de Al Jolson em
trivial grafonola, por detrás da tela ou junto da orquestra, nunca se
poderá ter a impressão do que seja este filme cantado – ou outro
qualquer. (Almeida 1929b).
Igualmente citado por Natividade Gaspar como “filme sonoro” antes do “cinema
sonoro”, Ver e Amar! (Chianca de Garcia, 1930) inspirou-se confessadamente em
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As adaptações musicais feitas pelas orquestras dos cinemas de estreia eram não só um
precedente importante, mas uma prática que não desaparecera com a conversão ao
sonoro das primeiras salas,34 continuando assim a moldar o horizonte de expectativas e a
recepção cultural do “cinema sonoro”. 35 Alguns cinemas, como o Central ou o Odeón,
em Lisboa, converteram-se ao sonoro relativamente tarde e mantiveram as suas
orquestras em funcionamento pleno, complementadas, no caso do Central, por um
gramofone. 36 Mas mesmo alguns cinemas já equipados com aparelhos sonoros parecem
ter mantido as suas orquestras durante um período de transição em que as mesmas
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inerente à acção.” (Cinéfilo 97, 28-6-1930). Noutra crítica, sobre A Melodia do Amor [Lady
of the Pavements (D.W. Griffith, 1929)], que inaugurara o sonoro no Condes em 29 de
Abril de 1930, Gaspar elogia a utilização de um trecho musical para descrever a acção
fora de campo mas, em particular, o momento dramático sublinhado pela canção
interpretada por Lupe Velez, “com a voz cortada de lágrimas, até aos soluços que
precedem a sua magnífica explosão de sofrimento com a frase inegualavelmente (sic)
dita: Ah Dios mio! Por favor...” (Gaspar 1930a). Nesta cena, onde Gaspar identifica “o
alcance do verdadeiro Cinema sonoro”, o que parece impressionar o critico é a
intromissão da representação na interpretação da canção e o momento decisivo em que
o diálogo detém a música e prova o carácter irrepetível daquele instante registado pelo
cinema.
As críticas aos complementos não-ficcionais das sessões sonoras, bem como o
próprio facto de Gaspar os considerar sempre mais interessantes que os primeiros
filmes sonoros, são igualmente esclarecedoras. Num jornal de actualidades sonoras não
identificado mostrado com Tudo ao contrário [Wrong again (Leo McCarey, 1929)], no Royal
Cine, em 22 de Abril de 1930, Gaspar apreciou menos o discurso síncrono de Mussolini
do que as imagens da “passagem dum rebanho onde os balidos das ovelhas, o guizalhar
dos chocalhos, o ladrar do cão e a voz do pastor originam um efeito tão gracioso como
invulgar” (Cinéfilo 89, 3-5-1930). Mas é na crítica de T.S.F. [Tönende Welle/Deutscher
Rundfunk (Walter Ruttmann, 1928)], complemento da sessão em que se estreou Sob os
telhados de Paris [Sous les toits de Paris (René Clair, 1930)] (São Luís, 24 de Junho de 1930),
que Gaspar faz uma distinção crucial entre o “encadeado de belas imagens, umas
sonorizadas, outras absolutamente sonoras” (Cinéfilo 97, 28-6-1930; sublinhado meu). As
imagens sonorizadas são aquelas acompanhadas de som não-diegético, e/ou cuja pós-
sincronização é óbvia para o espectador, sendo por isso associadas por Gaspar ao
acompanhamento musical acrescentado a um filme “mudo” fosse através de uma
orquestra, fosse de discos – tendo neste caso a desvantagem da falta de volume, menor
fidelidade do som e menor interesse (de modo geral) das adaptações musicais propostas.
As imagens “sonoras”, por seu lado, eram marcas do instante e do contingente
cinematográfico onde impera o som diegético e síncrono (a música exclusivamente
diegética de Ladrões, o choro de Lupe Velez interrompendo uma canção em A melodia do
amor, os sons síncronos do mundo revelados pelos jornais de actualidades sonoros), mas
também das criações audiovisuais complexas como as montagens sonoras de T.S.F., a
“perspectiva sonora” (na célebre sequência inicial) e as imagens negativas (na luta junto
ao caminho-de-ferro) em Sob os telhados de Paris, ou os já citados sons diegéticos fora de
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1. Ver, por exemplo o caso da revista Kino 6. Em Espanha, o quinto país europeu com
(Ribeiro 1931). mais salas convertidas ao sonoro em 1932, a
percentagem era, devido ao elevado número
2. The Jazz Singer estreou em 27 de Fevereiro de total de cinemas, muito menor: 0,7% em 1929
1929, no cinema Odéon (Lisboa); L'Argent (15 de 2040), 6,6% em 1930 (173 de 2600),
estreou em 14 de Maio de 1929, no cinema entre 17 e 20% em 1931 (452 de 2600 ou
Condes (Lisboa); Ver e Amar! estreou em 25 de 2200), e 37% em 1932 (939 de 2500); cf. Long
Fevereiro de 1930, no São Luís Cine. 1932: 57; Long 1933: 27-28.
3. Almeida, Avelino de. 1928. “Querem os 7. Em Lisboa, pelo menos 5 salas projectaram
nossos amigos responder a um inquérito?” filmes sonoros em 1930, 17 em 1931 e 19 em
Cinéfilo 16, 8 de Dezembro; s.a. 1928. “Os 1932. Cf. Ferreira 1994.
cinemas da província.” Cinéfilo 18, 22 de
Dezembro; 19, 29-12-1928; 20, 5-1-1929; 21, 8. Ver, por exemplo, Fernandes 1931, onde se
12-1-1929; 22, 19-1-1929; 23, 26-1-1929; 24, 2- acusavam os exibidores de província que não
2-1929; 25, 9-2-1929; 26, 16-2-1929; e 28, 2-3- equipavam as suas salas com aparelhos de
1929. reprodução sonora de estarem a “prejudicar a
indústria nacional, porque não há indústria que
4. “O País conta apenas com 220 salas de se possa manter num país onde não existem
projecção (no tempo do cinema mudo havia mercados suficientes.” Durante o resto da
300)”, s.a. 1943. Relatório da Direcção da década foram recorrentes as denúncias das
Associação Industrial Portuguesa. Lisboa: AIP, 53. condições de exibição fora de Lisboa, sendo
Em 1958, a União de Grémios dos particularmente insistentes as críticas aos
Espectáculos asseguraria terem existido 400 exibidores que continuavam a projectar filmes
salas no tempo do mudo. mudos em cópias cada vez mais danificadas (a
importação de filmes mudos cessara nos
5. Em Março de 1934, a revista Movimento primeiros anos da década) ou, pior, filmes
indicava um total de “pouco mais de 150 salas” sonoros em projectores mudos; cf. ainda
equipadas com aparelhagens sonoras em todo Fragoso 1934 e 1936.
o país (presume-se que daquele número
estivessem excluídas as salas nos arquipélagos 9. Segundo uma recolha de anúncios de
dos Açores e Madeira e nas colónias, que por fabricantes e representantes de equipamentos
norma eram expressamente referidas quando sonoros feita nas revistas Cinéfilo e Imagem entre
contabilizadas; cf. Pinto 1934.) 1930 e 1932. É de referir também a actividade
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dos exibidores ambulantes, que parece ter sido por as oscilações serem registadas para ambos
relevante para a introdução do sonoro em os lados” (pedidas em 29 de Março de 1932).
algumas zonas do país, mas que ainda não está O sistema Lusofone, criado por Augusto
suficientemente documentada. Simões Lopes em 1940, parece ter sido o único
a ter sido efectivamente levado à prática, tendo
10. Em 1930, Lisboa tinha 5 dos 15 cinemas sido usado em várias curtas-metragens e na
equipados para o sonoro em todo o país, em longa-metragem de ficção A Morgadinha dos
1931, 17 de 42 e, em 1932, 19 de 107. Cf. Canaviais (Caetano Bonucci, 1949). Sobre este
Ferreira 1994. sistema de registo de som, ver Ribeiro 1983:
408-10.
11. A invenção de um ecrã poroso por Earl
Sponable em 1927 abriu a porta a vários outros 16. É muito provavelmente esta cláusula que
modelos de ecrã que procuravam um explica a inexistência de aparelhos da WE nas
compromisso entre duas funções colecções da Cinemateca Portuguesa.
aparentemente incompatíveis: reflectir a luz e
transmitir o som. Cf. Crafton 1997: 235; e 17. Aposta ganha, a julgar por estas palavras de
Brown 1932: 127-8. Luís Teixeira: “O 'sonoro' está vivendo
triunfalmente o período da curiosidade
12. Um anúncio de 1930 apregoava uma nova popular. É uma novidade que surge, uma nova
“tela especial, do que resulta, sem fatigar a vista distracção que desponta – mais uma barraca no
do publico, uma visão nítida e agradável” (cit. Parque Mayer do nosso meio cinematográfico.
in Ribeiro 1987: 169). Vem gente de Alcântara e das Avenidas Novas,
de Sintra e dos Estoris” (Teixeira 1931: 143-4).
13. À Tobis-Klangfilm cabiam a Alemanha O mesmo autor, porém, garantia que o efeito
(incluindo Danzig, a bacia de Saar e Memel), de novidade durara poucas semanas,
Áustria, Hungria, Suiça, Checoslováquia, prejudicado pela má qualidade dos filmes ali
Holanda, Índias Ocidentais Holandesas, exibidos.
Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia,
Jugoslávia, Roménia e Bulgária; às empresas 18. Teatro Aveirense (Aveiro), Salão Ibéria e
americanas, os Estados Unidos, Canadá, Terra Teatro Pinheiro Chagas (Caldas da Rainha),
Nova, Austrália, Índia e URSS. O resto do Teatro Sousa Bastos e Tivoli (Coimbra), Cine
mundo ficava aberto às duas partes. Cf. Progresso (Couço de Cucujães), Teatro
Thompson 1985: 157. Aliança (Espinho), Teatro Cinema (Fafe),
Parque Cine (Figueira da Foz), Teatro
14. Uma grande excepção foi a série de textos Municipal (Funchal), Casino Fundalense
de Vitor Névoa sobre radiofonia publicada na (Fundão), Coliseu da Beira (Guarda), Cine
revista Sonoarte entre 1930 e 1931, cujas Bélgica, Cine Paris e Teatro do Ginásio
informações sobre energia eléctrica, (Lisboa), Odéon (depois substituído por um
amplificadores e altifalantes, por exemplo, tinha aparelho Bauer), São João Cine e Palácio de
plena aplicação no campo do cinema sonoro Cristal (Porto), São João da Madeira (Cinema
(Névoa 1930-1931). Avenida), Teatro Rosa Damasceno (Santarém),
Teatro Cine-Avenida e Teatro Circo (Vila
15. Manuel Luís Vieira: “Dispositivo Real), Teatro Avenida (Viseu).
associando a imagem ao som, na reprodução
de filmes sonoros, por disco adaptável a 19. PG-33 (“de luxo, para grandes teatros”),
qualquer aparelho de projecção” (patente de PG-32 (até 4000, ou 2000 noutro anúncio),
invenção pedida em 22 de Julho de 1930); PG-31 (até 2500), PG-30 (até 1400), PG-40
Carlos Cudell Goetz e Artur Costa de Macedo, (até 1000), PG-43 (até 700), PG-28 (até 600),
“Oscilógrafo para registo fotográfico de som, PG-29 (até 500, outro anúncio: “portátil em 4
caracterizado pelo aparelho oscilador ser malas”), PG-38 (para “escolas, colégios e casas
mecanicamente movimentado por qualquyer particulares”); Cinéfilo 176, 2-1-1932 e Cinéfilo
dispositivo magneto-dinâmico ou electro- 233, 4-2-1933.
dinâmico” (patente condedida em 6 de Agosto
de 1932), “Aperfeiçoamentos nos processos de 20. Lisboa (Cine Pátria e Campolide Cinema),
impressão e reprodução de sons pelo método Portimão (Orquestra Semifúsica), Braga
fotográfico ou semelhante” e “Oscilógrafo (Teatro Circo), Amadora (Recreios Desportivos
para registo fotográfico do som, caracterizado da Amadora), Faro (Cine-teatro Farense).
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21. Barcelos (Cine Teatro), Beja (Teatro Pax (Casino Fundanense, substituindo um aparelho
Júlia), Cascais (Cinema Casino), Cova da “RCA Photophone”), Marinha Grande
Piedade (Club Recreativo Piedense), Espinho (Cinema Stephens), Reguengos de Monsaraz
(Cine Jardim Recreio), Estremoz (Teatro (Salão Liberdade), Setúbal (Cine Ginásio
Bernardim Ribeiro),Funchal (Teatro Circo), Popular e Teatro Luiza Todi, substituindo no
Grândola (Cine João Rodrigues), Leiria (Teatro último um “Pratofone”), Silves (Teatro Silves) e
D. Maria Pia), Lisboa (Capitólio – terraço, Tavira (Teatro de Tavira).
Esplanada Jardim-Belém, Manutenção Militar,
Pavilhão Português, Casino Praia), Montemor- 31. Para além destes, existem ainda algumas
o-novo (Cine Talma), Moura (Empresa referências publicitárias aos seguintes
Cinematográfica Mourense), Parede (Casino da fabricantes: Supra-Tonfilm (da alemã Supra-
Parede), Penafiel (Cine Club, Cine Teatro), Teilbau/G. Nicolei, rep. Alfredo Ramalho,
Porto (Odéon), Póvoa do Varzim (Teatro Lisboa; cf. s.a., s.d.); Imperial Sound System,
Garrett), Régua (Teatro Avenida), Santo Tirso instalado no Coliseu Avenida de Ponta Delgada
(Cine Teatro Eduardo Brazão), Serpa (Cine em Maio de 1932 (rep. Companhia
Sonoro Serpense), Souzel (Cine Moderno), Cinematográfica de Portugal, Lisboa);
Valbom (Cine Teatro), Viseu (Teatro Viriato). Superphone Borussia (rep. Agência
Cinematográfica H. da Costa, Lisboa); e
22. Éden (Alcântara), Europa, Odéon, Olímpia, Kinoton (rep. Marques Júnior, Porto).
Palácio (ex Trianon) e Palatino.
32. Para uma listagem destes filmes, ver Matos-
23. Cf. os artigos técnicos publicados na Cruz, José. 1989. Prontuário do cinema português:
imprensa sueca no início dos anos 1930 e 1896-1989. Lisboa: Cinemateca Portuguesa.
reunidos aqui:
http://www.filmsoundsweden.se/backspegel/a 33. Sobre a presença de música mecânica no
nnons_kl.html (consultado em 10-8-2013). período do cinema mudo, ver Altman 2004:
321-343.
24. A colecção da Cinemateca Portuguesa-
Museu do Cinema inclui ainda 2 projectores 34. Como o prova a própria continuidade da
Bauer “M7 Supertyp” com leitores de som coluna onde Natividade Gaspar fazia a crítica
óptico Klangfilm-Tobis. musical dos cinemas que ainda tinham
orquestras, em número decrescente, até à
25. Kursal (Algés), Portugal (Belém), Palácio temporada de 1931-1932.
(Lisboa).
35. A persistência de intertítulos como maneira
26. Teatro Circo (Braga), Grande Casino de traduzir os diálogos dos primeiros filmes
Peninsular (Figueira da Foz), Cine-teatro sonoros também terá contribuído para o
Louletano (Loulé), Teatro Micaelense (Ponta prolongamento das expectativas de recepção
Delgada), e Grande Salão Recreio do Povo do cinema mudo.
(Setúbal).
36. A referência, de 1931 (mas anterior à
27. Estão identificados 2 “Ernemann II” introdução de aparelhos de reprodução sonora
(incluindo aquele que poderá sido instalado no no Central), sugere a utilização da grafonola
cinema Olímpia, de Lisboa), 3 “Ernemann durante os intervalos: “No 'Central', também
VII” e 1 “Ernon IV”. há uma grafonola que costuma gemer
tristemente os tangos mais recentes, enquanto
28. Philips. 2013. “História local.” uma rapariga da platéia e o cadete mais
http://www.philips.pt/about/company/local/ próximo recordam, em longos olhares, as horas
historia.page (consultado em 10 de Agosto de encantadoras da última festa no Clube
2013). Estefânia...” (Teixeira 1931: 136-7).
29. Só em 1937 é que a Philips lançou o 37. Schmidt-Gentner pode ter sido o autor
primeiro projector inteiramente desenhado por original de algumas partes, mas em pelo menos
si, a série FP. cinco sequências terá usado comprovadamente
música de outros compositores. Gaspar nota
30. Abrantes (Éden Cinema), Almeirim que Canhão usou os mesmos trechos nessas
(Associação Recreativa de Almeirim), Fundão sequências e comenta que “dificilmente
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