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DISTRITO RIO DE JANEIRO – BAIXADA II

IGREJA DO NAZARENO CENTRAL DE NOVA IGUAÇU

MEDDI - 2022

PECADO
A ciência que estuda a doutrina do pecado se chama
HAMARTIOLOGIA (άµαρτία), e frequentemente é estudada como um
ramo da Antropologia (Ciência do homem). O termo hamartiologia é
aplicado ao pecado, quer seja considerado como ato, estado ou condição,
a qual significa UM DESVIO DO ALVO, vide o exemplo abaixo:

Rm 3:23 “Porque todos pecaram [hemarton] e destituídos estão da


Glória de Deus”

O termo hemarton neste versículo significa literalmente “erra o


alvo”, já o termo “Glória” no N.T. é sinônimo de imagem (1 Co 11:7 e 2 Co
3:18). O ser humano foi criado para ser portador da imagem de Deus, e à
medida que este peca se afasta desta imagem.

TERMINOLOGIAS
É mencionado nas Escrituras quatro termos diferentes que na língua
portuguesa foram traduzidas como “pecado”. São Eles:

Hamartía (άμαρτα): Como já mencionado acima, exprime a ideia de


ERRAR O ALVO. Este termo sugere um estado de pecado, ou seja, uma vez
errado o alvo e não havendo um retorno daquele individuo, este
permanece no erro. Também sugere como ato, pois houve uma ação
voluntária de desvio de rota. Em resumo, um ato que resulta em um
estado.
Parabasis (παράβασιϛ): Significa UM ATO DE TRANSGRESSÃO, indicando
uma ideia de pecado limitado por uma lei, logo quando não há lei, não há
“parabasis” (Rm 4:15). O pecado como uma transgressão da lei é possível
para os seres morais e racionais, uma vez que a lei foi gravada no coração
(consciência) do homem, e este último se torna indesculpável, (Rm 2:14-
15), pois tal pecado é cometido de forma deliberada, se abdicando do
postulado da lei sob qual ele existe.

1 JO 5:17 diz: “Toda injustiça (adikía) é pecado”. A palavra grega


“adíkia” significa “tortuosidade” do que era reto, ou seja, tudo aqui que
entorta a reta justiça é uma transgressão.

Anomía (άνομία): Ressalta o estado de INCONFORMIDADE COM A LEI do


indivíduo, não apenas por uma escolha de desvio de rota, mas uma
postura de total rebelião contra o que é RETO (1 Jo 3:4). Um exemplo
clássico de indivíduos nesta condição está no texto onde João aponta em 1
Jo 2:18 “Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o
anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde
conhecemos que é já a última hora”

Asébeia (άσέβεια): Significa literalmente IMPIEDADE, é um dos termos


mais forte, pois retrata um estado de separação de Deus, caracterizada
pela ausência, como o Apóstolo Paulo menciona: (Rm 1:18) ”A ira de Deus
se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que
detêm a verdade pela injustiça”. Dificilmente um indivíduo no estado
citado anteriormente, não estará também nesta condição.

CLASSIFICAÇÃO
O Manual da Igreja do Nazareno em seu quinto artigo de fé (página
19 da edição 2017-2021) defende que o pecado se manifesta de dois
modos no ser humano. O primeiro modo é pelo PECADO ORIGINAL e o
segundo modo é pelo PECADO PESSOAL OU ATUAL, ambas as
manifestações vieram ao mundo através dos nossos primeiros pais, a
saber, Adão e Eva, como fruto da desobediência contra uma ordem
específica de Deus no jardim do Éden.
PECADO ORIGINAL: “É a corrupção da natureza de todos os descendentes
de Adão, razão por que o homem está muito longe da retidão original, ou
seja, do estado de pureza dos nossos primeiros pais (Adão e Eva) quando
foram criados, é contrário a Deus, não tem vida espiritual e é inclinado
para o mal, e isto é continuamente” (Manual da Igreja do Nazareno,
2017-2021).

No princípio Deus criou o homem a sua imagem e semelhança, o


Imago Dei, que foi perdida através da queda. É importante deixar claro,
que imagem e semelhança no texto de Gênesis 1:26, não se trata de duas
palavras de significados diferentes ou de hermenêuticas distintas, mas de
dois termos sinônimos que possui a intenção de enfatizar no texto que o
homem foi criado a imagem de Deus.

O homem foi criado em um estado relacional com Deus de total


retidão e conectividade, tanto com Deus, quanto com tudo que foi criado
por Ele, inclusive consigo mesmo. Essa retidão original que o ser humano
foi criado é constituída por uma liberdade de quatro faces totalmente
interligadas. São elas:

1-) LIBERDADE DE
CONEXÃO COM
DEUS

2-) LIBERDADE 3-) LIBERDADE DE


DE CONEXÃO IMAGO DEI CONEXÃO COM
NATUREZA
COM PRÓXIMO

4-) LIBERDADE DO AUTO-


DOMÍNIO

As três primeiras estão presentes nos capítulos 1, 2 e 3 de Gênesis,


como por exemplo, Gênesis 3:8, 1:26-27 e 1:28 respectivamente, já a
quarta está implícita nas três.
Esta condição de retidão foi perdida com a queda, como mostrado
nas referências abaixo:

1-) Liberdade de Conexão com Deus (Gn 3:9) “E chamou o Senhor Deus ao
homem e lhe perguntou: Onde estás? ” Tal pergunta não foi feita por que
Ele não sabia onde Adão e Eva estavam, mas por que ambos estavam
longe de Sua comunhão, a conectividade com Deus havia se perdido, e só
Ele poderia tomar a iniciativa em ir em direção ao homem, pois o inverso
era impossível, tanto que ambos se esconderam de Deus.

O simbolismo da espada flamejante colocada na entrada do jardim,


também nos mostra perfeitamente a condição inapta do homem de
procurar pro Deus por conta própria (Gn3:24).

2-) Liberdade de Conexão com o Próximo (Gn 3:10) “Ele respondeu: Ouvi
sua voz no jardim, e por que estava nu, tive medo e me escondi”. A
desobediência alterou a relação interpessoal de forma que o primeiro
casal deixou de estar livre um para o outro, tanto que correram para
cobrir a nudez. Um bom exemplo disso na prática é o fato de sabermos
como funciona a mecânica de se conceber filhos, mas ao mesmo tempo
temos vergonha disso, expomos os nossos filhos à vista de todos, mas
escondemos como foram gerados.

3-) Liberdade de Conexão com a Natureza (Gn 3:17b-18) “..., maldita é a


Terra por sua causa, em fadigas obterás dela o seu sustento por toda a sua
vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do
campo”. O trabalho não foi trazido neste momento, mas a resistência da
terra ao trabalho do ser humano em cultivá-la, sim.

4-) Liberdade de Autodomínio. A perda do autodomínio é evidente nas


situações citadas acima, mas algo chama a atenção nesta nova condição
da humanidade. A terra continua dando os recursos necessários para o
desenvolvimento do homem em nível de sobrevivência dentro de seu
habitar, como por exemplo, na obtenção de recursos naturais para a
manipulação farmacológica ou até mesmo para os avanços tecnológicos.
No entanto tudo acaba saindo do controle, quando a energia atômica foi
descoberta, foi usada para bombas, quando se descobriu uma forma de
voar e encurtar viagens, são construídos aviões de guerras, quando se
descobre um remédio, logo passe a ser usado para viciar pessoas etc.

Tais condições foram herdadas nos deixando apenas com


fragmentos de uma percepção que um dia tivemos essa liberdade de
relacionamento com Deus, com o próximo, com a natureza e com o
autodomínio.

PECADO PESSOAL OU ATUAL: Segundo o manual da igreja do Nazareno, o


pecado pessoal ou atual constitui na violação voluntária de uma lei de
Deus conhecida, cometida por uma pessoa moralmente responsável. O
pecado pessoal não pode ser confundido com alguns desvios de padrão ou
decoro, como por exemplo, ser grosseiro com uma pessoa, mas é
essencialmente uma violação da lei do amor ou até mesmo a descrença.
(Rm 3:23, Rm 6:15-23, 1Jo 3:7-10, Jo 8: 34-36)

AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO
“As consequências do pecado são a culpa é a pena. A culpa é a
imputabilidade pessoal que se segue ao ato pecaminoso. Abrange a ideia
dupla de responsabilidade pelo ato e do merecimento do castigo por causa
dele. A pena traz consigo a noção do castigo, que se segue ao pecado. Este
castigo pode vir como resultado de consequências naturais ou de ação
direta de Deus” ( Wiley e Culbertson, Introdução a Teologia Cristã).
A NATUREZA DA CULPA: A culpa como culpabilidade pessoal não pode ser
confundida com as consequências do pecado, mas é o estado daquele que
transgrediu a lei. Não está diretamente ligada a consciência do pecador,
pois mesmo que este último não sinta em sua consciência o peso de estar
em pecado, a sua culpa não diminui. Quanto mais o indivíduo pecar,
menos consciente do pecado ele fica.

A NATUREZA DA PENA: Ao contrário da culpa, a natureza da pena está


totalmente ligada às consequências, uma vez que em cada pecado contém
seus males.

Há pecados de ignorância ou fraqueza, mas também há pecados de


conhecimento, classificando em graus a culpa e a pena, sendo o de
conhecimento mais grave do que os outros. (Mt 10:15, 12:31, Mc 3:29, Lc
12:47, Jo 19:11, Rm 2:12.

Concluindo, a pena é o castigo que se segue ao pecado, e a principal


pena do pecado é a morte (Gn2:7).

Bibliografia

Livros utilizados:

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