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Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2021
Alberto Sebastião
(Licenciatura em Direito)
Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2021
Índice
1. Introdução....................................................................................................................................3
1.1. Objectivos.................................................................................................................................3
1.2. Metodologia..............................................................................................................................3
5.1. Água é vida e da água surgiu a vida, de cursos de água nasceram civilizações.................12
Conclusão......................................................................................................................................15
3
1. Introdução
O presente trabalho e referente a cadeira de direito de aguas, com o tema magro, Noções, Limites
e Origem de direito de águas, o estudo ora em apreço, seguiu um trajecto metodológico jurídico
interdisciplinar demandando assim dialogar com a história e, para tanto, utilizou-se do método
hermenêutico-normativo que permite ao pesquisador assimilar os sentidos jurídicos das diversas
formas de convenções internacionais como a de Estocolmo e do rio de Janeiro, pelo víeis
interdisciplinar, compreender o caminhar dos recursos hídricos no ordenamento dos diferentes
países do mundo. O que consta de declarações, resoluções, planos de acção e demais
instrumentos que foram consagrados pelas iniciativas referidas abrange, no tocante à água e
saneamento, não só as questões de acesso das pessoas a qualidade e quantidade apropriadas mas,
também, de preservação das respectivas origens, de partilha das águas internacionais e
transfronteiriças, de interacções com o ambiente; no que, muito em especial, se centra no direito
à água (de cada pessoa a água potável e na quantidade adequada.
1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
Compreender sobre Noções, Limites e Origem do direito de águas.
1.1.2. Específicos
Conceituar o direito de águas.
Analisar o direito da água no tange a sua origem no âmbito internacional;
Desenvolver a origem historial sob varias vertentes;
1.2. Metodologia
A metodologia utilizada para a elaboração deste trabalho, baseou-se na recolha da informação
bibliográfica literária que trata da matéria do direito das águas no âmbito internacional bem
como foram feitas buscas em websites à procura de informações, com intuito de encontrar dados
e temas semelhantes que permitiram compilar uma estrutura coerente do trabalho a partir de uma
literatura adequada. Salientar que as buscas feitas na recolha de dados não foram satisfatórias
devido ao défice de material doutrinário que trata de assuntos de carácter do tema em questão.
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5
Diante desta nova natureza jurídica dada à água, podemos afirmar que este recurso natural tem
natureza jurídica de bem difuso, de uso comum do povo. Trata-se de um bem que se apresenta
como um direito transindividual, de natureza indivisível, cuja titularidade é indeterminada e
interligada por circunstâncias de fato. A água, portanto, pertence a todos, mas, ao mesmo tempo,
não é de ninguém em específico, dada sua transindividualidade. A partir daí, verifica-se que a
água não integra o património do Poder Público, este é apenas o seu gestor no interesse de todos.
Os recursos hídricos possuem protecção específica por meio da Lei que se baseia nos seguintes
fundamentos, a saber: a água é um bem de domínio público, limitado e dotado de valor
económico; a gestão deve ser descentralizada e participativa (Poder Público, sectores usuários,
sociedade civil) que garanta o uso múltiplo dos recursos hídricos; prioridade de uso, em caso de
escassez, para o consumo humano e a dessedentação de animais; a bacia hidrográfica como
unidade territorial de planeamento e gestão das águas1.
A esse propósito, a água é um bem dotado de inalienabilidade, considerada “bem de uso comum
do povo”. Logo, a água é de todos, mas ao mesmo tempo não é de ninguém em específico. Trata-
se de bem de domínio público, e não de bem dominical. Esta última modalidade de bem se refere
àquele que integra o património privado do Poder Público, o que não ocorre com a água.
Assegura que a dominialidade pública, na verdade, não transforma o Poder Público Estadual em
proprietário da água, apenas torna o
Gestor desse bem, no interesse da colectividade.
1
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 8. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora, 2005, pp.662-664.
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Ao que concerne ao n.º 1 do art. 1 da lei das águas, as águas interiores, as superficiais, e os
respectivos leitos, as subterrâneas, quer brotem naturalmente ou não, são propriedade do estado,
constituindo domínio público hídrico.
Nos moldes do n.º 2 do dispositivo acima, constituem ainda domínio público hídrico, as obras,
equipamentos hidráulicos e suas dependências realizadas pelo estado ou por sua conta com o
objectivo de utilidade pública2.
Sendo assim, torna-se necessário definir o significado da classificação da água como bem
público, especialmente no que se refere à sua destinação. Esclareça-se, ao dizer que a água é um
bem público a lei não está afirmando, necessariamente, que o Estado é dono da água: “A
dominialidade pública da água, afirmada na Lei , não transforma o Poder Público federal e
estadual em proprietário da água, mas torna-o gestor desse bem, no interesse de todos.”
Conforme apontado, a água constitui bem de uso comum do povo. Assim classificando impede-
se que a água seja apropriada por terceiros ou pela própria administração pública. É justamente a
necessidade do uso múltiplo da água, a sua essencialidade para a sobrevivência dos seres vivos,
bem como outras características já delineadas, que esta classificação protege o próprio bem,
assim como protege o legítimo interesse de todos que dele dependem.
Desta forma, o raciocínio de Antunes segue uma lógica sistemática bastante coerente. Ou seja, de
uma forma ou de outra, a Constituição apresenta a água como bem público. Seguidamente,
considerando uma ordem cronológica, a lei que disciplina a Política Nacional de Recursos
Hídricos reafirma esta definição e expressamente menciona que a água é bem público.
2
Lei n.º 16/91, de 3 de Agosto, lei das águas
3
Nunes, Antônio de Pádua. Nascentes e águas comuns. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1969, p.1960.
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E este posicionamento não é isolado. No mesmo sentido, Nunes (1969), entende que a água é
bem público, insusceptível de apropriação privada. Para ele, alguns autores só persistem na
classificação em águas particulares, porque, sabidamente, algumas águas estão situadas ou
passam em propriedades privadas, e, neste ínterim, estão sujeitas ao uso que lhe dá o proprietário
de seu recipiente. No entanto, não é porque a água está situada em propriedade privada, ou
mesmo porque a água cai em propriedade privada, que passará a ser bem particular. Pelo
contrário, demonstra Machado “ as águas correntes que transitam em uma propriedade privada,
mesmo quando sejam daquelas tidas como de domínio particular, deverão seguir seu leito,
porque não podem ser retidas em definitivo no poder do particular como coisa de sua
propriedade”. Com base na sucinta a precisa observação do autor, concluí-se que, por ser de uso
comum, a água que está na propriedade privada pode ser devidamente por este utilizada, mas o
uso não lhe confere, sob nenhuma circunstância, a titularidade do bem.
Ao dizer quais águas são bens públicos, diz que “Esse recurso natural
abrange a água superficial ou subterrânea, excepto a água pluvial.
No mais, o autor conclui seu argumento dizendo que, mesmo se captadas de águas públicas, as
águas que estiverem em propriedade privada serão águas particulares. Com este argumento não
4
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 21 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris
Editora, 2009, pp.1146-1148.
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se pode concordar, tendo em vista que os bens públicos de uso comum não são sujeitos à
apropriação privada
O regime jurídico aplicável aos recursos hídricos é, provavelmente, aquele que melhor
demonstra as peculiaridades do Direito Ambiental. As águas podem estar submetidas a regimes
jurídicos de Direito Privado ou de Direito Público; podem ser de propriedade pública ou privada
e, qualquer que seja o regime jurídico ao qual estejam submetidas, são merecedoras de tutela
jurídica especial. (ANTUNES; 2005: 667)
Desta forma, é fácil perceber que existem argumentos diversificados para definir a natureza
jurídica da água. Sendo certo, apenas, que existem águas que são bens públicos, inegavelmente.
No mais, a divergência é absoluta, tanto nos posicionamentos quanto nos argumentos utilizados
para defender cada posição.
Quanto às águas que transitam em propriedades privadas, não podem ser ali retidas, devendo
seguir seu curso natural. Ora, sendo assim, violaria o direito de propriedade dizer que o titular de
um bem tenha a obrigação de deixá-lo escapar de seu domínio, passando, imediatamente, ao
domínio do proprietário do próximo terreno. Logo, dizer que a água é privada, mas ao seu
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proprietário obriga-se deixá-la fluir, é o mesmo que dizer que a água é particular mas não
pertence ao titular de seu domínio pois ele não detém os direitos inerentes à propriedade.
De facto, dado que a água é um bem público de livre apropriação, os grandes usuários de
recursos hídricos, apropriam-se das águas para as suas finalidades privadas, auferindo lucro com
elas e, no entanto, tal circunstancia não lhes custa um único centavo. A degradação da qualidade
e a diminuição da quantidade das águas é suportada pela sociedade. O estabelecimento de um
preço pela utilização das águas serve de parâmetro para impedir que toda a sociedade arque com
os seus benefícios que são, claramente, identificáveis. (ANTUNES; 2005: 667)
Por fim, pode-se encerrar toda a exposição afirmando, sem hesitar, que a água é bem público. Tal
posicionamento surge da interpretação das normas pertinentes ao tema e transcende o universo
jurídico, pois, admitir a água como bem público é admitir sua importância para a vida, como o
faz Santos Cravalho, servindo também para melhor se posicionar o Estado brasileiro no cenário
mundial.
Ainda o mesmo Estado advoga que as águas são propriedade do Estado, estão no domínio do
Estado, é ele que garante a sua protecção e todos os seus limites no seu uso, art.98ᵒ CRM.
Diante da importância despontada pelo novato ramo jurídico, objectiva-se traçar um panorama
reflexivo do direito de águas de Moçambicano em suas relações com o recente arranjo jurídico-
institucional implementado, permeado por articulações políticas, visando ao alcance de uma
gestão sustentável. Podemos entender, portanto que, existe a compreensão clara e objectiva de
que a água é um bem público e recurso natural limitado, dotada de valia económica, mas que
deve periodizar o consumo dos humanos e de animais, em especial em situações de escassez.
A água deve ser gerida de forma a proporcionar usos múltiplos (abastecimento, energia,
irrigação, indústria) e sustentáveis, e esta gestão deve se dar de forma descentralizada, com
participação de usuários, da sociedade civil e do governo. A utilização de água para satisfazer as
necessidades básicas da vida, ou melhor, desencantação, higiene e cozimento dos alimentos
também são isentas de pagamento, desde que, a pessoa vá abastecer directo na fonte.
A Água, como se sabe é um recurso ambiental essencial para a qualidade de vida da população;
possui funções múltiplas, pois serve de insumo à produção, é recurso estratégico para o
desenvolvimento econômico, é indispensável para a manutenção dos ciclos biológicos,
geológicos e químicos que mantêm em equilíbrio os ecossistemas; além de funcionar como
referência cultural.
Por ser fundamental à existência do homem, torna-se um tema actual e político, sendo foco da
atenção da sociedade civil organizada, dos governos nos diferentes níveis através de seus
programas e projetos, de organismos internacionais, da iniciativa privada em escala global,
dentre outros. A Água guarda em si um paradoxo, pois ao tempo que é considerada fator de
desenvolvimento, com setenta por cento da superfície do planeta coberta por água, somente 1%
de todo esse enorme reservatório é próprio para o consumo do homem. É um bem ambiental que
é finito e que está mal repartido no planeta.
Esta situação, inclusive tem levado a se falar na “crise da água”, ocasionando conflitos entre os
povos. Nesse sentido, já recebeu prognósticos de que “As guerras do próximo século girarão em
torno da água.” Esses factores associados ao aumento da demanda por água, à degradação do
ambiente e mananciais superficiais e subterrâneos, tem gerado sérios conflitos de uso da água no
país. Assim, impõe-se de todos nós, um olhar mais crítico, humano e consciente em torno do
tema, notadamente por que sendo vital ao homem para que tenha uma sadia qualidade de vida, se
transmuta em um direito inalienável do ser humano.
Decidir se o direito à agua é um direito humano ou um direito fundamental do homem tem sido o
ponto nevrálgico de discussões em nível global, sendo que até o presente momento ainda não se
chegou a um consenso sobre o tema quanto ao tratamento da matéria. Dado a importância do
tema, a sua actualidade e a relevância no âmbito das diferentes áreas do direito, notadamente do
Direito Internacional Público, é objetivo deste estudo, buscar uma primeira aproximação sobre o
que se estabelece no plano do ordenamento pátrio face ao leque de documentos no plano
internacional.
potável e do Saneamento com o objectivo, que não foi atingido, de, em 1990, se garantir a cada
pessoa o acesso à água de boa qualidade e em quantidade adequada, a par de instalações
sanitárias básicas.
5.1. Água é vida e da água surgiu a vida, de cursos de água nasceram civilizações
Constitui uma velha máxima a afirmação de que a água é condição de existência de vida, em
particular da vida humana; as sociedades primitivas estabeleceram-se, preferencialmente, junto
de cursos de água e as mais avançadas da antiguidade floresceram tirando partido de grandes rios
como, entre outros, o Amarelo, o Indo, o Tigre, o Eufrates e o Nilo porque, para além do
aprazimento da sede de pessoas e animais e da asseio e confecção de alimentos, a prática do
cultivo das terras implicava o recurso a água doce (não salobra e, muito menos, salgada).
Desde a Independência que têm sido feitos grandes esforços nesta direcção. Em 1991 e 1995
com aprovação da Lei de Águas e da Política Nacional de Águas, respectivamente, foram
alcançados progressos significativos tanto em termos de desenvolvimento de infra-estruturas
como no quadro institucional e legal para melhorar a provisão de serviços de água. Contudo, o
País está ainda longínquo duma situação em que estes serviços básicos sejam fornecidos à
maioria da população Moçambicana. O abastecimento de água será considerado de forma
integrada com a provisão de meios de asseio, civilidade, sanitária e conservação ambiental.
De acordo com o princípio 21 da declaração de Estocolmo descrê como “os Estados têm o direito
soberano de explorar seus próprios recursos em aplicação de sua própria política ambiental e a
obrigação de assegurar-se de que as actividades que se levem a cabo, dentro de sua jurisdição, ou
sob seu controle, não prejudiquem o meio ambiente de outros Estados ou de zonas situadas fora
de toda jurisdição nacional”.
A lei das águas, que a lei nº16/91 de 3 de Agosto, foi a primeira norma legal que disciplinou, em
linhas gerais, o aproveitamento industrial das águas e, de modo especial, o aproveitamento e
exploração da energia hidráulica. Trata-se de um texto legal muito antigo, mas ainda vigente,
embora, “estruturalmente, a lei das águas é dividido em duas partes. A primeira trata das águas
em geral e de seu domínio. A segunda trata do aproveitamento dos potenciais hidráulicos e
estabelece uma disciplina legal para geração, transmissão e distribuição de energia eléctrica.
Deste modo, os instrumentos concebidos pela lei das águas são essenciais para assegurar o
conhecimento sobre as águas e a sua efectiva gestão. No período transcorrido desde a
promulgação da referida lei, registaram-se avanços significativos. Esses avanços podem ser
observados na elaboração dos Planos de Recursos Hídricos, em seus diferentes níveis; na
disseminação dos Comités de Bacia por todo o país; na outorgação dos direitos de uso de
recursos hídricos; na cobrança pelo uso da água; e no Sistema de Informações sobre Recursos
Hídricos, entre outros.
as percentagens das populações sem acesso a água potável, e que o saneamento fosse integrado
nas estratégias de gestão de recursos hídricos.
Para REZEK (2000 P.273) defende que a água é um recurso importante para o desenvolvimento
sócio-económico duma região ou país. A segurança na disponibilidade de água em termos de
quantidade e qualidade é necessária para desenvolver a irrigação, que é fundamental para
permitir a intensificação da agricultura como base do desenvolvimento de Moçambique e para
promover o desenvolvimento rural. Outras utilizações potenciais e indispensável em
Moçambique são a energia hidroeléctrica, a indústria, as pescas, o turismo, a florestação e a
pecuária. Ao longo dos séculos, dominando diferentes formas de uso das águas, no decorrer dos
séculos, o homem aprendeu a encontrar, armazenar, tratar e distribuir a água para seu consumo
próprio.
O primeiro sistema de distribuição de água sobreveio há cerca de 4.500 anos, o crescimento das
necessidades de água para diversos fins é uma fonte potencial de disputa e o Estado tem a dever
de os predizer e descrever soluções justas e apropriadas. O homem também assimilou que a
água, quando inapropriada, podia causar doenças, a inquietação com a água imprópria, potencial
transmissora de enfermidades, levou os egípcios, em 2.000 a.C., a utilizarem o sulfato de
alumínio no esclarecimento da água.
16
Conclusão
Bibliografia
1972.
Granziera, M. L. M. (2001). Direito de Águas: disciplina jurídica das águas doces. São
Paulo: Atlas.
Lago, A. A. C (2007). Brasil e as três conferência Ambientais das Nações Unidas. Brasil:
Instituto de Rio Branco, fundação Alexandre de Gusmão, Estocolmo, Rio, Joanesburgo.
Machado, P. A L. (2001). Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 9ª ed. S/E São Paulo:
Malheiros.
Rezek, J. F. (2000). Direito Internacional Público: curso elementar. 8ͣ ed. São Paulo: Saraiva.
República de Moçambique, Código Civil, Lei n.º 16, (03 de Agosto), Boletim da República, 2ª
Edição, Editora Lda., Maputo, Moçambique, 1991.