Você está na página 1de 4

Por Job Taquira

1. Perspectivas da análise do conhecimento

Existem varias perspectivas de explicacoes do fenómeno de conhecimento. Ao longo da historia


da filosofia este tem sido os problemas relacionados com o conhecimento, sobre a possibilidade
do conhecimento, como conhecemos e o que conhecemos não são debruçados apenas pela
filosofia, mas também são objecto de estudo das outras ciências.

Assim, para o estudo desta problemática iremos conhecer três (3) teorias da abordagem cientifica
(teoria filogenética, ontogenetica e sociológica) do conhecimento e uma perspectiva filosófica (a
teoria fenomenológica do conhecimento).

1.1. Abordagem científica

a) Perspectiva filogenética

Do grego "filogénese", significa" origem da tribo". Assim, a perspectiva filogenética é o estudo


da evolução de uma dada espécie, neste caso, o ser humano.

Esta ciência não caminha sozinha; num processo interdisciplinar, encontramos a paleontologia
(estudo dos fósseis) que nos ajuda a entrar no mundo da filogenia. Ela (a paleontologia) nos
ajuda a entender os rastos e restos que os grupos de seres vão deixando ao longo da história.
Segundo a Paleontologia, à medida que o ser humano sofria transformações durante sua história,
também evoluía a sua capacidade cognitiva. Neste sentido, o desenvolvimento cognitivo ocorreu
graças à correlação do desenvolvimento das capacidades cognitivas (memória, linguagem,
pensamento) com as capacidades técnicas e desenvolveu-se bio-psico e socialmente.

Ao longo do processo filogenético, o ser humano constituiu-se numa dialéctica entre a acção e o
conhecimento. A acção provoca conhecimento e este provoca a possibilidade de novas e
melhores acções e, estas possibilitam novos conhecimentos, assim sucessivamente.

Portanto, para a perspectiva filogenética, o conhecimento humano é uma evolução e, segundo


a filogenia, esta evolução é favorecida pela acção.

Aos Estudantes da Escola Secundaria 29 de Setembro da Maxixe, 11ª classe, sala 10.
Por Job Taquira

b) Perspectiva ontogenética

A perspectiva ontogenética estuda o conhecimento na perspectiva individual, partindo da análise


das estruturas cognitivas do ser humano desde o nascimento até ao seu pleno desenvolvimento.

O grande defensor desta perspectiva foi o psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) que defendeu
que o indivíduo passa por várias etapas de desenvolvimento ao longo da vida e que o
desenvolvimento ocorre porque o organismo amadurece e sofre influência do meio físico e social
por uma gradual adaptação através da assimilação e acomodação.

Assimilação é um processo mental do qual a criança incorpora novos dados e resultados da sua
relação com o meio e a acomodação é o processo mental pelo qual os mecanismos mentais são
alterados em função das novas experiências provenientes da assimilação. E, a adaptação é uma
procura de equilíbrio nas trocas dos seres vivos com o meio.

Assimilação e acomodação são dois processos que concorrem na formação das capacidades
cognitivas de uma criança e que estão presentes em todos os estádios de desenvolvimento.

Estádios de desenvolvimento psíquico segundo Piaget

 Estádio sensório-motor (dos 0 aos 2 anos): a criança constrói esquemas de acção no


meio e desenvolve o conceito de permanência do objecto. É capaz de imitar.
 Estádio pré-operatório (dos 2 aos 7 anos): desenvolve o pensamento representativo
mas não realiza operações mentais.
 Estádio das operações concretas (dos 7 aos 11/12 anos): a criança vai acumulando
experiências físicas e concretas e começa a conceptualizar, criando estruturas lógicas para
a explicação das suas experiências.
 Estádio das operações formais (dos 11/12 aos 15/16 anos): a criança atinge o
raciocínio abstracto e conceptual e pensa cientificamente.

c) Perspectiva da sociologia do conhecimento

A sociologia é uma ciência humana que estuda o modo do relacionamento dos indivíduos na
sociedade e, a sociologia do conhecimento é a ciência que estuda o fenómeno conhecimento na
perspectiva sociológica.

Aos Estudantes da Escola Secundaria 29 de Setembro da Maxixe, 11ª classe, sala 10.
Por Job Taquira

O grande e primeiro defensor foi Karl Marx (1818-1883) que advogou que as ideias e o
conhecimento dependem das circunstâncias histórico-sociais do sujeito e, o conhecimento
humano é condicionado pelo meio social que molda o sujeito cognoscente.

Outro defensor foi Karl Mannheim (1893-1947) que defendeu que o pensamento de um
indivíduo é condicionado pelo dos outros seres humanos e modelado pelo grupo em que
pertence.

1.2. Abordagem filosófica


a) Análise fenomenológica do acto do conhecimento

Fenomenologia é um método de análise ou uma atitude face ao real, que consiste em descrever
aquilo que se manifesta ou aparece numa experiência. A palavra fenómeno, nesta perspectiva,
significa “o que se manifesta ou se revela, o que se mostra.”

Para a fenomenologia, no acto do conhecimento existe alguém que conhece (o sujeito) e algo que
pode ser conhecido (o objecto) e, o resultado desse acto do conhecer é a representação da
imagem do objecto na mente do sujeito. Assim, o conhecimento é o acto pelo qual o sujeito
apreende ou representa o objecto.

Descrição fenomenológica do acto do conhecimento

1. Em todo o conhecimento há um cognoscente e um conhecido. Um sujeito e um objecto


encontram-se frente a frente. A relação que existe entre os dois é o próprio conhecimento.

2. O sujeito não é sujeito se não em relação a um objecto e um objecto não é objecto se não
em relação a um sujeito. A sua relação é uma correlação. Não podem ser separados.

3. O papel do objecto relativamente a um sujeito é relativamente diferente ao papel do


sujeito a um objecto.

4. A função do sujeito consiste em apreender o objecto; e do objecto é a de poder ser


apreendido pelo sujeito e sê-lo efectivamente.

5. Considerado do lado do sujeito, esta apreensão pode ser descrita como uma saída do
sujeito para fora da sua esfera.

Aos Estudantes da Escola Secundaria 29 de Setembro da Maxixe, 11ª classe, sala 10.
Por Job Taquira

6. O conhecimento realiza-se em três tempos: o sujeito sai de si, está fora de si e regressa
finalmente a si.

7. O facto de o sujeito sair de si para apreender o objecto, não muda nada nele. O objecto
não é modificado pelo sujeito, mas sim o sujeito pelo objecto pelo acto do conhecimento.

Em suma, na perspectiva fenomenológica, o conhecimento resulta da interacção dos dois


elementos (sujeito e objecto) em constante correlação.

Bibliografia

ALVES, Fátima & ARÊDES, José. CARVALHO, José. Introdução à Filosofia 11º Ano Pensar e
Ser. 4.ed. Texto Editora. Lisboa. 1997.

CHAMBISSE, Ernesto et all. Emergência do Filosofar. Moçambique Editora. Maputo. 2004.

DIAS, Rui dos Anjos. Filosofia 7º Ano. Livraria Almeida Editora. Coimbra. 1972.

FERREIRA, Maria Luísa Ribeiro. Introdução à Filosofia. 11º Ano. Texto Editora. Lisboa. 1997.

GEQUE, Eduardo. BIRIATE, Manuel. Filosofia 11. Pré-Universitário. Editora Longmam.


Maputo. 2010.

Aos Estudantes da Escola Secundaria 29 de Setembro da Maxixe, 11ª classe, sala 10.

Você também pode gostar