Nesse sentido, não se pode perder de vista que ter determinada prática
sexual carrega mais elementos do que simplesmente os comportamentos
individuais em si. As diversas práticas sexuais estão historicamente
entrelaçadas por relações sociais, identidades sociais e formas de inserção no
mundo público. P. 37
“não pretendo atribuir à escola nem o poder
nem a responsabilidade de explicar as identidades sociais, muito menos de
determiná-las de forma definitiva. É preciso reconhecer, contudo, que suas proposições, suas
imposições e proibições fazem sentido, têm “efeitos de
verdade”, constituem parte significativa das histórias pessoais”. P. 67
Segundo Bhabha
(2003), essa afirmação da diferença ou a referida excentricidade possibilita a
negociação e a ampliação dos espaços. P. 72
Segundo Hall (2001. p.
38), “a identidade é realmente algo formado ao longo do tempo, através de
processos inconscientes (...)Ela permanece sempre incompleta, está sempre “em
processo”, sempre “sendo formada”. P. 73
a diferença, assim como a identidade, não compõe a sociedade e a escola
simplesmente como elementos da natureza. Elas são sociais e culturalmente
construídas e, portanto, mais do que comemoradas devem ser questionadas
e problematizadas. P. 73
É no jogo de apresentações e nas expectativas heteronormativas de
gênero que as identidades LGBT são estigmatizadas. Elas, por serem inscritas
e significadas no corpo, estão no interior das hierarquizações e classificações
sociais tanto quanto nas práticas curriculares e, mais amplamente, nas
ações e relações escolares, ou seja, no sentido mais amplo de currículo. É
preciso que saibamos que o discurso de gênero é significado como efeito de
sofisticados equipamentos educativos e formativos produzidos e mantidos
por instituições como o direito, a medicina, a família, a escola, a religião e
a língua que produzem corpos reconhecidos como masculinos e outros
identificados com femininos. Essa dinâmica obscurece outras possibilidades
de estruturação das identidades e práticas sexuais. P. 75