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Resumo

FARACO, C, A. Estudos pré-saussurianos. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A, C. (org). Introdução à Linguística
3: fundamentos epistemológicos.3ª ed. São Paulo: Cortez Editora, 2007.

Resumido por: Adson Luan Duarte Vilasboas Seba


Estudos pré-saussurianos
A linguística do século XIX se
concentra em dar um caráter
prático e sistemático ao trabalhos
Estudos históricos realizados Estudos que deram sustentação empírica e sistemática á
são Sendo assim: de comparação gramatical e
antes do Curso de Linguística velha intuição de que as línguas eram “realidades
estabelecer teses de correlações
Geral. históricas” e/ou “realidades com história”
sistemáticas entre as línguas do
mundo.

Embora publicado em 1916, o CLG Roman Jakobson (1896/1982)


só causou impacto a partir da década Estes estudos contribuíram para
Expoentes iniciais
de 1920. Sendo assim, até a segunda
guerra mundial, a Linguística foi uma A construção da imanência
área totalmente histórica Nikolai Troubetzjoy (1890/1938)
Estudiosos perceberam que as Estudos históricos e comparativos
línguas mudam com o tempo e que conseguiram estabelecer uma série
Impactos do CLG
é possível relacionar grupos de de blocos de correspondência de
línguas por terem uma origem natureza morfológica e fonético-
comum. fonológica.
Passou-se a considerar a
Passou-se a língua enquanto uma forma e
considerar a interessou-se saber como
Construção de uma essa forma se constituía (teia
linguagem em
ciência sincrônica de relações de oposição)
si mesma e
da linguagem.
por si mesma
Estes estudos contribuíram para a ideia de imanência, isto é, de
que os fatos linguísticos são condicionados só e apenas por fatos
linguísticos.
Por esse motivo: Então, a língua é:
Uma instituição social.

Essa prática de
A Linguística da metade do século Um sistema de signos análise que preparou
XX em diante baseou-se em independente, uma realidade as bases para o corte
Saussure e adotou a perspectiva exclusivamente sincrônica. saussuriano
estrutural.
p.27--31
Aspectos da linguística do século XIX
Interpretou a existência de correspondências
Costuma-se localizar o nascimento fonéticas sistemáticas entre as línguas como
da Linguística nos fins do século Há, então: resultado de mutações regulares no tempo.
XVIII, tempo em que intelectuais
europeus iniciaram o estudo do Diferenças entre Bopp e Grimm
sânscrito, língua clássica dos hindus
Jacob Grimm
e interesse pelas civilizações antigas.
Bopp pretendia exclusivamente estabelecer o parentesco
Foi estabelecido por Jacob Grimm
entre as línguas sem seguir nenhuma cronologia. Por
(1875-1863), um dos irmãos que
outro lado, Grimm estudou seus dados organizados numa
Pioneiros sequência de 14 séculos e pode compreender a sucessão
ficaram famosos no contexto do
romantismo alemão com histórias
histórica das formas.
infantis.
William Jones Febre de estudos sobre o Sânscrito
Por conseguinte, houve a: O estudo histórico
Em 1786 apresentou Escreveram-se gramáticas e
estudos comparativos dicionários. Fundou-se em Paris a
entre o Sânscrito, Escola de Estudos Orientais, onde
Ampliação dos estudos
Latim e o Grego que estudaram: Friedrich Schlegel e Um dos maiores foi a Filologia Românica que estudou as Costuma-se dizer que
indicavam uma origem Franz Boop, que desenvolveram a línguas oriundas do latim, iniciado pelo linguista
comum. “gramática comparativa”. Friedrich Diez.

Schlegel F. Bopp Método comparativo possibilita

Pioneiro nos estudos Continuou os estudos de


comparativos germânicos, Schlegel e Jones e trata-se do:
reforçou a tese de W. demonstrou pela comparação
Jones sobre o parentesco detalhada da morfologia Procedimento central nos estudos Explicitar o parentesco entre línguas e, por inferência,
entre o Sânscrito, o Latim, verbal de cada uma das de linguística histórica. determinar características da língua ascendente comum
o Grego, Gótico e o Persa, línguas, as correspondências de um certo conjunto de línguas.
principalmente pelos sistemáticas que havia entre é por meio dele que:
elementos fonológicos e elas. Se estabelece o parentesco entre as línguas, a partir da convicção de que existem
morfológicos.
correspondências sistemáticas que podem ser descobertas por meio de uma comparação rígida. p.31--33
Na metade do século XIX os estudos
Sua máxima defendida era
histórico-comparativos conheceram A obra de Schleicher
a obra do linguista fortemente
naturalista Schleicher.

Para ele: Publicou em 1880 um grande manual do


pensamento neogramático. Ele negava a
A língua é um organismo vivo,
possibilidade de uma linguística que não
com existência própria Os princípios fundamentais fosse histórica
independente de seus falantes. da mudança linguística eram
os fatores físicos e
psicológicos
A obra do autor é uma síntese do
Ou seja... Hermann Paul
saber acumulado em sua época. Sua tese era:

A fonte da mudança é o
A língua é uma “história natural” Propôs uma tipologia das línguas falante e a propagação se
com um fluxo que se realiza por e uma “árvore genealógica” das dava pela “ação recíproca Estes estudos ganharam visibilidade
força de princípios invariáveis e línguas indo-europeias dos indivíduos” com as publicações de:
idênticos às leis da natureza.

Configura-se a partir disso:


A tendência do subjetivismo
Outros estudiosos se destacaram como: idealista, isto é, a língua existe no
A língua tinha que ser vista ligada ao falante indivíduo e as mudanças se
originam nele. Orientação forte até
Os neogramáticos hoje.
pois:
Os neogramáticos “formularam uma teoria, na qual se
O último quarto do século XIX assumiu que as mudanças fonéticas tinham um caráter de
ficou conhecido como a época Concepção naturalista da língua absoluta regularidade e, portanto, deveriam ser entendidas
dos neogramáticos. Estes como leis que não admitiam exceções.
linguistas questionavam os Críticas: Conceber as irregularidades como exceções casuais
pressupostos tradicionais da
prática histórico-comparativa , O objetivo não era chegar à Investigar os mecanismos de mudança, desvendar os princípios
Mas sim:
principalmente o descritivismo. língua original indo-europeia. gerais do movimento histórico das línguas e não apenas reconstruir
estágios remotos das línguas. p.33-36
Os neogramáticos
O conceito de leis fonéticas foi compreendido
como imanente de aplicação cega e sem exceções.
Para os estudos da Linguística contribuíram foram criticados, pois: Os linguistas que se opunham não aceitavam que
Histórica devido à rigorosidade as mudanças se espalhassem por toda a
dos métodos. comunidade e por todos os itens lexicais de modo
adotaram como base o:
totalmente uniforme.

introduziram Sendo assim:


Psicologismo e o subjetivismo
Estudos principalmente dialetológicos mostraram
O desafio de considerar uma Cabe questionar essa concepção, que uma unidade sonora pode mudar de maneira
análise completa dos “ruídos”, pois a redução da língua à psique diferente de uma palavra para a outra.
individual simplifica as questões, Destaca-se:
“resíduos”, pois não era possível
considera-los como meros desvios ao desconsiderar as complexas
questões que estão envolvidas na A pesquisa de Hugo
ou recorrências.
constituição e funcionamento da Schuchardt, que chamou
atenção para a variedade Estes estudos que questionavam o
psique, em especial a tensão entre
da fala existente em uma tratamento imanentista dos fenômenos da
o social e o individual.
comunidade qualquer. mudança introduzirão no decorrer do
século XX, um tratamento em que o
contexto social e cultural da língua é visto
como condicionamento básico da variação

p.36-40
Whitney defendia a necessidade de uma ciência Esta ciência deveria ser autônoma
aitônoma da linguagem que deveria diferenciar- e independente das ciências
As ideias do autor influenciaram a se dos estudos históricos comparativos, sem naturais e da psicologia.
linguística do século XX negá-lo, em razão de suas duas faces: Sistema e
história.

William D. Whitney
Whitney foi um dos primeiros Seu objeto era a linguagem
linguistas a se preocupar com enquanto um sistema de signos
questões gerais sobre a arbitrários e convencionais.
linguagem e estudar as línguas
indígenas da América do Norte.

Whitney queria erradicar a ideia


de que a linguística lidava com
uma faculdade natural — a
língua. Para ele, a língua era uma
Os estudos de Whitney atraíram a
instituição social, não um
atenção de Saussure que o
organismo natural
menciona 3 vezes no CLG.
Comparava a língua às
instituições sociais. [ Saussure
concordava com esta ideia]
p.40-45
O mesma concepção de sistema Humboldt compreendia a
(a língua como uma organização) diversidade das línguas mas
esteve presente nos estudos de acreditava que atrás disso,
Humboldt. existia uma forma geral. Em
outras palavras, o trabalho
mental elaborador da expressão
de um indivíduo é o mesmo para
toda a humanidade.

Concepção de língua enquanto Wilhelm von Humboldt Para ele, linguagem e


uma totalidade organizada, em pensamento se constituem uma
que o elemento só faz sentido no unidade. A língua é um processo,
conjunto, traço que será uma atividade (energeia) e não
fundamental para a linguística um produto (ergon).
estrutural do século XX.

Humboldt foi um pensador


sistemático que se mostrou hostil
a toda e qualquer técnica de
sistematização apenas exterior.
Humboldt não entendia a língua
apenas como uma forma
gramatical. Para ele, a língua Criador da universidade de Berlim Sua grande contribuição para a
remete a todos os aspectos do (1810) linguística foi compreender a
trabalho mental contínuo. língua como uma atividade.
p.40-45
O século XIX deixou claro a
concepção da língua enquanto
uma realidade com história sob
mutação permanente no eixo do
tempo.
Os estudos demonstraram uma
relação genética entre várias
línguas diferentes. O linguista Friedrich H. Jacobi
declara que “ o Eu é impossível
sem o Tu”.
Em direção a uma filosofia da interação

Um dos problemas da época era a Ao que tudo indica, é no século


Deu forma ao senso de sistema
concepção de sujeito cartesiano, o XVII que o tema da relação EU-
que para além de ser gramatical, é
sujeito transparente a si mesmo no TU(interação, intersubjetividade,
uma atividade sistêmica (do
ato imediato de refletir sobre si e dialogismo) emerge pela primeira
espírito humano)
dar fundamento à sua atividade vez.
cognitiva.

p;.45-50

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