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Análise: A Onda

Um professor que ministra aula de autocracia, manipula seus alunos e


monta um grupo facista! Porém as ideias propostas acabam saindo do
controle dele.
Sabemos que desemprego; injustiça social; inflação alta; corrupção na
política e extremo nacionalismo são ingredientes necessários para o
facismo ( tema bem atual, não?)
Um grupo de pessoas se organizam e tomam decisões comuns, que
beneficiam ambos.
Um grupo que exclui pessoas com pensamentos e ações diferentes, uma
política de cancelamento, onde; se você não pensa como nós, você não
serve para o grupo! O filme mostra um conjunto de jovens, estudantes,
aparentemente dispersos, com pequenos grupos criados.
No decorrer da aula de Autocracia; eles se caracterizam como um grupo
político de estudantes.
Onde se compõem com uma mecânica; onde eles tem obrigações, como
permissão para falar, a obrigação de usar uma roupa igual, cumprem um
ritual imposto pelo professor, além da solidariedade Orgânica; onde eles
vão criando um afeto/vínculo, uma união em pró do totalitarismo que os
cercam e eles propagam. Há também o que chamamos de processos
identificatórios. O grupo do filme A Onda, é caracterizado por um grupo
operativo - Pichon Rivière (1907-1977), caracteriza esse grupo, como um
grupo que está centrado em uma tarefa. 
Algumas pessoas além do professor se destacam no grupo, tendo um
papel de liderança e empreendendo sobre os demais as regras criadas,
alguns se colocam à disposição para participar de maneira mais afetiva,
enquanto que existem também os que fazem oposição frente as ideias, e
também os menos expostos que apenas concordam e seguem, além de
uma participante que é cancelada por conta de não querer seguir a regra
das vestes. Faço aqui uma ligação com o sistema religioso (respeitando a
opinião de todos), aonde algumas seitas, igrejas e afins; possuem suas
regras de convivência, onde para ser aceito; você deve estar de paletó e
gravata, saia/vestido até os pés… São as maneiras de cada grupo se
identificar e por onde passam, são facilmente identificados: lá vai a
crente, lá vai a irmã da assembleia, lá vai os mórmons”.
De acordo com a Psicologia Social, sabemos que o ambiente onde o
indivíduo se encontra e vive, tende a influenciar o comportamento e a
visão, os valores, as questões socioeconômicas, as oportunidades são
diferentes de cada região e tudo isso implica em comportamentos.
Entendo como um Fenômeno Social essas demandas de comportamentos
atípico, mas ao mesmo tempo é entendível que o humano tende a buscar
de todas formas na sociedade seu espaço; quando há fome, corrupção e
desemprego, porém; não é normal a exclusão do meu próximo pela falta
dele pensar diferente de mim, é evidente que nos dias atuais existem esse
grupos; extremistas, em especial aqui no Brasil, a política do
cancelamento está exposta nas redes sócias, onde não se pode emitir
uma opinião contrária, seja direita ou esquerda! O início do filme mostra
como o grupo se forma, de maneira rápida, e logo gerando impactos
negativos na sociedade, a subjetividade foi deixada de lado e isso
demonstra que não estamos longe de viver isso. A Onda gerou
“igualdade” sem separação por cor, raça, religião (apesar dela não aceitar
opiniões diferentes o que deixa de ser uma democracia). Esses são os
requisitos mínimos de uma sociedade mais saudável, onde as diferenças
sejam deixadas de lado, uma sociedade menos separatista e mais
acolhedora. O facismo bate em nossa porta com tantas questões não
resolvidas em nosso país, com os ricos cada vez mais ricos e os pobres
cada vez mais miseráveis, sobrevivendo das sobras ou dos auxílios
prestados pelos governantes.
A dispersão do grupo se dá com o fim do processo de grupo criado pelo
professor Rainer Wenger, mas deixou marcas e reprovação por parte
inclusive dos participantes. A manipulação imposta pelo líder maior da
turma, gerou frustração e revolta no final do acontecimento, se
comparado com Hitler, existem muitas coisas em comum; pois o
extremismo não funciona!

Conclusão:
O filme é bem reflexivo, devemos analisar e ter um senso crítico sobre
tudo! Percebemos que o extremismo, seja ele qual for, nos leva a tomar
decisões precipitadas sobre qualquer coisa. Devemos parar e pensar no
que nossas ações podem resultar, antes de praticarmos algo.
A luz da psicologia; entende-se que é necessário uma participação maior
do psicólogo na educação, na formação do indivíduo, quando vemos as
proporções que as ações do grupo A Onda tomam, é inevitável pensar
que se na formação dos participantes houvesse conhecimento sobre
facismo, eles teriam participado disso. A questão desse entendimento
não se dá pelo psicólogo, mas pela educação, a falta de cultura, a falta da
história para mostrar que nem tudo que parece ser lícito; realmente
convém!
Volto com o contexto do Psicólogo nas instituições escolares, não só no
ensino fundamental mas também universitário, pois é claro que no
ambiente acadêmico, muitos se envolvem num ambiente de
renovação/mudança e é necessário entender os aspectos de cada um, é
preciso saber sobre o contexto socioeconômico dessa comunidade, para
que se entenda o anseio pela mudança!

Referências:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
88092010000100010

LANE, S. O que é Psicologia Social. 22 ed. São Paulo: Brasiliense. 1994

BOCK, A.M.B.; FURTADO, Odair.; TEIXEIRA, M.L.T. Psicologias.. Editora


Saraiva. 13ª edição reformUma introdução ao estudo de psicologiaulada e
ampliada. - 1999.
 
CARLOS, Sergio Antonio. O Processo Grupal. In: Strey, Marlene et al
(org.) Psicologia Social Contemporânea: livro-texto. Petrópolis: Vozes,
1998. P. 199-206

LANE, Silvia T. M. O processo grupal.


Psicologia Social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 2006

Filme: A Onda

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