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Guerra dos sexos e escala de cinza

No mundo atual, existem vários tipos de preconceitos, discriminações e desigualdade


por trás de grandes ou pequenas, oportunidades que encontramos em nosso dia a dia. Entre
esses problemas cotidianos, temos a desigualdade entre negros e brancos e entre homens e
mulheres; isso ocorre devido à nossa história, tradição e criação.

Hoje, temos algumas características tidas como “padrão” da sociedade, como a pele
clara, cabelos lisos, corpo magro ou musculoso e sem qualquer tipo de deficiência, seja ela
física ou mental, e aqueles que possuem qualquer característica diferente dessas consideradas
“padrão”, são excluídos pela sociedade de alguma forma.

As empresas são as maiores promotoras da discriminação e desigualdade, pois grande


parte delas escolhe um homem branco que, muitas vezes, não possui tanta preparação quanto
determinada mulher branca ou negra, ou que um homem negro, mas que é escolhido ter as
características exigidas pela sociedade.

No Capítulo I da Constituição Federal de 1988 há escrito que homens e mulheres são


iguais em direitos e obrigações, mas isso não faz parte da realidade que a mulher vive e viveu,
ela está conquistando aos poucos o seu espaço na sociedade, em busca de igualdade entre os
sexos.

Quando uma mulher é aceita em um determinado emprego, ela chega a ganhar até
34% menos que um homem, de acordo com estudos publicados pela Confederação
Internacional dos Sindicatos. O mais incrível é que o argumento que as empresas utilizam é o
papel que a mulher desempenha na sociedade, ou seja, lavar, passar, cozinhar e cuidar dos
filhos, mesmo depois de tanto tempo e de tudo o que a mulher já conquistou, como a escolha
do planejamento familiar, e o que ainda irá conquistar, pois cada vez mais a mulher conquista
espaço na sociedade.

Em 24 de fevereiro de 1932, após muitas lutas, a mulher brasileira tem a sua primeira
conquista, foi finalmente cedido o direito ao voto às mulheres brasileiras maiores de 21 anos e
alfabetizadas.

Em 1950 a mulher ideal ainda tinha que ser apenas dona de casa, esposa, mãe e claro,
virgem, ela não podia trabalhar fora de casa e nem pagar as contas, tinha que fazer e servir a
comida para o marido, o “homem da casa”, foi então que surgiu a expressão “lugar de mulher
é na cozinha”, tornando-a submissa ao homem. Os anúncios para as mulheres eram apenas de
maquiagem para corrigir os próprios defeitos e de utensílios para casa, como o aspirador de
pó e maquina de lavar.

A mulher só passou a ter liberdade a partir de 1857, quando operárias de uma fábrica
de tecidos de Nova Iorque fizeram uma greve para reivindicar melhores condições de trabalho
e igualdade quanto ao salário, mas as mulheres que estavam reivindicando acabaram presas e
incendiadas na fábrica, cerca de 130 mulheres foram mortas.

Cada vez mais a mulher está tomando consciência de seu potencial e lutando por um
espaço na sociedade, lutando por igualdade, para ocupar espaços iguais ao dos homens, cada
vez mais se fortalecendo e diminuindo essa guerra entre sexos, essa diferença que é tão fútil,
determinada apenas pelo órgão reprodutor.

Quanto a desigualdade racial, Bob Marley já dizia “enquanto a cor da pele for mais
importante que o brilho dos olhos, haverá guerra”, e realmente é isso o que ocorre, guerras,
discórdia, lutas, brigas e confusões. Os negros humilhados pelos brancos desde o século XV,
com a escravização dos negros pelos portugueses. Desde então surgiu o racismo, o negro
tratado como um objeto, sendo comercializado, sem a menor consideração por esta etnia tão
rica culturalmente e tão bela.

Todos nós somos descendentes dos africanos, pois a primeira espécie humana surgiu
na África, onde atualmente se encontra a maior população negra, então não há motivos para
essa diferença existir, mesmo com toda a história já vivida.

Infelizmente tudo começou com a escravidão, quando os europeus necessitavam de


mão de obra para os trabalhos pesados, então escravizaram os negros e desde então os brancos
começaram a ter este sentimento de superioridade, por poder comercializar e fazer o que bem
entender com os negros, e o mais ridículo é que durante décadas, o negro era julgado e tratado
como se não tivesse alma ou sentimento, mesmo sendo a semelhança do homem branco,
sendo sua única diferença a cor da pele, o tom da escala de cinza.

Mesmo depois de 122 anos de liberdade, o branco ainda é superior ao negro, sempre
com cargos mais importantes e sempre são mais numerosos. Quem ocupa a área de direção de
determinado local? Quantos negros foram eleitos presidentes? Quantos negros têm mansão?
Quantos negros são ricos? Quem mais ocupa as favelas e as regiões mais pobres?
A diferença entre negros e brancos é visível diariamente, basta olharmos um pouco ao
nosso redor para perceber que os cargos mais baixos e os lugares mais pobres e precários são
ocupados por negros, que, ainda hoje, encontrar dificuldade para viver, pois muitos ainda
sofrem preconceito.

O que seria de nós sem os negros? O que seria de nós sem tudo o que os negros
inventaram? Sem a tábua de passar, criada por Sarah Boone, sem a escova de cabelo,
inventada por Lydia O. Newman, sem a pá para recolher o lixo, criada por Thomas W.
Stewart, e a secadora de roupas inventada por Georg T. Samon, sem o apontador de lápis,
inventado por John Love, sem a máquina de cortar grama, criada por John Burr, sem a
geladeira, criada por John Standart, ou a técnica de armazenar sangue para depois doar, criada
por Charles Drew, e tantos outros negros que criaram diversas coisas para nos auxiliar.

Quando o homem irá entender que não vale a pena excluir alguém devido ao
seu tom de pele ou pelo seu sexo? Até quando teremos que viver em um mundo com tanta
mágoa? Por qual motivo existe a vontade de se sentir superior se somos todos iguais? Que
graça o mundo teria se fossemos todos do mesmo sexo ou da mesma cor?

Todos nós fazemos parte de uma escala de cinza, uns em tons mais claros e outros
mais escuros, mas por dentro do nosso corpo, ali do lado esquerdo bate um coração, e na
cabeça carregam-se sonhos, desejos, lembranças e a esperança de um dia ser feliz, poder
conviver como se todos nós fossemos irmãos de verdade, de conviver em paz e harmonia. O
que nos resta agora é parar de falar e agir, para tornar o nosso mundo, nosso lar, cada vez
melhor, mas para isso, primeiramente temos que aprimorar nós mesmos, deixar todo o
orgulho e o preconceito de lado, parar para refletir um pouco, então iremos perceber que tudo
isso não passa de um grande erro que estamos cometendo.

“Aprendemos a voar como os pássaros, a nadar como os peixes; mas não aprendemos
a simples arte de vivermos juntos como irmãos”. Martin Luther King.

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