Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
RESUMO
Rios anabranching fazem parte de um grupo de canais aluviais múltiplos separados por ilhas vegetadas e estáveis.
Eeste é o padrão típico dos grandes rios (Qm > 17,000 m3.s-1), bem como, pode ser encontrado em diferentes
zonas climáticas e geomorfológicas, (sub-glacial a tropical, e relevos planos ou montanhosos). O sistema
múltiplo deste padrão possibilita maior capacidade de transporte de sedimentos quando comparado aos canais
simples. Este trabalho apresenta uma análise de variáveis hidráulicas que possibilitou estabelecer uma estimativa
da eficiência e distribuição do fluxo por meio do stream power, pendente, e sedimento transportado no canal. A
análise destas variáveis foi realizada em canais múltiplos e simples de um trecho de 53 km do Alto rio Paraná, e
concluído que: a) em todas as seções transversais, o stream power específico de seções multicanal é maior que
canais simples; b) a pendente hidráulica é mantida a mesma nas seções de um ou multi- canais de forma que o
stream power é dado pela redução da razão w/d. Por meio da equação Van Rijn foi possível concluir que a
eficiência do transporte da carga de fundo aumenta com a multiplicação dos canais.
ABSTRACT
The anabranching river encompass a diverse group of alluvial multiple and interconnected channel rivers
separated by vegetated and stable island, which divide the flow. This type of river pattern system is also typical
for mega-river systems (Qm > 17,000 m3.s-1). In addition, it can be found in wide range of climatic and relief
conditions, from the glacial to tropical zones from the lowland to mountain. It is stated that anabranching
increases the sediment transportation in relation single channeled reaches. In this paper we present an analysis of
hydraulic variables which was possible to estimate the flow distribution and efficiency in terms of unit stream
power, slope and sediment transport comparing anabranching and single channel reaches of upper course of the
Paraná River, an anabranching tropical mega river. We concluded that a) for all cross-section, the specific stream
power in multi-channel sections is always greater than the energy in single channels; b) the hydraulic slope
maintained practically the same one- or multi- channel sections in order that the increasing in stream power was
obtained by w/d reduction in multi-channel sections. Using Van Rijn equation it was possible conclude that river
efficiency for bed load transportation was increasing by channel anabranching.
INTRODUÇÃO
Rios anabranhing definem-se por apresentar canais múltiplos separados por ilhas estáveis e
vegetadas (Nanson e Knighton, 1996; Knighton, 1998; Nanson e Huang, 1999). Embora seja
relativamente comum trabalhos sobre rios anabranching, este abordam, em sua maioria,
análises de trechos curtos de pequenos rios (Nanson e Knighton, op. cit.; Knighton op cit.;
Nanson e Huang, op. cit.; Jansen e Nanson, 2004; Nanson e Huang, 2008; Jansen e Nanson,
2010). Jansen e Nanson (2004) observaram que o canal anabranching aumenta a taxa de
transporte sedimentar em relação ao canal único. Stevaux et al. (2013) postularam que a
anastomose do canal aumenta a eficiência do rio de dois modos: a) aumentando a potência de
canal específica (specific stream power), e b) preenchendo vazios da planície de inundação.
Neste trabalho apresentamos uma análise de variáveis hidráulicas, com as quais foi possível
determinar a distribuição e eficiência do fluxo em termos da potência de fluxo específica,
pendente e transporte de sedimento, comparando trechos múltiplos e únicos do rio Paraná em
um trecho de 53 km do seu alto curso.
1
Ríos 2015 Séptimo Simposio Regional sobre Hidráulica de Ríos
ÁREA DE ESTUDO
MÉTODO
Quatorze seções transversais foram realizadas de acordo com o número de canais múltiplos
(Fig. 1). Em cada seção foram medidos velocidade, direção e descarga de fluxo por meio do
Perfilador de Corrente por Efeito Doppler - ADCP Effect Acoustic Profiler (ADCP) em
conjunto com levantamento batimétrico de detalhe com a eco-sonda FURUNO. Levantamento
topográfico de precisão usando o DGPS para a pendente hidráulica. Três amostras do fundo
do canal foram coletadas para cada seção por meio do amostrador van Veen, e submetidas a
análise granulométrica. Os seguintes parâmetros hidráulicos foram obtidos:
Pendente: pelo levantamento topográfico detalhado (Leli, 2015) e pela equação de Manning
(Eq. 1) (Dietrich et al., 1999):
V= (dº'⁶⁷Sº'⁵)/n (1)
Ω = ρQS (2)
ω = Ω/w (3)
2
Ríos 2015 Séptimo Simposio Regional sobre Hidráulica de Ríos
Figura 1. Trecho estudado. S1 a 14 são seções transversais; Ilhas Mutum (A), B Floresta e C Japonesa
Transporte da carga de fundo: pela equação de Van Rijn devido seu rigor teórico e qualidade
de análise (Eq. 4). Este método foi utilizado com sucesso para a estimativa de transporte
médio nos cursos baixo (Amasler et al., 2000) e alto (Martins, 2008) do rio Paraná. Os autores
calibraram a equação de acordo com dados empíricos obtidos pela velocidade de migração de
formas de leito.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
3
Ríos 2015 Séptimo Simposio Regional sobre Hidráulica de Ríos
Os dados de vazão para cada seção apresentam variações de até 8% (Tab. 2). Essa diferença
pode ser atribuída pela retenção de água nas planícies e áreas de banhados, e sobretudo,
4
Ríos 2015 Séptimo Simposio Regional sobre Hidráulica de Ríos
A sinuosidade do canal principal é baixa (<1,2) mas em alguns canais menores entre ilhas
atinge valores mais altos (1,5 a 1,7). A pendente da área é relativamente constante em torno de
0,00006 com variações locais entre 0,00003 e 0,00013 (Leli, 2015). A relação entre as
variáveis do canal e planície aluvial com o grau de anastomose é sumarizado na Figura 3.
5
Ríos 2015 Séptimo Simposio Regional sobre Hidráulica de Ríos
Figura 3. Variação no número de canais por seção, largura da planície de aluvial e dos canais ao longo do trecho
anastomosado.
Os canais múltiplos mostram potência de canal específica variando entre 0,45 a 4,8 W/m2.
Contudo, a potência de canal específica aumenta com o grau de anastomose com boa
correlação (r2 = 0.95) de acordo com a equação 5 (Fig. 4):
6
Ríos 2015 Séptimo Simposio Regional sobre Hidráulica de Ríos
Figura 4. Relação entre a potência de canal específica e o grau de anastomose (número de canais por seção).
A relação w/d versus número de canais por seção mostra correlação inversa com r2 = 0.94 de
acordo com a equação 6 (Fig. 5).
ω = 387.85n-0.768 (6)
Figura 5 Relação w/d versus grau de anastomose (número de canais por seção).
O aumento no transporte de sedimento com o grau de anastomose foi observado (Fig. 7), com
relativamente boa relação (r2 = 0.78). Nessa relação, foram excluídos os valores de tamanho
de grão do material de fundo em alguns canais. Como observado por Stevaux et al. (2009), o
impacto hidrológico introduzido pela represa de Porto Primavera (fechada em 1999) produz
um engrossamento no material de fundo (armmouring effect) que superestimam os valores de
transporte de sedimento pela equação de Van Rijn.
7
Ríos 2015 Séptimo Simposio Regional sobre Hidráulica de Ríos
Figura 7. Correlação entre número de canais por seção e transporte de carga de fundo.
CONCLUSÃO
A eficiência do trecho multicanal aumenta com o número de canais por seção, em acordo com
Jansen e Nanson (2004). A energia pode aumentar em descarga constante pelo aumento da
pendente e/ou redução da relação w/d. No estudo apresentado a pendente permaneceu
relativamente constante de modo que a relação w/d se reduziu com o grau de anastomose para
prover o aumento na potência de canal específica. Essa afirmativa é fortemente sustentada
pelo apresentado neste trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Amsler, M.L., Prendes, H.H., Romano, C.F. (2000) “Características de grandes dunas
observada en el rio Paraná”. In : XIX Congresso Latinoamericano de Hidráulica, v. I.pp. 329-
338, Córdoba, Argentina.
Bagnold, R.A. (1966) “An approach to the sediment transport problem from general physics”.
U.S. Geol. Survey Prof. Paper: 422-1.
Dietrich, W., Day, G., Parker, G., 1999. The Fly River, Papua New Guinea: inferences
aboutriver dynamics, floodplain sedimentation and fate of sediment. In: Miller, A., Gupta, A.
(Eds.), Varieties of Fluvial Forms. Wiley, pp. 345–376.
Jansen, J. D., and Nanson, G.C. (2004) “Anabranching and maximum flow efficiency in
Magela Creek, northern Australia”, Water Resour. Res. 40, W04503.
8
Ríos 2015 Séptimo Simposio Regional sobre Hidráulica de Ríos
Knigthon, D. (1998) “Fluvial forms & Processes – A New Perspective”. Arnold, London,
383p.
Leli, I.T. (2015) “Gênese, morfología e evolução de ilhas do alto rio Paraná”. Doctoral
Thesis, UNESP/Rio Claro.
Nanson G.C, Huang, H.Q. (2008) “Least action principle, equilibrium states, iterative
adjustment and the stability of alluvial channels”. Earth Surface Processes and Landforms 33,
923–942, doi:10.1002/esp.1584.
Nanson, G. C., Knighton, A. D. (1996) “Anabranching Rivers: their cause, character and
classification”. Earth Surface Processes and Landforms, vol. 21, 217-239.
Stevaux, J. C., Corradini, F. A., Aquino, S. (2013) “Connectivity Processes and riparian
vegetation of the upper Paraná River, Brazil”. Journal of South American Earth Sciences, 1-9.
Stevaux, J.C. (1994) “The Upper Paraná River (Brazil): geomorphology, sedimentology and
paleoclimatology”. Quaternary International, 21:143-161.
Van Rijn, L. C. (1984) “Sediment Transport, Part I: Bed Load Transport”. Journal of
Hydraulic Engineering, vol. 110, no 10, ASCE.