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Ficha Teórica – Betão Armado 1 (Capítulo 1)

Conceitos Gerais – Estrutura

Segundo SILVA et al (2004), estrutura é o conjunto de elementos de uma construção cuja função
é assegurar em boas condições de estabilidade, e para um dado período de tempo, a resistência
aos esforços às quais as acções a que está submetida lhe transmitem.

Segundo REBELLO citado por ASSMAN et al (2010), no caso das edificações, a estrutura é o
conjunto de elementos (lajes, vigas e pilar) que se inter-relacionam para desempenhar uma função.

Estruturas de Betão Armado

Segundo COUTINHO (2004), no estudo dos materiais de construção interessa conhecer com maior
profundidade aqueles que são mais usados e, sem dúvida, que o betão armado é o mais utilizado. O
betão armado, material compósito, é constituído pelo material betão, também compósito, que envolve
a armadura em aço, em geral, constituída por varões.

Segundo ARAÚJO e GOMES et al (2012), betão é um material de construção proveniente da


mistura, em proporção adequada, de: aglomerantes, agregados e água. Também é frequente o
emprego de aditivos e adições.

Principal elemento da estrutura de betão armado, o betão é um material que pode ser moldado de
acordo com as necessidades exigidas e tem grande durabilidade e resistência, além de apresentar
um custo relativamente baixo. Constituído basicamente de água, cimento e agregados, deve
apresentar as seguintes propriedades básicas:

a) Betão não endurecido:

 Trabalhabilidade;
 Exsudação (transpiração);
 Tempos de início e fim de pega.

b) Betão endurecido:

 Resistência aos esforços mecânicos;


 Propriedades técnicas;
 Deformações;
 Permeabilidade;

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 Boa resistência à compressão;


 Baixa resistência à tração;
 Durabilidade diante da ação do meio ambiente.

2.1. Concepção estrutural

1.1.Como estruturar uma edificação de betão armado

Segundo o SINDUSCON CE [20-?], a escolha do sistema estrutural de um edifício, em geral, é


influenciada por imposições arquitetônicas, por rotinas construtivas ou ainda pela infraestrutura
da região. De posse do projeto arquitetônico, em geral se faz um estudo de soluções estruturais,
que serão analisadas por uma equipe multidisciplinar. Após reuniões entre os profissionais
envolvidos no desenvolvimento e construção de um edifício, o engenheiro de estruturas estará
ciente das limitações das soluções estruturais, dando início ao lançamento da estrutura ou
estruturação.

É importante lembrar que a estruturação segue alguns critérios e conceitos. Como já é de


conhecimento básico entre engenheiros, os carregamentos são aplicados em lajes, as quais
transmitem os esforços a vigas. As vigas, por sua vez, são apoiadas em pilares. Por fim, todo o
carregamento do edifício é aplicado em suas fundações por meio dos pilares.

Ressalta-se, porém que a escolha do sistema estrutural deve ser de responsabilidade do construtor
baseada nas informações dos projetistas. O construtor deve fazer uma completa apropriação de
custos dentre as alternativas estruturais apresentadas, levando em consideração todos os impactos
econômicos que cada sistema estrutural produz nas outras etapas da construção, além de apreciar
tempo de execução, equipamentos necessários, cronograma financeiro, etc.

2.2. Tipos de estruturas de betão armado em edifícios

Estrutura convencional com lajes maciças

Segundo o SINDUSCON CE [20-?], Entende-se como estrutura convencional aquela em que as


lajes se apoiam em vigas (tipo laje-viga-pilar). A laje maciça não pode vencer grandes vãos,
devido ao seu peso próprio. É pratica usual adotar-se como vão médio econômico das lajes um
valor entre 3,5m e 5m. Foi durante anos o sistema estrutural mais utilizado nas construções de
concreto, por isso a mão-de-obra já é bastante treinada.

Estrutura convencional com lajes nervuradas


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As lajes nervuradas são por definição um conjunto de nervuras solidarizadas por uma mesa de
concreto. O fato de as armaduras serem responsáveis pelos esforços resistentes de tração permite
que a zona tracionada seja discretizada em forma de nervuras, não comprometendo a zona
comprimida, que será resistida pela mesa de betão.

A vantagem principal desta utilização é a redução do peso próprio da estrutura, já que o volume
de betão diminui devido ao uso de formas ou tijolos, e ainda há um aumento na inércia, já que a
laje tem sua altura aumentada.

A prática usual consiste em fazer painéis com vãos maiores que os das lajes maciças, apoiados em
vigas mais rígidas que as nervuras.

Lajes lisas

Figura 1: Lajes lisas (Fonte: SINDUSCON CE)

São lajes apoiadas diretamente em pilares sem o auxílio de capitéis. Esse tipo de sistema estrutural
apresenta uma versatilidade muito grande à concepção arquitetônica, já que a ausência de vigas
propicia uma liberdade maior a mudanças no “layout” dos pavimentos. Nas primeiras lajes sem
vigas era comum o uso de capitéis, visando ao enrijecimento da ligação laje-pilar, mas isto
prejudicava uma das suas principais vantagens, que é a ausência de recortes na forma do
pavimento.

As lajes lisas podem ser maciças ou nervuradas; caso sejam nervuradas a região em torno do pilar
será maciça (capitel embutido).

Vale ressaltar que estas lajes são devidamente projetadas levando em consideração o efeito da
punção. Este efeito consiste na perfuração de uma placa (laje) devido um carregamento,
provocando grandes tensões cisalhantes. Nos edifícios com laje lisa, esta forma de ruína pode se
dar na ligação da laje com os pilares. Por fim, podem ser simplesmente armadas ou pré-esforçadas.

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Vigas-faixa

Figura 2: Viga-faixa (Fonte: SINDUSCON CE)

“Nas lajes lisas, há casos em que, nos alinhamentos dos pilares, uma determinada faixa é
considerada como viga, sendo projetada como tal. São as denominadas vigas-faixa” (Libânio,
2004). As vigas-faixa, em geral são pré-esforçadas para evitar deformações.

2.5. Componentes de uma estrutura convencional de betão armado em edifícios


Laje

Figura 3: Laje (Fonte: Gorgulho)

Segundo Bastos (2006), as lajes são os elementos planos que se destinam a receber a maior parte
das ações aplicadas numa construção, como de pessoas, móveis, pisos, paredes, e os mais variados
tipos de carga que podem existir em função da finalidade arquitetônica do espaço físico que a laje
faz parte. As ações são comumente perpendiculares ao plano da laje, podendo ser divididas em:
distribuídas na área (peso próprio, revestimento de piso, etc.), distribuídas linearmente (paredes)
ou forças concentradas (pilar apoiado sobre a laje). As ações são geralmente transmitidas para as
vigas de apoio nas bordas da laje, mas eventualmente também podem ser transmitidas diretamente
aos pilares.

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Viga

Figura 4: Viga (Fonte: Bastos)

Ainda BASTOS (2006), diz que as vigas são classificadas como barras e são normalmente retas e
horizontais, destinadas a receber ações das lajes, de outras vigas, de paredes de alvenaria, e
eventualmente de pilares, etc. A função das vigas é basicamente vencer vãos e transmitir as ações
nelas atuantes para os apoios, geralmente os pilares.

Pilar

Figura 5: Pilar (Fonte: Bastos)

Os pilares são destinados a transmitir as ações às fundações, embora possam também transmitir
para outros elementos de apoio. As ações são provenientes geralmente das vigas, bem como de
lajes também.
Os pilares são os elementos estruturais de maior importância nas estruturas, tanto do ponto de
vista da capacidade resistente dos edifícios quanto no aspecto de segurança. Além da transmissão
das cargas verticais para os elementos de fundação, os pilares podem fazer parte do sistema de
contraventamento responsável por garantir a estabilidade global dos edifícios às ações verticais e
horizontais (BASTOS:2006).

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Sapata

Figura 6: Sapata (Fonte: Bastos)

As sapatas recebem as ações dos pilares e as transmitem diretamente ao solo. Podem ser
localizadas ou isoladas, conjuntas ou corridas.
As sapatas isoladas servem de apoio para apenas um pilar. As sapatas conjuntas servem para a
transmissão simultânea do carregamento de dois ou mais pilares e as sapatas corridas têm este
nome porque são dispostas ao longo de todo o comprimento do elemento que lhe aplica o
carregamento, geralmente paredes de alvenaria ou de concreto. São comuns em construções de
pequeno porte onde o solo tem boa capacidade de suporte de carga a baixas profundidades
(BASTOS: 2006).

2.6. Elementos estruturais complementares

Escada
Segundo FIGUEIRAS (1992), as escadas em betão armado são em geral constituídas por uma
estrutura laminar associada a degraus, desempenhando o papel de comunicação vertical em
edifícios.

Segundo FILHO (2014), o tipo mais usual de escada em betão armado tem como elemento
resistente uma laje armada em uma só direção. Os degraus não têm função estrutural.
O modelo estrutural corresponde a uma laje armada em uma só direção, simplesmente apoiada,
solicitada por cargas verticais. Como este modelo estrutural corresponde a uma viga isostática,
podem-se calcular reações e solicitações utilizando o vão projetado.

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Reservatórios de água

Segundo GUIMARÃES et al (2007), os reservatórios são unidades hidráulicas de acumulação e


passagem de água, situados em pontos estratégicos do sistema de modo a atenderem as seguintes
situações:

• garantia da quantidade de água (demandas de equilíbrio, de emergência e de anti-incêndio);

• garantia de adução com vazão e altura manométrica constantes;

• menores diâmetros no sistema; e

• melhores condições de pressão.

Ainda GUIMARÃES et al (2007), diz que os tipos mais comuns são os semi-enterrados e os
elevados. Os elevados são projetados para quando há necessidade de garantia de uma pressão
mínima na rede e as cotas do terreno disponíveis não oferecem condições para que o mesmo seja
apoiado ou semi-enterrado.

Na maioria dos edifícios e residências as formas usuais das paredes das caixas d’água são
retangulares. Nos reservatórios elevados isolados são utilizadas as cilíndricas.

Em termos estruturais, os reservatórios são basicamente constituídos pelos seguintes elementos:

• laje de fundo – pode ser uma laje maciça assente num betão de regularização (reservatórios de
pequenas dimensões) e as fundações dos pilares centrais, de suporte da cobertura, são
incorporados na laje de fundon (reservatórios de grandes dimesões).

• paredes – estão sujeitas à pressão da água, e no caso de reservatórios enterrados ou semi-


enterrados ao impulso dos terrenos.

• cobertura – podem ser executadas com elementos planas ou em cúpulas.

Muros de Contenção

Segundo GERSCOVICH (2010), muros são estruturas corridas de contenção de parede vertical
ou quase vertical, apoiadas em uma fundação rasa ou profunda.

Os muros de contenção podem ser de vários tipos: gravidade (construídos de alvenaria, betão,
gabiões ou pneus), de flexão (com ou sem contraforte) e com ou sem tirantes.

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