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DIRETRIZES DA REDE DE ATENÇÃO

PSICOSSOCIAL DE CONTAGEM

1ª Edição

CONTAGEM
2020
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permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não
seja para venda ou qualquer fim comercial. Venda proibida. Versão eletrônica. A
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Elaboração, distribuição e informações


Prefeitura Municipal de Contagem Secretaria Municipal de Saúde de Contagem
Av. General David Sarnoff, 3113 - Cidade Industrial Contagem – MG CEP: 32210-110

Organização e Edição Técnica


Ivana Santana Andrade

Elaboração Técnica
Carla Patrícia Dias França de Paiva Santos
Rafael Coelho Kalil

Equipe Técnica de Revisão


Pollyana Lúcia Costa Santos

Colaboradores
Aldo Deivid
Alzira Lobato Limonge
Alessandra Marques Leite
Ana Nogueira da Gama Paturle
Cynthia Andréia Antão Pires
Débora Favaro Medes de Oliveira
Ellen Cristina Gomes de Andrade
Elaine Cristina Maia
Fernanda Cunha de Carvalho
Graziele Pimentel dos Reis
Geziel Lacerda de Vasconcelos
Handula Janine Simões Leandro
Josélia Ferreira Torres
Kacilda da Luz de Assis
Letícia Campos Lara Chaves
Laisa Nogueira Capuchinho Martinez
Lucas da Costa Rodrigues
Maria da Conceição Borel
Marina Nunes Fagundes Geiger
Patrícia Chompré de Andrade
Reila Rezende
Regina Maria de Resende Ribeiro
Rejane de Almeida Caborges
Tiago Lucas Reis de Jesus
Willy Simões

Ficha Catalográfica
Contagem. Prefeitura Municipal de Contagem. Secretaria Municipal de SAÚde.
Diretrizes da Rede de Atenção Psicossocial de Contagem. Contagem, 2020. 64 p
CONTEÚDO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 6

2. PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES ............................................................................................. 9

3. DIRETRIZES .................................................................................................................... 10

4. CONCEITOS NORTEADORES ....................................................................................... 11

5. EQUIPE TÉCNICA GESTORA......................................................................................... 13

6. ATRIBUIÇÕES DAS REFERÊNCIAS ................................................................................ 15

7. ATRIBUIÇÕES DOS SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL ..................................................... 17

8. ESPAÇOS DE ARTICULAÇÃO E CONSTRUÇÃO DO PTS ............................................. 23

9. MATRIZ DE COMPETÊNCIAS ........................................................................................ 24

10. ATIVIDADES E AÇÕES DOS PROFISSIONAIS ............................................................. 33

11. PRODUTIVIDADE ........................................................................................................ 38

12. MATRICIAMENTO E SUPERVISÃO CLINICO-INSTITUCIONAL ................................... 42

13. CENTRO DE CONVIVÊNCIA / PROJETO TEIA ........................................................... 45

14. FUNCIONAMENTO DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL.................................... 49

15. ÁREA DE ABRANGÊNCIA DOS SERVIÇOS ................................................................ 53

16. DEMANDAS DE ÓRGÃOS DE JUSTIÇA ...................................................................... 54

17. FLUXOGRAMAS DE ATENDIMENTO........................................................................... 56

18. EVENTOS E DATAS IMPORTANTES DA SAÚDE MENTAL ............................................ 58

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1. ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE
2. A SAÚDE MENTAL
Paradoxalmente, quando nos referimos à “Saúde Mental”, o fazemos para
tratar de questões relativas à doença mental. Quantas vezes, usuários de nossos
serviços receberam a classificação de “pacientes da saúde mental”, e se
incomodaram com isso? O que é isso que incomoda? Isso, de serem “tarjados de
saúde mental” incomoda, por quanto isso se reduz ao entendimento de que são
pacientes da doença mental? O que incomoda é essa marca? É isso que marca
a doença mental como um estigma? Sim. Incomoda essa crença social que
produz e reproduz o cercamento de um sujeito à imagem da doença.
Ao longo da história as pessoas com algum tipo de sofrimento mental foram
categorizadas e direcionadas para um determinado lugar – lugar este, definido
por formações discursivas daqueles considerados “sãos”, que assim sustentam
posições de controle, saber e poder sobre os outros. Pensando na nossa atual
realidade, podemos dizer que o manicômio acabou? Não!!!! Por que o
manicômio físico nada mais é que a expressão concreta de uma lógica social,
que ainda permeia todas as nossas relações: onde o saber de um se impõe sobre
o saber do outro.
Nessa perspectiva, o manicômio pode ser erguido na gente, de dentro pra
fora, em nossos pensamentos e atos cotidianos, nos nossos serviços de saúde,
quando eles se tornam lugares fechados, de posições rígidas, estanques, que
dificultam o acesso, e, muitas vezes, não escutam o usuário para além do
diagnóstico de uma doença mental. Para além dos muros do manicômio, há um
olhar e uma escuta que transpõem o fechamento em si mesmo, e, alcançam
cada usuário, em sua integralidade e singularidade, como sujeitos de direito e de
desejo de mais saúde.
A Reforma Sanitária, a Reforma Psiquiátrica e a Luta Antimanicomial
introduzem a necessidade imprescindível de se quebrar esta lógica, para que
possa ser introduzida a lógica do cuidado em liberdade, construído por múltiplos
saberes. O Programa Saúde da Família se mostrou um grande parceiro,
justamente por preconizar a ampliação do acesso, o cuidado próximo, a
corresponsabilização, a promoção à saúde e prevenção à doença, o cuidado
compartilhado e não hierarquizado. Entretanto, o processo de desconstrução da
lógica manicomial continua desafiador, mesmo à beira de completarmos 20
anos da Lei Paulo Delgado! Mesmo com todo nosso trabalho de construção, de
implementação dos serviços substitutivos, da implantação das Equipes de Saúde
da Família e das equipes de NASF. Desafiador, justamente por que propõe a
mudança de paradigma: um trabalho extremamente árduo, sem dúvida, mas

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diante do qual, nós - que optamos pelo trabalho no SUS – não podemos recuar.
Enquanto buscamos os recursos necessários para prosseguirmos rumo à
extinção do modelo asilar, a Assessoria dos Núcleos de Saúde Mental vem
avaliando sistematicamente as condições de infra-estrutura e de assistência
necessárias para uma alteração gradativa e responsável dos serviços de saúde
para modelos substitutivos suficientes e qualificados para ampla demanda. Essa
avaliação se faz juntamente com a Rede de Atenção Psicossocial, por meio do
registro e realização dos atendimentos na RAPS, assim como no diálogo
constante com todos os níveis de atenção do município. Temos cumprido nosso
papel de orientar gestores e trabalhadores na criação de uma nova rede de
serviços de Saúde Mental, acompanhando de forma assídua e próxima os
serviços que requerem nosso apoio.
Promovemos e apoiamos o Colegiado Ampliado de Saúde Mental,
Seminários, Grupos de Trabalho Intersetoriais, encontros, atividades de formação
e de capacitação, sempre com o objetivo de buscar estreitar os laços entre os
serviços e técnicos, em reuniões sistemáticas, favorecendo a articulação das
práticas de produção de cuidados em saúde. Assim como, buscamos a
proximidade com a realidade das unidades, para obtenção de um panorama
fidedigno de sua produtividade diante dos atendimentos prestados;
produtividade esta, compreendida em seu valor quantitativo, mas, sobretudo,
qualitativo, na direção alcançarmos a noção de trabalho como a produção de
vida com saúde, tanto para usuários, quanto para trabalhadores do SUS.
E é nesse trabalho de constante escuta e construção de uma rede de
cuidados, que apostamos. Neste trabalho de organização da rede, privilegiamos
os momentos de encontro, onde saberes são trocados e possibilidades são
construídas. Não há como falar de saúde, sem dizer de amparo, seja o amparo
ao usuário, seja também, ao colega, que se dedica a esse processo de produção
do cuidado. E isso só é possível no encontro, e através do encontro: de pessoas,
de saberes, de ideias...
Nesta perspectiva, este Manual é uma sugestão de constante estruturação
de uma lógica de trabalho, numa proposta de continuidade do caminho
percorrido e de orientação numa direção a se percorrer. Ao fazê-lo, desejamos
sim, cumprir o trabalho de proporcionar um arcabouço para as ações de
cuidado em saúde mental. Mas, para além disso, sinaliza-se aqui, a necessidade
de encontro e discussão contínua entre equipes, para a produção da SAÚDE
MENTAL como uma construção coletiva. Não deve, portanto, ser tomado como
um documento pronto, mas em contínua transformação e construção com a
rede e pela rede. É mais que tudo, um convite ao trabalho e à luta contra o
manicômio nosso de cada dia... Luta árdua, luta perene...
Vamos à luta!!!!

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1. INTRODUÇÃO

A Rede de Atenção Psicossocial do município de Contagem passou a ser


constituída, efetivamente, de acordo com as diretrizes preconizadas pela
Reforma Psiquiátrica e pelo Movimento da Luta Antimanicomial a partir do ano
de 1999. Nesta época, foram implementadas as primeiras Equipes de Saúde da
Família e, concomitantemente, constituídas as Equipes de Referência para as
Equipes de Saúde da Família, com o objetivo de oferecer suporte para
potencialização das intervenções no território, através do matriciamento das
ações e do atendimento aos casos de maior gravidade nas áreas de pediatria,
ginecologia e saúde mental.
Em 2000, foi inaugurado o primeiro NAPS Adulto (Núcleo de Atenção
Psicossocial) e o primeiro NAPS i (Núcleo de Atenção Psicossocial Infantil) voltado
para o atendimento dos casos em crise. Em 2005, foi implementado o primeiro
Centro de Convivência de Contagem e em 2008 iniciou-se o processo de
desinstitucionalização de egressos de hospitais psiquiátricos de longa
permanência, com a criação de dois Serviços Residenciais Terapêuticos. A agora
denominada rede CAPS passou a ser ampliada a partir do ano de 2011, com a
transformação do NAPS já existente em CAPS 24 horas, associada a abertura de
um CAPS AD III, e posteriormente, a implantação de mais um CAPS III.
Até o ano de 2011, a assistência em saúde mental na Atenção Básica do
município de Contagem estava estruturada na perspectiva do cuidado em
saúde mental regionalizado, convivendo com dois modelos de atenção:
Estratégia de Saúde da Família e Modelo Tradicional. Os distritos sanitários com
cobertura da Estratégia de Saúde da Família seguiam uma forma de organização
diferente dos locais onde ainda persistia o modelo tradicional ou misto. Onde
havia Equipes de Saúde da Família, a assistência em Saúde Mental acontecia
tendo como referencial 3 níveis de atenção: Atenção Básica (ESF) e Centro de
Convivência (casos leves); Equipes de Referência (Atendimento de casos graves
e moderados); e CAPS (Atendimento à crise). Já nos territórios com modelo
tradicional, o atendimento acontecia em 2 níveis de atenção: Equipes de Saúde
Mental nas unidades de saúde (todos os níveis de complexidade) e CAPS
(atendimento à crise).
No ano de 2011, o município fez a opção pela incorporação das ações do
NASF – Núcleo Ampliado em Saúde da Família no escopo da Atenção Básica.
Inicialmente, a proposta previa a manutenção das unidades de referência para
saúde mental, que aos poucos foram sendo desarticuladas na maior parte dos
territórios. Este processo teve um grande impacto para a assistência em Saúde
Mental, indicando descontinuidade do trabalho de atenção ao usuário, que
necessitava do atendimento sistematizado e próximo; além de implicar em perda
de potência das ações de promoção e prevenção que deveriam ser executadas

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pelas equipes do NASF. Consequentemente, psicólogos, assistentes sociais e
psiquiatras do NASF passaram a executar prioritariamente atendimentos
individuais espaçados, o que levou ao aumento do atendimento ambulatorial
dos CAPS e à desarticulação das ações ampliadas de cuidado.
Em 2017, foi definido que todos os territórios passassem a trabalhar na lógica
da Estratégia de Saúde da Família. Nos distritos onde o modelo assistencial era
misto, a discussão de que o NASF era insuficiente para garantir assistência dos
casos complexos e graves ganhou força, sensibilizando a gestão para a
necessidade de repensar o modelo assistencial em Saúde Mental. Também em
2017, o Ministério da Saúde pública a Portaria 3.588 de 31/12/2017, que reorienta
a Rede de Atenção Psicossocial prevendo a inclusão de serviços especializados
de Saúde Mental, objetivando garantir a assistência aos quadros de
adoecimento crônicos, graves e complexos que não estavam em crise no
território.
As equipes Intermediárias de Saúde Mental começaram a ser formalmente
implementadas em Setembro de 2018, com uma equipe tipo III em cada distrito
sanitário (Equipe Multiprofissional de Atenção Especializada em Saúde Mental tipo
III – Portaria 3588 de 31/12/2017), na perspectiva de ampliar a rede de cuidados
em saúde mental do Município e garantir assistência e acompanhamento para o
usuário com quadros complexos que necessitam de intervenção e atendimento
sistemático.
A estruturação das Equipes Intermediárias foi pensada levando-se em
consideração o contingente populacional e a vulnerabilidade dos territórios,
estabelecendo-se como objetivos oferecer maior cobertura de atendimentos,
com priorização para os casos de transtornos mentais severos e persistentes,
associados ou não ao uso de álcool e outras drogas, ampliando o acesso ao
cuidado nos territórios. Esta priorização está fundamentada no princípio de
equidade, onde os casos são avaliados considerando a complexidade e a
estratificação de riscos para a inserção imediata, com oferta de
acompanhamento próximo, com a finalidade de realizar intervenções a tempo e
a possibilidade de ação diante da evolução para possível desestabilização ou
crise.
Importante destacar que as Equipes Intermediárias se distinguem da ideia
de serviços funcionando como ambulatórios de saúde mental. A estruturação do
trabalho nestas Equipes, visa aproximar a concepção desses serviços a espaços
de cuidado intensivo e diálogo junto do território, voltado para a inclusão e
autonomia do usuário. Esta lógica possibilitou um trabalho “para fora” da unidade
de saúde, por entender que as demandas em saúde mental não são manejadas
apenas dentro de consultório, restritas as técnicas de terapia através da fala e da
medicação, mas sim, conhecendo o sujeito em seu contexto, em colaboração
multidisciplinar.

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Também foi criada nos distritos sanitários a função de Referência Técnica
de NASF e Saúde Mental, com a perspectiva de facilitar o diálogo e a articulação
dos pontos de cuidados no território, a fim de garantir a implementação das
ações necessárias à construção do caso clínico. Cada distrito sanitário passa a
contar com uma Referência Técnica, preferencialmente, servidores efetivos.
A partir da proposição desta nova estrutura, com a incorporação das
Equipes Intermediárias de Saúde Mental, tornou-se urgente estabelecer com
clareza como a rede passa a funcionar, e as competências de cada nível de
atenção, o que nos levou à publicação de uma nota técnica e à elaboração
deste Manual.

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2. PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES

 Lei Estadual nº 11.802 de 18 de janeiro de 1995

 Portaria GM/MS nº 106, de 11 de fevereiro de 2000

 Lei Federal nº 10.216, de 6 de abril de 2001

 Lei Federal nº 10.708, de 31 de julho de 2003

 Portaria GM/MS nº 336, de 19 de fevereiro de 2005

 Portaria GM/MS nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011

 Portaria GM/MS nº 121, de 25 de janeiro de 2012

 Portaria GM/MS nº 132, de 26 de janeiro de 2012

 Portaria GM/MS nº 148, de 31 de janeiro de 2012

 Lei Federal nº 13.146, de 06 de julho de 2015

 Portaria GM/MS nº 3.588 de 21 de dezembro de 2017

 Lei Federal nº 13.840 de 05 de junho de 2019

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3. DIRETRIZES

A Rede de Atenção Psicossocial tem como finalidade a criação,


ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde para pessoas com
sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes
do uso de drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Constituem-se
diretrizes para o funcionamento da Rede de atenção Psicossocial:

 Respeito aos diretos humanos;

 Cuidado em liberdade;

 Combate a estigmas e preconceitos;

 Cuidado integral;

 Atenção humanizada;

 Diversificação das estratégias de cuidado;

 Estratégias de redução de danos;

 Desenvolvimento de práticas de produção de cuidados e inclusão no


território;
 Promoção da autonomia dos usuários e do exercício da cidadania;

 Incentivo à participação e exercício do controle social por usuários e


familiares nas instâncias colegiadas, para fortalecimento do
protagonismo comunitário na discussão das políticas públicas;
 Desenvolvimento de estratégias de Educação Permanente;

 Projeto Terapêutico Singular – PTS – como orientador do cuidado,


construído e articulado em rede na perspectiva da intersetorialidade;
 Promover estratégias de reabilitação psicossocial, com o objetivo de
desenvolver iniciativas articuladas com recursos do território nos
campos do trabalho, economia solidária, habitação, educação e
cultura.

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4. CONCEITOS NORTEADORES

A estruturação do Trabalho da Rede de Atenção Psicossocial proposta neste


manual, considerando as diretrizes assistenciais e, principalmente, considerando o
objetivo maior de construção de uma rede de cuidados, tem como norteadores
os seguintes conceitos:
 CRISE: Independe do diagnóstico psicopatológico. A crise diz da vivência
de alguma coisa que é insuportável e o sujeito, diante disto, coloca a si e
ao outro em risco, através de: tentativa de auto-extermínio, hetero e auto
agressividade, erotomania, errância, automutilação grave, perda do
controle sobre o próprio pensamento, agitação psicomotora grave,
alterações graves do sono e da alimentação, alucinações visuais e
auditivas, delírios, dissociações, ruptura radical de laços sociais, isolamento
grave (recusa de contato visual, verbal e qualquer convívio). A crise
acompanhada da intoxicação aguda de substâncias psicoativas necessita
de avaliação clínica inicial – UPA
 CASOS COMPLEXOS: Casos em que a situação de vida e o modo de viver
do sujeito encontram-se desestruturados, de forma a produzir intenso
sofrimento mental, necessitando de acompanhamento multidisciplinar
sistemático. Esta desestruturação pode ser causada pelo transtorno mental
ou pela situação de fragilidade psicossocial (pela ausência de suporte
sócio-familiar por exemplo). Também são caracterizados como casos
complexos aqueles que necessitam de intervenção intensiva e periódica,
como nos quadros de: pré-crise, riscos de atuações e passagens ao ato
graves, quadros com risco de ruptura e desestabilização, vulnerabilidade
social intensa, contribuindo para o agravamento do quadro psíquico,
vivência de luto patológico, egressos de CAPS e Hospitais psiquiátricos que
ainda necessitam de intervenção sistematizada.
 CASOS DE MENOR COMPLEXIDADE: São caracterizados como aqueles em
que há alterações do cotidiano que interferem e prejudicam a
capacidade de relacionamento do sujeito com o meio em que vive
(família, trabalho, escola e demais relações), mas que não representam
risco de ruptura ou interrupção do modo de viver do sujeito. Quadros
decorrentes de problemas nas relações familiares, conjugais, interpessoais
em geral. Vivência de luto não patológico, quadros crônicos e orgânicos
estáveis. Egressos de CAPS e Hospitais Psiquiátricos estabilizados com
autonomia preservada. São casos que se mantêm estáveis com processos
terapêuticos coletivos, escuta individualizada breve e oficinas.

 INTERSETORIALIDADE: Entendida como uma lógica de gestão ampliada do


cuidado, que pressupõe a articulação contínua das políticas de seguridade

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e proteção social, representadas no nível do território pelos setores que
executam essas políticas, bem como articulação para promoção da
inclusão na cultura, na educação, no trabalho.

 TRANSDISCIPLINARIDADE: Articulação dos diversos saberes na produção de


conhecimento sobre realidades complexas, que por sua vez propiciará a
construção de um saber ou saberes de cuidado único e pessoal, vinculado
à aposta sobre as possibilidades do sujeito em produzir seu próprio cuidado
de forma autônoma.
 MATRICIAMENTO: Matriciamento ou apoio matricial é um modo de produzir
saúde em que duas ou mais equipes, num processo de construção
compartilhada, criam uma proposta de intervenção pedagógico-
terapêutica na perspectiva do cuidado colaborativo. Neste processo, as
intervenções ou Projetos Terapêuticos são construídos e compartilhados de
forma não hierarquizada, produzindo conhecimento e estratégias de
gestão do cuidado com a consequente potencialização das ações das
equipes.
 GESTÃO DO CUIDADO: A gestão do cuidado se processa nos níveis político-
institucional, organizacional (entre os diferentes níveis assistenciais) e nas
práticas profissionais, que articulados superam a fragmentação e garantem
a integralidade e continuidade da atenção à saúde do sujeito a partir da
corresponsabilização do cuidado. Implica na articulação permanente
entre serviços, na perspectiva de construção de caminhos possíveis para os
casos dentro do território (micro e macro) envolvendo os vários níveis de
atenção e os vários equipamentos de atenção psicossocial, cuja lógica
horizontal, destitui a ideia de hierarquia entre serviços. A gestão do cuidado
e do percurso do usuário se dará na articulação intersetorial, sendo
considerados pontos gestores/articuladores da RAPS as Equipes de Atenção
Básica, as Equipes intermediárias de Saúde Mental e os CAPS.

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5. EQUIPE TÉCNICA GESTORA

DIRETORIA DE ATENÇÃO ESPECIALIZADA – Responsável pela implementação e


gestão de todos os programas da Atenção Especializada em Saúde;
ASSESSORIA DOS NÚCLEOS DE SAÚDE MENTAL – Responsável pela
implementação da política de saúde mental do município, atuando de
forma intersetorial e articulada em todos os níveis de gestão (Municipal,
Estadual e Federal). Responsável pela proposição de serviços e estratégias
para consolidação da política municipal, promovendo a articulação interna
com as demais áreas da saúde objetivando a garantia de direitos e de
acesso ao portador de sofrimento mental (em todos os ciclos de vida) nos
serviços de saúde.
REFERÊNCIA TÉCNICA DE SAÚDE MENTAL: Atuar, articulado com a Assessoria
de Núcleos de Saúde Mental, como referência para as questões técnicas
relativas à execução do trabalho em saúde mental em todos os níveis de
atenção, sendo responsável pela proposição e implementação de
protocolos, fluxos, linhas de cuidado, de forma articulada à Política Nacional
e Estadual, bem como pelo acompanhamento das discussões entre serviços,
incluindo aqueles parceiros da RAPS.
REFERÊNCIA TÉCNICA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL: Atuar, em
consonância com a Assessoria de Núcleos de Saúde Mental, como
referência técnica às questões abrangentes à Enfermagem e áreas afins,
atuando como articulador entre gestão e assistência, por meio do diálogo e
colaboração das referências técnicas locais de cada Equipamento.
Responsável também pela elaboração de fluxos e protocolos condizentes
aos processos de trabalho desenvolvidos pela Equipe de Enfermagem dentro
do serviço.
DIRETORIAS DE CAPS: Responsável técnico administrativo pelo funcionamento
dos CAPS.
COORDENAÇÃO DE CENTRO DE CONVIVÊNCIA/ PROJETO TEIA: Responsável
técnico administrativo pelo funcionamento do Centro de Convivência
articulado aos Pontos TEIA.
REFERÊNCIAS TÉCNICAS DISTRITAIS SAÚDE MENTAL E NASF: Responsável por
assegurar acesso do usuário aos serviços de saúde e de proteção social do
território, acompanhando e monitorando as ações técnicas das Equipes de
NASF e Intermediárias de Saúde Mental do distrito, no que diz respeito ao
atendimento direto ao usuário e à relação com as equipes de Saúde da
Família, buscando a qualificação contínua do processo de trabalho, a

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integração entre as equipes e a realização de ações intersetoriais
necessárias à execução do Projeto Terapêutico Singular.
SUPERVISÃO DOS SERVIÇOS RESIDENCIAIS TERAPÊUTICOS: Responsável pelo
gerenciamento, operacionalização e execução de atividades referentes aos
Serviços Residenciais Terapêuticos tipo II (SRTs) de duas residências
terapêuticas já em funcionamento no município de Contagem, buscando a
reabilitação psicossocial dos moradores portadores de algum tipo de
transtorno mental, que estiveram internados por longo período em hospitais
psiquiátricos.

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6. ATRIBUIÇÕES DAS REFERÊNCIAS

A maior parte das demandas existentes na rede de saúde, possuem teor


relacionado à saúde mental, por tratarmos e enxergarmos o usuário baseados em
uma visão biopsicossocial. Para contribuir nesta localização da demanda do
sujeito, dentro da rede de atenção, foi criada a função de Referência Técnica de
NASF e Saúde Mental na perspectiva de facilitar o diálogo e a articulação dos
pontos de cuidados no território, a fim de garantir a implementação das ações
necessárias à construção do caso clínico.
Cada distrito sanitário conta com uma Referência Técnica,
preferencialmente, composta por servidores efetivos. Entende-se que a saúde
mental é temática transversal no que tange ao cuidado e acolhimento do
usuário, gerando a necessidade de orientação daqueles que são responsáveis
pelo atendimento.
Nesta perspectiva, a organização do cuidado é mediada por estes agentes
ativos, conhecedores das diretrizes de acompanhamento, que possuem papel
fundamental na orientação, suporte e mediação da experiência do usuário e
trabalhador na Rede de Atenção Psicossocial.

ATRIBUIÇÕES GERAIS

 Auxiliar na organização e mediar as reuniões técnicas, buscando a


qualificação e otimização do processo de trabalho com base nas diretrizes
de apoio matricial, clínica ampliada, projeto terapêutico singular,
educação permanente, dentre outras;
 Acompanhar o percurso dos casos de maior complexidade nos diferentes
pontos de atenção, em especial demandas judiciais/Ministério
Público/Conselho Tutelar dentre outros; mediando as ações junto às equipes
de saúde e outros equipamentos de prevenção e promoção social,
estabelecendo parcerias nos casos de maior complexidade e
vulnerabilidade de modo a garantir a execução do projeto terapêutico
singular e a qualificação da assistência ofertada ao usuário;
 Desenvolver todas as ações de maneira articulada e integrada com a
Diretoria do Distrito Sanitário e suas referências técnicas;
 Manter interlocução permanente com as Referências Técnicas de Saúde
Mental e NASF da Secretaria Municipal de Saúde através de reuniões com
periodicidade mensal;
 Auxiliar na discussão e implementação de fluxos, notas técnicas e

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protocolos, acompanhando a execução de planos de ação e atividades
visando potencializar as ações das equipes, otimizando recursos e
garantindo suporte técnico;
 Acompanhar e promover a assistência e integração do atendimento em
saúde dos moradores dos Serviços Residenciais Terapêuticos; acompanhar
a listagem de egressos (CASP/Hospitais), garantindo acesso ao melhor
tratamento ofertado pelo SUS.

ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS

 NO NASF:- Atuar para potencializar as ações do NASF nos seus territórios,


garantindo suporte técnico com conhecimento e aplicação das diretrizes
operacionais do NASF em Contagem;
 Realizar em conjunto com os profissionais do NASF avaliação e
monitoramento das ações desenvolvidas pelas equipes de NASF no nível
local, estimulando a alimentação regular e sistematizada dos formulários
do eSUS; atuar junto às equipes de NASF, na organização da agenda dos
profissionais e equipe de NASF garantindo a sua divulgação regular e
sistematizada no site do NASF;
 NA EQUIPE DE SAÚDE MENTAL: Acompanhar e promover a assistência e
integração do atendimento em saúde dos moradores dos Serviços
Residenciais Terapêuticos; acompanhar a listagem de egressos
(CAPS/Hospitais), garantindo acesso.

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7. ATRIBUIÇÕES DOS SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL

EQUIPES DE SAÚDE – ATENÇÃO BÁSICA


 Acolhimento e acompanhamento longitudinal de todos os casos em
todos os ciclos de vida, inclusive aqueles em sofrimento mental;
 Participação nas ações de matriciamento propostas pelos pontos de
atenção da RAPS;
 Ordenamento e gestão do cuidado em Saúde Mental na perspectiva
da co-gestão e compartilhamento de ações com os demais níveis de
atenção, participando da elaboração e execução do Projeto
Terapêutico Singular em todos os níveis de complexidade;
 Desenvolvimento de ações de promoção da saúde mental e
prevenção do adoecimento mental;
 Gestão do cuidado dos casos de menor complexidade, independente
do quadro psicopatológico:
 Desenvolvimento de estratégias para manejo da medicação;
 Desenvolvimento de estratégias para suporte familiar;
 Identificação de possíveis parcerias no território que possam ser
utilizados para promoção da reabilitação e inclusão psicossocial;
 Atuação conjunta com as Equipes de NASF, Equipes Intermediárias de
Saúde Mental e CAPS na articulação das ações necessárias para
execução do PTS, inclusive no que se refere às intervenções familiares.

CONSULTÓRIO NA RUA
 Acolhimento e acompanhamento dos usuários com transtorno mental,
de todos os ciclos de vida, em situação de rua, promovendo os
encaminhamentos necessários para os demais dispositivos de saúde;
 Participação em grupos de trabalho intersetorial, para discussão
integrada e permanente das estratégias para atendimento à
população em situação de rua em suas necessidades;
 Definição, no âmbito da Secretaria Municipal de Saúde, de grupo
condutor, responsável pela implantação e monitoramento das ações
desenvolvidas pela equipe do Consultório na Rua, com participação
de profissionais da Atenção Básica, NASF e Saúde Mental;

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 Estabelecimento dos pontos dos territórios prioritários para a atenção e
as ações que serão desenvolvidas, respeitando o escopo mínimo de
procedimentos:
 Abordagem e acolhimento aos moradores de rua;
 Cadastramento de usuários;
 Desenvolvimento de atividades coletivas para apresentação da
proposta de trabalho;
 Construção do “contrato de atenção”;
 Conhecimento de cada sujeito e construção das histórias
pessoais e coletivas;
 Desenvolvimento de ações de promoção e prevenção de
agravos, com foco especial às DSTs/AIDS;
 Intervenções de cuidado tais como: vacinação, pequenos
curativos; busca ativa;
 Encaminhamentos à pontos de cuidados da rede;
 Garantia de vínculo com a equipe do Consultório na Rua e com
a equipe de Atenção Básica responsável pelo território;
 Garantia de ações para o cuidado in loco, a partir da
abordagem ampliada dos problemas de saúde e sociais, bem
como ações compartilhadas e integradas às Unidades Básicas
de Saúde (UBS). A depender da necessidade do usuário, essas
equipes também devem atuar junto aos Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS), aos serviços de Urgência e Emergência e a
outros pontos de atenção da rede de saúde e intersetorial.
Diante das especificidades dessa população, a estratégia de
redução de danos deverá ser transversal a todas as ações de
saúde realizadas pela equipe.

NASF
 Matriciamento dos casos e ações referentes à Saúde Mental, em
todos os ciclos de vida, na perspectiva de potencializar as ações de
cuidado das ESF, a identificação dos pontos da RAPS necessários para
o caso e a elaboração/execução do Projeto Terapêutico Singular;
 Desenvolvimento de ações de educação permanente para ampliar o
escopo de ações a serem desenvolvidas pelas ESF no campo da
Saúde Mental;
 Elaboração e execução de estratégias, junto à ESF de
acompanhamento, promoção da saúde mental e prevenção do
adoecimento, preferencialmente através de atividades coletivas;
 Atendimento e acompanhamento individual ou compartilhado dos
casos de menor complexidade, que necessitam de intervenção
pontual e breve;
 Manutenção do trabalho de interlocução permanente com os demais

18
dispositivos da rede de atenção psicossocial;
 Atuação conjunta com as ESF, Equipes Intermediárias de Saúde
Mental e CAPS na articulação das ações necessárias para execução
do PTS, inclusive no que se refere às intervenções familiares;
 Atuar para potencializar as ações do NASF nos seus territórios,
garantindo suporte técnico com conhecimento e aplicação das
diretrizes operacionais do NASF em Contagem;
 Articulação junto ao Centro de Convivência/ Pontos TEIA em seu
território, fomentando a realização de oficinas terapêuticas,
atividades em grupo com usuários e seus familiares, para efetivação
de ações de reinserção social.

EQUIPES INTERMEDIÁRIAS DE SAÚDE MENTAL

 Ordenamento e gestão do cuidado em Saúde Mental na perspectiva


da co-gestão dos casos complexos, graves e moderados no território;
 Articulação compartilhada no território e em rede dos casos de
transtornos mentais graves, moderados e persistentes, associados ou
não ao uso de drogas;
 Construção coletiva de instrumentos para estratificação de risco dos
transtornos mentais, associados ou não ao uso de álcool e outras
drogas;
 Atendimento sistemático, próximo e contínuo de usuários de todos os
ciclos de vida, em situações de vida complexas, portadores de
transtorno mental grave, moderado e persistente, associado ou não
ao uso de drogas, visando à articulação do cuidado em rede e o
fortalecimento do vínculo no território;
 Articulação junto ao Centro de Convivência/ Pontos TEIA em seu
território, fomentando a realização de oficinas terapêuticas,
atividades em grupo com usuários e seus familiares, para efetivação
de ações de reinserção social;
 Construção e desenvolvimento das estratégias do Projeto Terapêutico
Singular, lançando mão das ferramentas necessárias para garantia de
vinculação do usuário (atendimentos individuais, em grupo, familiar;
visitas domiciliares, etc...)
 Atendimento multiprofissional a todos os ciclos de vida, com vistas à
intervenção a tempo na evolução de crises, inclusive nas decorrentes
do uso de álcool e outras drogas;
 Manutenção do trabalho de interlocução permanente com os demais
dispositivos da rede de atenção psicossocial;
 Atuação conjunta com as ESF, NASF e CAPS na articulação das ações
necessárias para execução do PTS, inclusive no que se refere às
intervenções familiares;

19
CAPS
 Organização da demanda e da rede de cuidados em saúde mental
no âmbito do seu território;
 Desempenho de papel de regulador da porta de entrada da rede
assistencial no âmbito do seu território, em confluência com as
normativas e fluxos vigentes da Rede de Atenção Psicossocial;
 Realização de atividades de educação continuada na perspectiva
da capacitação das equipes de Atenção Básica em conjunto com a
Assessoria dos Núcleos de Saúde Mental;
 Atendimento das situações de crise em Saúde Mental;
 Ordenamento e gestão do cuidado em Saúde Mental na perspectiva
da co-gestão dos casos complexos, graves e moderados no território,
em parceria com as Equipes Intermediárias, NASF e ESF;
 Matriciamento dos casos de maior complexidade;
 Atendimento nas modalidades de tratamento não-intensivo, semi-
intensivo e intensivo na construção do Projeto Terapêutico Singular;
 Atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, orientação,
entre outros);
 Atendimento em grupos terapêuticos;
 Atendimento em oficinas terapêuticas executadas pela Referência
Técnica da equipe multiprofissional;
 Atendimento à família;
 Articulação junto ao Centro de Convivência/ Pontos TEIA em seu
território, fomentando a realização de oficinas terapêuticas,
atividades em grupo com usuários e seus familiares, para efetivação
de ações de reinserção social;
 Atividades comunitárias focando a integração do portador de
sofrimento mental na comunidade e sua inserção familiar e social;
 Acolhimento Noturno;
 Manutenção do trabalho de interlocução permanente com os demais
dispositivos da rede de atenção psicossocial;
 Atuação conjunta com as ESF, NASF e Equipes Intermediárias de
Saúde Mental na articulação das ações necessárias para execução
do PTS, inclusive no que se refere às intervenções familiares;

SAMU
 Atendimento e transporte de usuários em situação de crise para os
pontos competentes nos termos dos fluxos e protocolos pactuados.
CENTRO DE CONVIVÊNCIA
 Desenvolvimento de ações voltadas para a reabilitação psicossocial,
a reinserção social, inclusão nos campos da cultura, educação,

20
geração de renda e trabalho;
 Orientação e articulação de ações junto aos Pontos TEIA nos
Territórios;
 Realizar parcerias com associações, órgãos públicos, fundações,
ONGS, empresas ou outras entidades para captação de recursos,
realização de oficinas, troca de informações ou saberes, dentre outras
ações;
 Atuação conjunta com as ESF, NASF, Equipes Intermediárias de Saúde
Mental e CAPS para articulação das ações necessárias à autonomia
do usuário para lidar com suas questões cotidianas, bem como para
potencialização de vínculos familiares e comunitários;
 Acolhimento de usuários para construção de estratégias que
favoreçam a criação de espaços de sociabilidade, produção e
intervenção na cidade;
 Oferta de oficinas terapêuticas artístico-culturais e sócio-ambientais
nos espaços do Centro de Convivência e dos Pontos TEIA;
 Acompanhamento e inserção do usuário no mercado de trabalho
formal, realizando a mediação entre o usuário, as empresas e
tratamento de saúde em rede;
 Apoiar a mobilização de usuários para a continuidade dos processos
de criação da “Associação de Usuários e Familiares dos Serviços de
Saúde Mental pela Inclusão no Trabalho e Produção Solidária
Cultivarte” (em fase embrionária: elaboração de Estatuto);
 Promoção de assembleias de usuários e/ ou outros encontros de
discussões coletivas engajadas aos movimentos sociais de proteção
de direitos;
 Fomento e exposição dos produtos produzidos nas oficinas ocupando
espaços comerciais, ou culturais relevantes na comunidade e na
cidade;
 Ampliação da autonomia e melhora das condições concretas de vida
dos usuários.

SERVIÇO RESIDENCIAL TERAPÊUTICO


 Atendimento às necessidades de moradia de pessoas portadoras de
transtornos mentais graves, nos termos da legislação vigente, com
histórico de internação de longa permanência em hospitais
psiquiátricos, hospitais de custódia, cujos vínculos familiares
encontram-se rompidos; garantindo a execução do Projeto
Terapêutico Singular estabelecido pelo ponto de atenção à saúde
mental e de cuidado geral em saúde, de cada usuário;
 Melhoria da qualidade de vida dos moradores das Residências
Terapêuticas, por meio de oferta de serviços públicos integrados que
executem ações de promoção à saúde e reabilitação psicossocial,

21
através da garantia de um espaço físico agradável, de caráter
residencial que ofereça acolhimento, proteção, promoção do
cuidado e do autocuidado na vida diária dos seus moradores, bem
como a promoção da reinserção social dos mesmos;
 Atenção às necessidades de saúde integral dos moradores dos SRTs,
garantindo os meios que promovam a articulação dos cuidados com
outros pontos de assistência à saúde, sejam estes localizados na
atenção primária, secundária ou terciária do município;
 Garantia de conforto, salubridade e proteção para os moradores;
 Promoção de meios que favoreçam a reinserção social dos
moradores na comunidade, na cultura e no trabalho;
 Sensibilização da comunidade em torno dos SRTs quanto a
importância desta proposta de desinstitucionalização e reconstrução
dos laços sociais para esses moradores, em consonância com a
defesa de direitos humanos.

LEITOS EM HOSPITAL GERAL


 Atendimento às necessidades de saúde do usuário portador de
transtorno mental nos termos dos fluxos e protocolos estabelecidos;

22
8. ESPAÇOS DE ARTICULAÇÃO E CONSTRUÇÃO DO PTS

São espaços intersetoriais de discussão dos Projetos Terapêuticos Singulares,


na perspectiva de garantir o atendimento ao portador de sofrimento mental no
território, tendo como referência o conceito ampliado de saúde e as diretrizes da
Rede de Atenção Psicossocial – RAPS. Cada distrito sanitário deverá organizar
estes espaços de discussão, garantindo a participação dos atores necessários
para a elaboração do Projeto Terapêutico Singular, sugerindo-se os seguintes:

REUNIÕES DE MATRICIAMENTO INTER-EQUIPES (NASF, INTERMEDIÁRIA, ESF)


Reuniões para discussão de casos na perspectiva da educação
permanente e da construção de estratégias de atendimento ao usuário,
potencializando as ações de cada ponto de atenção e estabelecendo o Projeto
Terapêutico Singular;

REUNIÕES DE MATRICIAMENTO DO CAPS


Espaço de discussão com participação de todos os pontos de atenção em
saúde envolvidos no cuidado com o usuário (ESF, NASF, Equipe Intermediária,
Centro de Convivência e CAPS) para articulação das estratégias de atendimento
no território dos casos acolhidos no CAPS.

REUNIÕES INTERSETORIAIS
Espaço de discussão e articulação de estratégias para atendimento dos
casos complexos, com participação de outros atores, além dos equipamentos de
saúde, necessários para a construção do projeto terapêutico singular no território
(ESF, NASF, Equipe Intermediária, CAPS, Centro de Convivência, CRAS, CREAS,
Conselho Tutelar, Escola, dentre outros)

23
9. MATRIZ DE COMPETÊNCIAS

NASF
CATEGORIA PROFISSIONAL COMPETÊNCIAS
1. Matriciar os casos de todos os ciclos de vida
junto às equipes de saúde da família,
estabelecendo o nível de complexidade de
cada caso e as estratégias terapêuticas
possíveis, bem como instrumentalizar as
equipes para o desenvolvimento de
estratégias no âmbito do território;
2. Mediar o cuidado e o percurso do usuário, em
especial dos casos complexos, pelos pontos
de atenção da rede, monitorando os casos
de maior complexidade que estão estáveis;
3. Participar e contribuir nas ações coletivas
programadas realizadas pela equipe de
saúde da família: Grupo de Gestante, de
Cuidadores, Hipertensos, Diabéticos,
puericultura, Saúde da Mulher, Saúde do
Idoso, Familiares de Pacientes de Saúde
PSICÓLOGO Mental, etc...
4. Realizar visitas domiciliares para avaliação de
pacientes quando assim indicar o projeto
terapêutico, promovendo as intervenções e
encaminhamentos necessários;
5. Fomentar e desenvolver no território a prática
de atividades voltadas para a saúde mental,
incluindo a prática de atividades integrativas;
6. Participar das ações voltadas para a
construção de rede, dentre elas reuniões de
discussão de casos intersetoriais,
matriciamento dos CAPS, etc...
7. Participar das reuniões de equipe e das
reuniões com a Equipe Intermediária de
Saúde Mental para discussão de casos e
projetos terapêuticos vigentes,
monitoramento em parceria com a Equipe
Intermediária e a ESF dos casos de maior
complexidade;

24
8. Promover atividades de inclusão do usuário
com transtorno mental grave no território,
incluindo as voltadas para promoção e
prevenção da saúde clínica;
9. Desenvolver e executar atividades coletivas,
em parceria com as ESF, com a temática Psi
voltadas para a promoção da saúde mental
e prevenção do adoecimento, tais como:
Palestras em espaços coletivos, Grupos
Temáticos, Oficinas Terapêuticas, etc.
10. Atuar de forma a promover a Educação
Permanente da ESF e da Equipe de NASF
objetivando desconstruir preconceitos, em
acordo com os princípios da Reforma
Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial,
fortalecendo as estratégias de promoção e
prevenção de Doenças Mentais e também
garantindo o tratamento do usuário adoecido
de forma integral.
11. Realizar atendimentos individuais de forma
pontual e compartilhado quando necessário,
objetivando orientação ou avaliação para
indicativo de conduta;
1. Matriciamento de casos de todos os ciclos de
vida junto às equipes de saúde da família,
estabelecendo o nível de complexidade de
cada caso e as estratégias de intervenção
possíveis;
2. Desenvolver ações que garantam a escuta e
acolhida dos usuários bem como o
direcionamento das demandas para os
setores e áreas competentes;
3. Conhecer e fazer conhecer os programas
ASSISTENTE SOCIAL
municipais direcionados para a Política de
Desenvolvimento Social do Município,
garantindo ao usuário acesso aos direitos
assegurados;
4. Incentivar e contribuir no processo de
fortalecimento da autonomia e da
organização pessoal do usuário, apoiando-os
na construção e ressignificação de seu
projeto de vida;

25
5. Criar espaços grupais que possibilitem a
construção de relações humanizadoras e
socializadoras por meio de trocas de
experiências e construção de rede de apoio;
6. Desenvolver ações integradas com os
profissionais da equipe correlacionados com
a área de atuação em atenção à saúde e
demais políticas públicas;
7. Socializar informações nas equipes e
participar de discussão de situações
vivenciadas por usuários e/ou familiares com
as demais categorias profissionais, valorizando
as ações desenvolvidas por eles;
8. Promover a integração dos demais membros
da equipe de trabalho;
9. Produzir conhecimento sobre a população
atendida na área da saúde, processo de
pesquisa e a especificidade do serviço social;
10. Participar da elaboração
conceitual/metodológica para apoiar as
práticas educativo-participativas
desenvolvidas pela equipe de trabalho, com
usuários e população atendida;
11. Conhecer e fazer conhecer os dispositivos de
apoio social presentes no território,
promovendo a articulação e interlocução
entre serviços;
12. Construir coletivamente e de forma
participativa entre a equipe de saúde,
segmentos organizados da comunidade,
usuários e demais sujeitos sociais populares
envolvidos, a organização do trabalho
comunitário.
13. Incentivar a participação dos usuários nos
fóruns de discussão e deliberação, tais como:
Conselhos Locais de Saúde, Conselho Distrital
de Saúde, Conselhos de Assistência Social,
Conselho de Direitos da Criança e do
Adolescente, Conselhos do Idoso e demais
Conselhos de direitos, Reuniões da
Comunidade, e outros.

26
1. Atuar, de forma colaborativa, na produção
de cuidado em saúde mental no que se
refere à reabilitação psicossocial;
TERAPEUTA 2. Promover conjuntamente com a equipe
OCUPACIONAL ações individuais e coletivas voltadas para a
inclusão social, o ganho de autonomia e
independência do usuário portador de
transtorno mental estabilizado;

EQUIPE INTERMEDIÁRIA
CATEGORIA PROFISSIONAL COMPETÊNCIAS
1. Acolher os casos de maior complexidade,
encaminhados pela Coordenação de Saúde
Mental, NASF, ESF ou CAPS, de acordo com os
critérios de estratificação de risco, construindo
coletivamente o projeto terapêutico e contra-
referenciando os casos que não demandam
atendimento sistematizado ou que podem ser
acompanhados pelo território quando
melhorados;
2. Realizar companhamento e atendimento
psicológico individual ou em grupo para os
casos que demandam atendimento
sistematizado e próximo;
3. Participar das reuniões no território para
construção do projeto terapêutico singular de
cada caso (Reuniões intersetoriais, Reuniões
PSICÓLOGO de Matriciamento dos NASF, etc);
4. Auxiliar, em parceira com o NASF, com o
processo de Educação Permanente das
Equipes de Saúde da Família, matriciando os
casos de maior complexidade;
5. Desenvolver e fomentar ações para
criação/fortalecimento dos pontos TEIA nos
territórios;
6. Articular, em parceria com o NASF, as ações
de cuidado no território dos casos complexos
e graves, associados ou não ao uso de drogas
7. Construção coletiva de instrumentos para
estratificação de risco dos transtornos
mentais, associados ou não ao uso de álcool

27
e outras drogas;
8. Realizar visitas domiciliares, para busca ativa
de caos ou quando o projeto terapêutico
indicar essa necessidade;
1. Acolher casos de maior complexidade,
encaminhados pelo NASF, ESF ou CAPS,
construindo coletivamente o projeto
terapêutico e contra-referenciando os casos
que não demandam intervenção
sistematizada;
2. Promover, em conjunto com os demais
membros da equipe, ações de suporte
familiar e social para os casos de maior
complexidade, incluindo atividades de grupo;
3. Desenvolver e fomentar ações para
criação/fortalecimento dos pontos TEIA nos
territórios;
4. Realizar visitas domiciliares para orientação e
apoio nas estratégias de cuidado domiciliar.
ASSISTENTE SOCIAL 5. Participar das reuniões no território para
construção do projeto terapêutico singular de
cada caso (Reuniões intersetoriais, Reuniões
de Matriciamento dos NASF, etc);
6. Atuar para a garantia de direitos sociais de
usuários e familiares em situação de
vulnerabilidade ou de violação de direitos;
7. Auxiliar, em parceira com o NASF, no processo
de Educação Permanente das Equipes de
Saúde da Família, matriciando os casos de
maior complexidade;
8. Articular, em parceria com a Atenção Básica,
as ações de cuidado no território dos casos
complexos e graves, associados ou não ao
uso de álcool e outras drogas;
1. Acolher e atender os casos de maior
complexidade, encaminhados pela
Coordenação de Saúde Mental, NASF, ESF ou
CAPS, de acordo com os critérios de
PSIQUIATRA estratificação de risco, construindo
coletivamente o projeto terapêutico e contra-
referenciando os casos que não demandam
atendimento sistematizado ou que podem ser

28
acompanhados pelo território quando
melhorados;
2. Elaborar relatórios sobre o caso quando
solicitado;
3. Participar das reuniões no território para
construção do projeto terapêutico singular de
cada caso (Reuniões intersetoriais, Reuniões
de Matriciamento dos NASF, etc);
4. Auxiliar, em parceira com o NASF no o
processo de Educação Permanente das
Equipes de Saúde da Família, matriciando os
casos de maior complexidade;
5. Realizar atividades voltadas para orientação
de familiares;
6. Realizar
7. visitas domiciliares quando esta for a
indicação do projeto terapêutico.

CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – CAPS


CATEGORIA PROFISSIONAL COMPETÊNCIAS
1. Conhecer e aplicar os fluxos e normas de
funcionamento da RAPS;
2. Atendimento individual (medicamentoso,
psicoterápico, de orientação, entre outros);
3. Atendimento em grupos (psicoterapia, grupo
operativo, atividades de suporte social, entre
outras);
4. Atendimento em oficinas terapêuticas
executadas por profissional de nível superior
ou nível médio;
EQUIPE MULTIDISCIPLINAR 5. Realizar visitas domiciliares;
– NÍVEL SUPERIOR 6. Atendimento à família;
7. Realizar atividades comunitárias enfocando a
integração do paciente na comunidade e
sua inserção familiar e social;
8. Realizar atividades de matriciamento junto ao
território;
9. Participar ativamente das reuniões de equipe,
discussões técnicas, supervisões clínicas e
atividades de educação permanente;
10. Atuar para a garantia de direitos sociais de
usuários e familiares em situação de

29
vulnerabilidade ou de violação de direitos;
11. Articular, em parceria com a Atenção Básica,
as ações de cuidado no território dos casos
complexos e graves, associados ou não ao
uso de álcool e outras drogas;
12. Articular com a Rede Intersetorial o cuidado
compartilhado na perspectiva
multiprofissional;
1. Atendimento individual (dispensação de
medicamentos e aferição de dados vitais);
2. Conhecer e aplicar os fluxos e normas de
funcionamento da RAPS;
3. Acompanhamento das rotinas do serviço em
EQUIPE MULTIDISCIPLINAR todos os horários de funcionamento;
– NÍVEL TÉCNICO 4. Acompanhamento das rotas de transporte e
contato humanizado com o usuário e
familiares;
5. Observação e feedback das rotinas de
transporte para coleta de informações sobre
as condições de moradia do usuário e
vinculação com os familiares;
1. Conhecer e aplicar os fluxos de
funcionamento do serviço;
2. Acolhimento humanizado das demandas,
EQUIPE TÉCNICA/ com direcionamento para as áreas
ADMINISTRATIVA E DE competentes;
3. Realização das rotinas diárias do serviço
SUPORTE
conforme estabelecido.

30
CENTROS DE CONVIVÊNCIA

CATEGORIA PROFISSIONAL COMPETÊNCIAS


1. Realização de Oficinas Terapêuticas;
2. Realização e participação de ações de
Educação Permanente;
3. Instrução e orientação quanto aos direitos e
possibilidades na busca da cidadania;
4. Fortalecimento dos laços familiares e
comunitários;
5. Apoiar a mobilização de usuários para a
continuidade dos processos de criação da
“Associação de Usuários e Familiares dos
Serviços de Saúde Mental pela Inclusão no
EQUIPE Trabalho e Produção Solidária Cultivarte” (em
MULTIDISCIPLINAR- fase embrionária: elaboração de Estatuto);
NÍVEL SUPERIOR 6. Promoção de assembleias de usuários e/ ou
outros encontros de discussões coletivas
engajadas aos movimentos sociais de
proteção de direitos;
7. Acompanhamento do usuário junto aos
diversos equipamentos de saúde do território;
8. Acompanhamento das atividades de
inserção ao mercado de trabalho e
mediação junto às empresas e à rede de
saúde;
9. Participação em reuniões para discussão de
casos e elaboração do projeto terapêutico
singular com a RAPS.
1. Realização das atividades programadas nos
Pontos TEIA do município, conforme projeto;
2. Orientação e educação permanente visando
ao aprimoramento do trabalho dos servidores
do município, bem como para
ARTICULADOR DOS potencialização das estratégias de
PONTOS TEIA articulação em rede, agregando recursos
técnicos e materiais aos Pontos TEIA;
3. Parceria com os territórios na identificação e
acompanhamento de usuários com
necessidades de reabilitação psicossocial,
superando a cronicidade e a tendência ao
isolamento social.
1. Desenvolvimento das ações preconizadas no
ESTAGIÁRIOS plano de estágio;
2. Apoio para realização de Oficinas
Terapêuticas.

31
SERVIÇOS RESIDENCIAIS TERAPÊUTICOS

CATEGORIA PROFISSIONAL COMPETÊNCIAS


1. Realizar a Gestão operacional do serviço
supervisionando as tarefas atribuídas a cada
categoria profissional para organização do
acompanhamento dos moradores e relação
administrativa dos insumos / manutenção.
SUPERVISOR 2. Organização dos plantões das cuidadoras
3. Qualificação do trabalho da equipe
4. Participação e realização de reuniões de
equipe
5. Acompanhamento Global das questões de
Saúde/ Social dos moradores
1. Suporte ao controle da medicação dos
moradores
CUIDADOR I 2. Controle interno de organização dos insumos
3. Cumprimento das atividades de Rotina
estabelecido pelo (a) Supervisor (a).
ACOMPANHANTE 1. Incentivo à autonomia e auto-cuidado
TERAPÊUTICO 2. Inserção em atividades nos territórios da
cidade

32
10. ATIVIDADES E AÇÕES DOS PROFISSIONAIS

EQUIPES INTERMEDIÁRIAS – AGENDA PROGRAMADA

Principais Atividades
1. Atendimento individual ao paciente

2. Atendimento e orientação a familiares (individual e em grupo)

3. Visitas domiciliares conforme estabelecido em Projeto Terapêutico Singular

4. Reunião Intersetorial

5. Reunião NASF/Intermediária

6. Matriciamento de casos

7. Registros em prontuários e preenchimento de instrumentos de


produtividade.

Quadro 1- Distribuição da carga horária por atividade e por categoria profissional


- 20 horas semanais
PROCEDIMENTO PSICÓLOGO ASSISTENTE SOCIAL PSIQUIATRA
Atendimento Individual 16 horas 16 horas 16 horas
ao paciente, (corresponden (correspondente a (correspondente a 32
atendimento e te a 20 20 atendimentos atendimentos de 30
orientação a familiares, atendimentos semanais de 50 minutos). Visitas
visitas domiciliares e semanais de minutos). Visitas domiciliares ocupam o
outras ações diretas 50 minutos). domiciliares espaço de 3
com os pacientes. Visitas geralmente atendimentos
domiciliares ocupam o espaço
geralmente de 2 atendimentos
ocupam o
espaço de 2
atendimentos
Reuniões (Intersetoriais, 2 horas 2 horas 2 horas
NASF, ESF etc.)
Matriciamento de casos 1 hora 1 hora 1 hora
e elaboração de
projetos terapêuticos
Registros em prontuários 1 hora 1 hora 1 hora
e preenchimento de
instrumentos de
produtividade

33
Quadro 2- Meta de atendimento das equipes intermediárias - por categoria
profissional e por procedimento – mensal (considerando carga horária semanal
de 20 horas/semana)
Atendimento Individual
Categoria (a pacientes ou Registros (Prontuários,
Reuniões Matriciamento
Profissional familiares/visitas Relatórios, Etc...)
domiciliares)
Horas Qde Horas Qde Horas Qde Horas Qde
Psicólogo 64 80 8 4 4 4 4 -
A. Social 64 80 8 4 4 4 4 -
Psiquiatra 64 128 8 4 4 4 4 -

CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS)

Principais Atividades
1. Atendimento individual ao paciente
2. Atendimento e orientação a familiares (individual e em grupo)
3. Visitas domiciliares conforme estabelecido em Projeto Terapêutico
Singular
4. Reunião Intersetorial
5. Reunião NASF/Intermediária
6. Matriciamento de casos
7. Registros em prontuários e preenchimento de instrumentos de
produtividade
8. Realização de Oficinas Terapêuticas
9. Realização de Assembléia de Usuários
10. Realização de Grupos de Familiares

Rotina do Serviço
 Permanência Diurna (Acompanhamento dos pacientes em PD e PN)

 Ambulatório (Atendimento ambulatorial)

 Acolhimento (Usuários que chegam ao CAPS para atendimento)

 Reunião de Equipe

34
Modalidades de tratamento
 Ambulatório
o Atendimentos agendados de nível não intensivo de tratamento

 Permanência Diurna
o Acompanhamento semanal do paciente que permanecerá no
serviço para as atividades propostas de nível semi-intensivo e
intensivo de tratamento
 Permanência Noturna
o Acompanhamento intensivo 24horas dentro do serviço

Quadro 3 - Distribuição da carga horária por atividade e por categoria profissional


- 20 horas semanais
PROCEDIMENTO EQUIPE MULTIPROFISSIONAL
Acompanhamento de 4 horas (correspondente a aproximadamente 20
pacientes em modalidade de usuários em acompanhamento por profissional)
tratamento Ambulatorial
Acompanhamento de usuários 6 horas (correspondente a aproximadamente 25
em permanência diurna usuários dentro do serviço de todas as Regionais de
abrangência, sendo a divisão Regional de
aproximadamente 15 usuários)
Acolhimento 6 horas (correspondente aos usuários que dão
entrada no serviço para atendimento)
Reunião de equipe 4 horas
Reunião Intersetorial/ Realizadas entre 1 e 2 vezes no mês à ser organizada
Matriciamento dentro da agenda de atendimentos à critério da
Referência Técnica em consonância com a Chefia do
Serviço
Visitas Domiciliares Realizadas sempre que necessário à ser organizada
dentro da agenda de atendimentos à critério da
Referência Técnica em consonância com a Chefia do
Serviço
Oficinas Terapêuticas Devem ser realizadas no horário da Permanência
Diurna ou à critério do serviço
Assembléia de Usuários Devem ser realizadas no horário da Permanência
Diurna ou à critério do serviço
Grupos de Familiares Devem ser realizadas no horário da Permanência
Diurna ou à critério do serviço

Equipe multiprofissional
 Assistente Social

35
 Enfermeiro
 Psicólogo
 Terapeuta Ocupacional

Equipe de Enfermagem
 Enfermeiro
 Técnico de Enfermagem

Equipe Médica
 Médico Clínico
 Médico Psiquiatra

Equipe Técnico/Administrativa/sUPORTE
 Auxiliar AdmInistrativo
 Serviços Gerais
 Porteiro

CENTRO DE CONVIVÊNCIA

Principais Atividades
1. Oficinas Terapêuticas

2. Inclusão no trabalho / Geração de Renda

3. Acompanhamento de usuários da saúde mental inseridos no Centro


de Convivência
4. Aprimoramento das relações humanas, e suas implicações no
fortalecimento de vínculos
5. Cidadania / Laços Sociais / Autonomia

6. Articulação de Rede

7. Ações Comunitárias

8. Ações Intersetoriais

9. Intervenções Psicossociais

10. Assembléia de Usuários

36
Rotina do Serviço
 Oficinas Terapêuticas
 Inserção e acompanhamento de usuários inseridos no mercado de
trabalho (Projeto de inclusão de pessoas com sofrimento mental no
mercado de trabalho formal)
 Fomento de Eventos da Saúde Mental
 Articulação dos Pontos TEIA ( Território, Entrelaces, Inclusão, Autonomia)
 Acolhimento (Usuários que chegam ao Centro de Convivência)
 Reunião de Equipe

Quadro 4 - Distribuição da carga horária por atividade e por categoria profissional - 20


horas semanais
PROCEDIMENTO EQUIPE MULTIPROFISSIONAL
Oficinas Terapêuticas 4 horas (correspondente a aproximadamente 20
usuários em acompanhamento por profissional)
Articulação de Pontos TEIA 6 horas (correspondente a demanda flutuante nos
diversos territórios dos distritos sanitários de Contagem)
Inserção e acompanhamento 16 horas (correspondente aos usuários que necessitam
ao trabalho formal de acompanhamento e articulação do serviço junto
aos serviços de referência da rede de saúde, bem
como empresas parceiras)
Reunião de equipe 04 horas semanais
Reunião Intersetorial / À critério do profissional em consonância com a
Matriciamento Chefia do serviço
Assembléia de Usuários À critério do profissional em consonância com a
Chefia do serviço

Equipe multiprofissional
 Articulador dos Pontos TEIA
 Assistente Social
 Psicólogo
 Terapeuta Ocupacional
 Estagiário
Equipe Técnico/Administrativa/Suporte
 Auxiliar Admnistrativo
 Serviços Gerais
 Porteiro

37
11. PRODUTIVIDADE

PRODUTIVIDADE CAPS

 RAAS – REGISTRO DE AÇÕES AMBULATORIAIS DE SAÚDE


o Realiza o registro ambulatorial na saúde, com o objetivo de incluir as
necessidades relacionadas ao monitoramento das ações e serviços
de saúde conformados em redes de atenção à saúde. Esse seminário
apresenta à lógica, o financiamento, a produção de informações
(monitoramento e avaliação) e também a operação de registros no
âmbito ambulatorial da saúde mental, além de abordar todas essas
ações, apresenta o histórico do início dos registros através da portaria
nº 276, de 30 de março de 2012.

 BPA – BOLETIM DE PRODUÇÃO AMBULATORIAL


o Boletim de produção ambulatorial é uma dos aplicativos de
captação do SIA/SUS.

o O BPA CONSOLIDADO (BPA-C):Aplicativo no qual se registram


os procedimentos realizados pelos prestadores de serviços do
SUS, no âmbito ambulatorial de forma agregada.

o O BPA Individualizado (BPA-I):Aplicativo no qual se registram


os procedimentos realizados pelos prestadores de serviços do
SUS, no âmbito ambulatorial de forma individualizada

UNIDADES ATENDIDAS PELO RAAS/ BPA-C


CENTRO DE ATENCAO PSICOSSOCIAL INFANTO JUVENIL - CAPS i
CENTRO DE ATENCAO PSICOSSOCIAL SEDE - CAPS III
CENTRO DE ATENCAO PSICOSSOCIAL ELDORADO- CAPS III
CENTRO DE ATENCAO PSICOSSOCIAL ALCOOL E DROGAS - CAPS AD

UNIDADES ATENDIDAS PELO BPA-I


CENTRO DE ATENCAO PSICOSSOCIAL INFANTO JUVENIL - CAPS i
CENTRO DE ATENCAO PSICOSSOCIAL SEDE - CAPS III
CENTRO DE ATENCAO PSICOSSOCIAL ELDORADO- CAPS III
CENTRO DE ATENCAO PSICOSSOCIAL ALCOOL E DROGAS - CAPS AD
CENTRO DE CONVIVÊNCIA E CULTURA

38
Tabela1- Códigos de Procedimentos

CODPROC PROCEDIMENTO SISTEMA


301080259 Ações de articulação de Sistema Saúde - Formulário Movimento
redes intra e intersetoriais Semanal de Atendimento Coletivo -
301080267 Fortalecimento do Código atividade
Sistema 13
Saúde - Formulário Movimento
protagonismo de usuários de Semanal de Atendimento Coletivo -
301080305 centro de atenção
Matriciamento de equipes da Código
Sistema atividade 09
Saúde - Formulário Movimento
Atenção Básica Semanal de Atendimento Coletivo -
301080313 Ações de redução de danos Código
Sistema atividade 11
Saúde - Formulário Movimento
Semanal de Atendimento Coletivo -
301080321 Acompanhamento de serviço Código Sistema atividade 10
Saúde - Formulário Movimento
residencial terapêutico por Semanal de Atendimento Coletivo - -
301080330 centro àde
Apoio atenção
serviço residencial Código atividade
Sistema 16
Saúde - Formulário Movimento
de caráter transitório por Semanal de Atendimento Coletivo - -
301080399 centro de atenção
Matriciamento de equipes Código atividade
Sistema 17
Saúde - Formulário Movimento
dos pontos de atenção da Semanal de Atendimento Coletivo -
301080232 urgencia e emergência,
Acolhimento e dos Sistema
inicial por centro Código atividade
SIA/BPA-i 12
de atenção psicossocial
301080020 Acolhimento noturno de Sistema RAAS
paciente em centro de
301080038 atenção psicossocial
Acolhimento em terceiro Sistema RAAS
turno de paciente em centro
301080194 de atenção psicossocial
Acolhimento diurno de Sistema RAAS
paciente em centro de
301080208 atenção psicossocial
Atendimento individual de Sistema RAAS
paciente em centro de
301080216 atenção psicossocial
Atendimento em grupo de Sistema RAAS
paciente em centro de
301080224 atenção psicossocial
Atendimento familiar em Sistema RAAS
centro de atenção
301080240 psicossocial
Atendimento domiciliar para Sistema RAAS
pacientes de centro de
301080275 atenção psicossocial
Práticas corporais em e/ou
centro Sistema RAAS
de atenção psicossocial
301080283 Práticas expressivas e Sistema RAAS
comunicativas em centro de
301080291 atenção psicossocial
Atenção às situações de crise Sistema RAAS

301080348 Ações de reabilitação Sistema RAAS


psicossocial
301080356 Promoção de contratualidade Sistema RAAS
no território

39
Principais Indicadores
1. Pactuação Interfederativa 2017-2021

a. Indicador: Matriciamento de equipes da Atenção Básica


(301080305) Ações de matriciamento sistemático realizadas por
CAPS com equipe de Atenção Básica – Consiste em
produtividade imprescindível de execução levando em
consideração o caráter do serviço pautado na Reforma
Psiquiátrica;
2. Ministério da Saúde – Sistema RAAS

a. Indicador: Atenção às situações de Crise (301080291) - Ações


desenvolvidas para manejo das situações de crise, entendidas
como momentos do processo de acompanhamento dos
usuários, nos quais conflitos relacionais com familiares,
contextos, ambiência e vivências, geram intenso sofrimento e
desorganização. Esta ação exige disponibilidade de escuta
atenta para compreender e mediar os possíveis conflitos,
podendo ser realizada no ambiente do próprio serviço, no
domicílio ou em outros espaços do território que façam sentido
ao usuário e sua família, favorecendo a construção e a
preservação de vínculos.

PRODUTIVIDADE EQUIPES INTERMEDIÁRIAS DE SAÚDE MENTAL E NASF


1. e-SUS
a. A produtividade das equipes supracitadas são realizadas pelo e-SUS
AB, que é uma estratégia do Departamento de Atenção Básica
(DAB) para reestruturar as informações da Atenção Básica (AB) em
nível nacional. Esta ação está alinhada com a proposta mais geral
de reestruturação dos Sistemas de Informação em Saúde do
Ministério da Saúde, entendendo que a qualificação da gestão da
informação é fundamental para ampliar a qualidade no
atendimento à população. A Estratégia e-SUS AB faz referência ao
processo de informatização qualificada do Sistema ùnico de Saúde
(SUS) em busca de um SUS eletrônico (e-SUS) e tem como objetivo
concretizar um novo modelo de gestão de informação que apoie os
municípios e os serviços de saúde na gestão efetiva da AB e na
qualificação do cuidado dos usuários. Esse modelo nacional de
gestão da informação na AB é definido a partir de diretrizes e
requisitos essenciais que orientam e organizam o processo de
reestruturação desse sistema de informação instituindo-se o Sistema
Manual CDS 3.0 – Versão Preliminar de Informação em Saúde para a
Atenção Básica (SISAB) pela Portaria GM/MS Nº 1.412, de 10 de julho

40
de 2013, e a Estratégia e-SUS AB para sua operacionalização
b. Fichas de coleta de dados utilizadas:
i. Ficha de atendimento individual
ii. Ficha de atividade coletiva
iii. Ficha de visita domiciliar
c. A produtividade deverá ser preenchida diariamente, conforme as
fichas de coleta de dados, utilizando-se do CNES e INE conforme
tabela a seguir:

Quadro 5 – Identificação/Localização das Equipes Intermediárias de Atenção


Especializada em Saúde Mental
EQUIPE CNES INE UNIDADE DE SAÚDE:
EQ. INTERMEDIARIA ELDORADO 2190095 2080230 UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE
ELDORADO
EQ. INTERMEDIARIA INDUSTRIAL 7301189 2080222 UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE
AMAZONAS
EQ. INTERMEDIARIA NACIONAL 2190222 2080206 UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE NACIONAL
EQ. INTERMEDIARIA PETROLANDIA 2189895 2080265 UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE
PETROLANDIA
EQ. INTERMEDIARIA RESSACA 0263478 2080249 UNIDADE DE REFERENCIA A SAÚDE DA
FAMÍLIA RESSACA
EQ. INTERMEDIARIA RIACHO 2189844 2080257 UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE RIACHO
EQ. INTERMEDIARIA SEDE 2189968 2080303 UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE CENTRO
EQ.INTERM. VARGEM DAS FLORES 2198967 2080214 UNIDADE DE REFERENCIA A SAÚDE DA
FAMÍLIA VARGEM DAS FLORES

41
12. MATRICIAMENTO E SUPERVISÃO CLINICO-INSTITUCIONAL

 Sobre a participação nas reuniões de matriciamento e reuniões


intersetoriais:
o A complexidade do acompanhamento em saúde mental requer a
construção e reavaliação contínua do Projeto Terapêutico Singular,
de maneira coletiva e compartilhada entre os serviços e
equipamentos envolvidos no tratamento e cuidado. Assim,
recomenda-se que o percurso do usuário na rede aconteça a partir
da discussão prévia do caso de forma a articular o Projeto
Terapêutico Singular, preferencialmente utilizando as ferramentas
territoriais de matriciamento e reuniões intersetoriais e, nos casos de
urgências, no contato direto entre equipes.
 Sobre o matriciamento:
o Os fluxos pactuados entre serviços de saúde compõem diretrizes de
funcionamento e ordenamento no âmbito macro das relações
institucionais e não visam o engessamento dos processos humanos
imprescindíveis para fluidez da máquina pública. Cada setor partilha
do desafio de manter-se equilibrado dentro da lógica do SUS,
internamente em seu equipamento de saúde e amplamente em sua
secretaria. Não basta um equipamento para o funcionamento do
SUS, não é possível a visão ampla e global do sujeito, sem os diversos
saberes e equipamentos.
o Todos os setores podem contribuir para o atendimento e acolhimento
das demandas e é imprescindível o diálogo, a comunicação,a
orientação e a parceria para construção, junto ao sujeito de seu
histórico para um parecer multiprofissional e posterior direcionamento
intra-rede. Para se matriciar é preciso um acompanhamento próximo
e acolhimento preciso.
o Todo intermédio relacionado desde a recepção do sujeito ao
encaminhamento, diz respeito ao matriciamento. O intermédio é pilar
do atendimento, no momento em que o sujeito é visto em sua
dimensão global. Neste sentido devemos sempre percorrer os fluxos,
mediante os profissionais responsáveis, que irão intermediar a relação
deste paciente nos diversos serviços.
o A dificuldade em traçar os parâmetros de atendimento dos diversos
setores está na identificação das diferente demandas do usuário,
assim como na realização de um diagnóstico diferencial.
o Matriciar um caso não significa “ensinar”, “passar” ou “encaminhar”.

42
Significa fazer uso das equipes multiprofissionais para dialogar e
verificar a melhor conduta para o caso, com o conhecimento
daquele sujeito, partilhado entre os diversos setores.

 Supervisão Clínico-Institucional
O Município de Contagem aderiu ao disposto na Resolução Estadual 7.168
de 20 de Julho de 2020, para contratação de supervisor clínico-institucional para
a Rede de Atenção Psicossocial do Município de Contagem em todos os níveis
de atenção, vinculado aos CAPS Infanto-Juvenil, CAPS AD III, CAPS III Eldorado e
CAPS III SEDE, conforme a organização territorial do Município.
Nesta perspectiva a proposta é que a Supervisão Clínico-Institucional atue
em três frentes:
1. na supervisão clínica do casos junto aos CAPS e outros serviços da
RAPS envolvidos no cuidado do caso ;
2. na potencialização das ações da rede, articulando as ações de
cuidado e produzindo espaços para educação permanente;
3. na assessoria para os processos de gestão dos serviços e do
fortalecimento do projeto político institucional da RAPS de Contagem.
A atuação nestas três frentes tem por objetivos: fortalecer os processos de
gestão, qualificar tecnicamente a rede para as intervenções com o usuário,
promover a integração dos serviços e consequentemente fortalecer o cuidado
nos territórios, a partir da discussão intersetorial entre serviços (incluindo os de
proteção social) nos diversos níveis de atenção à Saúde Mental (CAPS, Equipes
Intermediárias de Saúde Mental, Centro de Convivência, Consultório na Rua,
Equipes de NASF e Equipes das Unidades Básicas de Saúde).
As ações serão desenvolvidas pelo supervisor através de encontros semanais
com a equipe dos CAPS, com participação das equipes intersetoriais do Território
para e discussão clínica do caso e discussão técnico-teórica a partir de eixos
temáticos afins à Saúde Mental, na perspectiva da educação permanente.
As discussões técnico-teóricas deverão ser preferencialmente norteadas
pelos casos clínicos, com participação dos equipamentos da RAPS que atuam no
cuidado com o sujeito (Equipes da Atenção Básica, Centro de Convivência,
Consultório na Rua, Equipes de NASF, Equipes Intermediárias de Saúde Mental e
dispositivos territoriais de proteção social) objetivando subsidiar a construção dos
casos clínicos, a utilização do Projeto Terapêutico Singular como ferramenta de
gestão do caso clínico, fomentando a atualização do discurso voltado para as
práticas anti-manicomias, sua articulação com a rede, fortalecendo os vínculos
entre serviços.
Pretende-se ainda, a partir das supervisões clínicas e das discussões técnico

43
teórica fortalecer e ampliar os espaços coletivos que propiciem a interação entre
sujeitos (assembleias de usuários e familiares), a circulação dos saberes, a
proposição de projetos inovadores voltados para o fortalecimento da autonomia
do sujeito incluído na rede de cuidados da RAPS.

44
13. CENTRO DE CONVIVÊNCIA / PROJETO TEIA

Nos últimos anos, o município de Contagem conquistou avanços na


construção de uma política de Saúde mental e na organização dos serviços que
compõem a RAPS.
Os esforços da gestão de recursos direcionados para estes serviços
substitutivos da lógica de atendimento dos hospitais psiquiátricos, se, por um lado,
significou o fortalecimento da rede de saúde, por outro lado, configurou-se,
muitas vezes, como gestão “capscentrada”, com a centralização dos processos
de trabalho em rede no CAPS, com a prevalência de procedimentos
medicamentosos e atendimentos individuais ambulatoriais, visando à remissão de
sintomas e à estabilização da crise psíquica. Neste sentido, historicamente,
permaneceram lacunas nos modos de exercer a atenção psicossocial, sobretudo
no que diz respeito às vivências comunitárias e às experiências práticas de
reabilitação psicossocial: para além de um projeto de tratamento ensimesmado,
e que venha a contemplar ações de promoção do laço social.
Frente à necessidade de recriar estratégias de reabilitação psicossocial junto
à RAPS do município, tornou-se emergente a reestruturação do Centro de
Convivência de Contagem. Neste contexto, a partir de 2018, o Centro de
Convivência inicia transformações nos seus processos de trabalho, incorporando
o Projeto TEIA – Território, Entrelaces, Inclusão e Autonomia na sua proposta de
gestão, visando estratégias descentralizadas, com a proposta de participação
ativa nos territórios, potencializando articulações de cuidados e inclusão, por
meio da arte, da cultura e do trabalho.
O Projeto TEIA, que veio agregar potencial ao Centro de Convivência, foi
aprovado pelo Ministério da Saúde pelo Edital da IV Chamada para Seleção de
Projetos de Reabilitação Psicossocial: Fortalecimento do Protagonismo de Usuários
e Familiares, Trabalho, Cultura e Inclusão Social na Rede de Atenção Psicossocial
– 2013, nos termos das Portarias GM nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011, nº 132,
de 26 de janeiro de 2012 e nº 854, de 22 de agosto de 2012.
Ao acolher o Projeto TEIA, o Centro de Convivência incorpora a proposição
de fortalecimento dos territórios, cujas construções vêm sendo elaboradas
coletivamente, para produzir deslocamentos:
1. Do centro à descentralização – criação de outros lugares na rede para
ações de reabilitação
psicossocial;
2. Do território à desterritorialização – criação de outros vínculos para

45
promoção da autonomia;
3. Da micropolítica à macropolítica – criação de processos de trabalho para
fortalecimento das políticas públicas de saúde mental e reabilitação psicossocial.
Considera-se que, atualmente, o Projeto TEIA é precursor no município de
Contagem ao introduzir toda esta discussão em torno da reabilitação
psicossocial, e vem se reestruturando com a busca constante de interlocução. Eis
a justificativa maior do Projeto TEIA: contribuir para que Contagem construa
avanços na proposição de estratégias de reabilitação psicossocial, com a
finalidade maior de ampliar a inclusão social da pessoa com histórico de
transtorno mental, cujo sofrimento vivenciado não deveria ser impedimento para
exercer sua cidadania, seus direitos e deveres sociais.
No período de 2016 a 2019, um coletivo de trabalhadores da saúde mental,
articulados e orientados pelo Centro de Convivência/ Projeto TEIA, idealizou e
realizou encontros e seminários para transmissão e construções em rede.
Neste contexto, amparados pela compreensão que os dados nos fornecem,
apresentamos como promissora esta parceria do Centro de Convivência com o
Projeto TEIA, cuja lógica territorial de produção de cuidados, autonomia e
inclusão na cultura, no trabalho, na comunidade, entre outros, é a diretriz maior
das ações direcionadas para a reabilitação psicossocial no projeto terapêutico
singular.
O Centro de Convivência/ Projeto TEIA – Território, Entrelaces, Inclusão e
Autonomia é fundamentado em 03 Eixos de Ações: 1) Eixo de Ações de Trabalho
e Geração de Renda; 2) Eixo de Ações ArtísticoCulturais; 3) Eixo de Ações Sócio-
Ambientais.
No Eixo de Ações de Trabalho e Geração de Renda, o Centro de
Convivência torna-se um agenciador de pessoas com deficiência psicossocial,
assumindo a função de mediação, e a responsabilidade, compartilhada em
rede, de zelar pela defesa do direito à inclusão no trabalho. O Centro de
Convivência/ Projeto TEIA passa a somar esforços na construção de ações que
venham a efetivar o texto preconizado pela Lei da Inclusão 13.146/ 2015 (o que
se torna importante neste momento, já que a aprovação da lei é relativamente
recente) e suas relações com a Lei da Reforma Psiquiátrica 10.216/2001.
No cotidiano de atendimento do SUS, ao prestarmos assistência às pessoas
com histórico de sofrimento mental, nos deparamos, recorrentemente, com os
impasses em relação à reabilitação psicossocial, cuja inclusão social no mundo
do trabalho, ainda é um obstáculo a ser transposto. Ao construirmos os projetos
terapêuticos de nossos pacientes, nos deparamos com pessoas que sofrem
impedimentos de natureza mental, em função de um histórico de abalo psíquico,
sendo que, uma vez recuperados de tal abalo e estabilizados, esses pacientes
sofrem também os efeitos desse histórico.

46
Constatamos em nossa práxis, que nossos pacientes se estabilizam, porém,
enfrentam barreiras intrínsecas ao tratamento (como por exemplo, a
cronicidade), bem como, barreiras impostas pelo mercado de trabalho, que
obstruem a participação desses cidadãos – com histórico de transtornos mentais –
em igualdade de condições com as demais pessoas, ainda que resguardadas as
devidas diferenças.
Pessoas assim, com histórico de sofrimento mental e percurso de tratamento
nos serviços de saúde da RAPS, pessoas que anseiam por um projeto de vida que
seja construído para além do projeto de tratamento da saúde mental, foram
acolhidas e encaminhadas ao trabalho formal pelo Centro de Convivência, por
meio do “Projeto de Inclusão da Pessoa com Sofrimento Mental no Mercado de
Trabalho Formal” : projeto orientado pelo Ministério da Economia/
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), em parceria com
empresas e com instituições de ensino-aprendizagem, que apoiam práticas
inclusivas no mercado de trabalho.

INSTRUMENTOS PARA ENCAMINHAMENTO: Para o encaminhamento do


usuário para o Projeto de inclusão do trabalho, este deve estar em
acompanhamento na rede de saúde mental do município. Antes do
encaminhamento deverá ser realizado contato prévio com o Centro de
Convivência e preenchimento do formulário: Ecaminhamento para projeto de
inclusão de pessoas com deficiência psicossocial no mercado de trabalho
formal.

47
48
14. FUNCIONAMENTO DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

SERVIÇOS DE ATENDIMENTO QUE COMPÕEM A REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL


DE CONTAGEM

 ATENDIMENTO À CRISE PSIQUIÁTRICA:

 CAPS AD III: R. Sevilha, 110 – Eldorado - 3398-7378


o Referência de atendimento para a crise decorrente do uso de álcool
e outras drogas em adultos para TODAS AS UPAS
o Funcionamento: 24 HORAS
o Acolhimento multidisciplinar de segunda a sexta feira de 7:00 às
19:00.
o NÃO REALIZA ACOLHIMENTOS NOTURNOS E AOS FINAIS DE SEMANA.

 CAPS III Eldorado: R. Madre Margarida Fontanaresa, 106 – Eldorado - 3355-


1558
o Referência de atendimento para a crise psíquica para AS UPAS JK E
PETROLÂNDIA
o Funcionamento 24 HORAS
o Acolhimento multidisciplinar 24 horas.
o REALIZA ACOLHIMENTOS NOTURNOS E AOS FINAIS DE SEMANA.

 CAPS III Sede: R. Benjamim Camargos, 226 – Alvorada – 3398-7215


o Referência de atendimento para a crise psíquica para AS UPAS
VARGEM DAS FLORES E RESSACA
o Funcionamento 24 HORAS
o Acolhimento multidisciplinar 24 horas.
o REALIZA ACOLHIMENTOS NOTURNOS E AOS FINAIS DE SEMANA.

 CAPS Infanto-Juvenil : R. Urucuri, 130 – Novo Eldorado – 3356-3307


o Referência para atendimento à crise psíquica, inclusive as
decorrentes do uso de álcool e outras drogas, de crianças e
adolescentes para TODAS AS UPAS.
o Funcionamento: de segunda a sexta feira, de 7:00 às 18:00
o Acolhimento Multidisciplinar de segunda a sexta feira, de 7:00 às
18:00.

 CENTRO DE CONVIVÊNCIA: R. Livorno, 96 – Santa Cruz Industrial – 3352-5350


o Referência para atendimento para TODOS OS DISTRITOS SANITÁRIOS.
o Funcionamento: de segunda a sexta feira, de 8:00 às 17:00

49
o Acolhimento Multidisciplinar de segunda a sexta feira, de 8:00 às
17:00.

 ATENDIMENTO DOS CASOS COMPLEXOS QUE NÃO ESTÃO EM CRISE, MAS


NECESSITAM DE ACOMPANHAMENTO:
 Equipes Intermediárias de Saúde Mental: referência para o
atendimento dos caso complexos
 01 equipe em cada distrito sanitário composta por psicólogos,
assistentes sociais e psiquiatras.
 Funcionamento: de segunda a sexta-feira, de 8:00 às 17:00
 Contato das Equipes Intermediárias com endereço fixo:
o Equipe Intermediária Vargem das Flores: - Rua VL 6, 283 - 3911-6222
o Equipe Intermediária Industrial: R. Marquês de Paraná, nº 111 - 3363-
6045
o Equipe Intermediária Petrolândia: R. Ref. Duque de Caxias, 297 - 3352-
5306
o Equipe Intermediária Nacional: R. Floriano Peixoto, 645 - 3352-5722
o Equipe Intermediária Ressaca: R. Campina Verde - 145 - 3352-5757

 Contato das Equipes Intermediárias que atuam em mais de uma unidade:


o Equipe Intermediária Eldorado: Contato – Distrito Sanitário - 3392-2137
o Equipe Intermediária Riacho: Contato – Distrito Sanitário – 3911-7180
o Equipe Intermediária Sede: Contato – Distrito Sanitário – 3391-1840

 ATENDIMENTO DE CASOS DE MENOR COMPLEXIDADE:


o Unidade Básica de Saúde de referência para o usuário

 USUÁRIOS QUE DEVERÃO SER ENCAMINHADOS AO CAPS:


PACIENTES SEM ALTERAÇÕES QUE PODEM SER DECORRENTES DE QUADROS
CLÍNICOS OU COM O QUADRO CLÍNICO ESTABILIZADO, MAS EM CRISE
PSIQUIÁTRICA:
o tentativa de auto-extermínio (TODOS OS CASOS DEVERÃO SER
ENCAMINHADOS PARA OS CAPS DE REFERÊNCIA, INDEPENDENTE DA
GRAVIDADE DA TENTATIVA)
o hetero e auto agressividade
o automutilação grave
o perda do controle sobre o próprio pensamento
o agitação psicomotora grave
o alterações graves do sono e da alimentação
o alucinações visuais e auditiva

50
o delírios
o isolamento grave (recusa de contato visual, verbal e qualquer
convívio).
o Usuários de álcool e outras drogas, após intoxicação tratada
clinicamente.

O ENCAMINHAMENTO DEVERÁ OCORRER APÓS CONTATO TELEFÔNICO


COM A UNIDADE DE REFERÊNCIA PARA DISCUSSÃO DO CASO, COM
ENCAMINHAMENTO ATRAVÉS DE GUIA DE REFERÊNCIA E CONTRA-
REFERÊNCIA. NO CASO DE, NO MOMENTO DO ENCAMINHAMENTO, O
CAPS DE REFERÊNCIA ESTAR SEM O PLANTONISTA PSIQUIATRA, O
REFERENCIAMENTO DEVERÁ SER FEITO PARA A UNIDADE COM PSIQUIATRA,
CONFORME LISTA DIÁRIA DISPONIBILIZADA NO GRUPO DE URGÊNCIA.

 USUÁRIOS QUE DEVERÃO SER ENCAMINHADOS PARA AS EQUIPES


INTERMEDIÁRIAS DE SAÚDE MENTAL:
o CASOS COMPLEXOS: Casos em que a situação de vida e o modo de
viver do sujeito encontra-se desestruturada, de forma a produzir intenso
sofrimento mental, necessitando de acompanhamento multidisciplinar
sistemático. Esta desestruturação pode ser causada pelo transtorno
mental ou pela situação de fragilidade psicossocial (pela ausência de
suporte sócio-familiar por exemplo). Também são caracterizados como
casos complexos aqueles que necessitam de intervenção intensiva e
periódica, como nos quadros de: pré-crise, riscos de atuações e
passagens ao ato graves, quadros com risco de ruptura e
desestabilização, vulnerabilidade social intensa contribuindo para o
agravamento do quadro psíquico, vivência de luto patológico, egressos
de CAPS e Hospitais psiquiátricos que ainda necessitam de intervenção
sistematizada.
O ENCAMINHAMENTO DEVERÁ OCORRER APÓS CONTATO TELEFÔNICO
COM A UNIDADE DE REFERÊNCIA PARA DISCUSSÃO DO CASO, COM
ENCAMINHAMENTO ATRAVÉS DE GUIA DE REFERÊNCIA E CONTRA-
REFERÊNCIA.

 USUÁRIOS QUE DEVERÃO SER ENCAMINHADOS PARA AS UBS


o CASOS DE MENOR COMPLEXIDADE: São caracterizados como aqueles
em que há alterações do cotidiano que interferem e prejudicam a
capacidade de relacionamento do sujeito com o meio em que vive
(família, trabalho, escola e demais relações), mas que não representam
risco de ruptura ou interrupção do modo de viver do sujeito. Quadros
decorrentes de problemas nas relações familiares, conjugais,

51
interpessoais em geral. Vivência de luto não patológico, quadros
crônicos e orgânicos estáveis. Egressos de CAPS e Hospitais Psiquiátricos
estabilizados com autonomia preservada. Qualquer caso que possa se
beneficiar de processos terapêuticos coletivos, escuta individualizada
breve e oficinas.
O ENCAMINHAMENTO DEVERÁ OCORRER APÓS CONTATO TELEFÔNICO
COM A UNIDADE DE REFERÊNCIA PARA DISCUSSÃO DO CASO, COM
ENCAMINHAMENTO ATRAVÉS DE GUIA DE REFERÊNCIA E CONTRA-
REFERÊNCIA.

52
15. ÁREA DE ABRANGÊNCIA DOS SERVIÇOS

Os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) são moradias assistidas com


acompanhamento exclusivo dos moradores das casas.

Os Pontos Teia estão localizados em UBS Referência de cada Distrito Sanitário e


são orientados e articulados às ações do Centro de Convivência e Cultura.

53
16. DEMANDAS DE ÓRGÃOS DE JUSTIÇA

Todos os equipamentos de saúde do Município de Contagem possuem o


dever de realizar os atendimentos de acordo com as normativas vigentes, em
todos os diferentes níveis que regem nosso trabalho. Os serviços parceiros, em
alguns momentos na trajetória do usuário dentro da rede ampla, colaboram
entre si e acompanham usuários simultaneamente. A informação recíproca de
acompanhamento de usuários em serviços diferentes, muitas vezes, é
imprescindível para condução dos casos em ambas as políticas.
No que tange aos Órgãos de Justiça, é importante um diálogo adequado
para conquista do principal objetivo da Rede de Atenção Psicossocial – Prestar o
melhor atendimento possível diante da necessidade singular de cada indivíduo.
Para tanto, seguem abaixo algumas orientações diante das demandas que
são recorrentemente encaminhadas à Rede de Atenção Psicossocial:

PRINCIPAIS DEMANDANTES:

 Conselho Tutelar
 Secretaria de Desenvolvimento Social
 3ª Promotoria de Justiça – Deficiente e Pessoa Idosa
 23ª Promotoria de Justiça – Atendimento Geral na Saúde
 25ª Promotoria de Justiça – Infância e Adolescência
 Tribunal de Justiça (Varas da Fazenda Pública e Varas da Infância e
Juventude)

DIFERENÇAS ENTRE AS DEMANDAS

 MANDADO JUDICIAL:
REGRA: Cumprir NO PRAZO, sob pena de multa e crime de desobediência.
EXCEÇÃO: Possibilidade de interposição de recurso, mediante subsídios da área
técnica, lembrando que as justificativas têm que ser bem embasadas e plausíveis,
tais como: Indicação equivocada, procedimentos de alto custo, existência de
tratamentos / medicamentos / insumos alternativos disponibilizados /
padronizados no Município, falta de evidências que comprovem a eficácia, etc...

 REQUISIÇÃO JUDICIAL:
Diferente do Mandado Judicial, normalmente nas requisições judiciais, o
Município não é réu no processo. Todavia, caso o que for requisitado esteja
dentro da possibilidade desta Secretaria atender, temos o dever de cumprir. Na
impossibilidade de cumprir, deve-se justificar de forma técnica. Exemplos de

54
requisições: consultas, avaliações médicas, exames padronizados, fornecimento
de insumos e/ou medicamentos padronizados, etc.

 DEFENSORIA PÚBLICA E CONSELHO TUTELAR :


Devemos cumprir sempre que possível, porém se não houver possibilidade de
cumprimento, devemos justificar o motivo pelo qual não atenderemos à
demanda.

 PROMOTORIAS DE JUSTIÇA (MINISTÉRIO PÚBLICO) :


O Município tem o dever de cumprir, caso tenha possibilidade de atender à
demanda. E justificar, com argumentos técnicos e coerentes, caso não seja
possível atender.

 SECRETARIA MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL – SMDS:


Não temos o dever de cumprir, mas estas demandas geralmente sinalizam
violação de direitos por ausência de tratamento em saúde – o que pode virar
uma demanda de MP, DP ou TJ.

ASPECTOS RELEVANTES

 SMDS: Sugere
 MP, CT e DP: Solicita e requisita
 TJ: Requisita e determina
 Para MP, CT, SMDS e DP: geralmente não encaminhamos o relatório do
profissional – resguardar sigilo
 Para o TJ: é encaminhado anexo o relatório do profissional sempre que este
faz parte da requisição ou mandado.

Sobre relatórios de profissionais da saúde: o fornecimento de dados e


informações sobre pacientes é regulado pela Constituição Federal (Artigo 5 Inciso
X em especial) e pelos códigos de ética profissional. Todos os profissionais devem
estar atentos a esta questão, sugerindo-se que, ao fornecer relatórios que
constem informações em que o sigilo é assegurado, haja consentimento expresso
do usuário para o fornecimento.

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17. FLUXOGRAMAS DE ATENDIMENTO

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18. EVENTOS E DATAS IMPORTANTES DA SAÚDE MENTAL

JANEIRO BRANCO – MÊS DE JANEIRO

 O “Janeiro Branco” foi instituído como uma estratégia para desmistificar as


idéias em torno do adoecimento mental, adotando como foco práticas de
promoção da saúde mental e prevenção do adoecimento, que envolvam
a convivência social, a participação em eventos culturais e de promoção
do bem estar.

LUTA ANTIMANICOMIAL – 18 DE MAIO


 No dia “18 de Maio” é comemorado em todo Brasil o Dia da Luta
Antimanicomial. A data é uma maneira de lembrar a luta do Movimento
pela Reforma Psiquiátrica, que possibilitou mudanças na assistência da
saúde mental.
 Em 2011, foi instituída a Lei da Reforma Psiquiátrica (nº 10.216) no Brasil,
tendo como diretriz a reformulação do modelo de atenção à saúde
mental, transferindo o foco do tratamento da instituição hospitalar para
uma rede de atenção psicossocial. A lei permitiu a proteção e os direitos
das pessoas com transtorno mental, mas não instituiu mecanismos claros
para a extinção dos manicômios.
 Na luta diária por uma sociedade sem manicômios, os CAPS e os demais
serviços que compõem a RAPS fortalecem o convívio familiar e social entre
os usuários, realizando o acompanhamento clínico e reinserção social.
 A data faz referência à I Conferência Nacional de Saúde Mental, realizada
em 1987 em Brasília e um marco para a psiquiatria brasileira em um
momento de luta pela redemocratização do país — processo este existente
desde a década de 1970.

SETEMBRO AMARELO – MÊS DE SETEMBRO


 O mês de setembro é dedicado no calendário da saúde para a
intensificação das discussões sobre as violências auto-provocadas,
lançando luz sobre uma temática ainda cercada de tabus na abordagem
junto a profissionais e pacientes. Frente ao momento atualmente
vivenciado pela população e pelos profissionais de saúde com a
pandemia, os efeitos provocados pelo isolamento e distanciamento social,
a discussão da temática torna-se ainda mais relevante diante de um
quadro ainda indefinido do que esta situação pode provocar de irrupção e
agravamento de transtornos mentais e no possível aumento dos eventos de
tentativas de suicídio, efetividade nas tentativas e nos atos de auto-
mutilação.

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SEMINÁRIO MUNICIPAL DE REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL

 O 1o Seminário de Reabilitação Psicossocial de Contagem (primeira edição


em 2016), foi idealizado e realizado por um coletivo de trabalhadores da
saúde mental de Contagem, com a anuência da então Coordenação de
Saúde Mental/ Secretaria de Saúde de Contagem. O Seminário
compartilhou a experiência de Guarulhos/SP, por meio do Projeto TEAR; e a
experiência de Belo Horizonte/MG, por meio da Associação Suricato. Nesta
oportunidade, apresentou-se o Projeto TEIA – Território, Entrelaces, Inclusão
e Autonomia.
 Em 2017, o Seminário de Reabilitação Psicossocial assumiu o formato de um
encontro inter-municipal: “Encontro – Diálogos de Reabilitação
Psicossocial”, quando estiveram reunidos os usuários dos serviços de saúde
mental de Contagem e Belo Horizonte, o Grupo Cultivarte e a Associação
Suricato, respectivamente, visando à troca de experiências no percurso de
formação de uma cooperativa/ associação de geração de renda.
 Em 2019, realizou-se o 2o Seminário de Reabilitação Psicossocial de
Contagem, quando foi apresentada a parceria do Centro de Convivência
de Contagem/ Projeto TEIA com o Projeto de Inclusão de Pessoas com
Sofrimento Mental no Trabalho Formal, coordenado pela Superintendência
Regional do trabalho e Emprego (SRTE)/Ministério da Economia (antes
chamado Ministério do Trabalho e Emprego). Celebrou-se a inclusão de 40
usuários no mercado de trabalho formal, com o desenvolvimento de ações
que se efetivaram num processo de 01 ano. Como diferencial, este
Seminário teve a participação dos usuários do Centro de Convivência,
desde a concepção, até a ocupação de lugares de fala em mesas
redondas de discussão.
 No ano de 2020, não foi possível a realização do Seminário, devido a
pandemia que assolou o mundo.

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REFLEXÕES SOBRE O TERMO
“INTERNAÇÃO”

Em se tratando do modelo de atenção psicossocial vigente, as legislações


orientam uma modalidade de tratamento voltada ao território, não o contrário.
Ao serem criados equipamentos que vêm substituir os Hospitais Psiquiátricos,
subentende-se, também, a substituição dos procedimentos adotados por tais
instituições, incluindo, dentre estes, a internação.
A portaria 224/92 de 29 de janeiro de 1992 indica uma modalidade de
tratamento intermediária, entre o regime ambulatorial e a internação hospitalar.
A nomenclatura “internação” não é significante atrelado ao significado “CAPS”,
ou a outros serviços da Rede de Atenção Psicossocial, contido nas legislações
construidas baseadas nos preceitos da Reforma Psiquiátrica. Para tal
procedimento – INTERNAÇÃO - entende-se apenas Hospitais Psiquiátricos, pelo
menor período de tempo possível, diante de um Projeto Terapêutico conjunto.
Dentre os procedimentos existentes na gama de ações executadas pelos
CAPS, o que mais se aproxima de uma modalidade em que o paciente
permanece no serviço involuntariamente, para observação e acompanhamento,
é o procedimento 03.01.08.002-0 – Acolhimento noturno de paciente em Centro
de Atenção Psicossocial, sendo toda abordagem pautada no Projeto Terapêutico
Singular.
Entendemos que o processo de desinstitucionalização dos usuários, todavia,
encontra-se em andamento, sendo um longo percurso até lograrmos uma rede
que sustente a lógica da luta antimanicomial no amplo sentido do termo. Para
tanto, é preciso fortalecer o diálogo com a comunidade, familiares, serviços,
órgãos de justiça, dentre outros, para tomada de decisões mais adequada.
Possuímos recursos legais que respaldam a ação de uma intervenção
involuntária dentro dos serviços, através de acompanhamento diurno e noturno
do paciente. Entretanto é fundamental introjetarmos que esta intervenção se
dará apenas diante da construção de um Projeto Terapêutico Singular, com a
participação deste usuário na condução do seu tratamento.
Devemos construir e aprimorar nossas propostas terapêuticas na condução
dos casos, e, constantemente fazer dos diálogos institucionais um mecanismo de
equilíbrio entre as diferentes demandas. A Rede de Atenção Psicossocial é a
proposta do cuidado em liberdade, no entendimento de que somente existe
melhora do transtorno mental com a participação de todos os atores sociais.

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