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Adaptações curriculares para o ano letivo 2021

O ano letivo 2020, realizado em cerca de cinco meses, de forma remota e com encontros síncronos entre professores e estudantes acontecendo de
forma quinzenal, certamente implicou em perdas pedagógicas aos estudantes. A fim de minimizar estas perdas, ao longo do ano letivo 2020, os
docentes do Departamento de Geografia se reuniram periodicamente em Grupos de Trabalho seriados para discutirem, conjuntamente, estratégias
de ação para o ano letivo 2021.
O acúmulo destas discussões foi apresentado no Colegiado de 16/07/2021, no encerramento do ano letivo 2020, quando se decidiu também que as
adaptações curriculares pensadas para 2020 seriam mantidas em 2021, sendo acrescidas a elas as sugestões dos Grupos de Trabalho. Ou seja, as
adaptações curriculares pensadas para a ano letivo 2020 cumpririam o papel de um currículo mínimo para 2021, sendo observadas e preenchidas,
dentro das possibilidades, as lacunas deixadas na série anterior, cursada no ano letivo 2020.
A fim de subsidiar o planejamento dos docentes para o ano letivo 2021, foram reunidas neste documento as adaptações curriculares de cada série e
as orientações/sugestões aos docentes que terão turmas daquela série neste ano letivo.
Destaca-se que a ausência (ou a existência mínima) de orientações/sugestões para o sexto ano do Ensino Fundamental e a primeira série do
Ensino Médio decorrem do fato de que estas são séries de início de segmento e de entrada de estudantes externos à instituição, sendo, portanto,
impossível mapear, a priori, as lacunas experimentadas por estes estudantes na série anterior.

Rio de Janeiro, 19 de agosto de 2021.


Sugestões/Orientações aos professores que terão turmas de sétimo ano em 2021:

• Considerando que os tópicos as relações produtivas envolvendo a agricultura, pecuária, indústria, comércio e serviços; e trabalho e técnica:
as condições de vida na cidade e no campo foram cortados do programa do sexto, não dar esse assunto como visto quando for trabalhar
assuntos correlatos no sétimo. Tentar, se possível, fazer introdução conceitual desses temas.

• Considerando o debate sobre a excepcionalidade da cartografia nos tempos de pandemia e as perdas específicas no ensino remoto, retomar,
sempre que possível, conteúdos relacionados à cartografia, principalmente os elementos básicos de leitura dos mapas (compreensão das
escala cartográficas e leitura das legendas; orientação pelos pontos cardeais e colaterais; localização a partir das coordenadas geográficas;
identificação de diferentes tipos de mapas) ao longo do ano; ressaltar caráter instrumentalizador da alfabetização cartográfica.
Sugestões/Orientações aos professores que terão turmas de oitavo ano em 2021:

• Estimular, sempre que possível, a interpretação de recursos visuais (mapas, gráficos, tabelas etc.), com atenção especial aos dados
quantitativos para todos os anos do fundamental.

• Consideramos que os conceitos básicos de urbana não foram bem trabalhados no sétimo ano ao longo de 2020. Sugerimos que, na medida do
possível, o vocabulário e os conceitos sejam trabalhados, a partir dos conteúdos do 8o ano. Pensamos em algumas sugestões: metropolização,
periferização, segregação, cidades globais, entre outros. Relacionar temáticas ligadas à urbanização aos conceitos de globalização/evolução
do capitalismo como também da geografia regional, por exemplo, a urbanização da América Latina (cabe ao professor escolher o caminho a
ser seguido).

• O grupo também considerou que algumas temáticas relacionadas à população tais como os estudos dos indicadores socioeconômicos (Índice
de Desenvolvimento Humano, Mortalidade infantil) e as desigualdades socioespaciais, além dos estudos sobre os fluxos migratórios, incluindo
o conceito de êxodo rural, e os fluxos latino-americanos para o Brasil, etc. não foram trabalhadas com a profundidade desejada. Sugere-se que
os temas sejam retomados.

• Manter a estrutura do programa, mas promovendo maior conexão entre Américas, Áfricas e Brasil, a partir de uma perspectiva multiescalar,
notadamente conceitos vinculados à Globalização, Urbanização, Geografia da População (migrações, indicadores socioeconômicos, êxodo
rural).

• Inverter a ordem do programa - trabalhar África antes de América. Para que o fator “tempo” não se configure como uma razão para invisibilizar
África e descumprir a lei 10.639/03.
Sugestões/Orientações aos professores que terão turmas de nono ano em 2021:

• Foram constatadas algumas lacunas pedagógicas referentes ao programa do 8º ano cursado em 2020, tais como: Áfricas: diversidade dos
ambientes “naturais” e das sociedades africanas, territórios pré-coloniais, processo de imperialismo, territórios pós- Conferência de Berlim, luta
pela descolonização (independências), inserção do continente africano na Globalização.

• Sugestão de conexão entre “Velha Ordem Mundial”, “Nova Ordem Mundial” e o continente africano: contexto na Guerra Fria (ex: Angola), e
inserção na Globalização.

• Sugestão de conexão entre África, Europa e Ásia: processo de imperialismo europeu (construção dos Estados-nações, consequências
socioterritoriais), lutas pelas independências (Ásia e África); migrações África-Europa; “Mundo árabe” e “mundo islâmico” e Geopolítica chinesa
na África (Ex: Nova Rota da Seda, multinacionais chinesas no continente africano).

• Proposta de ação:

o Geopolítica: Guerra fria (bipolaridade) e atual condição geopolítica (multipolaridade).


▪ Conceitos centrais: Estado e Nação

o Geopolítica: papel das organizações internacionais de poder.


▪ Conceitos centrais:organizações supranacionais e suas estruturas de poder (ONU, G20, FMI, Banco Mundial, OMC, OMS etc.).

o Geopolítica: tensões e separatismos na Europa e na Ásia

▪ Conceitos centrais: Território e desterritorialização/reterritorialização, conflitos e nacionalismos.

o Geografia Econômica: processos e dinâmicas do espaço europeu e asiatico


▪ Conceitos centrais: DIT, bloco econômico e reestruturação produtiva

o População: aspectos demográficos e socioeconômicos da Europa e da Ásia


▪ Conceitos centrais: distribuição da população; migrações, estrutura e políticas demográficas.

o Natureza, meio ambiente e qualidade de vida: aspectos naturais e sua relação com a organização da sociedade europeia e asiática.
▪ Conceitos centrais: Natureza (1ª e 2ª) e técnica; impactos ambientais (preservação e degradação); energia e geopolítica ambiental
Sugestões/Orientações aos professores que terão turmas de primeira série em 2021:

• Sobre o tema População: Subdivisão de conteúdos entre as três séries do Ensino Médio. Associar as questões demográficas ao meio ambiente
na primeira série (teorias demográficas). Abordar as questões migratórias derivadas de conflitos e de impactos ambientais aos estudos de
geopolítica na segunda série. Acrescentar ao programa da terceira série, quando dos estudos sobre a população brasileira, os temas de
dinâmica da população e de distribuição demográfica.
Sugestões/Orientações aos professores que terão turmas de segunda série em 2021:

• Sobre o tema População: Subdivisão de conteúdos entre as três séries do Ensino Médio. Associar as questões demográficas ao meio ambiente
na primeira série (teorias demográficas). Abordar as questões migratórias derivadas de conflitos e de impactos ambientais aos estudos de
geopolítica na segunda série. Acrescentar ao programa da terceira série, quando dos estudos sobre a população brasileira, os temas de
dinâmica da população e de distribuição demográfica.

• Sobre o instrumental cartográfico: que seja inserido e aplicado/utilizado de forma contínua a partir dos temas trabalhados ao longo da segunda
série, já que é um instrumental essencial para o desenvolvimento do raciocínio geográfico. Desdobramento: ampliar o uso do instrumental
também na série seguinte, tendo-se o cuidado de, ao apresentar qualquer material cartográfico, verificar a sua compreensão pelos estudantes,
colaborando no exercício de leitura e interpretação do recurso utilizado.

• Sobre os Conceitos básicos da Ciência Geográfica: sugere-se que o docente, tanto na segunda série, como na terceira série aplique, diante de
situações geográficas inerentes ao conteúdo programático previsto, os elementos e princípios norteadores do raciocínio geográfico. É importante
que os discentes desenvolvam o pensar geográfico ao estudar temas que não são exclusivos da Geografia, como Globalização, Migrações
Internacionais e Geopolítica.

• Sobre os temas Ambientais: retomar a discussão dos problemas ambientais e desastres ambientais, focando em riscos e vulnerabilidades no
contexto da geopolítica mundial (acordos internacionais) na segunda série do ensino médio.

• Sobre os Conceitos e Processos da Geografia Física: sugere-se que, ao longo da Segunda Série, o docente, ao trabalhar o processo de
Globalização, a Geografia Política e a Geopolítica Mundial, busque relacionar os conceitos básicos da Geografia Física, trabalhados na primeira
série, com o conteúdo previsto. A discussão sobre os sistemas econômicos e políticos, as dimensões da Globalização, as potencialidades e
desafios de determinadas regiões e/ou países no mundo contemporâneo, devem dialogar com a disponibilidade, usos e impactos da apropriação
das sociedades sobre os recursos naturais.

• A sucessão dos meios geográficos pode ser apresentada de forma breve, com ênfase na tríade espaço, técnica e trabalho, para introduzir o
debate sobre o meio técnico-científico-informacional como a “cara geográfica da globalização” (Milton Santos, A Natureza do Espaço, 1997,
p.191), dando atenção aos seus desdobramentos na dinâmica ambiental, demográfica (incluindo processos migratórios decorrentes de
desastres ambientais) e na nova configuração do mundo do trabalho, requalificando os espaços. Sugere-se que a globalização neoliberal, tema
central da 2ª série, seja abordada a partir do seu caráter multidimensional e hegemônico, mas não unidirecional, daí a importância de discutirmos
suas contradições e a natureza diversa das resistências ao processo. Os movimentos antiglobalização precisam ser considerados a partir do
viés das lutas identitárias articuladas por movimentos sociais em escala mundial, das formas de luta em torno do conflito capital / trabalho, mas
também a partir de um discurso conservador, o que explica o fortalecimento recente dos nacionalismos, numa ameaça ao multilateralismo, e
do papel do fundamentalismo religioso. Analisar, por exemplo, o Brexit, na União Europeia, e o advento e crise do “trumpismo”, nos Estados
Unidos. Encaminhamos ainda a sugestão de atualização do debate da globalização, considerando os impactos da pandemia do coronavírus no
funcionamento das cadeias globais de valor.

• Para a Unidade II, sugere-se que o debate sobre regionalização do espaço mundial seja feito a partir da apresentação de modelos e seus
critérios ou ainda da apresentação de blocos econômicos regionais - optamos por mudar o enfoque para as relações entre a geopolítica das
potências atuais (globais e regionais) e aspectos da teoria do sistema-mundo (como sua fundamentação teórica e categorização de países
centrais, periféricos e semiperiféricos). No primeiro item, o objetivo seria uma breve apresentação dos conceitos de geopolítica, hegemonia /
influência e a apresentação da teoria do sistema-mundo (de forma contextualizada), no sentido de explicar as relações de poder que justificam
a divisão dos países em centrais, semiperiféricos e periféricos. A opção foi por criar uma base teórica para os temas subsequentes, possibilitando
(ainda que de maneira sintética) a comparação dos diferentes modelos de regionalização fundamentados em outros critérios, contextos e
orientações ideológicas. No item 3, o enfoque seriam os aspectos da ascensão geoeconômica e geopolítica da China e da Rússia e seu desafio
à hegemonia dos Estados Unidos no sistema internacional, a partir da atuação das grandes potências na América Latina e na África. Por fim,
apresentar a atuação global de potências europeias a partir das especificidades, mecanismos, limites e contradições produzidos pela forma
com a qual a União Europeia se estrutura. A ideia é que a discussão sobre blocos econômicos regionais não fosse completamente esvaziada
e que mantivéssemos o eixo norteador de apresentação de estratégias das potências globais.

• Na unidade III, a proposta compreende assinalar as motivações geopolíticas, políticas e culturais (étnico-religiosas e sexistas) que
desencadeiam conflitos regionais e questões relativas aos refugiados, bem como motivações e consequências econômicas, políticas e culturais
dos fluxos migratórios internacionais. É importante frisar que a questão sexista está relacionada a causas que motivam mulheres a se
refugiarem em países de culturas mais progressistas ou menos machistas em relação ao seu país de origem. Trata-se normalmente de países
islâmicos (particularmente situados na África), em que as mulheres estão submetidas a uma posição subalterna e servil em relação ao homem.
Sugestões/Orientações aos professores que terão turmas de terceira série em 2021:

• Sobre o tema População: Subdivisão de conteúdos entre as três séries do Ensino Médio. Associar as questões demográficas ao meio ambiente
na primeira série (teorias demográficas). Abordar as questões migratórias derivadas de conflitos e de impactos ambientais aos estudos de
geopolítica na segunda série. Acrescentar ao programa da terceira série, quando dos estudos sobre a população brasileira, os temas de
dinâmica da população e de distribuição demográfica.

• Sobre o instrumental cartográfico: ampliar o uso do instrumental, tendo-se o cuidado de, ao apresentar qualquer material cartográfico, verificar
a sua compreensão pelos estudantes, colaborando no exercício de leitura e interpretação do recurso utilizado.

• Sobre os Conceitos básicos da Ciência Geográfica: sugere-se que o docente aplique, diante de situações geográficas inerentes ao conteúdo
programático previsto, os elementos e princípios norteadores do raciocínio geográfico. É importante que os discentes desenvolvam o pensar
geográfico ao estudar temas que não são exclusivos da Geografia, como Globalização, Migrações Internacionais e Geopolítica.

• Sugere-se trabalhar a questão energética e as redes de transporte dentro da Unidade II, em associação ao papel do Estado no processo de
industrialização nacional.

• Sugere-se, ainda na Unidade II, abordar as dinâmicas de inserção da economia brasileira no espaço mundial, tratando dos desafios que cercam
a sociedade e a economia brasileira no contexto de um espaço mundo mais globalizado.

• Sugere-se que, ao tratar do processo de urbanização brasileiro, na Unidade III, sejam apresentados os impactos da urbanização sobre a
estrutura etária brasileira.

• Ainda na Unidade III, ao tratar de dos processos de metropolização e desmetropolização no Brasil, sejam apresentados seus impactos na
orientação dos fluxos migratórios no Brasil deste começo de século.

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