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Equações Diferenciais Ordinárias


Notas de aulas - 21 de Maio de 2003

Computação, Engenharia Elétrica e Engenharia Civil

Prof. Ulysses Sodré


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Copyright 2002 Ulysses Sodré. Todos os direitos reservados.

email: <ulysses@sercomtel.com.br>
email: <ulysses@matematica.uel.br>
Material compilado no dia 21 de Maio de 2003.

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Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a


prova das coisas que não se vêem. Porque por ela os antigos al-
cançaram bom testemunho. Pela fé entendemos que os mundos
foram criados pela palavra de Deus; de modo que o visível não
foi feito daquilo que se vê. HEBREUS 11:1-3, Bíblia Sagrada.
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CONTEÚDO iii

Conteúdo

1 Conceitos fundamentais em equações diferenciais 1


1.1 Definição de Equação Diferencial Ordinária . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Ordem e Grau de uma Equação Diferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.3 Classes de diferenciabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.4 Operadores diferenciais lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.5 Equação Diferencial Ordinária Linear de ordem n . . . . . . . . . . . . . 3
1.6 Solução de uma Equação Diferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.7 Existência e unicidade de solução para uma EDO . . . . . . . . . . . . . 4
1.8 Problema de Valor Inicial (PVI) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2 Equações diferenciais ordinárias de primeira ordem 5


2.1 As formas normal e diferencial de primeira ordem . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Equações separáveis de primeira ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.3 Modelos Matemáticos e Equações Diferenciais . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.4 Crescimento Populacional: Modelo de Malthus . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.5 Crescimento Populacional: Maodelo de Verhulst . . . . . . . . . . . . . . 9
2.6 Equações homogêneas de primeira ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.7 Equações Exatas de primeira ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.8 Teorema de Existência e Unicidade de solução de um PVI . . . . . . . . . 15
2.9 Simplificação de equações lineares de primeira ordem . . . . . . . . . . . 15
2.10 Complementos de Análise na reta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.11 Método do Fator Integrante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.12 Equações não lineares de primeira ordem redutíveis a lineares . . . . . . 20

3 Equações diferenciais ordinárias de segunda ordem 24


3.1 Equações lineares de segunda ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
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CONTEÚDO iv

3.2 Equações Lineares homogêneas de segunda ordem . . . . . . . . . . . . 24


3.3 Teorema de Existência e Unicidade de solução de um PVI . . . . . . . . . 24
3.4 Equações Lineares de 2a. ordem com coeficientes constantes . . . . . . . 25
3.5 Solução da equação homogênea associada . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.6 Método de d’Alembert para obter outra solução . . . . . . . . . . . . . . 27
3.7 Equação eqüidimensional de Euler-Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.8 Método dos Coeficientes a Determinar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.9 Método da Variação dos Parâmetros (Lagrange) . . . . . . . . . . . . . . 38

4 Redução da ordem de uma equação diferencial 42


4.1 Equação do tipo y (n) = f (x) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.2 Equação que não tem o termo em y . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.3 Equação que não tem os termos em y e em y 0 . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.4 Equação que não tem os termos em y, y 0 e y 00 . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.5 Equação que não tem y, y 0 , y 00 , ... , y (k−1) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.6 Equação que não tem a variável independente x . . . . . . . . . . . . . . 44
4.7 EDO F (y , y 0 , ..., y (n) ) = 0, F homogênea só nas variáveis y (k) . . . . . . . 45

5 Aplicações de equações diferenciais ordinárias 46


5.1 Decaimento Radioativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
5.2 Lei do resfriamento de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
5.3 Elementos de Eletricidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
5.4 Circuitos Elétricos RLC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
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Seção 1 Conceitos fundamentais em equações diferenciais 1

1 Conceitos fundamentais em equações diferenciais

1.1 Definição de Equação Diferencial Ordinária

Uma Equação Diferencial Ordinária (EDO) é uma equação da forma


F (x, y (x), y 0 (x), y 00 (x), ..., y (n) (x)) = 0
envolvendo uma função incógnita y = y(x) e suas derivadas ou suas
diferenciais. x é a variável independente, y é a variável dependente e o
símbolo y (k) denota a derivada de ordem k da função y = y(x).
Exemplos:

1. y 00 + 3y 0 + 6y = sin(x)
2. (y 00 )3 + 3y 0 + 6y = tan(x)
3. y 00 + 3y y 0 = ex
4. y 0 = f (x, y )
5. M (x, y )dx + N (x, y )dy = 0

1.2 Ordem e Grau de uma Equação Diferencial

A ordem da equação diferencial é a ordem da mais alta derivada da fun-


ção incógnita que ocorre na equação. Grau é o valor do expoente para a
derivada mais alta da equação, quando a equação tem a “forma” de um
polinômio na função incógnita e em suas derivadas, como por exemplo:
A y (3) + B y (2) + C y (1) + D y (0) = 0

Exemplos:

1. y 00 + 3y 0 + 6y = sin(x) e y 00 + 3y y 0 = ex têm ordem 2 e grau 1.


2. (y 00 )3 + 3(y 0 )10 + 6y = tan(x) tem ordem 2 e grau 3.
3. y 0 = f (x, y ) e M (x, y )dx + N (x, y )dy = 0 têm ordem 1 e grau 1.
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1.3 Classes de diferenciabilidade 2

1.3 Classes de diferenciabilidade

Uma função real f : R → R pertence à classe de diferenciabilidade


C n (R), se:

1. f é contínua;
2. Todas as derivadas f (k) (k = 1, 2, 3, ..., n) são funções contínuas

Quando n = 0, identificamos a classe da funções reais contínuas com


C 0 (R).
Exemplos:

1. A função f : R → R definida por f (x) = |x| pertence à classe C 0 (R)


mas não pertence à classe C 1 (R).
2. A função g : R → R definida por g(x) = |x|3 pertence à classe C 3 (R)
mas não pertence à classe C 4 (R).
3. A função h : R → R definida por h(x) = ex pertence à classe C ∞ (R).

1.4 Operadores diferenciais lineares

Demonstra-se que o conjunto F = C n (R) de todas as funções reais n


vezes continuamente diferenciáveis, é um espaço vetorial sobre R. Para
cada f ∈ F , definimos o operador diferencial D : F → F por

D(f ) = f 0

sendo D0 (f ) = f . Para cada k = 1, 2, 3, ..., n, definimos o operador dife-


rencial recursivo Dk : F → F por

Dk (f ) = D[Dk−1 (f )] = f (k)

que representa a derivada de ordem k da função f ∈ F .


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1.5 Equação Diferencial Ordinária Linear de ordem n 3

Demonstra-se que são lineares estes operadores diferenciais Dk : F →


F, isto é, para quaisquer f , g ∈ F e para quaisquer a, b ∈ R:
Dk (af + bg ) = a Dk (f ) + b Dk (g)

Exemplo: O operador L = x5 D2 + ex D + sin(x)I é linear sobre o espaço


vetorial F = C 2 (R), pois para para quaisquer f , g ∈ F e para quaisquer
números reais a e b, vale a identidade
L(af + bg ) ≡ a L(f ) + b L(g)

1.5 Equação Diferencial Ordinária Linear de ordem n

Uma equação diferencial linear de ordem n é da forma


a0 (x) y (n) + a1 (x) y (n−1) + a2 (x) y (n−2) + ... + an (x) y = b(x)
onde as funções b = b(x) e ak = ak (x) (k = 0, 1, 2, ..., n), são funções co-
nhecidas sendo a0 = a0 (x) não identicamente nula e todas estas funções
devem depender somente da variável x. A função (incógnita) desconhe-
cida é y = y(x).
Em virtude das informações da seção anterior, é possível definir o ope-
rador diferencial linear
L = a0 (x) D(n) + a1 (x) D(n−1) + a2 (x) D(n−2) + ... + an (x) I
e assim a equação diferencial acima terá a forma simplificada
L(y) = b(x)
e este é o motivo pelo qual, a equação diferencial acima recebe o nome
de linear.

1.6 Solução de uma Equação Diferencial

Uma solução para uma equação diferencial é uma função que satisfaz
identicamente à equação. A solução mais geral possível que admite uma
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1.7 Existência e unicidade de solução para uma EDO 4

equação diferencial é denominada solução geral, enquanto que outra so-


lução é chamada uma solução particular.
Exemplos:

1. y(x) = e−x é uma solução particular de y 0 + y = 0.


2. y(x) = C e−x é a solução geral de y 0 + y = 0.
3. y(x) = sin(x) é uma solução particular de y 00 + y = 0.
4. y(x) = A sin(x) + B cos(x) é a solução geral de y 00 + y = 0.
5. y(x) = 777 é uma solução particular de y 00 + 3y y 0 = 0.

1.7 Existência e unicidade de solução para uma EDO

Três perguntas importantes sobre soluções para uma EDO.

1. Dada uma equação diferencial, será que ela tem solução?


2. Se tiver solução, será que esta solução é única?
3. Existe uma solução que satisfaz a alguma condição especial?

Para responder a estas perguntas, existe o Teorema de Existência e Uni-


cidade de solução que nos garante resposta para algumas das questões
desde que a equação tenha algumas características.
Alertamos que descobrir uma solução para uma Equação Diferencial é
algo
“similar” ao cálculo de uma integral e nós sabemos que existem integrais
que não possuem primitivas, como é o caso das integrais elípticas. Dessa
forma, não é de se esperar que todas as equações diferenciais possuam
soluções.
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1.8 Problema de Valor Inicial (PVI) 5

1.8 Problema de Valor Inicial (PVI)

Uma equação diferencial satisfazendo algumas condições adicionais é


denominado Problema de Valor Inicial (PVI).
Exemplo:
ex y 0 + 2y = arctan(x)
y(0) = π
Se são conhecidas condições adicionais, podemos obter soluções particu-
lares para a equação diferencial e se não são conhecidas condições adici-
onais poderemos obter a solução geral.

2 Equações diferenciais ordinárias de primeira ordem

2.1 As formas normal e diferencial de primeira ordem

Uma grande quantidade de equações diferenciais ordinárias de primeira


ordem pode ser escrita na sua forma normal, dada por:
y 0 = f (x, y )
ou quando a função f = f (x, y ) pode ser escrita como o quociente de
duas outras funções M = M (x, y ) e N = N (x, y ), temos:
M (x, y )
y0 =
N (x, y )

É vantajoso manter o sinal negativo antes da fração, na forma


M (x, y )
y0 = −
N (x, y )
pois usando o fato que dy = y 0 (x)dx, poderemos escrever
M (x, y )dx + N (x, y )dy = 0

Exemplos:
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2.2 Equações separáveis de primeira ordem 6

1. A equação diferencial y 0 = cos(x + y) está em sua forma normal.


x
2. A equação diferencial y 0 = está em sua forma normal, mas pode
y
ser reescrita na sua forma diferencial xdx − y dy = 0.

2.2 Equações separáveis de primeira ordem

Seja uma equação diferencial M (x, y ) dx + N (x, y ) dy = 0. Se M é uma


função apenas da variável x, isto é M = M (x) e N é uma função apenas
da variável y, isto é N = N (y ), então a equação dada fica na forma
M (x) dx + N (y) dy = 0
e ela é chamada equação separável. Isto é motivado pelo fato que é pos-
sível separar as funções de modo que cada membro da igualdade possua
uma função com apenas uma variável. Desse modo, podemos realizar a
integração de cada membro por um processo “simples”.
x
Exemplo: A equação diferencial y 0 = na sua forma normal, pode ser
y
reescrita na sua forma diferencial xdx − y dy = 0 ou ainda na forma
x dx = y dy
Integrando cada termo independentemente, teremos:
x2 y2
+ C1 = + C2
2 2
e reunindo as constantes em uma constante C , teremos:
x2 − y 2 = C
e esta relação satisfaz à equação diferencial dada.

2.3 Modelos Matemáticos e Equações Diferenciais

Muitos problemas práticos, podem ser modelados pela Matemática, de


acordo com as quatro etapas abaixo (não muito bem definidas):

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