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Relativismo Cultural busca entender os valores culturais de uma sociedade


a partir dos padrões vigentes neste grupo social.
Desde a Antiguidade, com o filósofo Protágoras de Abdera, havia uma escola
filosófica que defendia essa visão.

No final do século XIX, a fim de rechaçar o etnocentrismo e o positivismo, a


ideia de relativismo cultural ganhou força, através das obras de Franz Boas
(1858-1942).

Definição de Relativismo Cultural

Para certos povos, a pele branca e o cabelo loiro causam estranheza


Antes de compreender o que é relativismo cultural é preciso
definir relativismo e cultura.

Relativismo
O relativismo entende que não há nenhuma verdade absoluta, nem no âmbito
moral e no campo cultural. Por isso, propõe uma abordagem cultural e moral
sem julgamentos pré-concebidos.

Cultura
Por sua parte, a cultura pode ser entendida como o conjunto de elementos
materiais ou imateriais que pertencem a uma mesma comunidade.
É importante lembrar que não estamos falando somente das artes e sim dos
costumes e tradições de um povo.

Relativismo Cultural: o que é?


Assim sendo, o relativismo cultural propõe o entendimento de povos e culturas
diferentes através de suas próprias crenças.

Ao invés de utilizar termos como “superior” ou “inferior”, o relativismo cultural


busca compreender certos comportamentos de acordo com a dinâmica social
daquela população.

Por conseguinte, ninguém teria direito a emitir juízos de valores sobre essas
práticas e classificá-las como imorais ou amorais, certas ou erradas.

Uma frase do filósofo e historiador alemão Oswald Spengler (1880-1936)


resume esta ideia:

Toda cultura tem seu próprio critério, no qual começa e termina sua validade. Não
existe moral universal de nenhuma natureza.
VEJA TAMBÉM: Definição de Moral

Relativismo Cultural e Etnocentrismo


O relativismo cultural foi uma reação à escola positivista criada por Auguste
Comte, que defendia que a história humana era um caminho contínuo ao
progresso científico, aos moldes europeus.

Aqueles povos que não estivessem no mesmo estágio que a Europa Ocidental
eram julgados inferiores.

Por isso, as noções como "culturas superiores", "culturas inferiores" e


"evolucionismo" são rejeitadas pelos relativistas culturais.

O relativismo cultural traz a reflexão na qual a humanidade não deve,


necessariamente, atingir o mesmo patamar tecnológico de outro povo para ser
"melhor" ou "pior". Igualmente, se afasta da noção positivista que uma
sociedade está em permanente mudança e nega o progresso moral.

Enquanto o etnocentrismo traz uma ideia de julgamento e hierarquia de


civilizações, o relativismo cultural procura considerar costumes e tradições
como frutos de uma cultura específica.

Igualmente, não leva em conta critérios morais de certo e errado ao estudar


essas culturas.
VEJA TAMBÉM: Positivismo

Críticas ao Relativismo Cultural


O relativismo cultural é criticado por sua própria contradição interna. Se "tudo é
relativo", esta afirmação também é relativa.

Vários argumentos usados no relativismo cultural como o apelos à tradição


- sempre foi assim - na verdade, podem ser desmontados quando conhecemos
a definição de falácia.
Se concordamos com o relativismo cultural, não poderemos julgar ou intervir
numa cultura que comete atos contra a dignidade humana. Por isso, é preciso
ter atenção sobre o que é um costume e o que é uma agressão.

A frase da advogada iraniana Shirin Ebadi (1947) sintetiza esta questão:

A ideia de relativismo cultural é apenas uma desculpa para violar os Direitos


Humanos.
VEJA TAMBÉM: Diversidade Cultural

Exemplos de Relativismo Cultural


Existem vários exemplos de costumes que são considerados normais numa
sociedade e que parecem exóticos em outra.

Selecionamos quatro casos que abarcam diferentes aspectos do cotidiano e


que podem nos parecer bem estranhos aos nossos hábitos e valores.

Sexo dos Bebês


Na Índia, os bebês do sexo feminino são menos desejados que os do sexo
masculino e muitas meninas recém-nascidas são abandonadas à morte.

Higiene
Em países árabes, a mão direita é usada para comer, dar e receber objetos e a
esquerda, para a higiene pessoal. Por isso é considerada uma falta grave
utilizar a mão esquerda para tomar alimentos.

Este costume está consagrado na Suna, conjunto de normas deixadas pelo


fundador do Islamismo, Maomé.
VEJA TAMBÉM: Islamismo
Canibalismo Ritual
Em certas tribos indígenas, os prisioneiros de guerra eram mortos e depois
suas cinzas eram consumidas com banana amassada ou outros alimentos.

Os índios acreditavam que, desta maneira, estariam honrando ao adversário e


incorporando a força do inimigo.

Alimentação
No Brasil, costuma-se dar caldo de feijão ou os grãos amassados aos bebês.
Como o feijão é abundante e barato, o costume é largamente difundido.

Porém, em certos países europeus, só é recomendável a ingestão deste


alimento a partir dos dois anos.

Leia mais:
 O que é Cultura?
 Identidade Cultural
 Ética
 Preconceito
 Aculturação
 Organização Social
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Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo
Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá,
Espanha.
VEJA TAMBÉM
 Etnocentrismo
 Cultura Brasileira
 Diversidade Cultural
 O que é Cultura?
 Preconceito
 Socialismo
 Questões de Filosofia do Enem
 Ciências Humanas e suas Tecnologias: Enem
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