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1º PASSO: Identidade visual

Antes de adentrar ao conteúdo propriamente


dito da sua petição, seja qual for a sua peça, é
importante lembrar que no mundo jurídico também
prevalece a máxima de que “a primeira impressão é a
que fica.”
Um dos primeiros e mais gritantes erros
praticados pelos advogados é o de não investir na
sua identidade visual, por isso é muito comum
vermos a imagem da “Themis” como marca de
muitos escritórios de advocacia e profissionais
liberais, mas o fato é que ter uma logo criada por um
profissional capacitado aumenta sua credibilidade.
É evidente que a marca do profissional
transmite a credibilidade que ele precisa, por isso,
vale a pena investir em profissionais que estudaram
para criar uma identificação visual que se adapte ao
seu perfil.
Caso você definitivamente não queira gastar
com isso, existem alguns sites em que é possível a
criação de logos gratuitos. Já é um começo.
O importante é ter uma marca que o diferencie
do grande número de profissionais que sequer se
preocupam com isso.
Veja as diferenças na próxima página.
Profissionais que não investiram em
identidade visual:
Profissionais que investiram em identidade
visual:
Agora me conte, em qual desses profissionais
você depositaria a sua confiança, mesmo
antes de conhecer o seu trabalho?

Páginas que autorizaram a divulgação de sua identidade visual:

https://www.facebook.com/monteirodiasadvocacia/

https://www.facebook.com/advocaciaalbuquerqueguarapuava/

https://juridicocerto.com/p/msradvocacia

As demais foram retiradas do Google imagens.


2º PASSO: Utilize fontes e espaçamento
padrões

A acessibilidade ao mundo digital facilita em


muito a vida do profissional do direito, mas permite
também que algumas pessoas se excedam na
criatividade, utilizando fontes infantis e algumas que
tornam a leitura praticamente impossível.

As fontes recomendadas e que são aptas a


transmitir confiança e a tornar a leitura agradável são
aquelas em formato reto e padrão, por exemplo: Times
New Roman, Arial, Calibri, Cambria, Verdana... e outras
semelhantes.

NÃO UTILIZE FONTES ASSIM!


NEM ASSIM, POR FAVOR!
Assim também não!

Lembre-se que quanto melhor a visualização do


seu pedido, mais rápido ele será apreciado.
No que diz respeito ao espaçamento, é
importante que ele seja o mesmo em todo o
documento e não apresente variações em cada
parágrafo.
Confira os exemplos na próxima página.
Exemplo de espaçamento padrão:

Como não utilizar o espaçamento:


Uma excelente dica para saber se você está
atribuindo o mesmo espaço em cada parágrafo é a
utilização do marcador de parágrafos no Word, ele
indica cada um dos espaçamentos do texto, permitindo
que o redator os visualize.

O espaçamento mais utilizado entre as linhas,


aquele recomendado pelas normas da ABNT é de 1,5.
Perceba que quando existe essa distância entre as
linhas a leitura é facilitada e o texto não vira um
“emaranhado de letras”.
O tamanho da fonte deve ser 12, padrão em
todo o texto, com exceção de quando existe uma
jurisprudência, doutrina ou legislação a ser citada,
neste caso, o tamanho da fonte pode ser reduzida até
no máximo 10.
É importante ter cuidado com a utilização de
palavras destacadas em negrito, itálico ou sublinhado.
Algumas pessoas definitivamente se empolgam
e acabam transformando todo o texto em algo
destacado, fazendo com que essas funções percam o
seu objetivo.
Por isso, utilize destaque em poucas e isoladas
frases.
“O correto é utilizar destaque em apenas
algumas palavras ou expressões”
“Não é correto o uso de destaque em todo o
parágrafo, dessa forma não serão apenas algumas
palavras ou expressões que irão se destacar, e esse é o
seu objetivo principal.”
3º PASSO: Faça um resumo e destaque os
pontos importantes

Antes de iniciar a redação da sua peça é


essencial fazer um resumo de todos os
acontecimentos, da necessidade do seu cliente, e da
legislação atinente ao caso.
Normalmente quando iniciamos uma petição
nos afobamos e acabamos deixando de realizar a
recaptura dos fatos, o que pode causar um grande
atrapalho no decorrer da sua escrita.
A realização de um resumo faz com que você
visualize melhor o caso concreto, e, a partir disso,
possa desenvolver cada um dos tópicos de maneira
objetiva, sem que nada passe despercebido.
Lembre-se que os fatos devem narrar o
acontecido da forma relatada e que interessa ao seu
cliente; o direito é a fusão dos fatos à norma legal; e
os pedidos refletem os anseios de seu cliente, e o que
você, como advogado, de acordo com a previsão do
Código de Processo Civil ou Processo Penal, deverá
solicitar ao Juízo.

4º PASSO: SEJA CLARO E OBJETIVO

Infelizmente, alguns profissionais acreditam


que a qualidade da sua petição está vinculada ao
número de páginas que ela apresenta. Essa é uma
grande mentira, e possivelmente, é uma das causas
que torna o Judiciário lento.
Um texto para ser bom não deve ter palavras
difíceis e desnecessárias, ao contrário, deve relatar o
ocorrido e o que se almeja com clareza e
objetividade.
Lembre-se que não existe um juiz nesse país
que esteja em seu gabinete esperando ansioso e com
tempo sobrando para julgar apenas a sua petição!
Existem, diariamente, milhares de processos
sendo protocolados, por isso, não nos custa dar uma
força à maquina judiciária.
Evitando delongas desnecessárias você
aumenta a chance de ter o seu pedido atendido.
É importante que o julgador entenda o que
você quer, porque quer, e como quer de forma clara.

5º PASSO: Evite “juridiquês” constante.

Alguns profissionais inserem palavras difíceis


que nem eles devem lembrar o significado ao fazer
uma revisão de sua petição.
Se o juiz ou seu assessor precisar pesquisar o
significado das expressões empregadas na sua
escrita, isso levará TEMPO, e o seu pedido,
consequentemente, demorará ainda mais para ser
apreciado.
A linguagem jurídica não deve ser um obstáculo
ao acesso a justiça. Por isso, evite termos difíceis
na sua petição.
Ser simples, não significa ser “simplório”, por
isso, utilize uma linguagem formal, e dose a
utilização de jargões próprios do mundo jurídico,
palavras difíceis e termos latinos.
6º PASSO: Procure o sinônimo das palavras
em vez de repeti-las.
Muitas vezes durante a escrita parece
impossível evitar a repetição de determinadas
palavras.
Quando isso acontecer, a fim de que a mesma
palavra não seja repetida inúmeras vezes, você pode
se utilizar de um dicionário de sinônimos.
Essa ferramenta é válida também quando você
quer escrever algo de modo mais formal e não
consegue encontrar a expressão correta.
Por exemplo, quando quero escrever “ajuda”
de modo formal, o dicionário de sinônimos me traz
as seguintes expressões: Auxílio, assistência,
amparo, valência, apoio.
Viu como é fácil escrever melhor?

7º PASSO: Evite vícios de linguagem


Alguns vícios são utilizados com tanta
frequência que com o passar do tempo, se tornam
despercebidos por quem os redige. Vamos a alguns
deles:

“O mesmo”: Existe uma famosa expressão que


ilustra o uso indevido do pronome “mesmo”:

“Antes de entrar no elevador, verifique se O


MESMO encontra-se parado neste andar.”

Essa expressão está incorreta pois “mesmo” é


um pronome demonstrativo e deve ser usado para
indicar algo igual a outro: a mesma casa, o mesmo
pedido, o mesmo requerido.
Veja um outro exemplo:
“O réu foi acusado de roubo. O mesmo agiu com
grave ameaça e a pena do mesmo deverá ser
arbitrada acima do mínimo legal”
Nesses casos, além de o pronome ser usado
de forma errada, a leitura se torna cansativa e o
profissional perde a credibilidade, já que demonstra
um vocabulário escasso.

8º PASSO: REVISE!

Parece óbvio, mas revisar a petição antes de


protocolar é extremamente necessário.
O ideal, como você já deve imaginar, é não
deixar para o último dia do prazo. Quando redigimos
uma petição e logo em seguida realizamos a revisão,
muitos erros passam despercebidos, por isso, é
importante deixar a petição “descansar” por
algumas horas ou até por um dia, e depois desse
período, revisar novamente.
Caso siga essa dica, eu aposto que
encontrará erros nunca vistos antes.
Além disso, nunca envie uma petição ao seu
supervisor sem antes revisá-la, se a pessoa confia
em você, não perca a credibilidade, revise o máximo
que puder para que não seja necessário alterar todo
o texto. Caso contrário, o seu serviço não terá
atingido o objetivo, não é?!
9º PASSO: Invista na leitura e imite a boa
maneira de escrever o direito

É evidente e verdadeira a necessidade de


investir em leitura para melhorar o vocabulário, e
uma das melhores formas de aprender a escrever no
âmbito jurídico é prestar atenção a escrita dos
magistrados e desembargadores.

De forma alguma isso significa escrever algo


inteligível, mas a sua petição pode ser simples,
objetiva, e ao mesmo tempo charmosa.

Prestar atenção na redação dos acórdãos é


uma boa maneira de “imitar” a boa escrita jurídica,
desde que a expressão não apresente rebuscamento
desnecessário.

A seguir apresento inúmeras frases prontas


para você utilizar nas mais diversas petições, e
também algumas expressões de transição, que
desempenham papel importante no discurso
jurídico.
FRASES

PARA CITAR JURISPRUDÊNCIA

• Ademais, a corroborar o posicionamento


doutrinário expendido nos tópicos supracitados,
impende trazer à colação a judiciosa ementa do
venerando acórdão proferido pela colenda Turma
do Egrégio Tribunal Regional Federal, cuja
transcrição segue em anexo, ipsis litteris: (citar)
“(...) A jurisprudência pátria é assente nesse sentido,
da qual se depreende que (...)”, entre outras formas.

PARA CITAR ARTIGO

• Segundo o comando inserto no artigo tal, o Autor...

• Consoante a inteligência do artigo tal, o


Embargante...

PARA CITAR DOUTRINA

• Nesse sentido, necessário se faz mencionar o


entendimento do ilustre Fulano que preconiza, in
verbis: ...
• A esse propósito, faz-se mister trazer à colação o
entendimento do eminente Fulano que assevera,
ipsis litteris: ...

PARA CITAR O CASO CONCRETO


• No caso em tela, há que se destacar...;
• • No vertente caso, faz-se mister enaltecer...;
• • No caso sub examine, urge mencionar...

PARA MANTER A DECISÃO A QUO:

• O Apelante não apresenta argumentos suficientes


para desconstituir a decisão prolatada pelo Juízo.
• Assim e com base nas razões de direito já
expendidas, protesta a Apelada pela manutenção
da sentença de 1ª Instância, vez que o seu Ilustre
prolator não pecou em nenhum ponto da decisão,
conduta aliás que o vem notabilizando no meio
Judiciário.

• Não se desincumbindo de tal ônus, é de se manter


a decisão de improcedência proferida na origem.

• Ausentes motivos para a alteração do julgado


recorrido, cumpre reiterar o entendimento
desposado no citado decisório...

PARA MODIFICAÇÃO DA SENTENÇA

• À luz dos argumentos expendidos no apelo merece


reforma a decisão de primeiro grau.

• Assim sendo, merece reforma a decisão singular


a fim de...

PARA ALEGAR NULIDADE DA SENTENÇA

• O julgamento antecipado da lide, in casu, implicou


inegável cerceamento de defesa, o que nulifica a
sentença prolatada em tais condições.

PARA PRISÃO CIVIL DO DEVEDOR DE


ALIMENTOS:
• Convocar um ser humano à existência é assumir o
compromisso de ser a sua providência e de, outra
opção não resta a este Juízo senão decretar a
prisão civil arredá-lo do sofrimento e das privações
PARA DEMONSTRAR UMA PRÁTICA ABUSIVA:
• Não se pode olvidar que tal disposição contratual
revela-se abusiva.
• Importante destacar que tal prática abusiva legitima
a pretensão de restituição do valor pago.
• O termo vulnerabilidade, conceito de direito
material, é inerente à condição de consumidor.

PARA CONTESTAÇÃO OU IMPUGNAÇÃO:


• Fica, portanto, cristalino que à Autora falece razão.
• Improcedente o pedido exordial, por não serem
verdadeiros os fatos ali articulados.
• A defesa vai brandir o seguinte argumento, citando
uma variedade inexaurível de exemplos.
• Ora, Excelência, não pode prosperar, “in casu”, a
falaciosa argumentação expendida pelo Réu.

OUTRAS EXPRESSÕES DE TRANSIÇÃO QUE


SÃO IMPORTANTES NO DISCURSO JURÍDICO
• É de se verificar
• Não se pode olvidar
• Como se há verificar
• Como se pode notar
• É bem bem verdade que
• Vale retificar...
• Contem ressaltar ...
• Posta assim a questão, é de se dizer ...
• Registre-se ainda, ...
• Cumpre-nos assinalar que ...
• Oportuno se torna dizer ...
• Mister se faz ressaltar ...
• À guisa de exemplo podemos citar ...
• Impende observar que ...
• Roborando o assunto ...
• Convém ponderar ...
• Convém notar, outrossim, que ...

EXPRESSÕES LATINAS COMUNS:

• Ab initio – de início;
• A contrario sensu – em sentido contrário;
• Acio – ação
• Ad argumentandum tantum – só para argumentar;
• Ad cautelam – por cautela;
• Ad litem – para o processo;
• Ad locum – de imediato;
• Ad hoc – substituição temporária, eventual;
• Ad quem – juiz ou tribunal superior
• Alieno nomine – em nome alheio;
• Animus dolandi – intenção de prejudicar;
• Ante acta – antes do ato
• Bis – duas vezes
• Bis in idem – duas vezes sobre a mesma coisa
• Bona fide - boa-fé
• Capitis deminutio – diminuição da capacidade;
• Caso sub judice – caso sob julgamento;
• Causa debendi – causa da dívida
• Causa petendi – causa de pedir
• Communi consensu – de comum acordo
• Concessa vênia – com o devido consentimento
• Contradictio in adiecto – contradição na afirmação
• Contra legem – contra a lei
• Contrarius consensus – consenso contrário
• Data permissa – com a devida permissão
• Dara vênia – com o devido consentimento
• De auditu – por ouvir dizer
• Decisum – decisão
• De cujus – falecido
• De lede condenda – da lei vigente
• De lege ferenda – da lei a se criar
• Dies ad quem – último dia na contagem de um prazo
• Dominus – senhor, proprietário
• Dura lex des lex – a lei é dura mas é lei
• Eadem causa – mesma causa
• Eadem personae – mesmas pessoas
• Eiecta uma via non datur regressus ai aiterum – eleita
uma via judicial não se pode substituí-la por outra.
• Erga omnes – para com todos
• Est modus in rebus – há um limite em todas as coisas
• Ex bonafide – de boa fé
• Exceptio – exceção
• Exempli gratia – por exemplo
• Ex facto ius oritur – o direito é gerado dos fatos
• Ex lege – de acordo
• Ex positis – do que ficou exposto
• Ex professo – de forma magistral, como professor
• Gratia argumentandi – apenas pelo favor de
argumentar
• Grosso modo – por alto, resumidamente
• Ibidem – no mesmo lugar
• Idem – o mesmo
• Idem per idem – o mesmo pelo mesno
• In albis – em branco
• Inania verba – palavras vazias
• Inaudita altera pars – sem ouvir a outra parte
• In casu – no caso
• In extenso – na integra
• Infine – no fim
• In futurum – no futuro
• In initio litis – no inicio da lide
• In limine litis – no inicio da lide
• In limine – preliminarmente
• In pari causa – em causa semelhante
• Intentio legis – vontade da lei
• Inter partes – entre partes
• In thesi – em tese
• In totum – na totalidade
• Ipsis literis – textualmente
• In verbis – textualmente
• Ipsis verbis – com as mesmas palavras
• Ipso facto – por isso mesmo
• Ipso iure – pelo mesmo direito
• Jura novict cura – o juiz conhece o direito
• Jure et facto - por direito e de fato
• Juris tantum – apenas de direito
• Jus – direito
• Jus ex facto oritur – o direito nasce do fato
• Lato sensu – sentido geral
• Legitimatio ad causam – qualidade para agir
• Legitimatio ad processum – capacidade para agir
em juízo
• Lex – lei
• Lex posterior derogat priori – lei posterior
derroga a anterior
• Litis contestatio – contestação da lide
• Nemo iudex sine lege – não há negócio sem lei
• Nihil obstat – nada obsta
• Nomem iuris – denominação legal
• Non liquet – não é claro
• Ope iuris – por força do direito
• Ope sententia – por força da sentença
• Opportune tempore – em tempo oportuno
• Par in parem non habet imperium – entre iguais
não há império
• Pari passu – no mesmo passo
• Passim – frequentemente
• Pater familias – pai ou responsável pela família
• Prima facie – à primeira vista
• Punctum saliens – ponto principal
• Ratio agendi – razão de agir
• Ratio iuris – razão jurídica
• Sine qua non – sem a qual não, indispensável
• Summus ius, summa injuria – o apego excessivo à
lei gera injustiça
• Suum cuique tribuere – dar a cada um o que é seu
• Thema probandum – tema a se provar
• Tollitur quaestio – fim da questão
• Ultima ratio – ultima razão
• U sus fori – praxe forense
• Ut quid? – por que razão?
• Ut retro – como atrás mencionado
• Vanum argumentandum – argumento vazio
• Verba volant – as palavras voam
• Verbo ad verbum – palavra por palavra
• Vis maior – força maior
• Voces inanes – palavras sem sentido.
SOBRE A AUTORA:

Isabella Albuquerque é fundadora do perfil


@peticaosemdrama "Petição Sem Drama" no
Instagram, com milhares de seguidores.
Além disso, é Bacharela em Direito, tendo
atuado em escritórios de advocacia desde o início
de sua graduação, há mais de 5 anos. Apaixonada
pelo direito, pela língua portuguesa e pela
linguagem jurídica, busca formas de auxiliar os
operadores do direito a dominar técnicas da
redação jurídica.
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