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Índice Ano de
consagração
1º de novembro de 1924
História Geografia
Antecedentes históricos: A importância da País Brasil
capela primitiva (1532 – 1560)
Cidade São Paulo, SP
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29/08/2020 Catedral de Santo Amaro – Wikipédia, a enciclopédia livre
História
Após, exatamente, trinta e dois anos do descobrimento do chamado Monte Pascoal (nome que os
portugueses usavam para se referir ao Brasil sem muita clareza sobre o território que haviam acabado
de descobrir)[6], D. João III, rei português a partir de 1521, criava as Capitanias Hereditárias: um
sistema de divisão territorial que separava as terras em grandes pedaços e os colocava sob
administração de pessoas de confiança da Coroa Portuguesa (normalmente nobres) no século XVI.
Nessa lógica de confiança, Martim Afonso de Sousa, também português e nobre, militar e
bandeirante, foi amigo da realeza e teve um importante papel no cenário colonizador brasileiro.
Graças à confiança a ele dada pela família real, foi enviado ao Brasil como comandante numa armada
ordenada por D. João III e, em 20 de janeiro de 1532, depois de enfrentar uma longa e cansativa
viagem, as naus (denominação da época para navios de grande porte) que comandava atracaram em
Bertioga.
Tomados pela felicidade de terem avistado, finalmente, terra firme, Martim Afonso, sua tripulação e
passageiros comemoraram a chegada. Mais do que rápido, foram percebidos pelos índios que ali
viviam e, logo em seguida, recepcionados pelo chefe da tribo guayanás (guayanáz), Tibiriçá
(Tebyriçá), e seu genro, o português João Ramalho – cuja chegada e habitação no Brasil têm caráter
misterioso [7]– casado com Bartira (Bartyra), filha do cacique. Apesar de intrigante, a presença do
português João Ramalho em terras desconhecidas facilitou o diálogo com os nativos, além de
explicitar as boas intenções da expedição. Dessa forma, uma relação de amizade e confiança mútua
foi consolidada entre as duas partes.
Dois dias após a chegada às terras, Martim Afonso transformava, ainda em 1532, junto com a ajuda
de João Ramalho, a região de Tumiarú na mais nova capitania brasileira: São Vicente. A partir daí,
outras povoações começaram a surgir sob os comandos do militar recém-chegado de Portugal.
Fazendo jus a essa afirmação, no fim do campo da região de Piratininga (Piratinim), povoada por
grande parte dos índios guayanases, Ramalho deu origem à nova Santo André da Borda do Campo,
transformada em vila cerca de 20 anos mais tarde (1553). Porém, Tibiriçá não era o único cacique que
estava à frente da tribo guayanás. A chefia era feita na companhia de Caá-ubi, seu irmão, que receoso
com a presença de portugueses em suas terras escolheu abandonar Piratininga e fundar, depois de
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Uma amizade por parte do cacique Tibiriçá surgiu para com os lusitanos e, principalmente, para com
os jesuítas que aqui viviam de forma forasteira na época. Esse fato foi um grande facilitador para a
primeira implantação de cunho religioso nas terras brasileiras. Graças a essa atmosfera amigável, o
padre Manuel de Paiva e mais 13 irmãos se fixaram em Piratininga e construíram uma despretensiosa
capela dedicada a São Paulo, trazendo assim mais uma nova identidade para um dos muitos
povoados que ainda estavam para nascer.
Mais um importantíssimo personagem de toda essa história é o padre José Anchieta, que chegou à
Piratininga e “uniformizou e metodizou a catequese”[8], mudando o contexto social de diversas tribos
ao transformá-las em populações minimamente desenvolvidas. Além de visitar a aldeia, o padre
também conheceu Ibirapuera, levando para o conhecimento dos indígenas que ali viviam – em parte
já catequizados e acostumados com a presença europeia em suas terras – a existência de uma
carência de regulamentação da região enquanto aldeia. A ideia foi recebida pelos nativos sem muito
esforço de convencimento e, desta forma, Anchieta enxergou a necessidade de erguer uma capela
para consolidar a identidade do território. Porém, para a construção da capela era preciso que
houvesse um modelo de veneração no qual o novo povoado pudesse se apegar e, para isso, era
necessário que existisse uma imagem sagrada. A princípio, a expectativa era de que esse encontro não
aconteceria muito rápido e nem com muita facilidade, mas ao contrário do que se pensou, uma
imagem foi achada antes do imaginado.
João Pais e Susana Rodrigues formavam um casal de portugueses lavrador de terras muito religioso
que chegou ao Brasil junto com Martim Afonso. Devido a grande presença da religião na vida dos
dois, a dupla guardava consigo uma imagem do Santo Amaro e seguia, assim, oferecendo à santidade
sua especial devoção. Anchieta, ao tomar conhecimento da existência tão próxima de uma imagem
sagrada – o casal morava na Cupecê (chamada hoje de Avenida Cupecê, uma extensa via paulista que
facilita o trânsito entre distantes lugares da cidade) – explicou a Susana e João sua intenção de
transportar Santo Amaro para o aldeamento de Ibirapuera. Foi assim, então, que em 15 de janeiro de
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1560[4], o padre José Anchieta realizou, oficialmente, uma missa na colina da aldeia de Ibirapuera e
transformou a construção de uma pequena e singela capela no estopim da história de um bairro
paulista que segue sendo escrita até os dias de hoje.
Quarenta anos se passaram e em 1600 a aldeia de Ibirapuera seguia com suas atividades de
agricultura e extração e já apresentava todas as características de uma povoação civilizada. Dentro do
contexto de desenvolvimento e contribuindo para a vida em sociedade do povoado recém
estabilizado, foram descobertas, na própria vila, jazidas de ferro. A novidade acabou culminando,
com a ajuda de Francisco de Sousa, Diogo de Quadros e seu cunhado Francisco Lopes Pinto (três
portugueses da nobreza - fidalgos - que ocuparam cargos de autoridade dentro da lógica
governamental brasileira), na criação de uma fábrica de exploração do mineral nas redondezas, no
ano de 1609. Depois de algum tempo com as atividades da fábrica em curso, um desânimo tomou
conta do grupo idealizador em razão de dificuldades com transportação, ainda que as jazidas fossem
abastadas do mineral. Dessa forma, em 1629, as atividades de exploração e da fábrica foram
interrompidas. Existem dúvidas entre historiadores e autores sobre a veracidade desse episódio no
que diz respeito a existência da fábrica e se ela, de fato, teve as portas fechadas[9].
Após a interrupção das atividades da fábrica, o Padre Belchior de Pontes (importante figura jesuíta
que contribuiu para a catequização de regiões do Brasil) ergueu no mesmo lugar uma indústria de
exploração de armas brancas que não durou muito tempo aberta[9]. O governo da época foi contra
manter a indústria funcionando por receio de haver prejuízos no bom andamento em que vinham os
negócios locais.
Apesar das intempéries com a situação da fábrica, o cenário continuava próspero em Ibirapuera e,
por isso, o interesse por aquisição de terras - na época, chamadas de sesmarias - começou a
aumentar. Por essa razão, léguas começaram a ser doadas e isso passou a contribuir para o
crescimento de produtividade e expansão que já estavam em curso. Diante dessa realidade
desenvolvimentista, Ibirapuera foi perdendo aos poucos o caráter de aldeia e acabou ficando
conhecida como Santo Amaro, em tributo à sagrada imagem que foi doada pelo casal português e que
trouxe uma identidade para a região.
No ano de 1651, a capela que já havia sido constituída pelo padre Anchieta foi transportada, junto
com os moradores, para um morro da redondeza (atual Largo 13 de Maio). Aqui, as mangas do povo
como um todo foram arregaçadas com intenção de dar início à uma construção paroquial, ainda que a
ausência de padres na redondeza tenha dificultado um pouco os planos de edificação.
Mesmo assim, o levantamento do singelo templo virou uma necessidade para os moradores. Devido a
isso, foi redigida uma petição que fazia um pedido: permitir que a, até então singela capela, pudesse
ser elevada à classificação de capela curada e sua reconstrução pudesse ser realizada. A escritura foi
feita em 14 de janeiro de 1686 e endereçada ao bispo D. José de Barros Alarcão, do Rio de Janeiro, já
que São Paulo ainda pertencia ao bispado de lá (na época, era chamado de São Sebastião do Rio de
Janeiro). Segue, abaixo, um trecho do documento que decretou a criação da igreja:
“Jozeph de Barros de Alarcão por mercê de Deos e da Santa Sé Apostolica, Bispo desta Diocesi de
Sam Sebastiam do Rio de Janeiro, do Concelho de Sua Magestade Fidelíssima.
Aos que a prezente nossa provizão virem saúde e pax para sempre em Jezus Christo Nosso
Salvador, que de todos hé verdadeiro remédio e salvação; fazemos saber, que os moradores do
Bayrro Santo Amaro, nos enviarão dizer por sua petição que elles estavão da banda do rio para
além em distancia de quatro e sinco leguas com caminhos difficultozos passagens de rios, com que
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não podião acudir a Igreja Matriz desta Vila de São Paulo para
satisfazer as obrigaçoins della, assim por sua pobreza como
pela ditta dificuldade, pelo que nos pedião lhe fizéssemos Capela
Curada na Igreja de Santo Amaro que está no dito bairro, e que
eles supplicantes pagarião porção ao Capellão, que bastece
para sua côngrua e sustentação, a qual petição sendo por nós
vista e defferindo a ella na forma que dispoem o Sagrado
Concilio Tridentindo na secção 21 de Reformatione capitullo 4º.
[...]”[10]
Quarenta anos passados desde 1686 (estamos agora falando da época por volta do ano de 1726),
Santo Amaro continuou funcionando dentro de uma lógica desenvolvimentista, fazendo com que
tudo que existia dentro do bairro tivesse que, obrigatoriamente, seguir a mesma lógica, incluindo a
paróquia, que deixou o posto de capela para se transformar em igreja matriz.
Assim, em 29 de agosto de 1729, a licença diocesana foi concedida ao padre João Pontes (irmão de
Belchior Pontes), pela diocese do Rio de Janeiro, da qual São Paulo ainda fazia parte. Deste modo, “a
nova igreja de taipa e pilão com nave forrada”[11] foi levantada e nascia, então, a paróquia de Santo
Amaro, que recebeu sua bênção no dia 24 de dezembro de1730 por meio das mãos do padre João
Pontes, seu primeiro vigário.
Depois de algumas mudanças e da criação da diocese de Santo Amaro em 1989, a capela que se
tornou paróquia e depois matriz, foi elevada à Catedral Santo Amaro, templo dono de uma bela
arquitetura que serve como abraço que acalenta, acolhe e escuta os corações dos santamarenses há
séculos.
Características arquitetônicas
De capela à matriz
Depois de dois séculos de criação, a capela ainda tinha a mesma arquitetura, cuja plástica já não
contemplava com equilíbrio os avanços nítidos no ambiente do bairro. Dentro desse contexto, o corpo
da antiga igreja passou por importantes reformas, ajustes e contribuições feitas por mais de uma
figura religiosa. Nesse contexto, em frente à velha construção da capela, foi erguida, em 1898[12], uma
torre para nova fachada principal da igreja a mando do padre Luís Inácio Taques Bitencourt[5], o
primeiro a iniciar obras de reconstrução na matriz. Então, entre os anos de 1917 e 1924, o padre José
Maria Fernandes demoliu a estrutura antiga do santuário de 1730, abrindo as portas para que fosse
elaborada a construção da uma nave central, unida posteriormente com outras partes que já haviam
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Após o episódio de reconstrução da capela para elevá-la ao status de matriz, o contexto de mudança
seguiu. Em 27 de maio de 1989, o papa João Paulo II criou a diocese de Santo Amaro, que culminou
no desmembramento da região da arquidiocese de São Paulo[14] e na elevação para a categoria de
catedral.
Arquitetura
A igreja matriz de Santo Amaro (ou Catedral) fica localizada na 19ª quadra do bairro, no Largo 13 de
Maio. Para o seu levantamento, foi usada a técnica construtiva que usa tijolos e sua altura tem,
aproximadamente, 17m.[15]
Tanto a matriz quanto o bairro em si têm grande relevância para os santamarenses, devido ao fato de
constituírem, juntos, uma parcela que possui as características de núcleo primitivo intactas e
conservadas durante séculos de história. Nessa lógica, o antigo Mercado Municipal, a antiga
Prefeitura e Catedral delimitam um eixo de profundo valor para a identidade de Santo Amaro[16].
Querendo proteger tamanha (e rara) riqueza histórica e cultural, em 20 de junho de 1990, um ofício
acompanhado de um estudo realizado pela arquiteta Clara Correia D’Alambert foi escrito para
requerer uma divisão de preservação. Ou seja, garantir que um determinado eixo de Santo Amaro,
identificado como de grande importância histórica, fosse tombado. José Roberto S. Pinheiro, chefe
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Entre as justificativas para o tombamento, a principal, registrada no ofício escrito por José Roberto S.
Pinheiro, segue no seguinte trecho, retirada diretamente do documento:
“[...] Justifica-se esta solicitação por se tratar de um dos poucos centros históricos remanescentes
das antigas aglomerações fundadas ao redor de São Paulo que matem intacta sua malha viária e
onde podemos encontrar um conjunto arquitetônico homogêneo se desenvolvendo ao longo do eixo
que une a matriz [...], a antiga prefeitura (1929) e o antigo mercado municipal (1897).” [17]
Com a abertura feita em 1990, o processo só foi aberto em 1993 e, somente após nove anos é que o
tombamento foi realizado pela Conpresp. A deliberação acerca do requerimento de divisão de
preservação foi realizada no dia 13 de agosto de 2002 e o ofício comunicando a consolidação do
tombamento, em 07 de outubro do mesmo ano.
Ainda nos dias de hoje, o processo segue aberto, contando com modificações no perímetro que foi
tombado em razão da promulgação da lei 13.885, de 2004. Dessa forma, a área protegida foi decidida
após uma pesquisa que escolheu estabelecer uma região intermediária entre a que foi proposta
inicialmente (anterior à lei) e a proposta posteriormente (posterior à lei).
Galeria de fotos
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Ver também
Santo Amaro
Diocese de Santo Amaro
Largo 13 de Maio
Ibirapuera
José Anchieta
Arquidiocese de São Paulo
Conpresp
Referências
4. Egas, Eugênio (1925). Os arquivado no Departamento
1. Egas, Eugênio (1925). Os Municípios Paulistas - 2º vol. do Patrimônio Histórico
municípios paulistas - 2º vol. M-Y. [S.l.: s.n.] 1697 páginas (DPH) de São Paulo.
M-Y. [S.l.: s.n.] 1693 páginas
5. Zenha, Edmundo. «O 7. Caldeira, João Netto (1935).
2. Arroyo, Leonardo (1954). Tricentenário da Paróquia de Álbum de Santo Amaro. [S.l.:
Igrejas de São Paulo - Santo Amaro». O Estado de s.n.] 50 páginas
Introdução aos estudos dos São Paulo
templos mais característicos 8. Caldeira, João Netto (1995).
de São Paulo nas suas 6. Escrito com base no Álbum de Santo Amaro. [S.l.:
Manifesto referente aos s.n.] 51 páginas
relações com a crônica da
cidade. [S.l.: s.n.] antecedentes históricos 9. Caldeira, João Netto (1935).
363 páginas relativos à divisão de Álbum de Santo Amaro. [S.l.:
preservação do Eixo s.n.] 52 páginas
3. Caldeira, João Netto (1935).
Histórico de Santo Amaro do 10. Trecho retirado do
Álbum de Santo Amaro. [S.l.: processo de tombamento de
s.n.] 53 páginas documento “O Tricentenário
número 1993-0.007.384-8, da Paróquia de Santo Amaro
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