Você está na página 1de 15

Virologia

Patogênese viral
Tópicos da aula de hoje: possui metabolismo próprio, ou seja, vai
depender daquela célula e além disso, vai
1) Introdução à patogênese viral
utilizar-se daquela célula para produzir a
2) Infecção viral progênie viral dele. E depois liberar essa
progênie, causando muitas vezes um dano a
3) Doença aquela célula porque ele a sobrecarrega e
4) Fatores contribuintes para a patogênese também modifica todo o metabolismo
próprio.
5) Patogenicidade, Invasividade, Subversão e
Oncogênese. Lembrando que isso está ocorrendo em
diversas células do organismo e depois, esses
Nem toda infecção viral vai gerar uma vírus que estão sendo liberados vão infectar
doença. outras células, vão cair na circulação, vão
infectar outros órgãos e outros tipos de
células. E assim, pode-se observar que todo
► Introdução à patogênese viral: esse processo vai gerar uma cadeia de
eventos que vai levar uma “mexida” no
O que é patogênese viral?
equilíbrio do hospedeiro. O resultado disso é o
Pode ser conceituada, de uma maneira que chamamos de patogênese viral.
bruta, como o processo fisiológico que é
desencadeado quando o agente viral
infecta o seu hospedeiro. Uma vez que:
Quando ocorre aquele processo de ● Vírus são parasitas intracelulares
infecção, uma serie de reações são obrigatórios.
desencadeadas no hospedeiro até que se
gera um novo estado naquele hospedeiro, ● Células alvo do hospedeiro vivem em
agora infectado com um novo agente. intrincadas relações com outras células e
tecidos.

● A patogênese viral trata de estudar os


resultados da interação entre o vírus e seu
hospedeiro infectado.

O resultado dessa interação terá vários


possíveis desfechos e vai depender de vários
Tudo começa quando aquele agente viral possíveis fatores.
está no meio extracelular. E no meio Observa-se para uma série de infecções,
extracelular ele vai encontrar as células que inclusive para que temos visto hoje em dia
possuem o receptor para que ele reconheça. para o Covid-19 que existe uma variada
No momento em que ele encontra esse gama de possíveis possibilidades de sintomas
receptor, ele infecta a célula. E dentro da e desfechos de uma infecção viral. Muitas
célula, ele vai coordenar toda a célula para vezes, dependendo do agente (é o que
que ela se torna uma maquinaria de vemos para o corona vírus), desde o
produção de partículas virais. Portanto, o vírus assintomático até o casa mais grave.
é um agente dependente da célula, ele não
Geralmente, quando uma doença acaba ● Quais órgãos ou tecidos são infectados?
surgindo, nós vemos primeiramente aquele
● A infecção no hospedeiro é impedida ou há
agente viral quando ele está causando a
o estabelecimento de uma infecção
doença. Porque a doença é aquela
persistente?
condição que é mais visível, é o desequilíbrio
mais intenso que vai gerar de estranheza ● Como os vírus se transmite a outros
naquele organismo que se mantinha em hospedeiros?
equilíbrio.

Então, veremos no indivíduo que está


acontecendo um processo que está gerando Quando falamos de infecção viral, temos que
um desequilíbrio e iremos reconhecer que entender que temos dois tipos de infecção
tem algo causando isso. viral:

Todavia, uma grande parte das infecções por ● Infecção viral abortiva:
agentes virais não vão gerar a doença. Mas ● É uma infecção onde o vírus não consegue
não quer dizer que muitas vezes elas não completar o seu ciclo dentro da célula, ele
estejam gerando processos celulares. não consegue produzir partículas virais
Inclusive, processos celulares que muitas infeciosas capazes de infectar outras células.
vezes são importantes de entender porque
pode ser que aquele hospedeiro esteja ● Nesse caso, diz-se que a célula que ele está
conseguindo controlar aquele vírus e não tentando infectar é não-permissiva.
causando o desequilíbrio. ● Não ocorre produção de novas partículas
E por que aquele hospedeiro especifico está virais infecciosas ou acabe gerando vírus que
conseguindo controlar aquele vírus e o outro são não infecciosos (partículas que falham
não? em completar o processo de infecção).

Esses processos são muito importantes para


entendermos quando falamos de ● Infecção viral produtiva:
patogênese, desenvolvimento de doença.
● Diz-se que uma infecção viral é produtiva
quando a célula que o vírus consegue
infectar é permissiva. Ou seja, quando ela é
permissiva, o vírus vai produzir novas partículas
virais infecciosas gerando uma progênie viral.

● Ocorre produção de novas partículas virais


infecciosas.

● Essa produção pode ser imediata ou não,


gerando uma infecção latente.

● O processo de reiniciar a infecção após a


latência é determinado de reativação.

Para estudar patogênese, teremos algumas


perguntas a responder: ► Infecção viral abortiva:
● Como um virion (partícula viral infecciosa)
A infecção viral é abortiva não gera
entra no hospedeiro? partículas virais.
● Qual é a resposta imune inicial? ● Muitas vezes, a célula até pode ser
● Aonde ocorre a replicação primária? infectada. No momento que a célula é
infectada, ou seja, possui os receptores para
● Como a infecção se dissemina no vírus infecta-la, diz-se que a célula é suscetível
hospedeiro?
a infecção. Mas, ela pode ser suscetível mas ● Muitas vezes inibindo a síntese proteica da
não permissiva. célula para que aquela maquinaria da célula
seja utilizada para ele.
A infecção abortiva é justamente isso, devido
a não permissividade celular. Ou por ele não ● Inibindo a replicação da célula, para que
ser capaz de infectar ou por ele ser capaz de os nucleotídeos e a maquinaria de
infectar e não ser capaz de dar continuidade. replicação sejam utilizados para ele.

● Um dos motivos pode ser que as próprias ● Alterações de permeabilidade de


proteínas com atividade anti-viral daquele membrana.
hospedeiro possam barrar a progressão da
● Gerando um stress do retículo
infecção viral. Alguns tipos de proteínas
endoplasmático, porque ele gera uma
celulares que nós conhecemos são
sobrecarga de produção de proteínas virais
chamadas de fatores de restrição, dentre
naquele retículo, o que pode gerar uma falha
esses fatores destacam-se:
e consequentemente podendo levar até a
▪ Proteína A3: São proteínas que atuam muito uma indução da apoptose ou pode ocorrer
em retrovírus, HIV por exemplo. Tentando uma inibição da apoptose, o que pode ser
gerar hipermutações no genoma daquele prejudicial. Uma vez que aquela célula está
vírus, de maneira que ele não consiga manter fora de seu funcionamento normal.
sua integridade genômica.
Tudo isso pode gerar disfunção e morte
▪ SAMHD1: Depleta o pool de nucleotídeos celular quando é um vírus lítico (gera lise da
celular, fazendo com que quando o vírus célula), por exemplo. Além disso, a própria
precise se replicar naquela célula, ele não resposta imune ao vírus pode ser uma
encontre nucleotídeo para isso. Isso é muito resposta citotóxica e gerar a morte daquela
visto em células neuronais. célula infectada.

▪ TRIM5α: Proteína que se liga a capsídeo viral Ou o vírus ainda pode promover uma
e desmembra o capsídeo viral quando ele transformação naquela célula, ocasionando
está sendo montado. em uma geração de tumor. Uma vez que ele
está mexendo com o ciclo celular para que
mantenha a célula viva para uso dele.
► Infecção viral produtivo:

Quando uma infecção viral é de fato efetiva, ► Introdução à patogênese viral:


chamamos de infecção viral produtiva.
Quando falamos de desenvolvimento de
● Durante essa infecção viral produtiva, é uma doença viral, nós podemos dividir isso
onde realmente vai ocorrer a produção de em alguns processos:
partículas virais infecciosas.
● Penetração
Muitas vezes isso está acompanhado do
chamado efeito citopático. ● Replicação primária e resposta imune inata

● O efeito citopático seria o efeito da ● Disseminação (sangue, linfa, nervos)


infecção viral nas células daquele
● Replicação secundária e resposta
hospedeiro, um efeito que é visível.
adaptativa
Como foi dito, o vírus acaba pegando a
● Lesão tecidual
célula e a usa para virar uma “fabrica” de
partículas virais pra ele. Para isso, ele faz com ● Doença (recuperação ou óbito)
que a maquinaria celular se volte para os
● Excreção e Transmissão
propósitos dele. Por exemplo:
► Infecção viral: Penetração e replicação Tanto essa penetração quanto essa
primária replicação primária vão depender de alguns
fatores. Um deles é a quantidade de vírus
Quando falamos de penetração, isso quer
(tamanho do inóculo).
dizer que o vírus já foi transmitido com
sucesso. A transmissão vem antes da Encontra-se genoma de HIV na saliva de
penetração. pacientes soropositivos (quando não está
controlado). Só que sabe-se que HIV não é
● Penetração: Processo pelo qual o vírus
um vírus que consegue se transmitir pelo beijo.
introduz o seu genoma dentro da célula
Isso porque naquele sitio ele não tem carga
hospedeira, para que ele possa se replicar e
viral suficiente e tem série de fatores da
talvez se disseminar pelo organismo.
própria mucosa que vão impedir o vírus de ter
Essa penetração possui alguns mecanismos, sucesso nessa transmissão, então isso não
como: acontece. Já os fluidos genitais, como sêmen
e secreção vaginal possuem uma alta carga
● Fusão de membranas: Esse mecanismo vem viral e isso faz muita diferença na transmissão
do fato de que o envelope viral do vírus possui do HIV.
uma composição semelhante a membrana
plasmática da célula. Então, uma vez que ele Além disso, é necessário que o vírus tenha
vem das membranas celulares (seja endo ou acesso que são suscetíveis, então, elas
a membrana plasmática), e uma vez ele possuem o receptor de entrada do vírus e são
encontra a membrana plasmática das permissivas, ou seja, permitem que o vírus
células ou das vesículas, ele consegue fazer faça a sua replicação. Então, não adianta
essa fusão de membranas do seu envelope um vírus que precisa ser inoculado acabar
com as membranas celular. E assim, colocar sobre a superfície da pele, porque ele não vai
o seu genoma para dentro. encontrar lá as células que ele precisaria
encontrar como se fosse inoculado. Logo,
Exemplos: Vírus envelopados (HIV, HSV-1, etc). dependente do agente, da especificidade e
● Endocitose da quantidade de vírus.

Exemplos: Vírus envelopados ou não ● Uma série de defesas do hospedeiro vão


envelopados (Dengue, Zika, Febre Amarela, atuar neste meio tempo, tentando impedir o
HCV, etc). ciclo

● Injeção do material genético: Bacteriófagos ▪ Barreiras físicas e químicas (Como a pele e a


possuem uma estrutura em formato de mucosa).
agulha que injeta o material genético dentro ▪ Fatores de restrição celulares
da célula.

Exemplos: Bacteriófagos
► Infecção viral: Transmissão x Carga Viral

Quem está mais suscetível a infecção pelo


● Replicação primária:
corona vírus é uma pessoa que não é área da
Uma vez dentro da célula, o vírus vai ter a saúde ou o profissional da área da saúde? E
parte de replicação primária. por que?

● Essa replicação vai ocorrer no sítio de Nós sabemos que os profissionais da área da
entrada (pele, mucosas, trato respiratório, saúde eles estão mais susceptíveis. Por que?
trato gastrointestinal).
Porque eles lidam todos os dias com um
● Sucesso depende da quantidade de vírus ambiente que tem uma alta carga viral, fora
(tamanho do inóculo) e de seu acesso à o cansaço e o estresse que são fatores que
células susceptíveis (entrada) e permissivas fazem os hospedeiros a ficarem mais
(replicação). susceptível. E essa carga viral entrando em
contato com o profissional de saúde dia após
dia, faz com que ele esteja mais exposto e ● O ambiente natural é uma barreira
também faz com que seja mais necessário o importante à infecção.
uso de equipamento de proteção mais
● Visto que os virions enfrentam grandes
específicos.
obstáculos fora do hospedeiro. Uma vez que
estão fora do seu ambiente natural de
replicação.
Quantos virions são necessários para infectar
o hospedeiro? ● Efeito de diluição quando os virions saem do
hospedeiro, reduzem a taxa de infecção.
Na verdade, essa resposta é muito ampla. Ela
não existe, para falar a verdade. Porque vai Sabe-se que quanto mais tempo aquele vírus
variar conforme o vírus e conforme o fica fora do hospedeiro ele vai reduzindo a
hospedeiro. Vai variar como aquele vírus se taxa de infecção dele, até que ele acaba
transmite, características intrínsecas do vírus, sendo degradado pelo ambiente.
o quanto ele resiste fora do corpo e também
● Muitas partículas virais são sensíveis ao calor,
como o hospedeiro consegue se defender,
à dessecação e à luz solar (U.V.)
como interage com a infecção... Portanto, é
uma vasta gama de fatores. ● Para que esses vírus consigam sobreviver no
ambiente, a estratégia dele se dá através da
Alguns agentes podem iniciar uma infecção
produção e liberação de uma alta
com uma partícula, outros precisam de
quantidade de virions.
muitas pois produzem partículas defeituosas
e/ ou tem um ciclo replicativo completo. O vírus da hepatite, principalmente hepatite
C são vírus que conseguem ficar meses no
O HIV tem uma taxa de mutação muito alta.
ambiente. Agora o vírus do HIV não fica mais
Na verdade, a enzima que faz parte do
que alguns minutos no ambiente, ele não tem
processo de replicação dele, a transcriptase
essa resistência.
reversa possui uma série de mecanismos que
geram mutações nele. A cada vez que o HIV
se replica, ele gera uma mutação/uma
► Infecção viral: Transmissão
variante nova. Como essas mutações são ao
acaso, muitas vezes, várias partículas Olhando a imagem, podemos ver os diversos
acabam não tendo grande sucesso. sítios onde aquela partícula viral vai entrar em
Uma verdade absoluta é que quanto maior a contato com o hospedeiro. E dependendo
carga viral, maior a chance de haver a do agente, tem um ou outro local de entrada.
infecção e replicação. Cada local de entrada (olhos, boca, trato
respiratório, TGI, ânus) depende do agente.

Abaixo temos uma imagem para mostrar


alguns exemplos de agentes virais:

PFU = É uma unidade usada em um teste


laboratorial para ver quanto daquelas
partículas virais realmente são infecciosas.

Essa razão entre o número de partícula viral


daquele agente e aquelas que efetivamente
geram uma replicação efetiva varia muito.
A transmissão pode ser horizontal ou vertical. sendo inativados tanto por dessecação,
ácidos ou outros inibidores formados por
● Horizontal: Seria do indivíduo adulto para
organismos comensais (nossa flora
outro indivíduo.
bacteriana).
Tipos de transmissão horizontal:
Além disso, os tecidos mais superficiais da
● Direto (de hospedeiro para hospedeiro): pele acabam formando essa barreira
Saliva, pele, contato sexual queratinizada, essa barreira não tão
vascularizada. Mas as camadas mais internas
● Indireto (não é exatamente do hospedeiro da pele, como a derme e a sub-derme são
para outro hospedeiro): Perdigotos, tecidos muito vascularizados. E uma vez que
superfícies contaminadas os vírus conseguem sobrepor essa primeira
● Veículo: Água, alimentos (Vemos bastante barreira superficial da pele, eles conseguem
para vírus da hepatite ou vírus que causa a atingir esses outros tecidos mais internos e
poliomielite). conseguem se disseminar pelo organismo.

● Vetores: Mecânicos, biológicos Dependendo do agente viral, ele


desenvolveu uma estratégia para sobrepor
● Nosocomial: Em unidade de saúde (É a essa barreira, por exemplo:
transmissão que ocorre em uma unidade de
saúde). ▪ O HPV se transmite por abrasão durante o
contato sexual, por exemplo. Tem-se a fricção
da pele, ocorrendo microfissuras na camada
● Vertical: Seria da mãe para o filho. superficial da pele e por essas microfissuras o
vírus consegue adentrar, encontrando células
A transmissão vertical pode se dar de quatro mais basais onde vai começar a replicar.
formas:
▪ Os arbovírus são vírus transmitidos por
● Transplacentária (Quando o vírus ultrapassa artrópodes. Eles tiveram como estratégia essa
a placenta da mãe). inoculação através da picada do artrópode.
● Pelas células germinativas ▪ Uma outra estratégia adotada pelo vírus da
● Parto raiva é através da mordida daquele animal
infectado. Porque o vírus da raiva se replica
● Amamentação nas glândulas salivares daquele animal,
gerando uma alta carga viral na boca. E na
O HIV é um vírus que tem a sua transmissão
hora da mordida, ele acaba sendo inoculado
vertical ligada a esses fatores (parto e
dentro do hospedeiro.
amamentação). Ou seja, o contato do bebê
com os fluidos maternos. Medidas para
conter a transmissão vertical do HIV se baseia
do parto sem o rompimento da bolsa ● Trato respiratório:
amniótica, realizando a cesárea com a bolsa Uma outra via muito importante, que é a rota
intacta, fazendo com que a criança não mais comum de entrada, é o trato
passe pelo processo de entrar em contato respiratório. É o que temos visto bastante para
com os fluidos da mãe. o corona vírus. Mas acontece também para
outros vírus como influenza e rinovírus.

● Locais de entrada: O trato respiratório é uma rota comum de


entrada por vários fatores, como:
● Pele:
▪ Área de absorção do pulmão: 140m2.
Ao mesmo tempo que é um local de entrada
para diversos vírus, ela também é uma ▪ Taxa de ventilação de 6 litros/minuto.
barreira física e biologia. Porque muitos vírus ▪ 300 milhões de alvéolos.
que entram em contato com a pele, acabam
▪ Células se replicando em abundância com Primeiramente porque temos o estomago
fácil acesso ao sangue. que é muito ácido, tem-se um pH baixo. E em
seguida, tem-se o intestino que é alcalino.
▪ Todavia possui defesa (muco e células
Portanto, tem que ser um agente que consiga
ciliadas).
sobreviver a essas condições adversas.

Essa infecção pode ser local, como exemplo


Essas infecções que vem pelo trato tem-se o rotavírus ou pode ser disseminada,
respiratório podem ser locais, como o que como a hepatite A (entra através dessa via,
vemos, geralmente, para o influenza, rinovírus mas depois alcança o fígado).
e parainfluenza. Ou podem ser sistêmicas, A disseminação se dá através de células M
como o que vemos para rubéola, sarampo ou especializadas do tecido intestinal, tecido
covid-19. linfóide (GALT), macrófagos e células T.
Esses vírus alcançam o trato respiratório
através de:
● Transmissão sexual:
▪ Aerossóis
▪ Entrada pelo trato genitourinário. Muito
▪ Gotículas
conhecida pelo advento do HIV.
▪ Saliva ▪ É necessária a presença em altas
▪ Secreção nasal quantidade do vírus no sêmen ou secreções
vaginais.

▪ pH vaginal, muco e composição química da


urina constituem barreiras, tentam frear a
entrada do agente.

▪ A perda de integridade epitelial e as células


dendríticas locais constituem fatores que
podem auxiliar a disseminação para tecido
linfóide e sanguíneo.

O HIV utiliza a célula dendrítica que o


reconhece como de certa forma um “cavalo
de troia” para entrar naquela célula e ser
levado até os linfócitos T, onde ele irá infectar.

● Trato gastrointestinal: ● Conjuntiva:

O próximo local de entrada é o trato ▪ É importante em profissionais de saúde, por


gastrointestinal. isso o uso dos EPIs.

É um local de entrada através da ingestão de ▪ É a entrada via esclera e conjuntiva.


alimentos e bebidas que são contaminadas
As pálpebras são uma medida de proteção
pelo vírus, então, introduzem o vírus no trato
do corpo, porque estão constantemente
alimentar.
passando e levando partículas que poderiam
A constante motilidade gera boa entrar.
oportunidade para interação dos vírus com
As pálpebras passam pela esclera, lavando
as células.
partículas estranhas que dificulta a infecção
Todavia, o agente viral tem que ser bastante
▪ Inoculação direta em procedimentos
especializado porque o TGI é um local bem
hostil a recepção de microrganismo. oftalmológicos.
▪ Piscina O vírus da raiva é um exemplo de caso
retrógrado.
▪ Contato direto
● Hematogênica (mais frequente): É a via
Tem-se o enterovírus 70 que é o agente pelo sangue.
causador da conjuntivo hemorrágica aguda.
▪ A entrada por se dar pelos capilares
E o HSV1 que infecta a córnea, levando a
(replicação no endotélio) ou por inoculação
cegueira (disseminação pelos gânglios
(picada).
sensoriais).
▪ Quando o vírus está presente no sangue, diz-
se que temos a viremia.
► Infecção viral: Disseminação
Essa viremia pode ser ativa (replicação do
● A infecção é disseminada quando o vírus vírus) ou passiva (introdução sem replicação).
vai além do sítio primário, atingindo outros
Além disso, pode ser primária (após
órgãos (pulmão, rins, cérebro, etc)
replicação no sítio de entrada) ou secundária
Uma vez que este vírus entrou naquele sítio e (após replicação nos outros órgãos).
ele teve uma replicação primária naquele
E pode estar associado a células ou não.
sítio, ele pode se disseminar pelo organismo
Então, o vírus pode estar trafegando no
uma vez que ele consegue fazer isso por
sangue associado a monócitos, linfócitos ou
alguma via.
células endoteliais. Ou pode estar trafegando
No momento em que ele se dissemina pelo livre no sangue.
organismo, ele atinge outros órgãos, como
pulmão, rins, cérebro e etc.
► Infecção viral: Excreção viral
● O sistema imune atua tentando impedir esta
etapa pela resposta de anticorpos, para Após o encontro do vírus com o seu órgão
tentar neutralizar aquele vírus que está secundário onde ele irá fazer replicação, nós
tentando se disseminar. teremos a parte da excreção viral.

● A infecção quando é contida no seu ciclo A excreção viral determinar o modo de


primário de replicação, ela acaba se transmissão.
tornando localizada (fica naquele lugar).
Sítio da excreção do virion e estabilidade
Caso ela não seja contida pelo sistema
física deter minam a rota de transmissão.
imune, ela se dissemina pelo corpo.
O sítio de excreção do vírus vai depender de
como ele é transmitido para outro
● Vias de disseminação: hospedeiro. Por exemplo:

Tem-se basicamente três vias de ● Vírus envelopados são frágeis e sensíveis a


disseminação: pHs baixos: São transmitidos por aerossol ou
secreções, injeção, transplante de orgãos.
● Linfática: É uma via que vai capturar os vírus
que estão no fluído extracelular. E vão se ● Vírus não envelopados sobrevivem a
disseminar pelos vasos linfáticos. dessecamento, de tergentes, pHs baixos,
altas temperaturas: São transmitidos pela via
● Nervosa: É uma via comum para alguns vírus
respiratória, fecal-oral ou fômites.
(como raiva e HSV) e não frequente para
outros com disseminação hematogênia
como poliovírus.
● Como foi dito, as secreções respiratórias são
Ela pode ser o que chamamos de uma via importante de transmissão, como
anterógrada, que é quando vai do SNC para saliva, aerossóis e perdigotos, espirros.
o SNP ou retrograda quando o vírus vai SNP
para o SNC.
O espirro produz mais de 20.000 gotículas e Esses sintomas incluem (virose):
todas podem conter vírus. Então, a carga viral
▪ Febre
no espirro pode ser muito alta.
▪ Mal estar
● A excreção pode ser pela pele através de
lesões. É o que vemos no caso do HPV. ▪ Fadiga
● Pode ser pelo trato genitourinário. Por ▪ Perda de apetite
exemplo, HIV.
▪ Náusea e vômito
● Leite
▪ Sintomas de manifestação cutânea
● Sangue (exantema)
● Fezes: Trata-se de um dos principais focos de Isso é um grande problema para o
transmissão em países subdesenvolvidos diagnóstico. Porque é extremamente
devido à falta de saneamento. O vírus da inespecífico. O HIV na fase aguda, o corona
poliomielite é transmitido dessa forma. vírus e uma gripe, podem na sua fase aguda
demonstrar esses sintomas, fazendo com que
seja muito difícil saber qual é a infecção que
► Doença: vai se desenvolver.
● Nem toda infecção viral vai gerar uma
doença.
● A segunda fase ocorre quando um vírus
● A doença é uma consequência patológica acaba se disseminando. E gera uma
prejudicial resultante da infecção viral. sintomatologia especifica.
● Na grande maioria dos casos, infectam Essa sintomatologia especifica não vem só da
muito mais do que levam ao resposta imune, vem também da destruição
desenvolvimento da doença. É o que temos das células e dos tecidos que aquele vírus tem
visto para o corona vírus, o número de afinidade. E essa afinidade chamamos de
pessoas assintomáticas é muito grande e tropismo viral.
pessoas que levam a um quadro severo é
menor. Alguns vírus são exceções a essa Esse tropismo é a capacidade do vírus de
regra, como HIV (quando não tratado causa infectar ou causar danos em células, tecidos
doença), ebola e raiva. ou espécies específicas (vírus neurotrópico,
hepatotrópico, pantotrópico, etc.). E isso vai
● A doença vai gerar essa consequência depender da afinidade do tecido por uma ou
patológica que provem da destruição das mais células/tecidos. E também é
células e dos tecidos. determinado pela susceptibilidade e
Iremos entrar na questão do tropismo que acessibilidade celular aquele agente.
vem de uma sintomatologia diferencial que E dependendo do vírus, tem-se uma
vai depender da infecção viral abordada sintomatologia diferencial dependendo da
(neurológica, hemorrágica, hepática, etc). infecção viral abordada (neurológica,
hemorrágica, hepática, congênita, paralisia,
etc).
A infecção viral tem duas fases quando ela
acaba se disseminando:

● Primeiramente terá o período prodômico. É


o período onde terá uma sintomatologia
inicial não especifica.

É não especifica porque é uma


sintomatologia gerada pelo sistema imune
inato e pelo corpo, em geral.
► Infecção viral: infecção aguda, eles não são eliminados
pelo corpo, eles cronificam.

Essa cronificação pode ser por diversas


maneiras, uma dessas maneiras pode ser
pelos herpesvírus e retrovírus (DNA em forma
epissomal e integração de provírus,
respectivamente). Ou a própria persistência
do agente que é o caso do HBV e HCV.

A persistência do organismo pode levar a


cronificação:

Quando o TBE acaba se disseminando, tem- ● Infecção por HBV: Considerada crônica
se o primeiro pico de replicação viral. No caso quando o antígeno da superfície do vírus
desse vírus, tem-se a disseminação pelo (HBsAg) e o antígeno e (HBeAg) assim como
sangue, gerando a viremia. E depois dessa altos níveis de DNA viral são encontrados no
replicação, vai alcançar os órgãos plasma após 6 meses de infecção.
secundários, onde terá a replicação
especifica pelo tropismo, gerando esse
segundo pico. Nesse caso, tem-se sintomas
neurológicos, acompanhados da resposta de
IgM e IgG.

► Infecção viral: Aguda

● Possui um período de incubação

● Pode ser sintomática ou assintomática ● Infecção por HCV: Considerada crônica


● Pode ter a resolução ou óbito dentro de quando o RNA viral encontra-se presente no
alguns dias sangue após seis meses de infecção.

Isso vai depender da eliminação ou não do O corpo não consegue eliminar esses agentes
agente infeccioso pelo sistema imune do e eles continuam presente no corpo.
hospedeiro.

Essas crônicas por HCV ou HBV são um


problema muito sério porque o vírus continua
fazendo a sua replicação (se não tratado) e
vai levando a uma deterioração cada vez
maior daquele órgão, nesse caso, do fígado.
Podendo levar a casos graves de fibrose
severa, cirrose e carcinoma hepatocelular.

Ou seja, gera mudanças estruturais nessa


célula devido à presença persistente daquele
vírus. Sendo então, citpatogênico para
► Infecção viral: Crônica
aquela célula.
● É quando alguns agentes virais têm como
característica permanecer no hospedeiro.

Então, eles infectam, se disseminam, infectam


órgãos secundários. Só que diferente da
► Fatores contribuintes para a patogênese: O estresse é um fator já provado, ele interfere
na resposta infecções ou reativa infecções
Agora iremos entender um pouco a respeita
latentes e crônicas, como herpes.
dessa da compreensão do porquê em alguns
hospedeiros e em outros, vemos desfechos A gravidez também é um fator importante,
tão diferenciadas para a mesma infecção uma vez que induz no indivíduo uma certa
viral. adaptação do sistema imune para que não
rejeite aquele feto que possui células
Quais são os fatores que contribuem para o
diferentes.
desenvolvimento da patogênese viral?
Sabe-se que com a idade, o indivíduo acaba
Pode-se destacar três grandes grupos de
perdendo um pouco do seu potencial de
fatores:
resposta imunológica.

A questão do desenvolvimento de febre.


Dependendo, a febre pode ajudar a conter o
início da infecção na fase aguda.

Fatores do hospedeiro como


organismo individual:

● Potencial genético

● Outras infecções

● Fatores nutricionais
1) Fatores do hospedeiro como organismo
individual: ● Estado imune

Dependendo do hospedeiro, essa interação ● Estresse


com o agente viral pode ser diferenciada. ● Gravidez
Primeiro porque todos nós temos potenciais
genéticos diferenciados, tanto a parte de ● Idade
coordenar nossa resposta imunológica
● Febre
quanto as mutações que podem levar a uma
forma diferente do receptor viral e assim,
aquele vírus não consegue entrar nas nossas
células. 2) Fatores intrínseco do agente viral:

Enfim, uma série de possibilidade que podem Tem-se os fatores do próprio agente viral e
vir do nosso arcabouço genético para lidar podem ajudar a desenvolver um quadro com
com a infecção ou até mesmo para agravar uma patogênese mais branda ou agressiva.
essa infecção. ● Inóculo viral
Sabe-se que outras infecções podem atuar ● Patogenicidade
durante a construção da nossa imunológica,
principalmente por via de anticorpos. ● Virulência
Sabemos que fatores nutricionais também
são importantes nesse jogo porque quanto
mais severa a desnutrição mais fragilizada 3) Fatores da espécie hospedeira:
está o corpo.
Vemos que para vírus, eles tendem a ter uma
Também depende do estado imune. Vemos especificidade em relação a espécie que
isso para pacientes soropositivos, eles criam eles infectam e acometem.
uma patogênese que leva a um quadro mais
Nem todos os agentes são assim. A raiva, por
grave de diversas infecções que em outros
exemplo, é um agente que se destaca
indivíduos não gerariam.
porque acometendo, infectando e gerando
patologia em animais de sangue quente Essa latência clinica é interessante no sentido
(incluindo os humanos). Então, a raiva seria de que existem várias possibilidades de
uma exceção. tempo para a duração dela. Existem
pacientes que progridem desde a infecção
Porém, o HIV é o vírus da imunodeficiência
até o estado de AIDS em 2-3 anos e existem
humana, o FIV é vírus da imunodeficiência
pacientes que progridem de 5-8 anos. E
felina, SIV é o vírus da imunodeficiência símia
existem pacientes que duram 10-20 anos e aí
e por aí vai. Geralmente, os vírus acabam se
sim, vão acometer esse outro pico de
especializando em uma determinada
replicação.
espécie.
O que determina qual paciente vai
E quando eles cruzam de uma espécie para
responder de determinada forma?
outra, é muito importante que os fatores
dessa nova espécie hospedeira sejam Existe uma série de estudos a respeito disso e
permissivos de certa forma a aquela é justamente isso que estamos falando
infecção, ou seja, que aquele novo quando falamos sobre mecanismos
hospedeiro não tenha nenhuma barreira que moleculares e a importância de entender o
impeça essa infecção. E assim, vemos as que faz com que alguém fique 20 anos sem
zoonoses. sentir nenhum tipo de sintoma e outras
pessoas em 2 anos já sentem os sintomas.

Então, entender os mecanismos moleculares


que determinam a diferença entre infecção ► Interação parasita-hospedeiro:
e doença é um dos maiores alvos do estudo
É uma teoria evolutiva interessante para
da patogênese porque é muito importante
compreender a interação do parasita
para conseguir prever o prognostico daquele
(agente viral) com o seu hospedeiro.
indivíduo que está acometido com aquela
infecção. Essa teoria é denominada de teoria da rainha
vermelha que é uma apropriação de um
E podemos ver na infecção pelo HIV:
termo que é utilizado no livro de Lewis Carroll
(Alice Através do Espelho). Nesse mundo,
quando a Alice entra através do espelho, ela
encontra a Rainha Vermelha e a rainha diz a
ela que naquele local é necessário que se
corra sempre para ficar no mesmo lugar. E isso
foi apropriado pela ecologia e traduz a
corrida armamentista que a célula ou
organismo está fazendo em relação aquele
agente. Porque ao mesmo tempo que
aquele está correndo para conseguir
Na infecção primária, podemos ver pelo continuar o seu ciclo, aquela célula está
número de cópias de RNA de HIV no plasma correndo para se defender daquele agente,
(curva vermelha), nós vemos primeiro pico da gerando uma co-evolução ao mesmo tempo
fase agua do HIV, primeira replicação. E do parasita e do hospedeiro para manter o
depois, a disseminação dessa quantidade de equilíbrio.
vírus pelo corpo. ● A patologia vai depender do quanto
O HIV possui uma fase interessante que é a avençada está a interação entre vírus e
fase que ele fica integrado das células que é hospedeiro.
a chamada latência clínica. Essa latência Ou seja, há quanto tempo aquele vírus está
clínica vai durar um certo período até que infectando aquela espécie.
ocorra uma replicação em massa do vírus
novamente, gerando, se não tratado, a AIDS. Geralmente, observa-se que vírus que tem
uma história evolutiva, ou seja, já infecta
aquela espécie há muito tempo, ele aquele vírus precisa para ser excretado para
desenvolveu mecanismos que evita danos o ambiente.
desnecessários. Porque o vírus é dependente
Então, vírus que precisam ser excretados para
da célula hospedeira, porque não possui
o ambiente para se disseminar por via
hospedeiro próprio. Então, uma vez que o
respiratória, estimulam reflexos de tosse ou
hospedeiro morre devido a infecção viral, o
espirro durante o desenvolvimento do quadro
ciclo daquele vírus se acaba.
dessa patogênese.
Exemplo: Herpesvírus → Estão a muito tempo
com as espécies que eles infectam. São vírus
que normalmente não velam o hospedeiro a ► Equilíbrio durante a infecção viral:
grandes danos ou a óbito, a não ser em casos
em que o hospedeiro esteja com o sistema
imune comprometido.

Isso para o vírus é muito interessante, o


herpesvírus é um ótimo exemplo disso. Mais de
80% da nossa população é positiva (possui
incubado o herpesvírus simples tipo I). E muita
gente acaba nunca o manifestando ou
manifesta pouco ao longo da vida (picos de Resumindo, o que conseguimos observar
estresse). Ou seja, é um vírus que conseguiu durante a infecção viral é um quadro de
equilíbrio e desequilíbrio.
manter um certo equilíbrio com o hospedeiro
e conseguiu se disseminar na população. Quando tem-se um processo que é não-
Outros vírus que surgiram há pouco tempo, equilibrado, o agente infecta aquele
acabam aderindo a mecanismos de evasão organismo e gera uma infecção aguda. Essa
do sistema imune para conseguir no infecção aguda pode levar a dois desfechos:
permanecer no hospedeiro. Por exemplo, HIV. eliminação do agente ou a morte.

Ou muitas vezes, se o vírus pulou muito rápido Mas quando essa infecção entra um
de uma espécie para outra, ele não equilíbrio metastático (herpes, por exemplo),
conseguiu desenvolver essa chance de gerar essa infecção acaba cronificando, não
esse equilíbrio. Por exemplo, ebola (leva ao matando o hospedeiro. De vez em quando,
óbito muito rápido). ocorre uma alteração no equilíbrio, por conta
do sistema imune, gerando um pequeno
● Depende se o vírus permanece no desenvolvimento do quadro de doença (no
hospedeiro por um longo tempo ou não. caso do herpes, lesões orais). E depois, o
organismo retoma o seu equilíbrio e o vírus
Essa interação também vai depender se o
volta a se equilibrar com o organismo.
vírus tem essa característica de cronificar. Se
o vírus tem essa característica (caso da
hepatite e do herpesvírus), o vírus vai sofrer
► Patogenicidade x Virulência:
uma mais pressão do corpo para que ele não
consiga um dano tão grande, para que ele ● Patogenicidade: É dita como a
consiga ficar dentro do corpo cronificando capacidade relativa do vírus causar doença
por mais tempo. e virulência, de causar doença grave,
Vírus que não tem essa característica de comparando diferentes estirpes do mesmo
cronificar, acabam não tendo essa pressão. agente.

● Depende se o vírus precisa de determinado ● Virulência: Termo muito utilizado para


comportamento para alcançar outro comparar variantes do mesmo agente.
indivíduo. Por exemplo, vemos uma variante de Zika que
Outros fatores virais que contribuem para o veio da África e outra que veio da Ásia. E
desenvolvimento da patogênese é o que iremos comparar qual é a mais virulenta.
Esse conceito da patogenicidade e da proteína de replicação... Esse tipo de gene
virulência é muito amplo e depende de uma que gera a estrutura e a replicação do vírus.
série de fatores: Se o vírus induz a morte
rápida (varíola, infecção pelo vírus Ebola), se
o vírus gera uma falência dos órgãos (falha
hepática fulminante gerada por HBV, HCV)
ou se o vírus gera tumor (papilomavírus).

Geralmente, quando a variante do vírus gera


uma doença mais severa em uma grande
parcela da população, ela é a mais virulenta.
E quando ela gera uma versão mais amena,
ela é menos virulenta.

► Invasividade:
► Virulência:
É um conceito que tem a ver com a
Devido a abrangência do conceito, usa-se disseminação do vírus.
para comparar vírus relacionados, como
● É a capacidade de um determinado vírus
variantes do mesmo vírus.
entrar e danificar um tecido.
Como foi dito, aquele exemplo de
● Esse conceito é muito útil para distinguir
comparação do Zika que veio da linhagem
entre a capacidade infectiva do vírus e sua
da Ásia e o Zika que veio da linhagem da
habilidade de se espalhar pelo organismo do
África. Sabe-se que esse Zika que veio da Ásia
hospedeiro.
é que está correlacionado com o
desenvolvimento de microcefalia e outras São coisas diferentes, o vírus pode se espalhar
condições neurológicas. bem pelo organismo do hospedeiro, mas ele
pode não danificar aquele tecido.
Então, tudo isso tem que ser analisado
quando relaciona-se com a virulência.

► Subversão:

● Virulência: Genes essenciais e não ● É a capacidade do vírus de modular o


essenciais metabolismo celular em prol de sua própria
replicação.
● Para analisar essa virulência, começamos a
observar a presença do que chamamos de Quando o vírus infecta a célula, ele vai fazer
genes não essenciais. São genes não dela a sua fábrica, ou seja, vai mexer em tudo
requerido para esse mecanismo da que precisar e puder para que aquela fábrica
replicação, porém, são importantes em de vírus seja eficiente para ele.
termos de virulência. Uma vez que eles são
Exemplo: Papiloma vírus humano necessita
importantes para lidar com o hospedeiro.
da DNA polimerase celular para sua
O HIV possui uma série de genes não replicação, logo induz a célula a entrar
essências que só servem para “contra- prematuramente na fase S, propiciando o
atacar” as defesas do hospedeiro. Isso torna desenvolvimento tumoral.
o vírus mais virulento, porque ele consegue ter
Induz a mitose celular para que a célula fique
um maior sucesso na sua infecção, gerando
sempre com DNA polimerase ativada. Porém,
um quadro mais grave.
isso é muito ruim para a célula, porque
● Geralmente o vírus possui genes que são promove uma mitose descontrolada.
essenciais a ele, são aqueles genes Lembrando que temos check-points durante
requeridos para a replicação em células o processo de mitose e temos as fases G1, S e
permissivas. E vemos, capsídeo, envelope, G2, neste momento realiza-se o crescimento
celular, a síntese de DNA e etc. E durante
essas fases, tem-se os check-points.

O HPV induz a célula a não prestar tanta


atenção no que está acontecendo com o
seu próprio DNA, podendo deixar uma série
de mutações passarem a diante durante
mitose, gerando o desenvolvimento do
tumor.

► Oncogênese:

● É a malignização do tecido por vírus


oncogênicos (HPV, Epstein-Barr...).

A carcinogênese viral é um processo em


múltiplas etapas, que envolve:

● Iniciação: DNA e outras macromoléculas


sofrem uma alteração que culmina com a
aquisição de um traço genético de
malignidade.

Essas alterações podem vir do fato do vírus


estar estimulando a célula a entrar em mitose
para usar a maquinaria dela. E a célula
acaba se descuidando durante a mitose,
gerando trações genéticos de malignidade.

● Promoção: Expansão clonal,


incrementando a possibilidade de que as
células sofram uma segunda alteração
genética.

Gera mais mitoses descontrolada, podendo


aumentas as alterações genéticas.

● Progressão: Processo decorrente dos dois


anteriores onde as células adquirem,
progressivamente, características malignas e
capacidade metastática.

Você também pode gostar