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ÉRICA LUANA – MED XI – UNIRV – 6ºP - FISIOPATOLOGIA

Anemia de doenças crônicas (ADC)


A doença, assim como a anemia ferropriva,
• Anemia da Inflamação → se desenvolve no contexto caracteriza-se por baixos níveis séricos de ferro
de inflamação sistêmica devido à diminuição (hipoferremia), mas difere da anemia ferropriva
produção de eritrócitos, acompanhada por porque os estoques de ferro são preservados nos
uma modesta redução na sobrevivência dos macrófagos medulares, bem como nos macrófagos
eritrócitos. esplênicos e hepáticos que reciclam a senescência
• Hipoferronemia da Inflamação eritrócitos. Assim, a anemia da inflamação é
• Primariamente associada a doenças infecciosas, principalmente um distúrbio da distribuição de ferro.
inflamatórias e neoplásicas.
• Característica típica: normocítica, normocrômica, hipoproliferativa.

Patogênese – ADC
• Redução do número de células vermelhas produzidas pela medula óssea (MO).

• Fatores contribuintes:

1. Alterações induzidas pela Hepcidina no metabolismo do Ferro:

❖ Redução da absorção do Ferro pelo trato gastrointestinal

❖ Disfunção na liberação de Ferro pelos macrófagos

❖ Configurando: níveis baixos de Ferro no plasma, alterações no metabolismo da Hemoglobina

❖ Mudanças na Homeostase do Ferro na Anemia da Inflamação: a restrição de ferro na anemia da


inflamação é mediada pela interação de níveis aumentados de hepcidina com o exportador de ferro
ferroportina (Fpn). O excesso de hepcidina é exacerbado se a função renal estiver comprometida. Fe-Tf
denota complexo ferro-transferrina.

2. Inabilidade em aumentar a Eritropoese em resposta à Anemia.

3. Produção de Eritropoetina (EPO) relativamente reduzida.

4. Sobrevivência dos eritrócitos reduzida.

Desordens associadas: Inflamações, Infecções, Idade, Trauma, Malignidade e Autoimunidade Aguda e Crônica.

Patogênese – ADC – Papel das citocinas


• Atuação das Interleucinas (IL-1 e IL-6) e do Fator de Necrose Tumoral (TNF-alfa), pelos monócitos ativados.

• Desencadeiam cascata da Inflamação: secreção IFN-beta e IFN-gama pelos linfócitos T.

• IL-1 e TNF-alfa:

➢ Resposta reduzida da Medula Óssea à Eritropoetina.

➢ Apoptose dos precursores eritróides e expressão reduzida dos receptores de EPO nas células progenitoras.

❖ A inflamação sistêmica é caracterizada por altos níveis de citocinas que direcionam a hematopoiese para a
produção de células mieloides (seta verde grande) em vez de eritropoiese (seta vermelha) (interferon-γ), inibem a
proliferação de precursores eritroides (fator de necrose tumoral α [TNF-α] ), ativam macrófagos para
eritrofagocitose e, assim, encurtam a vida útil dos eritrócitos (interferon-γ) e inibem a liberação de ferro reciclado
dos macrófagos (interleucina-6 através da hepcidina), causando hipoferremia. A hipoferremia inibe a proliferação
de eritroblastos. As linhas tracejadas representam mediadores solúveis que regulam a eritropoiese durante a
inflamação.
• No Painel A, a invasão de microrganismos, o surgimento de células malignas ou a desregulação autoimune
levam à ativação de células T (CD3+) e monócitos. Essas células induzem mecanismos efetores imunes,
produzindo assim citocinas como interferon-γ (de células T) e fator de necrose tumoral α (TNF-α),
interleucina-1, interleucina-6 e interleucina-10 (de monócitos ou macrófagos).
• No Painel B, a interleucina-6 e o lipopolissacarídeo estimulam a expressão hepática da proteína de fase
aguda hepcidina, que inibe a absorção duodenal de ferro.
• No Painel C, o interferon-γ, lipopolissacarídeo ou ambos aumentam a expressão do transportador de metal
bivalente 1 nos macrófagos e estimulam a captação de ferro ferroso (Fe 2+).
• A citocina antiinflamatória interleucina-10 regula a expressão do receptor de transferrina e aumenta a
captação mediada pelo receptor de transferrina de ferro ligado à transferrina em monócitos. Além disso, os
macrófagos ativados fagocitam e degradam eritrócitos senescentes para a reciclagem de ferro, um processo
que é ainda induzido pelo TNF-α através do dano das membranas dos eritrócitos e estimulação da
fagocitose.
• O interferon-γ e o lipopolissacarídeo regulam negativamente a expressão do transportador de ferro do
macrófago ferroportina 1, inibindo assim a exportação de ferro dos macrófagos, um processo que também é
afetado pela hepcidina. Ao mesmo tempo, TNF-α, interleucina-1, interleucina-6 e interleucina-10 induzem a
expressão de ferritina e estimulam o armazenamento e retenção de ferro dentro dos macrófagos.
• Resumindo, esses mecanismos levam a uma diminuição da concentração de ferro na circulação e, portanto,
a uma disponibilidade limitada de ferro para as células eritroides.
• No Painel D, TNF-α e interferon-γ inibem a produção de eritropoietina no rim. No Painel E, TNF-α, interferon-
γ e interleucina-1 inibem diretamente a diferenciação e proliferação de células progenitoras eritroides. Além
disso, a disponibilidade limitada de ferro e a atividade biológica diminuída da eritropoietina levam à inibição
da eritropoiese e ao desenvolvimento de anemia.
• Os sinais de mais representam estimulação e os sinais de menos inibição. e a interleucina-1 inibem
diretamente a diferenciação e proliferação de células progenitoras eritroides. Além disso, a disponibilidade
limitada de ferro e a atividade biológica diminuída da eritropoietina levam à inibição da eritropoiese e ao
desenvolvimento de anemia.

Patogênese – ADC – Hepcidina


• Proteína de fase aguda diretamente envolvida no metabolismo do Ferro.

• Componente da Resposta Imune Inata.

• Regula absorção de Ferro pelo intestino, transporte do Ferro através da placenta, liberação de Ferro dos
macrófagos.

• Inibe a atividade exportadora de ferro da ferroportina, controlando assim a transferência de ferro para o
plasma sanguíneo dos eritrócitos duodenais que absorvem o ferro, dos macrófagos que reciclam o ferro dos
eritrócitos senescentes e dos hepatócitos que armazenam ferro.

• Efeito: Ação da Ferroportina

• A hepcidina exerce sua função através da sua ligação à ferroportina, uma proteína presente na membrana
celular de macrófagos, enterócitos, hepatócitos e sinciciotrofoblastos placentários, impedindo a saída de
ferro das células. Após a formação do complexo hepcidina-ferroportina, este é internalizado e
posteriormente degradado nos lisossomas.

• Em condições patológicas, tais como deficiência de ferro e hipóxia, ocorre a redução da síntese hepática de
hepcidina. Já a presença de infecção, inflamação e atividade física induzem o aumento da síntese hepática
de hepcidina mediada pela interleucina
• Ação da hepdicina no metabolismo do
ferro: ao formar o complexo com a
ferroportina leva à sua degradação. No
entanto, o ferro não é transportado
para o exterior da célula, e a absorção
é inibida (figura da esquerda). No
macrófago, o ferro fica acumulado no
seu interior, diminuindo o ferro
disponível para a eritropoiese (figura à
direita).

Significativa correlação com os níveis de IL-6,


sendo os valores maiores naqueles pacientes
que apresentavam características mais
agressivas da doença.
Epidemiologia – ADC
ADC é considerada a segunda maior causa de anemia.

• Frequentemente, a anemia em indivíduos com doenças inflamatórias é complexa e multifatorial.

• Desafio distinguir qual componente compete à ADC.

• AR: 33-60% dos pacientes.

• Anemia no Câncer: 30% dos casos ao diagnóstico, podendo alcançar taxas de até 63% dos casos ao longo do
tratamento.

• Mais comum nos casos de neoplasias hematológicas.

• ADC conta para 1/3 dos casos de anemia nos idosos – concomitância das doenças crônicas inflamatórias.

Apresentação clínica - ADC


Apresentação típica: condição clínica crônica que contenha componente inflamatório.
• Malignidades
• Infecção pelo HIV
• Desordens Reumatológicas (Colagenoses)
• Doenças Inflamatórias Intestinais
• Insuficiência Cardíaca
• Idosos
• Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
• Sintomas em quase totalidade dos pacientes estão correlacionados com a doença de base, ao invés
da anemia, que geralmente é de grau leve a moderado.
• Limitação das atividades cotidianas e do estilo de vida dos pacientes.
Apresentação clínica variante aguda -ADC
Anemia relacionada a eventos agudos pode ocorrer após:

• Cirurgias

• Traumas

• Sepse

• Infarto Agudo do Miocárdio

• “Anemia das Doenças Críticas”

Achados laboratoriais ADC


• Anemia de gravidade variável.

• Vários pacientes tem anemia leve, com Hemoglobina variando entre 10-11g/dL.

• Predomina: anemia normocítica, normocrômica.

• Em menos de 25% dos casos: anemia microcítica e hipocrômica.

• VCM E HCM: normais ou levemente reduzidos.


• CHCM: não se altera.

• Anemias graves (Hb < 8g/dL): 20% dos casos.

• A contagem de reticulócitos é frequentemente baixa: refletindo a reduzida produção de células vermelhas


pela medula.

• Anemia pode ser acompanhada por elevação das citocinas e das provas de fase aguda (Fibrinogênio,
proteina C reativa, Ferritina, Haptoglobina, fator VIII).

• Ferro Sérico baixo.

• IST baixa ou normal.

• TIBC baixa (Transferrina baixa).

• 20% dos pacientes: deficiência de Ferro real.

• Ferritina sérica normal ou elevada.

• Receptor Solúvel de Transferrina (sTR): permite a medida quantitativa da atividade total de EPO.

➢ Sua concentração é diretamente proporcional à taxa da EPO e inversamente proporcional à disponibilidade


tecidual do Ferro.

➢ Desta forma, sTR é normal nos pacientes com ADC.

➢ Anemia Ferropriva: sTR está aumentado.

• Relação entre rTR/Ferritina.

• Esfregaço de sangue periférico: hemácias normocíticas e normocrômicas (75% dos pacientes).

• Podem também ser visualizadas alterações celulares que podem ser sugestivas de desordens sistêmicas.

• Estudo da Medula Óssea: macrófagos contém quantidades de ferro normais ou elevadas.

• Precursores eritróides estão diminuídos ou ausentes.

Diagnóstico ADC
• ADC: suspeitar em paciente com processo infeccioso agudo ou crônico, desordem inflamatória ou
condição neoplásica associada a anemia leve ou moderada, normocítica e normocrômica,
hipoproliferativa.

• Diagnóstico:

1. Ferro Sérico reduzido

2. TIBIC baixo

3. Saturação de Transferrina baixa (IST baixa)

4. Ferritina Sérica aumentada ou normal

5. Proteína C reativa elevada

Outros testes laboratoriais:

1. Níveis séricos de EPO normais ou levemente reduzidos

2. Contagem de Reticulócitos geralmente reduzida

3. rTR normal

4. Relação rTR/Ferritina reduzida


5. Níveis de Hepcidina elevados.

Diagnóstico diferencial ADC


1. Deficiência de Ferro:

• Pode ser isolada e/ou concomitante.

• Principal diagnóstico diferencial.

• Podem contribuir para diferenciar: rTR/Ferritina, níveis de rTR, VCM, HCM, reticulócitos.

• MO: deficiência de Ferro em macrófagos e eritrócitos.

2. Síndromes Mielodisplásicas

3. Anemias Sideroblásticas: anéis sideroblásticos.

4. Anemia de Doença Renal Crônica

5. Anemia das Doenças Endocrinológicas

Anemias Graves: Anemia Ferropriva, Talassemias, Anemias Sideroblásticas e Síndromes Mielodisplásicas.

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