Você está na página 1de 11

Redes: Saiba o que é uma VLAN e

aprenda a configurar
25 JUL 2018 · NETWORKING44 COMENTÁRIOS

O termo VLAN (Virtual LANs – redes locais virtuais) não é


propriamente novo para os leitores do Pplware. Em finais de 2010,
escrevemos aqui um artigo sobre VLANs e também quais os
benefícios numa rede de dados.
Hoje vamos apresentar mais alguns conceitos e ensinar a configurar
num switch Cisco.

Afinal o que é uma VLAN?


Devido ao crescimento e complexidade das redes informáticas, é
muito comum nos dias de hoje que a rede física seja “dividida” em
vários segmentos lógicos, denominadas de VLANs. Uma VLAN é
basicamente uma rede lógica onde podemos agrupar várias máquinas
de acordo com vários critérios (ex. grupos de utilizadores, por
departamentos, tipo de tráfego, etc).

As VLANs permitem a segmentação das redes físicas, sendo que a


comunicação entre máquinas de VLANs diferentes terá de passar
obrigatoriamente por um router ou outro equipamento capaz de
realizar encaminhamento (routing), que será responsável por
encaminhar o tráfego entre redes (VLANs) distintas. De referir ainda
que uma VLAN define um domínio de broadcast (ou seja, um brodcast
apenas chega aos equipamentos de uma mesma VLAN). As VLANs
oferecem ainda outras vantagens das quais se destacam: segurança,
escalabilidade, flexibilidade, redução de custos, etc.
No exemplo da imagem a seguir temos 2 VLANs criadas no switch
(VLAN 100 e VLAN 200).  Na VLAN 100 temos o Host A e o Host B.
Na VLAN 200 temos o Host C e o Host D. Num switch podemos
configurar várias VLANs criando assim vários domínios de broadcast 
– o tráfego de uma VLAN não é enviado para outra VLAN. Para que
tal aconteça é necessário que haja encaminhamento (por exemplo
através de um router). Assim, neste exemplo, independentemente das
máquinas estarem ligadas ao mesmo equipamento físico, o Host A só
consegue comunicar com o Host B (e vice-versa) e o mesmo acontece
com o Host C e o Host D.

Quando ter uma rede física segmentada em


VLANs?
Imaginem, por exemplo, que foram contactados para implementar uma
rede numa Universidade. Considerando que vamos ter
utilizadores/serviços/perfis distintos (ex. Apoio à Direção, pessoal da
contabilidade, pessoal dos recursos humanos, externos, etc) a
ligarem-se à mesma rede física. Nesse sentido é importante que as
máquinas estejam em redes separadas (mesmo estando ligadas no
mesmo switch ou segmento de rede). Não faz sentido (essencialmente
por questões de segurança), que um utilizador (ex.um aluno), se ligue
à mesma rede onde estão os utilizadores que fazem parte do serviço
da contabilidade.
Vejam o seguinte cenário para um edifício: 3 grupos distintos de
utilizadores que pertencem à contabilidade, gestão de recursos
humanos e apoio à direção. Os utilizadores dos três serviços
encontram-se distribuídos pelos vários pisos no mesmo edifício, mas
em termos de rede (uma que vez foram configuradas VLANs),
encontram-se na rede (VLAN) definida para cada serviço.
A comunicação entre utilizadores de serviços diferentes só é possível,
se configurado o encaminhamento no router.

A constituição de VLANs numa rede física, pode dever-se a questões


de:

 Organização – diferentes departamentos/serviços podem ter a sua


própria VLAN. De referir que a mesma VLAN pode ser configurada
ao longo de vários switchs, permitindo assim que utilizadores do
mesmo departamento/serviço estejam em locais físicos distintos
(ex. Utilizador A – Polo 1, utilizador B – Polo 2) da mesma
instituição;
 Segurança– Pelas questões que já foram referidas acima, ou por
exemplo para que os utilizadores de uma rede não tenham acesso
a determinados servidores;
 Segmentação– Permite dividir a rede física, em redes lógicas mais
pequenas e assim tem um melhor controlo/gestão a nível de
utilização/tráfego.
 

VLANs – Tipo de portas


Um switch com a capacidade para criação de VLAN suporta dois tipos
de portas:

 Portas de Acesso (ligações de acesso)


 Portas Trunk (ligações partilhadas)
Uma Porta de Acesso (access), permite associar uma porta do switch a
uma vlan. As portas do tipo acesso são usadas para ligar PCs,
impressoras, etc. Por omissão, todas as portas do switch vêm
configuradas na VLAN 1.
Uma Porta Trunk, normalmente usada para interligação de switchs ou
ligação a routers, e permite a passagem de tráfego de várias VLANs.
Configurando uma porta como trunk, todo o tráfego de todas as
VLANs criadas no switch podem passar por lá, no entanto o
administrador pode limitar ao número de VLANs que pretender. Como
podem ver pela imagem seguinte, a ligação entre o switch A e o
Switch B é realizado através de portas Trunk isto porque, no mesmo
link, é necessário passar tráfego da VLAN 100 e 200.

Como configurar?
Para este artigo vamos considerar o exemplo anterior. Vamos também
definir o seguinte endereçamento:

 VLAN 100: 192.168.100.0/24


 VLAN 200: 192.168.200.0/24
Para começar vamos criar as VLANs no switch A e depois associar a
porta Fa0/2 e Fa0/3 à VLAN 100 e a Fa0/4 à VLAN 200. Vamos ainda
atribuir o nome Estudantes à VLAN 100 e Docentes à VLAN 200. Para
tal, entramos no SwitchA e realizamos as seguintes configurações:

SwitchA> enable
SwitchA# configure terminal
SwitchA(config)#vlan 100
SwitchA(config-vlan)#name estudantes
SwitchA(config-vlan)#vlan 200
SwitchA(config-vlan)#name docentes
SwitchA(config-vlan)#exit

SwitchA(config)#interface fastEthernet 0/2


SwitchA(config-if)#switchport mode access
SwitchA(config-if)#switchport access vlan 100

SwitchA(config-if)#interface fastEthernet 0/3


SwitchA(config-if)#switchport mode access
SwitchA(config-if)#switchport access vlan 100

SwitchA(config-if)#interface fastEthernet 0/4


SwitchA(config-if)#switchport mode access
SwitchA(config-if)#switchport access vlan 200
Devem realizar uma configuração semelhante para o SwitchB

SwitchB> enable
SwitchB# configure terminal
SwitchB(config)#vlan 100
SwitchB(config-vlan)#name estudantes
SwitchB(config-vlan)#vlan 200
SwitchB(config-vlan)#name docentes
SwitchB(config-vlan)#exit

SwitchB(config)#interface fastEthernet 0/2


SwitchB(config-if)#switchport mode access
SwitchB(config-if)#switchport access vlan 100

SwitchB(config-if)#interface fastEthernet 0/3


SwitchB(config-if)#switchport mode access
SwitchB(config-if)#switchport access vlan 200

SwitchB(config-if)#interface fastEthernet 0/4


SwitchB(config-if)#switchport mode access
SwitchB(config-if)#switchport access vlan 200

Por fim vamos configurar as portas trunk. Para tal vamos ao SwitchA,
e definimos a porta fastEthernet 0/1 como Trunk.

SwitchA(config-if)#interface fastEthernet 0/1


SwitchA(config-if)#switchport mode trunk

Devem realizar uma configuração semelhante para o SwitchB

SwitchB(config-if)#interface fastEthernet 0/1


SwitchB(config-if)#switchport mode trunk

Caso pretendam ver as VLANS por porta, podem executar o


comando show vlan
Testes
Vamos agora verificar se há comunicação entre máquinas da mesma
VLAN, ligadas a switchs diferentes. Para a realização de testes vamos
tentar pingar do PC0 para o PC3 (que pertencem à VLAN 100). Em
seguida vamos pingar do PC2 para para PC5 (que pertencem à VLAN
200).
Comunicação entre PC0 e PC3
Comunicação entre PC2 e PC5
Espero que tenham percebido o conceito de VLAN, e caso queiram
colocar em prática podem sempre consultar a data sheet dos vossos
switchs para saber se suportam VLANS. Alguém usa esta tecnologia?

Existem ainda outros conceitos dentro do assunto das VLANs como


por exemplo VTP, trunking (protocolo 802.1Q ou ISL da Cisco),
subinterfaces, etc. Esperamos trazer estes temas em próximos
artigos.

Você também pode gostar