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Faculdade de Engenharia

Departamento de Engenharia Electrotécnica

Aparelhos e Medidas Eléctricas

FICHA 9 (Teórica)

INSTRUMENTOS BÁSICOS DE MEDIDAS ELÉTRICAS


VOLTÍMETRO

2º Ano de Engª Eléctrica - 2020

1 Equipe de Trabalho: Engº Luís C. Massango e Engº Consolo


1. Introdução

Em geral, qualquer dispositivo que acuse a passagem de uma corrente eléctrica é chamado de
Galvanómetro. E, tal como pode ser utilizado para a construção de um medidor da intensidade
de uma corrente eléctrica mais elevada (amperímetros), conforme vimos nas aulas anteriores,
poderá servir para determinação da diferença de potencial (ddp, tensão eléctrica) entre dois
pontos de um circuito (voltímetros).

Figura 1.1 – Apresentação do Amperímetro/Voltímetro com Galvanómetro embutido.

A figura 1.1, revela-nos que a apresentação de um medidor eléctrico (amperímetro, voltímetro ou


mesmo multímetro) de forma geral e externa não mostra a presença de um galvanómetro no
medidor. Mas como devemos imaginar que o galvanómetro aparece embutido no medidor,
assim, podemos afirmar que o galvanómetro é o “coração” dos aparelhos analógicos de medida
de corrente e de tensão que usamos em nosso laboratório.

2. Voltímetro
Como é do nosso conhecimento, o voltímetro é utilizado para realizar medidas de tensão
eléctrica (ou d.d.p) entre dois pontos do circuito. Abaixo podemos verificar a sua representação,
ligação e unidade de medida:

Figura 2.1 – Representação/Unidade para o voltímetro.

Quando pretendemos efectuar medição da tensão em uma carga eléctrica, devemos ligar o
instrumento em paralelo, veja a figura 2.2.

2 Equipe de Trabalho: Engº Luís C. Massango e Engº Consolo


Figura 2.2 – Esquema de ligação de um voltímetro nos terminais de uma lâmpada L2.

Os voltímetros analógicos são instrumentos de medida de tensão que utilizam um galvanômetro


como sensor. A tensão do fundo de escala do galvanómetro pode ser calculada como um simples
produto entre IGmax e RG, mas este valor é bastante pequeno:

UGmáx = IGmax x RG

2.1 Construção de um voltímetro


Caso a corrente ou tensão supera os valores que a bobina do galvanómetro suporta, esta pode
danificar-se. Assim, para poder medir tensões maiores do que a tensão do fundo de escala do
galvanómetro (voltímetro), é necessário usar um divisor de tensão (no lugar do divisor de
corrente, como acontece no amperímetro), que é nada mais que um resistor R’’ (resistência
multiplicadora) colocado em série com o resistor do galvanómetro. Esta configuração é exibida
na figura 2.3.

Figura 2.3 – Circuito eléctrico de um voltímetro.

Note que, com o resistor R’’, a tensão entre os terminais “a e b” fica dividida entre esse resistor
e o galvanómetro (RG) , por isso o nome “divisor de tensão”.
Se entre os terminais “a e b” da figura 2.3 for aplicada uma tensão V, a corrente através do
galvanómetro será dada por:

3 Equipe de Trabalho: Engº Luís C. Massango e Engº Consolo


Se a corrente máxima permitida pelo galvanómetro for IGmax, a máxima tensão que poderá ser
medida pelo voltímetro (usualmente denominada alcance ou tensão de fundo de escala do
voltímetro) será:

Em outras palavras, podemos escolher a resistência R” para construir um voltímetro com tensão
de fundo de escala Vmax que pretendermos. Sendo que, quanto maior for o valor da resistência
R’’, maiores valores de tensão poderão ser medidos pelo voltímetro.

Conforme referimos no modo de ligação do voltímetro, por exemplo, na figura 2.4 deseja-se
medir a diferença de potencial em um elemento de um circuito (R2), e portanto, o voltímetro
deve ser conectado em paralelo com o mesmo.

Figura 2.4 – Medição com voltímetro.

Ele medirá a d.d.p apenas entre os pontos “ x e y”, ou seja, sobre o resistor R2. Se desejarmos
medir a d.d.p sobre o resistor R1 ou R3, devemos associar o voltímetro em paralelo com os
respectivos resistores.

Assim, dizemos que o voltímetro consiste de dois resistores em série. Sua resistência interna é:

RV= R’’ + RG

Para melhores medições com o voltímetro, existem recomendações à volta do valor de Rv. Para
analisarmos melhor a influência do valor da resistência interna Rv de um voltímetro num
circuito, consideremos a tensão na resistência R2, no circuito abaixo:

4 Equipe de Trabalho: Engº Luís C. Massango e Engº Consolo


1) Pelas leis de kirchhoff podemos
escrever que:

Agora, podemos montar o voltímetro no circuito, por forma a medirmos a queda de tensão em
R2. Primeiro iremos colocar o instrumento em paralelo com a resistência com uma resistência
interna Rv de 1 KΩ.

Assim,

CONCLUSÃO:

Ao ligar o voltímetro no circuito alterou-se o valor da corrente no circuito (de It = 0,25 mA para
It = 0,42 mA), bem como variou a queda de tensão em R2 (UR2 = 8.25 V para UR2 = 407 mV-
valor lido pelo voltímetro), o que torna a medida efectuada pelo voltímetro totalmente errada.
Ou seja, o voltímetro de resistência interna 1 KΩ, introduz um erro muito grande, pois o valor
medido é bastante diferente do valor ideal, o calculado.

5 Equipe de Trabalho: Engº Luís C. Massango e Engº Consolo


Agora iremos determinar a queda de tensão em R2 que se encontra em paralelo com um outro
voltímetro, que possui uma resistência interna de 500KΩ.

Assim,

Com isto, verifica-se que quando aumentamos o valor da resistência interna do voltímetro (Rv),
nos aproximamos ao valor real da tensão eléctrica no elemento. No entanto, como a resistência
interna do voltímetro ( RV= R’’ + RG ) não é infinita, o voltímetro drena uma parte da corrente
que passaria pelo elemento a medir, o que pode afectar as características do circuito. Para
minimizar este efeito, a corrente que se desviará do circuito passando pelo galvanómetro deve
ser mínima.

Uma forma de garantir isso é construir um voltímetro com uma resistência interna muito
elevada, conforme pode-se comprovar pelo cálculo do limite:

É evidente que um voltímetro real não pode ter resistência infinita, pois dessa maneira ele não
seria percorrido por nenhuma corrente e não haveria medição desejável.

Desse modo, a resistência interna do voltímetro deverá ser a mais elevada possível, isto é, pelo
voltímetro deve circular uma corrente muito pequena que não influa em nada as características
próprias de funcionamento do circuito sobre o qual se efectua a medição.

Assim, podemos concluir que a resistência interna do voltímetro:

6 Elaborado pelo Engº Luís C. Massango


Isso significa que a resistência interna de um voltímetro é directamente proporcional à tensão de
fundo de escala. Contudo:
 Usar o voltímetro numa escala maior torna a medida menos precisa (numa situação em
que é possível usar uma escala menor), porque a deflexão do ponteiro é menor e mais
difícil de ser medida, mas tem a vantagem de maior resistência interna;
 Usar um voltímetro numa escala menor, pode comprometer a segurança do instrumento,
pois maiores correntes não são suportadas pela bobina.

Os voltímetros analógicos (de ponteiro) costumam indicar a resistência interna por volt de fundo
de escala (usualmente expresso em kΩ / V). Vemos também que a relação entre Rv e Vmax
depende apenas de IGmax; para aumentar Rv, é necessário um galvanômetro bastante sensível,
com IGmax pequeno.

2.1. Fundo de escala do voltímetro

O valor escolhido para a resistência R’’ também influenciará o valor do fundo de escala do
voltímetro. Considere um voltímetro construído com um galvanômetro cujo fundo de escala é
IG. Quando o galvanômetro for percorrido por essa corrente, a d.d.p sobre o voltímetro (e
consequentemente sobre a parte do circuito avaliada) será igual a U, dada por

U = IG x RV ou U = IG (RG + R’’) = IG.RV

Esta é a tensão máxima que poderá ser medida pelo voltímetro, que obviamente irá depender do
valor do resistor R’’ colocado em série com o galvanómetro.

Na prática, ao utilizarmos um voltímetro, também devemos escolher o fundo de escala antes de


realizar qualquer medida, começando sempre pelo maior valor possível, evitando que o aparelho
seja danificado (prática válida nos casos em que não conhecemos a magnitude da tensão).
Esta selecção de fundo de escala é feita por circuito como o esquematizado na figura 2.5:

Figura 2.5 – Chave selectora de um voltímetro.

7 Elaborado pelo Engº Luís C. Massango


Assim, os diferentes valores de R’’ (1, 2 e 3) deverão estar em série com o galvanómetro à
medida que a chave selectora for girando, formando divisores de tensão, separadamente.
Se por exemplo para os valores das resistências R’’ tivermos R’’1 > R’’2 > R’’3 e em série com
RG, devemos tomar o sentido de seleção de fundo de escala como esquematizado na figura 2.6.

Figura 2.6 – Chave selectora de um voltímetro.

Repare que se uma das resistências R’’ for nula, estaremos a perigar o equipamento de medição
(voltímetro).

Exemplo:

Pretendermos ampliar o campo de medida de um milivoltímetro para passar a afectuar medições


de 0 - 200 V. Tendo em conta que as características do galvanómetro são: RG = 1K e IG=1 mA:

- Determine a resistência R’’ que deverá ser utilizada.


- Determine a resistência interna do voltímetro.

FIM

8 Elaborado pelo Engº Luís C. Massango

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