Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Home > De Peso > A Regra-Matriz De Incidência Tributária Do ITBI E Seu Critério Quantitativo: A Arbitrária Avaliação Do Va
PUBLICIDADE
Compartilhar
2 Comentar
Siga-nos no
OK
(Imagem: Arte Migalhas)
Servindo como introito, é interessante conceituar a regra-matriz de incidência
tributária. Pode-se afirmar que é a norma jurídica tributária em sentido estrito, isto é, o
que define a incidência fiscal, sendo de caráter geral e abstrato. Em outras palavras:
dada a hipótese "x", logo o consequente deve ser "y", de maneira a dispor sobre
determinadas condutas que são englobadas por tal norma jurídica de caráter geral e
abstrato.
O Professor Paulo de Barros Carvalho (2018, p. 256) afirma que "sua construção é obra
do cientista do Direito e se apresenta, de final, com a compostura própria dos juízos
hipotético-condicionais. Haverá uma hipótese, suposto ou antecedente, a que se
conjuga um mandamento, uma consequência ou estatuição".
Por fim, chega-se ao ponto nevrálgico deste presente estudo: o aspecto quantitativo
do ITBI. Sabendo que o referido aspecto é composto por base de cálculo e alíquota,
começar-se-á pela alíquota, uma vez que não é o objeto de análise.
A alíquota do ITBI, como definido pelo artigo 39 do Código Tributário Nacional ( CTN), é
definida pela lei municipal ou distrital. No entanto, o mencionado artigo explica que a
alíquota não poderá exceder os limites fixados em resolução do Senado Federal, "que
distinguirá, para efeito de aplicação de alíquota mais baixa, as transmissões que
atendem à política nacional de habitação" (CASTRO, LUSTOZA, GOUVÊA, 2018, p. 984).
No que tange à base de cálculo, tem-se, aqui, a análise do presente estudo. De forma
semelhante ao Imposto Predial Territorial e Urbano (IPTU), o artigo 38 do CTN elege,
como base de cálculo do ITBI, o valor venal do imóvel.
O alcance da expressão valor venal, de acordo com a doutrina tributária, atinge o valor
do ato negocial, no qual deu ensejo à transmissão do bem imóvel. Nesse mesmo
sentido, compreende o doutrinador Kiyoshi Harada (1998, p. 244), ao afirmar que "o
preço alcançado nas operações de compra e venda à vista, consideradas as condições
normais do mercado imobiliário", será o valor venal.
Aires Fernandino Barreto (2009, p. 295) define que "o valor venal é o preço provável que
o imóvel alcançará para compra e venda à vista, diante de mercado estável e quando
comprador e vendedor têm plena consciência do potencial de uso e ocupação que o
imóvel pode ser dado".
Ou seja, a base de cálculo para incidência do ITBI deve ser o valor real da venda do
imóvel ou o valor de mercado, que pode ou não coincidir com o valor do negócio
jurídico celebrado.
O Fisco deve buscar a verdade material da base de cálculo do ITBI, não sendo
obrigada a aceitar o valor declarado pelo contribuinte, quando este for,
notoriamente, inferior ao de mercado (CASTRO, LUSTOZA, GOUVÊA, 2018, p. 981).
Contudo, não são raras as operações imobiliárias em que o Fisco apresenta estimativa
do valor venal que não corresponde com o valor de mercado do bem.
Nesses casos, quando houver divergência quanto ao valor declarado pelo contribuinte
e o apurado pelo Fisco, poderá ser instaurado um procedimento administrativo fiscal
para apuração do real valor para seu posterior lançamento, não podendo, a Fazenda
Municipal ou Distrital, arbitrariamente, estipular qualquer valor a maior.
----------
BARRETO, Aires Fernandino. Curso de Direito Tributário Municipal . São Paulo: Saraiva. 2009.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, 05 out.
1988. Disponível aqui.
BRASIL. Lei nº. 5.172 de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui
normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Diário Oficial da União,
Brasília, 27 out. 1966, retificado no Diário Oficial da União de 31 de out. 1966. Disponível aqui.
CASTRO, Eduardo M. L. Rodrigues de; LUSTOZA, Helton Kramer; GOUVÊA, Marcus de Freitas. Tributos
em Espécie. 5 ed. Salvador: JusPodi
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário . 29 ed. São Paulo: Saraiva Educação. 2018.
__________, Paulo de Barros. Direito Tributário, Linguagem e Método . 6 ed. São Paulo: Editora Noeses.
2015.
HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. 26 ed. São Paulo: Editora Atlas. 1998.
ISSN 1983-392X