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Chicagoland

Vampires, 04

Hard Bitten

Chloe Neill
CAPÍTULO UM

Magia é o que a Magia Faz.

Final de agosto
Chicago, Illinois

Trabalhamos sob o brilho dos holofotes que perfuravam as trevas do


Hyde Park , quase cem vampiros agitando tapetes, pintando portas de
armários, lixando as guarnições.

Um punhado de homens de aspecto grave em preto; Fadas


mercenárias extras que tínhamos contratado para proteção permaneciam
do lado de fora da cerca que formava uma barreira entre o terreno de um
quarteirão de largura da Casa Cadogan e o resto da cidade.

Em parte, eles estavam nos protegendo de um segundo ataque de


Metamorfos. Que parecia improvável, mas assim que teve o primeiro
ataque, liderado pelo irmão mais novo do líder da Manada da América do
Norte Central. Infelizmente, isso não tinha parado Adam Keene.

Eles estavam também nos protegendo de uma nova ameaça.

Os humanos.

Olhei para cima pela curva elegante da guarnição de madeira que


eu estava limpando a mancha. Era quase meia-noite, mas o brilho dourado
das velas dos manifestantes era visível através da abertura na cerca. Suas
chamas tremeluziam na brisa pegajosa de verão, três ou quatro dúzias de
pessoas tornavam conhecidas as suas objeções silenciosas aos vampiros
na sua cidade.

Popularidade é uma coisa inconstante.

Chicago tinha se revoltado quando nós saímos do armário há quase


um ano. O medo tinha finalmente dera lugar à admiração, completa com
os paparazzi e a propagação de revistas de papel brilhante, mas a
violência do ataque contra a Casa, e o fato de que tínhamos lutado em
resposta e ao fazer isso termos jogado os Metamorfos em campo aberto;
tinha virado as marés novamente. Os seres humanos não ficaram
emocionados ao saber que existíamos, e se os Lobisomens estavam lá
fora também, o que mais se escondia nas sombras? Pelos últimos meses
nós vimos o preconceito bruto e feio de humanos que não nos queriam no
seu bairro e acamparam na frente da Casa para se certificar de que
estávamos cientes disso.

Meu celular vibrou no bolso; eu o abri e atendi: — Carpintaria da


Merit.

Mallory Carmichael, minha melhor amiga no mundo e uma bruxa em


seu próprio direito; bufou do outro lado. — Meio perigoso, não é, ser um
vampiro perto de todos os candidatos a estacas de Aspen?

Eu olhei para a guarnição do cavalete em frente a mim. — Eu não


tenho certeza se alguma desta é de Aspen realmente, mas eu aceito o seu
ponto.

— Presumo a partir da introdução que carpintaria que está em sua


agenda de novo esta noite?

— Você estaria certa. Já que você perguntou, eu estou me dedicando


a uma mancha em uma madeira linda, depois eu provavelmente vou
aplicar um pouco de selante...

— Oh, meu Deus, bocejo. — ela interrompeu. — Por favor, poupe-me


de suas estórias de ferragens. Eu me ofereceria para ir entretê-la, mas
estou indo para Schaumburg. A magia é como a magia faz, e tudo isso.

Isso explicava o barulho do carro no fundo da linha. — Na verdade,


Mal, mesmo que você pudesse fazer isso, somos uma morada livre de
humanos agora.

— Não me diga. — disse ela. — Quando Darth Sullivan expediu esta


ordem?

— Quando o Prefeito Tate lhe pediu.

Mallory soltou um assobio baixo, e sua voz ficou igualmente


preocupada. — Sério? Catcher nem sequer disse nada sobre isso.

Catcher era o atual noivo de Mallory que morava com ela, o feiticeiro
que me substituiu quando eu me mudei para a Casa Cadogan há alguns
meses. Ele também trabalhava no escritório do Ombudsman sobrenatural
da cidade, meu avô, e era suposto estar em conhecimento sobre todas as
coisas sobrenaturais. O gabinete do Ombudsman era uma espécie de
mesa de ajuda paranormal.

— As casas estão mantendo isso encoberto. — admiti. — Se sai que


Tate fechou as Casas, e as pessoas entram em pânico.

— Porque eles acham que os vampiros são uma ameaça real aos
humanos?
— Exatamente. E por falar em ameaças reais, o que você vai
aprender hoje em Schaumburg?

— Har-har, minha amiguinha vampira. Você vai amar e ter medo de


mim no devido tempo.

— Eu já o faço. Você ainda está fazendo poções?

— Na verdade, não. Estamos fazendo algumas coisas diferentes


nesta semana. Como está o mandachuva?

A rápida mudança de assunto foi um pouco estranha. Mallory


geralmente amava um público interessado, quando se tratava do
paranormal e de seu aprendizado de magia. Talvez as coisas que ela
estava aprendendo agora eram realmente tão enfadonhas como
carpintaria, embora isso fosse difícil de imaginar.

— Ethan Sullivan ainda é Ethan Sullivan. — finalmente concluí.

Ela bufou em concordância. — E eu presumo que ele sempre será,


sendo imortal e tudo. Mas algumas coisas mudam. Falando de – e como é
que para um segue? — adivinhe quem está agora usando um óculos velho
pendurado na ponta do seu pequeno nariz perfeito?

— Joss Whedon1? — embora ela tenha levado um pouco de tempo


para se acostumar a idéia de ter magia, Mal sempre teve uma coisa pelo
sobrenatural, ficção ou não. Buffy e Spike eram objetos particulares de
afeição.

1
Escritor e produtor de TV.
— Meu Deus, não. Embora isso não me desse totalmente, uma
desculpa para aparecer na Whedonverse2 e, assim, magicamente corrigir
a sua visão ou algo assim? De qualquer maneira, não. Catcher.

Sorri. — Catcher usa óculos? O Sr. sou-tão-suave-eu-raspo-minha-


cabeça-mesmo-que-eu-não-seja-careca, usa óculos? Talvez esta vá ser
uma noite boa, afinal.

— Eu sei; certo? Para ser justa, eles realmente parecem muito bons
nele. Eu fiz uma proposta para trabalhar um pouco de abracadabra e dar
uns pegas, mas ele recusou.

— Por quê?

Ela aprofundou a voz em uma imitação muito boa. — “Porque isso


seria um uso egoísta de magia, gastar a vontade do universo em minhas
retinas”.

— Isso soa como algo que ele diria.

— Sim. Então são os óculos. E eu vou te dizer, eles fazem pequenos


milagres. Nós definitivamente viramos um canto do quarto. É como se ele
fosse uma pessoa nova. Quer dizer, o seu nível de energia sexual apenas
deixou...

— Mallory. Chega. Meus ouvidos estão começando a sangrar.

— Puritana. — um gancho perfurante tocou no telefone, seguido pela


voz de Mallory. — Aprenda a se fundir, pessoas! Venham! Ok, eu tenho os
motoristas de Wisconsin na minha frente, e eu tenho que desligar o
telefone. Eu falo com você amanhã.

— Boa noite Mal. Boa sorte com os motoristas e a magia.

— Beijos. — disse ela, e a linha ficou muda. Eu meti o telefone de


volta no bolso. Agradeço a Deus pelos melhores amigos.

***

Dez minutos depois, tive a oportunidade de testar a minha teoria


"Ethan ainda é Ethan".
2
Um blog com informações sobre programas de TV, filmes, eventos, etc.
Eu nem precisei olhar para trás para saber que ele entrara atrás de
mim. O frio subindo pela minha espinha era indicação suficiente. Ethan
Sullivan, Mestre da Casa Cadogan, o vampiro que me adicionou à sua
classe.

Após dois meses de cortejo, Ethan e eu passamos uma noite muito


gloriosa juntos. Mas o "juntos" não durou; ele revertera o curso depois que
decidira que sair comigo era um risco emocional que ele não podia correr.
Ele lamentara essa decisão também, e passara os últimos dois meses
tentando, ou assim ele disse, fazer correções.

Ethan era alto, loiro, e quase obscenamente bonito, de nariz


comprido e estreito às maçãs do rosto esculpidas e olhos verde-
esmeralda. Ele também era inteligente e dedicado aos seus vampiros..., e
ele tinha partido o meu coração. Dois meses depois, eu podia aceitar que
ele temera que a nossa relação colocasse sua Casa em risco. Teria sido
uma mentira dizer que eu não senti a atração, mas isso não me fez menos
ansiosa por uma revanche, por isso mantive os pés no chão
cautelosamente.

— Sentinela. — disse ele, usando o título que ele me dera. Um


guarda da Casa, ou semelhante. — Eles estão surpreendentemente
tranquilos esta noite.
— Estão. — eu concordei. Tivemos alguns dias de cantos altos, sinais
de piquete, bongôs e até manifestantes perceberem que não estávamos
cientes do barulho que eles fizeram durante o dia, e os habitantes do Hyde
Park não iriam tolerar barulho depois do anoitecer por muito tempo.

Um ponto para o Hyde Park.

— Faz uma boa mudança. Como estão as coisas aqui fora?

— Nós estamos seguindo em frente. — disse, enxugando uma gota


de corante errante. — Mas eu ficarei feliz quando terminarmos. Eu não
acho que a construção seja minha coisa preferida.

— Eu vou manter isso em mente para projetos futuros. — eu podia


ouvir a diversão em sua voz. Depois de levar um segundo para verificar a
minha força de vontade, olhei para ele. Esta noite Ethan usava jeans e
uma camiseta de pintura manchada, e seu cabelo dourado no
comprimento do ombro estava preso na nuca. Sua roupa pode ter sido
casual, mas não havia nenhuma dúvida no ar do poder e confiança
indefectível que marcavam este príncipe entre os vampiros.

As mãos nos quadris, ele examinou sua equipe. Homens e mulheres


trabalhavam em mesas e cavaletes no gramado da frente. Seu olhar de
esmeralda seguiu trabalhador por trabalhador enquanto ele media seu
progresso, mas seus ombros estavam tensos, como se ele estivesse
sempre ciente de que o perigo espreita exatamente fora do portão.

Ethan não era menos bonito de jeans e tênis fazendo o balanço de


seus parentes vampiros.

— Como estão as coisas lá dentro? — perguntei.

— Continuando, embora lentamente. Coisas que iriam mais rápido


se nós tivéssemos permissão para trazer os trabalhadores humanos da
construção.

— Não trazê-los nos salva do risco de sabotagem humana. —


apontei.

— E o risco de o contratante das placas de gesso se tornar um


lanche. — ele meditou. Mas quando ele olhou para mim novamente, uma
linha de preocupação apareceu entre os olhos.

— O que é? — eu incitei.

Ethan ofereceu o seu movimento de assinatura, uma única


sobrancelha arqueada.

— Bem, obviamente outra coisa além dos manifestantes e a


constante ameaça de ataque. — disse.

— Tate ligou. Ele pediu um encontro com nós dois.

Desta vez, fui eu que levantei as sobrancelhas. Seth Tate, o Prefeito


de Chicago em segundo mandato, geralmente evitava misturar-se com os
três Mestres vampiros da cidade.

— Sobre o que ele quer se reunir?

— Isso, eu presumo. — disse ele, gesticulando em direção aos


manifestantes.
— Você acha que ele quer se encontrar comigo porque ele e meu pai
são amigos, ou porque o meu avô trabalha para ele?

— Isso, ou porque o Prefeito pode, de fato, estar apaixonado por


você.

Revirei os olhos, mas não conseguiu impedir o quente rubor que


subiu ao meu rosto. "Ele não está apaixonado por mim. Ele só gosta de ser
reeleito."

— Ele está apaixonado, não que eu não consiga entender a emoção.


E ele nem mesmo viu você lutar ainda. — voz de Ethan era doce.
Esperançosa.

Difícil de ignorar.

Durante semanas, ele tinha sido atencioso assim, lisonjeiro.

Isso não quer dizer que ele não teve seus momentos de irritação. Ele
ainda era o Ethan, afinal, ainda um vampiro Mestre com uma casa cheia
de novatos, que nem sempre o agradava, e para piorar a situação, ele
estava chegando ao fim de um longo mês de reabilitação daquela Casa.
Construção nem sempre andava rapidamente em Chicago, e movia-se
ainda mais lentamente quando o assunto da construção era um antro de
vampiros de três andares. Uma jóia arquitetônica de um antro, com
certeza, mas ainda um antro de sanguessugas noturnos, blá blá blá.
Nossos fornecedores humanos eram frequentemente relutantes a ajudar,
e que não exatamente entusiasmava Ethan.

Com a construção, porém, Ethan estava fazendo as coisas certas,


fazendo todos os movimentos certos. O problema era que ele tinha
abalado a minha confiança. Eu esperava encontrar meu próprio final feliz,
mas eu ainda não estava preparada para acreditar que este Príncipe
Encantado em particular estava pronto para fugir a cavalo ao por do sol.
Dois meses depois, a dor, e a humilhação, ainda era muito real, a ferida
em carne viva demais.
Eu não era ingênua o bastante para negar o que havia entre mim e
Ethan, ou a possibilidade de que o destino quis nos unir novamente.
Afinal, Gabriel Keene, a cabeça da Manada da América do Norte Central,
de alguma forma compartilhara comigo uma visão sobre um par de olhos
verdes que pareciam os do Ethan..., mas não eram. (Eu sei. "Que diabos?"
tinha sido a minha reação também.)
Eu queria acreditar nele. Assim como qualquer outra menina na
America, eu li os livros e vi os filmes em que o menino percebe que ele
tomou uma decisão horrível..., e volta novamente. Eu queria acreditar que
Ethan lamentou a minha perda, para que seu arrependimento era real, e
que suas promessas eram sérias. Mas isto não era um jogo. E como
Mallory havia assinalado, não teria sido melhor se ele me quisesse desde o
início?

Entretanto, enquanto eu pesava o novo Ethan contra o velho Ethan,


eu joguei de Sentinela obediente. Manter as coisas profissionais me deu o
espaço e os limites que eu precisava..., e tinha a vantagem de irritá-lo.
Imatura? Com certeza. Mas quem não teve a oportunidade de dar um
puxão no seu chefe quando teve a chance?

Além disso, a maioria dos vampiros eram membros de uma Casa ou


de outra, e eu era imortal. Eu não poderia me esquivar exatamente de
trabalhar com Ethan sem me condenar a uma eternidade passada como
um banido. Isso significava que eu tinha que fazer o melhor da situação.

Evitando a intimidade na sua voz, eu sorri educadamente para ele.


— Espero que ele não precise me ver lutar. Se eu estou brigando na frente
do prefeito, as coisas definitivamente caíram. Quando é que vamos partir?

Ethan estava quieto tempo suficiente para que eu olhasse para ele,
vi a seriedade em sua expressão. Isso arrancou as cordas do meu coração
ao vê-lo parecer decidido assim sobre mim. Mas o que quer que seja que o
destino pode ter reservado para nós no caminho, eu não estava pegando
essa saída hoje.

— Sentinela.

Havia uma reprovação suave em sua voz, mas eu estava firmando


meu plano. — Sim, Liege?

— Seja teimosa se quiser, se precisar, mas sabemos como isso vai


acabar.

Eu mantive meu rosto vazio. — Isso vai acabar como sempre acaba,
com você sendo Mestre e eu sendo Sentinela.

A lembrança de nossas posições deve ter feito isso. Tão


abruptamente como tinha ligado o encanto, Ethan o desligou novamente.
— Esteja lá embaixo, em 20 minutos. Vista seu terno. — e então ele se foi,
caminhando com determinação as escadas e de volta para casa Cadogan.

Eu praguejei em silêncio. Aquele garoto que iria ser a minha morte.

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