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PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL

MÓDULO: TEORIA GERAL E PROCESSO DE CONHECIMENTO

TEMA: PETIÇÃO INICIAL. VALOR DA CAUSA. PEDIDO. EMENDA.


INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL. IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO
PEDIDO.

Conforme ensina Humberto Theodoro Júnior: “Sem a petição inicial,


não se estabelece a relação processual. É ela que tem a força de
instaurar o processo e de fixar o objeto integral daquilo que vai ser
solucionado pelo Órgão Jurisdicional: o litígio”1.

O art. 319 do CPC elenca os requisitos mínimos, porém essenciais


para a propositura da inicial e o art. 320 dispõe sobre os documentos
indispensáveis para a instruir. Assim, deve indicar: I – o juízo a que é
dirigida; II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de
união estável, a profissão, o número no cadastro de pessoas físicas ou
no cadastro nacional de pessoas jurídicas, o endereço eletrônico, o
domicílio e a residência do autor e do réu; III – o fato e os fundamentos
jurídicos do pedido; IV – o pedido com as suas especificações; V – o
valor da causa; VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a
verdade dos fatos alegados; VII – a opção do autor pela realização ou

1
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil - 62. ed. rev., atual. e
ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2021.

não de audiência de conciliação ou de mediação. Com relação ao item


II acima, o autor poderá requerer ao juiz as diligências necessárias
para a obtenção das informações, caso não as possua. O juiz analisará
se a inicial preenche todos os requisitos, e, estando apta, pronunciará
de modo a permitir o andamento do processo.

O professor Fredie Didier Jr. define a importância da petição inicial:


“Como a demanda tem a função de bitolar a atividade jurisdicional, que
não pode extrapolar os seus limites (decidindo além, aquém ou fora do
que foi pedido), costuma-se dizer que a petição inicial é um projeto de
sentença: contém aquilo que o demandante almeja ser o conteúdo da
decisão que vier a acolher o seu pedido” 2.

Ademais, ensina Araken de Assis: “O princípio da demanda baseia-se


na autonomia privada. O Estado Constitucional Democrático reserva
aos particulares um âmbito mais ou menos amplo de
autodeterminação. A autonomia privada é incompatível com o Estado
totalitário. Em virtude da autodeterminação, o titular da situação de
vantagem, chamada direito subjetivo, dispõe livremente do respectivo
exercício. Cabe-lhe decidir se exercerá a respectiva pretensão, ou não,
e, havendo litígio, acudirá ao serviço público chamado de jurisdição.
Ninguém é constrangido a pleitear em juízo. O art. 2.º do NCPC declara
iniciar o processo civil por iniciativa da parte por decorrência desse
princípio. O impulso inicial da parte também descansa no princípio da
oportunidade. Essa é outra das facetas da autodeterminação do
indivíduo reconhecida pelo direito substantivo” 3

2
DIDIER JÚNIOR, Fredie.Curso de Direito Processual Civil, 23º ed. Ed. Juspodivm, 2021.
3
ASSIS, Araken. Processo Civil Brasileiro. Vol II. São Paulo. Ed. RT 2016.

Toda causa deve ter um valor certo, ainda que não tenha conteúdo
econômico imediato aferível (art. 291 do CPC). O valor da causa
encontra previsão nos artigos 291 a 293, do CPC/2015, que constará
na petição inicial e/ou reconvenção. A ausência da indicação do valor
na peça vestibular não implica em seu indeferimento de imediato, pois
deverá o juiz determinar que o autor emende ou complete a inicial, no
prazo de 15 dias, nos termos do art. 321 CPC.

O artigo 292, do CPC/2015, dispõe qual será o valor da causa.


Vejamos:

“Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da


reconvenção e será:
I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do
principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se
houver, até a data de propositura da ação;
II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o
cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de
ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida;
III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais
pedidas pelo autor;
IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de
avaliação da área ou do bem objeto do pedido;
V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor
pretendido;
VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia
correspondente à soma dos valores de todos eles;

VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor;


VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido
principal.
§ 1º Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-
se-á o valor de umas e outras.

§ 2º O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação


anual, se a obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo
superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das
prestações.
§ 3º O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa
quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em
discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em
que se procederá ao recolhimento das custas correspondentes.”

O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor atribuído


à causa pelo autor, sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito,
impondo, se for o caso, a complementação das custas.

O pedido é a conclusão da exposição dos fatos e dos fundamentos


jurídicos, se traduz na providência jurisdicional pretendida pelo autor
para solução da lide. O art. 324 do CPC indica que o pedido deve ser
certo e determinado. A certeza relaciona-se ao pedido imediato, ou
seja, à espécie de tutela jurisdicional pretendida. Certo é o pedido
formulado expressamente quanto ao tipo de tutela desejada pelo autor
no processo de conhecimento: condenação, declaração ou
constituição.

Já o pedido mediato deve, obrigatoriamente, ser determinado em


relação aos efeitos práticos que se objetivam da tutela. Não é completo
o pedido que apenas prevê de forma certa a espécie de tutela (pedido
imediato). O autor também deverá, de forma determinada, requerer o
bem da vida litigioso, expondo, de forma expressa, os limites e a
extensão da sua pretensão.

Conforme ensina Jorge Amaury Maia Nunes:


“A doutrina distingue entre pedido mediato e pedido imediato. O pedido
mediato é o bem da vida que se busca obter. Pedido imediato é a tutela
jurisdicional pretendida: às vezes, o autor pretende uma simples
certificação, declaração, ou, mais do que isso, a constituição ou
desconstituição (constituição negativa) de determinada relação jurídica,
ou a condenação do réu ao cumprimento de uma obrigação, o que,
inclusive, permite uma espécie de classificação das ações de
conhecimento, em ação declaratória, constitutiva e condenatória. Há,
com certeza, íntima conexão entre pedido mediato e pedido imediato. É
que o pedido imediato é determinado por aquele (mediato), na medida
em que, às vezes, somente uma única forma de tutela jurisdicional é
capaz de dar o bem da vida vindicado em juízo”4.

O pedido deve ser certo e determinado, nos termos dos arts. 322 e
324, do CPC/2015, sendo lícito formular pedido genérico nas ações

4
NUNES, Jorge Amaury Maia . NÓBREGA, Guilherme Pupe da.
https://www.migalhas.com.br/ProcessoeProcedimento/106,MI242941,101048-
Peculiaridades+sobre+o+pedido+no+processo+civil+de+2015+e+no+processo. Acesso em
21/02/2022.

universais, se o autor não puder individualizar os bens demandados; ou


quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do
ato ou do fato; ou, ainda, quando a determinação do objeto ou do valor
da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.

O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o


devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo. É lícito
formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz
conheça do posterior, em não acolhendo o anterior, bem como formular
mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz acolha um deles.

Nos termos do art. 327, do CPC/2015 é lícita a cumulação, em um


único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que
entre eles não haja conexão.

Para a admissibilidade da cumulação deve-se atender os seguintes


requisitos: I – os pedidos devem ser compatíveis entre si; II – o mesmo
juízo deve ser competente para conhecer deles; III – o tipo de
procedimento deve ser o adequado para todos os pedidos.

Pedidos Especiais

Pedido genérico: A própria lei prevê a possibilidade de o autor


formular um pedido genérico, ou seja, aquele em que os efeitos da
tutela não são determinados no momento da propositura da ação
(porém, passíveis de determinação no futuro). O pedido genérico
revela-se verdadeira exceção ao comando que impõe o requisito de
determinação do pedido mediato.

Assim, em rol taxativo, o art. 324 do CPC prevê as situações em que


se admite a indeterminação do pedido mediato:

a) nas ações universais, se não for possível ao autor individualizar os


bens demandados na inicial;
b) quando não for possível determinar, desde logo, as consequências
do ato ou do fato;
c) quando a determinação do objeto ou do valor da condenação
depender de ato que deva ser praticado pelo réu.

Pedido alternativo: O pedido alternativo se relaciona com a própria


obrigação assumida pelo réu no campo do direito material (direito civil).
Nesse caso, o pedido é certo e determinado, mas o autor pretende
uma prestação ou outra: “Art. 325 do CPC. O pedido será alternativo
quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a
prestação de mais de um modo”.

Pedidos alternativos se aplicam quando há possibilidade de


cumprimento da prestação de mais de uma forma. Nessa espécie,
qualquer uma das prestações satisfaz de igual forma a obrigação.

Portanto, nas palavras de Humberto Theodoro Junior: "Pedido


alternativo é, pois, o que reclama prestações disjuntivas: ou uma
prestação ou outra"5.

De acordo com o art. 325, parágrafo único do CPC/2015, se a


alternatividade for benéfica ao credor, será faculdade deste pedir a

5
Ibidem.

condenação a uma prestação fixa ou utilizar-se de pedido alternativo.


Entretanto, quando for benéfica ao devedor, o juiz lhe assegurará o
direito de cumprir a obrigação de um ou outro modo, mesmo que o
autor não tenha formulado pedido alternativo. Apresentados os pedidos
alternativamente, nem todos deverão ser analisados se um deles for
acolhido”.

Pedido subsidiário: Por sua vez, o art. 326 do CPC faculta ao autor
formular pedidos em ordem subsidiária, objetivando que o juiz conheça
do posterior em caso de não acolhimento do pedido anterior. O pedido
subsidiário apenas será apreciado em caso de negativa do pedido
principal.

Pedidos cumulados: Não obstante a possibilidade de o autor formular


pedido subsidiário e alternativo (em que se pretende uma coisa ou
outra), há também a possibilidade de cumulação de pedidos. No
primeiro caso, o pedido subsidiário apenas será apreciado quando
negado o principal; já na cumulação, todos os pedidos deverão ser
apreciados pelo magistrado, representando a soma das pretensões do
autor.

Para que seja admitida a cumulação de pedidos, são necessários os


seguintes requisitos (art. 327, §1º, do CPC):
a) compatibilidade entre os pedidos cumulados;
b) que o mesmo juiz seja competente para conhecer de todos os
pedidos;
c) que o procedimento seja adequado para o processamento de todos
os pedidos; caso contrário, poderá o autor optar pela utilização do
procedimento comum como forma de admissão da cumulação, sem

prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas


nos procedimentos especiais que não forem incompatíveis com as
disposições sobre o procedimento comum.

Pedidos implícitos: A regra é no sentido de que os pedidos devem ser


formulados de forma expressa, e a sua interpretação é realizada de
forma restritiva – só se considera pedido o que estiver contido na
petição –, nos termos do art. 322 do CPC.

São casos de pedidos implícitos:


a) acréscimo dos juros legais de mora (arts. 240 e 322, §1º do CPC)
(devidos desde a constituição em mora – citação, art. 240 do CPC – ou
protesto anterior);
b) correção monetária sobre o valor da condenação (Lei 6.899/1981);
c) honorários advocatícios de sucumbência e reembolso das despesas
processuais adiantadas pela parte vencedora (art. 85 caput e §2º do
CPC);
d) prestações periódicas vincendas (art. 323 do CPC) – em se tratando
de pedido relacionado a prestações periódicas, consideram-se
incluídas as prestações que vencerem durante o curso da ação e até
quando perdurar a obrigação, mesmo que o autor não tenha formulado
pedido expresso a respeito;
e) pena cominatória e tutela específica – mesmo que a parte não
formule pedido expresso com relação ao pedido cominatório ou à
fixação de medidas de apoio (como multas, busca e apreensão, força
policial etc.), deverá o juiz, de ofício, impor tais medidas nas sentenças
que tiverem por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não
fazer e de entrega de coisa, nos termos do art. 497 do CPC.

A emenda da petição inicial atende a um propósito diferente do


aditamento. Trata-se de uma espécie de resposta a uma determinação
do juiz que, caso não cumprida, poderá, tornar o processo inapto para
prosseguimento. O artigo 321 do CPC versa sobre ela e no caso de o
autor não proceder à emenda da inicial, o juiz indeferirá a petição
inicial.

O indeferimento da petição inicial se traduz na rejeição da peça inicial


ante o não cumprimento dos requisitos antes mesmo da citação do réu.
Explica Humberto Theodoro Júnior que:
“Do exame da inicial, ou do não cumprimento da diligência saneadora
de suas deficiências pelo autor, pode o juiz ser levado a proferir uma
decisão de caráter negativo, que é indeferimento da inicial. O
julgamento é de natureza apenas processual e impede a formação da
relação processual trilateral. A relação bilateral (autor/juiz), no entanto,
já existe, mesmo quando o despacho é de simples indeferimento
liminar da postulação, tanto que cabe recurso de apelação perante o
tribunal superior à que estiver subordinado o juiz”6.

As hipóteses de indeferimento da inicial encontram-se enunciadas no


art. 330 do CPC.

6
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil - 61. ed. rev., atual. e
ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2020.

A petição inicial será indeferida quando: (i) for inepta (faltar pedido ou
causa de pedir; o pedido for indeterminado, ressalvados nos casos em
que a lei permite o pedido genérico; da narração dos fatos não decorrer
logicamente a conclusão; ou contiver pedidos incompatíveis entre si);
(ii) a parte for manifestamente ilegítima; (iii) o autor carecer de
interesse processual; (iv) não forem atendidas as prescrições dos
artigos 106 e 321.

Verificada qualquer uma destas situações anormais, o juiz determinará


que o autor, no prazo de 15 dias, supra o defeito, sob pena de
indeferimento (artigo 321 e parágrafo único).

Não se pode confundir a natureza da sentença terminativa da de


indeferimento da petição inicial, com aquela que decorre da
improcedência liminar do pedido, segundo a regra do artigo 332,
implica na prolação de sentença de mérito, que produz coisa julgada
material.

Do indeferimento da petição inicial caberá recurso de apelação, sendo


facultado ao juiz se retratar no prazo de cinco dias. Não havendo
retratação, o réu será citado para responder o recurso. Se a sentença
for reformada pelo tribunal, será concedido prazo para contestação. No
caso de não interposição de recurso de apelação pelo autor, o réu será
intimado do trânsito em julgado da sentença.

A improcedência liminar do pedido encontra previsão a partir do artigo


332 do CPC/2015, que dispõe que nas causas que dispensem a fase
instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará
liminarmente improcedente o pedido: que contrariar (i) enunciado de

súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de


Justiça; (ii) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou do
Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos (iii)
entendimento firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência; (iv) enunciado de súmula
de tribunal de justiça sobre direito local.

E, ainda, poderá ocorrer o julgamento de improcedência liminar do


pedido caso se verifique a ocorrência de decadência ou prescrição.

O referido dispositivo congrega dois diferentes grupos de hipóteses.


Por um lado, há previsão de casos em que o cerne da disputa reside
unicamente em uma questão jurídica que já foi resolvida, em
julgamento precedente ao qual o ordenamento confere especial valor,
contrariamente à pretensão do autor (art. 332, I a IV). Por outro lado,
admite-se a rejeição da demanda em seu mérito quando for possível,
de plano, constatar-se haver prescrição ou decadência (art. 332, § 1º).
Os dois grupos possuem em comum a circunstância de que é
absolutamente desnecessária a produção de qualquer prova para um
julgamento contrário ao interesse/pretensão do autor. O outro elemento
fundamental comum aos dois grupos é a possibilidade de julgamento
liminar apenas contra o próprio autor, que já integra e participa da
relação processual. Uma decisão definitiva contra o réu, nesse
momento, seria ofensiva às garantias do contraditório e da ampla
defesa.

Da decisão de improcedência liminar do pedido caberá apelação,


podendo o juiz retratar-se no prazo de 5 dias. Se houver retratação, o
juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu.

Se não houver retratação, o juiz determinará a citação do réu para


apresentar contrarrazões no prazo de 15 dias. Não havendo
interposição de apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da
sentença (art. 241, do CPC/2015).

- BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa


do Brasil - arts. 5º, LXXIV, 98, 127 e 170.

- BRASIL. Código de Processo Civil (2015). Lei nº 13.105, de 16 de


Março de 2015 - artigos 70 à 187; 113 à 138, 200 à 211, 291 à 293,
778,1.009, 1072).

- EMENTA: “AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. OMISSÃO. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO.
INEXISTÊNCIA. COMPRA E VENDA. CONSUMIDOR
INTERMEDIÁRIO. VULNERABILIDADE RECONHECIDA. APLICAÇÃO
DO CDC. POSSIBILIDADE. SÚMULA 83/STJ. HIPOSSUFICIÊNCIA.
REVISÃO. SÚMULA 7/STJ. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA
ENTRE OS INTEGRANTES DA CADEIA DE CONSUMO. SÚMULA
83/STJ. JULGAMENTO EXTRA PETITA. ANÁLISE LÓGICO-
SISTEMÁTICA DA PETIÇÃO INICIAL. POSSIBILIDADE.
CUMULAÇÃO DOS DANOS MORAIS COM OS LUCROS
CESSANTES. TESE NÃO PREQUESTIONADA. SÚMULA 211/STJ.
DANO MORAL. VIOLAÇÃO A DIREITO DA PERSONALIDADE NÃO

COMPROVADA. AUSÊNCIA DE CITAÇÃO DO DISPOSITIVO DA


LEGISLAÇÃO FEDERAL
VIOLADO. SÚMULA 284/STF. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
1. Segundo orientação jurisprudencial vigente no Superior Tribunal de
Justiça, não há se falar em omissão, contradição, obscuridade ou erro
material, nem em deficiência na fundamentação quando a decisão
recorrida está adequadamente motivada com base na aplicação do
direito considerado cabível ao caso concreto.
2. Aplica-se o CDC nas relações que envolvem o destinatário
intermediário do bem quando constatada sua manifesta
vulnerabilidade.
3. In casu, atestando o Tribunal estadual a hipossuficiência do
consumidor intermediário, mostra-se correto o posicionamento
adotado, o que atrai a aplicação da Súmula 83/STJ. Nesse ponto, o
STJ fica impedido de rever a conclusão do Tribunal local, visto que
seria necessário o revolvimento de fatos e provas, procedimento
vedado pela Súmula 7/STJ.
4. A jurisprudência deste Tribunal de Uniformização confirma o
posicionamento adotado pelo Tribunal estadual, no sentido de que, em
uma relação de consumo, são responsáveis solidários todos aqueles
que integram a cadeia de bens e serviços oferecidos ao consumidor.
5. Não há falar em julgamento extra petita quando o julgador,
mediante interpretação lógico-sistemática, examina a petição
apresentada pela parte como um todo.
6. Inadmissível o recurso especial quanto à questão que, a despeito da
oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a
quo (enunciado n. 211 da Súmula do STJ).
7. Nos termos da jurisprudência deste Tribunal Superior, o recurso
especial possui natureza vinculada, exigindo, para o seu cabimento, a

imprescindível demonstração do recorrente, de forma clara e precisa,


dos dispositivos apontados como malferidos pela decisão recorrida
juntamente com argumentos suficientes à exata compreensão da
controvérsia estabelecida, sob pena de inadmissão pela aplicação da
Súmula 284/STF.
8. Agravo interno desprovido.”
(AgInt no AREsp 1591803 / PR, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 08/02/2021, DJe
12/02/2021)

- EMENTA: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE


DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO CUMULADA COM
COBRANÇA DE ALUGUERES. CONTESTAÇÃO. AUSÊNCIA DE
RECONVENÇÃO OU INTENÇÃO DE RECONVIR. CONDENAÇÃO DA
AUTORA À DEVOLUÇÃO DE VALORES. JULGAMENTO EXTRA
PETITA. OCORRÊNCIA.
1. Ação de despejo por falta de pagamento e descumprimento
contratual cumulada com cobrança de alugueres, em virtude de
contrato de locação de imóvel comercial firmado entre as partes.
2. Ação ajuizada em 27/11/2015. Recurso especial concluso ao
gabinete em 10/10/2019. Julgamento: CPC/2015.
3. O propósito recursal é definir se, na hipótese, o Tribunal de origem
incorreu um julgamento extra petita ao condenar a recorrente à
devolução do valor pago pelo locatário a título de cessão de direito de
uso do espaço, a despeito da ausência de pedido reconvencional.
4. A apreciação do pedido dentro dos limites postos pelas partes
na petição inicial ou na reconvenção não revela hipótese de
julgamento ultra ou extra petita.

5. Na hipótese dos autos, contudo, não houve reconvenção,


tampouco foi manifestada intenção de reconvir por parte do réu,
impondo-se reconhecer que, na espécie, houve inegável
julgamento extra petita por parte do Tribunal de origem.
6. Recurso especial conhecido e provido..”
(REsp 1849967 / SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 09/02/2021, DJe 11/02/2021)

- BRUSCHI, Gilberto Gomes. Recuperação de Crédito, Ed. RT, 2º ed.


2019.

- BRUSCHI, Gilberto Gomes. COUTO, Mônica Bonetti. Recursos


Cíveis Coleção Prática e Estratégia. Volume 8. Ed. RT, 2019.

- NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual


Civil: São Paulo, Volume Único.13º ed. Juspodivm, 2021.

- SCARPINELLA BUENO, Cassio. Manual de Direito Processual Civil


– Vol. único. 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2021.

- JORGE, Flávio Cheim. Teoria Geral dos Recursos. 8 ed. rev. atual.
ampl. São Paulo: RT, 2019.

- EMPÓRIO DO DIREITO. É possível a formulação de pedido genérico


em ação de dano moral ou material decide o STJ. 2016.

http://emporiododireito.com.br/leitura/e-possivel-a-formulacao-de-
pedido-generico-em-acao-de-dano-moral-ou-material-decide-stj
Acesso em 22/02/2022

- NUNES, Jorge Amaury Maia. Indeferimento da petição inicial. 2017.


http://www.migalhas.com.br/ProcessoeProcedimento/106,MI261470,61
044-Indeferimento+da+peticao+inicial
Acesso em 22/02/2022

- PRUSSAK, Jucineia. O novo código de processo civil e a diferença


entre emenda e aditamento da inicial.
https://jucineiaprussak.jusbrasil.com.br/noticias/395276989/o-novo-
codigo-de-processo-civil-e-a-diferenca-entre-emenda-e-aditamento-da-
inicial
Acesso em 22/02/2022

- RIBEIRO, Ester. As hipóteses de indeferimento da petição inicial.


https://jus.com.br/artigos/61873/as-hipoteses-de-indeferimento-da-
peticao-inicial
Acesso em 22/02/2022

- REIS, Juliana Pullino. A impugnação ao valor da causa e a correção


de ofício pelas regras do novo Código de Processo Civil.
https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/49665/a-
impugnacao-ao-valor-da-causa-e-a-correcao-de-oficio-pelas-regras-do-
novo-codigo-de-processo-civil
Acesso em 22/02/2022

- SAMPAIO JÚNIOR, José Herval. Qual a importância do valor da


causa em um processo? O novo CPC inovou na matéria?
https://joseherval.jusbrasil.com.br/artigos/416769048/qual-a-
importancia-do-valor-da-causa-em-um-processo-o-novo-cpc-inovou-na-
materia
Acesso em 22/02/2022

- TALAMINI, Eduardo. Improcedência liminar do pedido no CPC15.


https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI235038,31047-
Improcedencia+liminar+do+pedido+no+CPC15
Acesso em 22/02/2022

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