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LITERATURA INICIAÇÃO À TEORIA

LITERÁRIA
CONTEÚDO HABILIDADES
1. Texto literário e não-literário. 1. Diferenciar o texto literário do não-literário.
2. Elementos do poema: verso, métrica, estrofe e 2. Diferenciar o texto em prosa do poema.
rima. 3. Identificar os elementos constitutivos dos três
3. As categorias básicas da narrativa: assunto, gêneros literários tradicionais.
4. Identificar os elementos constitutivos da poesia
tema, enredo, tempo, foco, espaço, personagens. em poemas da literatura brasileira e portuguesa.
4. Abordagem tripartida dos gêneros literários: 5. Reconhecer as categorias da narrativa em
lírico, épico e dramático. contos, novelas e romances.
6. Reconhecer os elementos constitutivos da
narrativa em textos literários.

1. TEXTO LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO

Modernamente, diz-se que a diferença entre texto literário e não literário reside
no fato de que o texto literário tem uma função estética e de que o não-literário tem uma
função utilitária (informar, convencer, explicar, documentar etc.). Essa função estética,
que caracteriza o texto literário, apresenta os seguintes traços: plurissignificação, cuja
base é a conotação, é utilizada muitas vezes com um sentido diferente daquele que lhe é
comum relevância do plano de expressão e intangibilidade da organização lingüística.
São textos escritos para emocionar, que utilizam a linguagem poética, ou seja, no texto
literário, o modo de dizer é tão (ou mais) importante quanto o que se diz. Função
emotiva e poética predominam no texto literário.
Para considerar se um texto é ou não literário, é preciso analisar sua função
predominante, isto é, qual é seu objetivo principal. Se for informar de modo objetivo, de
acordo com os conhecimentos que se tem da realidade exterior, ou se tiver um
compromisso com a verdade científica, o texto não é literário, mesmo que, ao elaborar a
linguagem, seu autor tenha feito uso de figuras de estilo, utilizado recursos estilísticos
de expressão. A função referencial predomina no texto não-literário.
Exemplos de textos não-literários são: notícias e reportagens jornalísticas,
textos de livros didáticos de História, Geografia, Ciências, textos científicos em geral,
receitas culinárias, bulas de remédio, manuais de instrução.
Exemplos de textos literários são: poemas, romances literários, contos,
novelas, peças de teatro.
Fique atento: as funções da linguagem ajudam a diferenciar um texto literário de
um texto não-literário.

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1.1. PROSA E POEMA
A literatura é a arte das palavras, é a linguagem utilizada de forma artística. Os
textos artísticos podem ser em prosa ou poema. Mas poema, prosa e poesia são
modalidades que os textos artísticos apresentam. Um poema é um textos artístico em
verso, que se delimita em estrofe(s). Tais versos possuem uma melodia própria, o que
dá ao poema um caráter elaborado. A PROSA é forma natural espontânea da expressão
humana pela palavra. Delimita-se em parágrafos. Já A POESIA é o conteúdo
emocional ou subjetivo, que apresenta os textos literários - quer em forma de PROSA
ou POEMA.
As poesias geralmente são em versos; já os romances, contos, novelas, em prosa.
Mas há também prosa em forma de poesia e poesias em forma de prosa.

2. ELEMENTOS DO POEMA: VERSO, MÉTRICA, ESTROFE E

VERSO.
• VERSO
Conjunto de palavras ritmadas segundo a quantidade e distribuição de sílabas
longas e breves, como em latim e grego (versos métricos), ou segundo o número de
sílabas, como em português e francês (versos silábicos), ou segundo a acentuação, como
em alemão e inglês (versos rítmicos). Cada uma das linhas de um poema,
independentemente da métrica que em que estão compostas.
Sílaba do verso
A sílaba para o poeta difere da sílaba para o gramático. O gramático fixa-se nos
elementos gramaticais da palavra, ao passo que o poeta considera apenas o ritmo das
palavras.
• MÉTRICA
Regras para contagem de sílabas
1. Contam-se as sílabas somente até a última tônica do verso.
2. A última vogal átona de uma palavra pode desaparecer na pronúncia diante de
uma vogal de natureza diversa. A esse fenômeno chamamos de elisão.
3. Se a última vogal átona de uma palavra é igual a seguinte, com ela funde-se
numa única sílaba. A isso chamamos crase.
Número de sílabas do verso
O verso classifica-se de acordo com o número de sílabas, que, em português,
pode variar de um até doze.
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1. Pentassílabos – Versos de cinco sílabas, também denominados redondilha
menor.
2. Heptassílabos – Versos de sete sílabas, também conhecidos por redondilha
maior.
3. Decassílabos – Versos de dez sílabas.
4. Dodecassílabos – Verso de doze sílabas, também conhecidos por alexandrinos.

• ESTROFE
É um grupo de versos de um poema. Existem estrofes de 1 a 10 versos. No
poema, as estrofes são separadas por uma linha em branco.

• RIMA
Os versos de uma poesia podem ter rima, ou seja, semelhança sonora entre as
palavras seja no final ou no meio dos versos (rima interna).
Quanto à disposição, as rimas podem ser:
• Interpoladas (intercaladas ou expostas)
“Mudam-se o tempo, mudam-se as vontades, (a)
Muda-se o ser, muda-se a confiança; (b)
Todo mundo é composto de mudança, (b)
Tomando sempre novas qualidades”. (a)
• Cruzadas (ou alternadas)
“O tempo cobre o chão de verde manto, (a)
Que já coberto foi de neve fria, (b)
E em mim converte em choro o doce canto”. (a)
• Emparelhadas
“O universo não é uma idéia minha. (a)
A minha idéia do Universo é que é uma idéia minha. (a)
A noite não anoitece pelos meus olhos. (b)
A minha idéia da noite é que anoitece por meus olhos”. (b)
Fernando Pessoa
• Encadeadas
“Voai, zéfiros mimosos
Vagarosos, com cautela”.
Silva Alvarenga
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Não só o número de versos, estrofes e a presença de rimas que são fatores
preponderantes numa poesia, mas também outros elementos formais, tais como:
Métrica (medida dos versos) e Ritmo (alternância de sílabas quanto à intensidade).
É importante sabermos que existem poemas escritos com ou sem rima, e com ou
sem regularidade métrica. Os versos sem métrica regular (possuem tamanhos diferentes)
são versos livres, e os versos soltos, sem rima entre si, são chamados de versos
brancos.

3. AS CATEGORIAS BÁSICAS DA NARRATIVA: ASSUNTO,


TEMA, ENREDO, TEMPO, FOCO, ESPAÇO, PERSONAGENS.

• TEMA
Tema é a ideia principal de seu texto, por exemplo, educação.

• ASSUNTO
Já assunto é o desenvolvimento daquela idéia, um mesmo texto pode ter vários
assuntos, exemplo.

• ENREDO
O enredo é o desenrolar dos fatos. Relata sobre os fatos acontecidos ou que irão
ser executados pelos personagens. Pode ser organizado de várias maneiras, porém os
mais utilizados são: situação inicial, quebra da situação inicial, estabelecimento de um
conflito, clímax e epílogo.

• TEMPO
O tempo também é de grande importância, pois determina o período da história.
O tempo pode ser cronológico ou psicológico. Cronológico quando mede o tempo e
psicológico quando não é mensurável racionalmente.

• FOCO NARRATIVO
O foco narrativo é a posição tomada pelo narrador ao contar a história. Pode ser
narrador-observador que relata fatos na medida em que esses aparecem, esse tem
conhecimento sobre todo o desenrolar da história; narrador personagem que conhece a
história por estar envolvido nela e narrador neutro que conta a história enquanto pode e
ao mesmo tempo comenta sobre os fatos que ocorrem.

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• ESPAÇO
O espaço da narrativa é o local onde o enredo acontece. É de grande importância
na narrativa, pois pode assumir o papel de personagem dependendo da história contada
ou, ainda, identificar um personagem específico da história.

• PERSONAGENS
Os personagens podem abranger características reais ou imaginárias. O
personagem principal recebe o nome de protagonista, sendo que os demais podem ser
antagonistas, oponentes ou coadjuvantes.

4. ABORDAGEM TRIPARTIDA DOS GÊNEROS LITERÁRIOS:


LÍRICO, ÉPICO E DRAMÁTICO.

O que mais distingue prosa e poema é o ritmo poético, ou seja, a repetição


regular de certos elementos. Os três gêneros da literatura, quanto à estrutura, ao
conteúdo são:
1. LÍRICO: os poemas
2. DRAMÁTICO: textos feitos para encenação teatral
3. ÉPICO: narrativa de fundo histórico
1. LÍRICO
• Passa emoção e estado de espírito, transmitindo o mundo interior do
poeta;
• Forte subjetividade;
• Supressão da história, em troca de sentimentos, sensações e reflexões;
• Combina os elementos poéticos, formando uma estrutura rica: ritmo,
métrica, rima, versos e outros;
• Recursos sonoros.
OS PRINCIPAIS TIPOS DE POESIA:
ELEGIA: poema triste ou que comenta a morte.
ODE: canto de exaltação de alguém ou algum acontecimento, em tom solene,
grave, entusiástico.
HINO: canto destinado a glorificar a pátria ou divindades.
SÁTIRA: crítica aos defeitos humanos, ridicularizando certas situações.
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IDÍLIO: poema bucólico, campestre, pastoril.
ÉCLOGA: poema pastoril como o Idílio, porém com diálogos.
EPITALÂMIO: poema em homenagem ao casamento de alguém.

2. DRAMÁTICO
• Os textos dramáticos podem ser escritos sob a forma de poesia ou prosa;
• Eles são feitos para serem encenados teatralmente;
• O diálogo predomina e por meio dele é apresentada a história, em ação,
representada pelos atores;
• Não há narração.
AS PRINCIPAIS MODALIDADES
TRAGÉDIA: representa uma ação grave, trágica, buscando inspirar compaixão e
terror. As situações são intensas e violentas.
COMÉDIA: representa uma ação comum de forma divertida e bem-humorada,
provocando facilmente o riso.
TRAGICOMËDIA: combinação de elementos trágicos e cômicos.
AUTO: peça curta, com personagens representando virtudes e pecados, ou
figuras religiosas.
FARSA: peça pequena, em tom caricatural e sarcástico, criticando os costumes
da sociedade.

3. ÉPICO
• Conta uma epopéia, ou seja, narra em versos um fato grandioso e
maravilhoso que tenha significado para todo um povo, que seja um ideal;
• Uma aventura importante e perigosa;
• Poesia objetiva e impessoal;
• O narrador se refere ao passado, distanciando-se dos fatos narrados;
• Há a presença de heróis e deuses como personagens.
As epopéias mais famosas e comentadas até hoje são: Ilíada (Homero), Odisséia
(Homero), Eneida (Virgílio), Os Lusíadas (Camões).

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ATIVIDADES
1. Sobre literatura, gênero e estilo literários, pode-se dizer que:
( ) tanto no verso quanto na prosa pode haver poesia.
( ) todo momento histórico apresenta um conjunto de normas que caracteriza
suas manifestações culturais, constituindo o estilo da época.
( ) o texto literário é aquele em que predominam a repetição da realidade, a
linguagem linear, a unicidade de sentido.
( ) no gênero lírico os elementos do mundo exterior predominam sobre os do
mundo interior do eu poético.

2. Com relação aos gêneros literários, é INCORRETO afirmar que, no gênero


a) lírico, o artista retrata criticamente a realidade.
b) épico, o autor se apega à objetividade e à impessoalidade.
c) lírico, a tendência do escritor é revelar as emoções que o mundo causou
nele.
d) dramático, há ausência de narrador, apresentando-se um conflito através
do discurso direto.

3. Identifique os elementos dos poemas abaixo:


A estrela

Vi uma estrela tão alta,


Vi uma estrela tão frita! Por que da sua distância
Vi uma estrela luzindo Para a minha companhia
Na minha vida vazia. Não baixava aquela estrela?
Por que tão alta luzia?
Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria! E ouvi-a na sombra funda
Era uma estrela sozinha Responder que assim fazia
Luzindo no fim do dia. Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.

Manuel Bandeira

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4. Identifique as características da narrativa no conto abaixo:
Bom tempo, sem tempo

Não chovia, meses a fio. Ou chovia demais. As plantas secavam, os


animais morriam, os moradores emigravam. As plantas submergiam, os animais
morriam, as pessoas não tinham tempo de emigrar. Assim era a vida naquele
lugar privilegiado, onde medrava tudo para todos, havendo bom tempo. Mas não
havia bom tempo. Havia o exagero dos elementos.
O mágico chegou para reorganizar a vida, e mandou que as chuvas
cessassem. Cessaram. Ordenou que a seca findasse. Findou. Sobreveio um
tempo temperado, ameno, bom para tudo, e os moradores estranharam. Assim
também não é possível, diziam. Podemos fazer tantas coisas boas ao mesmo
tempo que não há tempo para fazê-las. Antes, quando estiava ou chovia um
pouco - isto é, no intervalo das grandes enchentes ou das grandes secas -, a gente
aproveitava para fazer alguma coisa. Se o sol abrasava, podíamos fugir. Se a
água vinha em catadupa, os que escapavam tinham o que contar. Quem voltasse
do êxodo vinha de alma nova. Quem sobrevivesse à enchente era proclamado
herói. Mas agora, tudo normal, como aproveitar tantas condições estupendas, se
não temos capacidade para isto?
Queriam linchar o mágico, mas ele fugiu a toda.
Carlos Drummond de Andrade

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