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Eletricidade Aplicada 2009/1

Apostila de Introdução a Teoria dos Circuitos

Eletricidade

Engenharia de Produção

Luciana Gomes Castanheira


Eletricidade Aplicada 2009/1

Introdução à Teoria dos Circuitos

1.0 INTRODUÇÃO
Apesar da maioria das instalações elétricas hoje em dia não serem em corrente
contínua, a teoria a ser vista neste capítulo (corrente contínua) constitui uma base para as
demais aplicações que são utilizadas em eletricidade.
Para estudar os circuitos em corrente contínua parte-se de conceitos básicos da
eletrostática e da eletrodinâmica. É feita uma breve revisão de alguns conceitos básicos
relacionados a formas de ondas, como período, freqüência, valores máximo, mínimo e de
pico-a-pico. Também são definidas, basicamente, as grandezas: corrente, diferença de
potencial, potência e energia elétrica.
Em seguida definem-se os elementos básicos dos circuitos de corrente contínua,
quais sejam, as fontes ideais e a resistência, que constituirão os bipolos.
Apresentam-se, então, as redes de corrente contínua (C.C.) e as leis, conceitos e
teoremas para sua resolução. São apresentadas as aplicações das Leis de Kirchhoff.

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1.1 REVISÃO CONCEITOS BÁSICOS


Em uma oscilação periódica um fenômeno se repete identicamente em intervalos
de tempo iguais. Um ciclo é o conjunto de estados sucessivos que se repetem
periodicamente. A duração de um ciclo é o período T da oscilação. A freqüência, então, é
f = 1/T. Se o período é medido em segundos (s), a freqüência é medida em ciclos por
segundo (cps) ou s-1 ou, ainda, Hertz (Hz).
Para conhecer completamente o comportamento de uma função periódica, basta
conhecer seu comportamento durante um ciclo, ou seja, dentro de um intervalo qualquer
(t, t + T).

Valor médio - O valor médio de uma função periódica u(t), cujo período é T, é dado pela
soma de todos os valores que essa função assume, durante um ciclo, dividida pelo
período. Praticamente, corresponde a altura de um retângulo que, nesse intervalo de
tempo, tenha a mesma área que aquela sob a curva que representa a função. Como as
áreas sob a curva que ficam abaixo do eixo dos tempos são consideradas negativas, o
valor médio pode tomar qualquer valor finito positivo, negativo ou nulo. Os três casos
são ilustrados na figura.

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É fácil visualizar que o valor médio de qualquer função trigonométrica de período


2π, sem deslocamento, é igual a zero. Basta ver que a área entre 0 e π é igual e de sinal
contrário à área entre π e 2π.

Valor eficaz - Como uma função periódica u(t) pode tomar valores tanto positivos
quanto negativos, define-se, além da média <u>, outra média chamada quadrática. É um
valor uef cujo quadrado é a média dos quadrados dos valores da grandeza u(t). Por
exemplo, tendo os n valores u(t1), u(t2), u(t3), u(t4), u(tn), a média quadrática é dada por
uef 2= [∑ u(ti)2]/n, ou seja, a média quadrática é a média dos quadrados dos valores da
função u(t). Quando avaliamos o resultado de certo número de observações que possam
ser positivas e negativas em certas aplicações a média pouco informa, enquanto o valor
eficaz nos dá uma boa indicação sobre a qualidade do conjunto de observações. Quando
se trata de fenômenos representados por curvas senoidais, o valor médio desses
fenômenos sobre um número inteiro de ciclos é sempre nulo. A amplitude do fenômeno
não pode ser revelada a partir desse valor médio, enquanto o valor eficaz é uma medida
indireta dessa amplitude.

1T 2
T ∫0
O valor eficaz é dado por Vef = v (T ) d (T )

v
Para a senóide o valor eficaz é dados por Vef = = v ⋅ 0,7
2
O valor eficaz está relacionado com a intensidade dos fenômenos oscilatórios. Por
exemplo, quando se diz que a intensidade de corrente elétrica na rede de corrente
alternada é de 10 A, significa que a amplitude da corrente alternada, suposta senoidal, é

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dada por 10 , ou seja, aproximadamente 14,1 A. O mesmo se aplica para a voltagem


(tensão na linha). Por exemplo, uma voltagem de 127 V tem uma amplitude de
aproximadamente 179,6 V.

Outro conceito importante é o conceito de ângulo de fase (φ). Este símbolo


representa o ângulo de fase entre corrente e tensão, o que vai determinar pra gente o fator
de potência.
Nas figuras abaixo temos três situações. Na primeira a corrente e a tensão estão
em fase, ou seja, φ = 0. No segundo caso a onda de corrente está atrasada em relação à
onda de tensão, e no terceiro caso a tensão está atrasada em relação à corrente.

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Isto significa que, em um circuito de corrente senoidal alternada, se não há


defasagem (ø = 0º), toda a potência é transferida para a carga (como no caso de uma
resistência). Caso a carga contenha indutores ou capacitores, essa potência começa a
diminuir, podendo inclusive ser nula se ø = 90º (casos onde a carga só contém indutores
ou capacitores). Este conceito é muito importante na geração, transformação e
distribuição de energia elétrica. Na prática, revela quanto da energia fornecida é
realmente utilizada. Essa quantidade, embora usualmente chamada apenas de potência, é
chamada de potência ativa de uma carga. A parcela de potência fornecida pela carga que
não é convertida em energia útil, é chamada de potência reativa.
Detalhes de fator de potência, potência ativa e reativa a gente verá com mais
detalhes nas aulas de transformadores.

2.0 Definições de Algumas Grandezas


2.1 Corrente Elétrica
Define-se a intensidade de corrente elétrica (i) que atravessa uma superfície (veja
na figura abaixo), como a quantidade de carga elétrica que atravessa a superfície por
unidade de tempo. Logo, para conhecer a intensidade da corrente elétrica, primeiro é
preciso saber qual a quantidade de cara ∆q que atravessa a seção reta do condutor em um
determinado intervalo de tempo ∆t; em seguida efetua-se o quociente entre ∆q e ∆t.
Assim a corrente será dada por:

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O sentido convencional da corrente elétrica é o correspondente à circulação de


cargas positivas. Logo, em condutores metálicos, o fluxo de elétrons, que são cargas
negativas, é em sentido contrário ao sentido convencional da corrente.
No Sistema Internacional, a intensidade da corrente elétrica, medida em Coulomb
por segundo é denominada de Ampère.
Existem dois tipos de corrente elétrica, a corrente contínua (CC) e a corrente
alternada (CA). Na CC o sentido do campo elétrico permanece sempre o mesmo e o
sentido da corrente i também não se altera. Já na CA os sentidos do campo elétrico e da
corrente são alterados periodicamente.

2.2 Lei de Joule e Resistência Elétrica


A circulação de corrente elétrica em um condutor provoca o seu aquecimento,
pela sua “resistência” à passagem da corrente elétrica. Esse aquecimento ocorre pela
transformação de energia elétrica em calor, fenômeno denominado de efeito Joule.
O efeito Joule é decorrente da colisão de elétrons da corrente com outras
partículas do condutor. Durante a colisão, a transformação da energia elétrica em calor é
integral.
A Lei de Joule estabelece que a energia transformada em calor, ou dissipada, é
dada por:
W = R I2 t

onde:
W - é a energia dissipada no condutor em J (Joule);

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I - é a corrente elétrica em A;
R - é a resistência elétrica do condutor em Ω (Ohm).

Assim, a potência dissipada por efeito Joule pode ser dada por P = W/t = RI2 e é
medida em J/s ou W (Watt). Se a corrente for função do tempo i = i(t), então a potência
instantânea será p(t) = R i2 (t) e, para um tempo t, a energia dissipada será

A resistência elétrica R depende, basicamente, das características geométricas e


do material do condutor. Para um condutor cilíndrico, tem-se:

onde:
l - é o comprimento do condutor em m;
S - é a área da secção transversal em m2;
ρ - é a resistividade elétrica do material em Ω×m

Quando a área do condutor é medida em mm2 a resistividade passa a ser medida


em Ω×mm2 / m.
Pode-se definir, ainda, a condutância, G, e a condutividade do material, σ, como
sendo o inverso da resistência e da resistividade, respectivamente. Formalmente:

G = 1/R (em S = Siemens) e σ = 1/ ρ (em S/m)

Existem, basicamente, dois tipos de resistores mais encontrados no mercado – os


resistores a fio e os resistores de carvão.

- resistores a fio: estes resistores consistem de um fio metálico enrolado em um cilindro


de material isolante. Esse tipo de resistor geralmente é utilizado no controle de correntes

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elétricas elevadas, como as exigidas pelos fornos industriais, que precisam de altas
temperaturas.

- resistores de carvão: estes resistores são construídos em um bastão cilíndrico de grafite


comprimida, possuem um revestimento de cerâmica e um terminal metálico de cada lado.

O valor da resistência dos resistores de carvão, não é calculado utilizando a


fórmula anterior. Existem duas maneiras de calcular a resistência destes resistores. Uma
delas é com o multímetro – porém dependendo do local onde o resistor estiver, torna-se
impraticável. Uma outra forma de calcular a resistência é através da tabela de código de
cores. É uma tabela definida internacionalmente pela norma IEC.
A tabela de cores é esta abaixo:

1º anel 2º anel 3º anel 4º anel


Cores
1º digito 2ºdigito Multiplicador Tolerância
Prata - - 0,01 10%
Ouro - - 0,1 5%
Preto 0 0 1 -
Marrom 01 01 10 1%
Vermelho 02 02 100 2%
Laranja 03 03 1 000 3%
Amarelo 04 04 10 000 4%
Verde 05 05 100 000 -
Azul 06 06 1 000 000 -
Violeta 07 07 10 000 000 -
Cinza 08 08 - -
Branco 09 09 - -

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Utilizando a tabela, temos o seguinte procedimento para leitura do código de


cores:
- primeiro deve ser identificada a cor do primeiro anel e verificado, através da tabela, o
algarismo correspondente à cor. Este algarismo será o primeiro dígito do valor do
resistor.
- em seguida, deve ser identificada a cor do segundo anel, determinando o algarismo
correspondente ao segundo dígito do valor da resistência.
- identificar a cor do terceiro anel. Este valor é o que chamamos de multiplicador. O
multiplicador é o número de zeros que você coloca no número. Se, por exemplo, este
terceiro algarismo for 10, você coloca 1 zero, se for 100, coloca-se 2 zeros.
- por último é identificada a cor do quarto anel. Esta é a porcentagem de tolerância. O
processo de fabricação em massa de resistores não consegue garantir para estes
componentes um valor exato de resistência. Assim, pode haver variação dentro do valor
especificado de tolerância. É importante notar que quanto menor a tolerância, mais caro o
resistor, pois o processo de fabricação deve ser mais refinado para reduzir a variação em
torno do valor nominal, ou o teste dos resistores pelo fabricante rejeita mais
componentes.

2.3 Lei de Ohm


Pela Lei de Joule, a energia dissipada num condutor percorrido por uma corrente
constante I é dada por W = RI2 t = RI It . Sendo I t = q , tem-se W = RIq . Ora, a energia
pode ser também avaliada como sendo o trabalho para levar a carga q entre os dois
pontos extremos do condutor, que pode ser dada por W = Vq onde V é a diferença de
potencial entre esses pontos. Igualando as expressões para cálculo da energia dissipada
no condutor:

W = RIq = Vq

resultando para a diferença de potencial o valor:

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V=R×I

onde V é a d.d.p. (ou tensão) entre os extremos do condutor (a expressão será válida
sempre que a resistência R for constante).

2.4 Variação da Resistência com a Temperatura


A resistência elétrica de um condutor é variável com sua temperatura. O mesmo,
obviamente, acontece para a resistividade elétrica do material, conforme a figura abaixo:

A resistividade de um material em função da temperatura é dada por:


ρT = ρ0(1+α 0T).
Para o caso do cobre tem-se ρ20oC = 0,0174 Ω mm2 / m e α 20oC = 0,00393 oC-1

2.5 Associação de Resistores


Resistores em Série
Na associação série dois resistores consecutivos têm um ponto em comum. A
resistência equivalente é a soma das resistências individuais. Ou seja:
Req = R1 + R2 + R3 + ...

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Note que quanto mais resistência é introduzida no circuito, menor será a corrente
no circuito, supondo que a ddp (V) aplicada se mantenha constante. Isto é uma
conseqüência da lei de Ohm.

Resistores em Paralelo
Neste caso, a corrente i produzida pela fonte é dividida em diferentes correntes ik.
Lembrando que a corrente elétrica é uma conseqüência do fluxo de carga e que a carga
total do circuito se conserva, temos que a corrente i do circuito deve separar-se em
diferentes correntes ik , menores, de forma que a soma linear de todas ik é igual a i. Isto é:

Quando os resistores estão em paralelo, cada um experimenta ou estão sob a


mesma voltagem V. Então pela lei de Ohm temos que:

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2.6 Fonte de Tensão e Fonte de Corrente


Todo dispositivo eletroeletrônico necessita de energia elétrica para seu
funcionamento. A fonte de tensão é o lugar onde tais dispositvos buscam essa energia que
proporciona seu funcionamento.
Dentre os diversos tipos de fontes de tensão podemos destacar dois grupos: as que
fornecem tensão alternada e as que fornecem tensão contínua. As de tensão alternadas são
normalmente aquelas que geram tensão por meio de indutores, como um transformador
de fio enrolado ou mesmo uma usina hidrelétrica. As de tensão contínua podem ser as
que utilizam processos químicos, como as baterias de carro e pilhas, ou proveniente da
retificação da tensão alternada, ou seja, conversão da tensão alternada em contínua por
meio de componentes eletrônicos, os diodos.
No mundo moderno as fontes de tensão estão presentes por toda a parte. A mais
comum podemos dizer que é a rede elétrica de nossa casa, ou apartamento, com a qual
interagimos todos os dias assim que ligamos algum dispositivo eletrônico como a TV ou
o microondas.

2.7 Capacitores
Nos circuitos elétricos e principalmente na eletrônica há a necessidade de se
utilizar dispositivos que possam armazenar grande quantidade de cargas elétricas para
serem liberadas somente quando o circuito exigir. Consegue-se este objetivo utilizando-
se capacitores, que consistem em condutores metálicos separados por um dielétrico
(isolante), que são carregados eletricamente pelo processo de indução.
Denomina-se condensador ou capacitor o conjunto de condutores e dielétricos
arrumados de tal maneira que se consiga armazenar a máxima quantidade de cargas
elétricas.
Num capacitor o corpo indutor e o induzido recebem o nome de armaduras. O
indutor é denominado armadura coletora e o induzido, armadura condensadora. O meio
que separa as armaduras recebe o nome de dielétrico.

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Abaixo temos exemplos de alguns capacitores e a forma simbólica de como é


representado nos circuitos:

Diz-se que um capacitor está carregado quando as suas armaduras estão


carregadas com cargas de mesmo módulo, porém de sinais contrários.
O capacitor mais encontrado é o capacitor de placas paralelas, formado por placas
paralelas, como o nome indica, e próximas uma da outra, separadas por um dielétrico de
permissividade є.
Para um capacitor de placas paralelas valem as seguintes expressões:
- capacidade em função da carga e do potencial
C = Q/U
- capacidade em função do campo elétrico
Q
U=E.d (campo elétrico uniforme entre as placas), logo C =
Ed
- capacidade em função da área útil das armaduras
A
C =ε
d
A = área da superfície das placas
d = distância entre as placas
є = permissividade do dielétrico
- energia potencial
QU CU 2
EP = =
2 2

Os capacitores são frequentemente classificados de acordo com o material usado


como dielétrico. Os seguintes tipos de dielétricos são mais utilizados: cerâmica (para

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valores baixos até cerca de 1µF), poliéster (para valores de aproximadamente 1nF até
1000000 µF) e eletrolítico (de alta potência, compacto mas com muita perda, na escala de
1µF a 1000µF).

A identificação do valor do capacitor varia com o tipo dele. Alguns exemplos são
dados abaixo:
- no capacitor cerâmico:
Os capacitores cerâmicos, apresentam impressos no
próprio corpo um conjunto de três algarismos e uma letra. Para
se obter o valor do capacitor, os dois primeiros algarismos,
representam os dois primeiros dígitos do valor do capacitor e o
terceiro algarismo (algarismo multiplicador), representa o
número de zeros à direita, a letra representa a tolerância do
capacitor (faixa de valores em que a capacitância variará,
podendo ser omitida), para os capacitores cerâmicos até 10pF é
expressa em pF, os acima de 10pF é expressa em porcentagem. Por exemplo um
capacitor com 224F impresso no próprio corpo, possuirá uma capacitância de 220000pF
com uma tolerância de +/- 1% (seu valor pode ser um por cento a mais ou a menos desse
valor.)

- no capacitor de poliéster
Para a identificação dos valores do capacitor de poliéster é usado um conjunto de
5 faixas coloridas (conforme tabela) representando respectivamente: primeiro algarismo,
segundo algarismo, algarismo multiplicador, tolerância e tensão.O valor é obtido em pF.

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Associação de Capacitores
Há três tipos de associação de capacitores, assim como os resistores: em série, em
paralelo e mista.
- em série
Numa associação em série, a armadura negativa de um capacitor está ligada à
armadura positiva do seguinte

As cargas armazenadas em todos os capacitores são iguais, uma vez que todos se
carregam por indução.
O capacitor equivalente da associação em série possui as seguintes características:
Q1 = Q2 = Q3
U = U1 + U2 + U3...
1 1 1 1
= + + ...
C C1 C 2 C 3
- em paralelo

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Numa associação em paralelo todas as armaduras positivas estão ligadas a um


ponto de mesmo potencial, assim como todas as negativas estão ligadas a um outro ponto
de potencial comum.

A diferença de potencial é a mesma em todos os capacitores, uma vez que todos


estão ligados aos mesmos dois pontos.
Essa associação também pode ser substituída por um único capacitor equivalente
com as seguintes características:
U1 = U2 = U3 = U
Q = Q1 + Q2 + Q3
C = C1 + C2 + C 3

- associação mista
É aquela na qual encontramos, ao mesmo tempo, capacitores associados em série
e em paralelo, como na figura:

A determinação do capacitor equivalente final é feita mediante o cálculo dos


capacitores equivalentes de cada uma das associações, a respeito dos quais se tem certeza
de estarem em série ou em paralelo.

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2.7 Reostatos
Um dispositivo que permite fácil ajuste do valor da resistência entre o terminal
central e os terminais extremos. É utilizado para ajuste do ponto de operação de circuitos
eletrônicos como: ajuste de volume, ajuste de tonalidade, controle de brilho de lâmpadas,
etc.
O tipo de material utilizado, assim como ocorre com
o resistor fixo, pode ser fio ou carbono, dependendo da
potência (ou corrente) que se deseja controlar com o
componente.
Já a característica de variação da resistência pode ser
linear ou logarítmica, e está relacionada com a maneira como
a resistência entre o terminal central e os extremos variam.
Num potenciômetro linear esta variação é diretamente proporcional à rotação do eixo que
comanda o cursor. Nos potenciômetros logarítmicos a resistência varia inicialmente de
maneira lenta, para depois variar mais rapidamente. Este último tipo de potenciômetro é
especialmente utilizado em sistemas de áudio devido à curva de sensibilidade logarítmica
do ouvido humano.

2.8 Indutor
Um indutor é um dispositivo elétrico que
armazena energia na forma de campo magnético,
normalmente combinando o efeito de vários loops
da corrente elétrica. O indutor pode ser utilizado
em circuitos como um filtro passa baixa,
rejeitando as altas freqüências. É geralmente construído como uma bobina de material
condutor, por exemplo, fio de cobre. Um núcleo de material ferromagnético aumenta a
indutância concentrando as linhas de força de campo magnético que fluem pelo interior
das espiras. Indutores podem ser construídos em circuitos integrados utilizando o mesmo
processo que é usado em chips de computador. Pequenos indutores usados para
freqüências muito altas são algumas vezes feitos com um fio passando através de um
cilindro de ferrite.

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Indutância
Indutância é a grandeza física associada aos indutores, é simbolizada pela letra I,
medida em Henry (H), e representada graficamente por um fio helicoidal. Em outras
palavras é um parâmetro dos circuitos lineares que relaciona a tensão induzida por um
campo magnético variável à corrente responsável pelo campo. A tensão entre os
terminais de um indutor é proporcional à taxa de variação da corrente que o atravessa.
Matematicamente temos:
di
u(t) = L
dt
onde u(t) é a tensão instantânea, sua unidade de medida é o volt (V), L é a indutância, sua
unidade de medida é o Henry (H), i é a corrente, sua unidade de medida é o ampere (A) e
t o tempo (s).
Um indutor resiste somente a mudanças de corrente. Um indutor ideal não oferece
resistência para corrente direta, exceto quando a corrente é ligada e desligada, caso em
que faz a mudança de modo mais gradual. Porém, todos os indutores do mundo real são
construídos a partir de materiais com resistência elétrica finita, que se opõe até mesmo à
corrente direta.
Quando uma corrente alternada (CA) senoidal flui por um indutor, uma tensão
alternada senoidal (ou força eletromotriz, Fem) é induzida. A amplitude da Fem está
relacionada com a amplitude da corrente e com a freqüência da senóide pela seguinte
equação:
fem = I x ωL
onde ω é a freqüência angular da senóide definida em termos da freqüência f por:
ω = 2 πf
A reatância indutiva é definida por:
XL = ωL = 2πfL
onde XL é a reatância indutiva medida em Ohms (medida de resistência), ω é a freqüência
angular, f é a freqüência em hertz, e L é a indutância.

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Redes de indutores
Cada indutor de uma configuração em paralelo possui a mesma diferença de
potencial (tensão) que os demais. Para encontrar a indutância equivalente total (Leq):

1 1 1 1
= + + ...
Leq L1 L2 LN

A corrente através de indutores em série permanece a mesma, mas a tensão de


cada indutor pode ser diferente. A soma das diferenças de potencial é igual à tensão total.
Para encontrar a indutância total:

Leq = L1 + L2 + ... + Ln

3.0 BIPOLOS
3.1 Curvas Características de Bipolos
Bipolo elétrico é qualquer dispositivo elétrico com dois terminais acessíveis,
mediante os quais pode ser feita a sua ligação a um circuito. O comportamento elétrico de
um bipolo pode ser obtido a partir de sua característica externa, ou curva característica,
que é representada pela função V = f ( I ). A característica externa representa a tensão nos
terminais do bipolo em função da corrente que o atravessa.
Os bipolos classificam-se em lineares e não lineares, conforme sua curva
característica, seja uma reta ou não, respectivamente. Pode-se, ainda, classificá-los em
passivos e ativos, conforme sua curva característica cruze a origem ou corte o eixo das
coordenadas cartesianas em dois pontos, conforme mostram as figuras a e b,
respectivamente.

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Conforme a figura b, a reta cruza os eixos nos pontos de coordenadas (0,E) e


(Icc,0), e representa um bipolo ativo linear.
O valor de Icc, também chamado de corrente de curto circuito do bipolo ativo,
representa o valor da corrente quando a tensão nos terminais do bipolo é nula, ou seja,
quando os terminais do bipolo estão ligados em curto circuito.

Um resistor com resistência constante, por exemplo, é um bipolo passivo linear


pois sua função V=RI é representada por uma reta passando pela origem, com coeficiente
angular R.
Uma bateria pode ser representada pela associação de um gerador ideal com um
valor de fem E, em série com uma resistência, que representa a resistência interna da
bateria. A diferença de potencial entre os terminais da bateria (A e B) é igual à soma das
ddps. entre os pontos A e B e, entre os pontos C e B, que é dada por:
VAB = VAC + VCB = E - r I
A fem E é chamada de tensão em vazio, pois representa o valor da tensão nos
terminais do bipolo quando a corrente é nula, isto é, quando seus terminais estão em

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circuito aberto. Normalmente assinalam-se os terminais com os símbolos: + para o


terminal positivo e - para o terminal negativo. Convenciona-se que o potencial do
primeiro é maior que o do segundo.
Utilizam-se duas convenções para a representação de correntes e tensões em
bipolos:
• Convenção do receptor: a corrente positiva entra no terminal positivo do bipolo;
usualmente utilizada para bipolos passivos.
• Convenção do gerador: a corrente positiva sai pelo terminal positivo; usualmente
utilizada para bipolos ativos.

4.0 Leis de Kirchhoff


Um circuito é, normalmente, constituído por vários elementos ligados entre si de
forma que exista apenas um percurso fechado por onde a corrente possa circular.
Considera-se o circuito apresentado na figura, constituído por uma fonte e três
elementos:

Para formar este circuito efetuaram-se várias ligações entre os terminais dos
elementos; cada uma destas ligações designa-se por nó. Assim:
- um dos terminais da fonte foi ligado a um dos terminais do elemento 1 (nó A)
- o outro terminal do elemento 1 foi ligado a um terminal do elemento 2 e a um
terminal do elemento 3 (nó B)
- finalmente, os outros terminais dos elementos 1 e 2 foram ligados ao restante do
terminal da fonte, fechando o circuito (nó C)

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Esquematicamente, o circuito pode ser redesenhado da forma que se representa na


figura seguinte:

Esquematicamente, é como se o nó B tivesse sido esticado, subdividindo-se agora


em B1 e B2; como o potencial de um ponto é único, a diferença de potencial entre B1 e
B2 é nula; esquematicamente é como se existisse um condutor perfeito ligando estes dois
pontos. Os pontos B1 e B2 constituem um único nó. Idêntica explicação pode ser dada
relativa ao nó C. O circuito representado tem apenas 3 nós: A, B e C.
Além dos nós, podem ainda identificar-se num circuito um ou mais percursos
fechados onde a corrente pode circular; cada um destes percursos designa-se por
“malha”.
O circuito representado tem 3 malhas, tal como indicado na figura seguinte:

- a malha em vermelho, que passa pelo elemento 1, pelo elemento 3 e se fecha


pela fonte
- a malha em azul, que passa pelo elemento 1, pelo elemento 2 e se fecha pela
fonte

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- a malha em verde, que passa pelo elemento 3 e se fecha pelo elemento 2.

Qualquer um destes percursos é passível de ser percorrido pela corrente elétrica.

Apenas com o conhecimento dos elementos que constituem o circuito e


respectivas equações características, não é possível determinar a totalidade das tensões e
correntes presentes num circuito. Será ainda necessário o conhecimento de duas
importantes leis, conhecidas como Leis de Kirchhoff.

4.1 Primeira Lei de Kirchhoff


1ª Lei de Kirchhoff (Lei dos Nós): A soma algébrica das correntes aferentes a um nó
qualquer de uma rede de bipolos é nula. Para tanto, deve-se atribuir às correntes que
“entram” no nó sinal contrário às que “saem” do nó. A justificativa desta lei é evidente
em se considerando que num nó não pode haver acúmulo de cargas elétricas.

Referente a figura seguinte, a lei dos nós (ou primeira lei de Kirchhoff) nos
conduz a:

- No nó A: iF – i1 = 0
- No nó B: i 1 – i2 – i3 = 0
- No nó C: -iF + i2 + i 3 = 0

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Das 3 equações representadas apenas 2 são linearmente independentes. Existindo


N nós no circuito, a lei dos Nós permite escrever N-1 equações linearmente
independentes.

4.2 Segunda Lei de Kirchhoff


2ª Lei de Kirchhoff (Lei das Malhas): O enunciado desta lei diz que a soma algébrica das
tensões, medidas ordenadamente nos ramos de uma malha, é nula.

A forma prática de se utilizar a 2ª Lei é a de escolher um circuito de percurso para


a malha, anti-horário, por exemplo, e observar-se que todos os ramos com tensão
concorde ao sentido de percurso convencionado entram como parcelas positivas e todos
os ramos com tensão discorde ao sentido entram como parcelas negativas.
De acordo com o sentido de referência das tensões representadas na figura
seguinte e circulando no sentido horário, a lei das malhas (ou segunda lei de kirchhoff)
nos permite obter a equação:

u1 – u2 + u3 – u 4 = 0

Note-se que se considerou o simétrico das tensões u2 e u4, uma vez que seu
sentido de referência representado é o oposto ao de circulação. Não é determinante
escolher o sentido horário ou o anti-horário, pois as equações obtidas de uma ou outra
forma são exatamente equivalentes.

Luciana Gomes Castanheira


Eletricidade Aplicada 2009/1

O somatório das tensões ao longo da malha ser nulo equivale a dizer que é nulo o
trabalho necessário para deslocar uma carga ao longo da malha fechada. Isto acontece
porque o sistema é conservativo.
Relativo ao circuito acima, a lei das malhas nos conduz a:

- na malha vermelha e circulando no sentido horário: u1 + u3 - u = 0


- na malha azul e circulando no sentido horário: u 1 + u2 - u = 0
- na malha verde e circulando no sentido horário: u3 – u2 = 0

Das 3 equações representadas apenas 2 são linearmente independentes. Existindo


M malhas no circuito, a lei das malhas permite escrever M-1 equações linearmente
independentes.

5.0 Técnicas para Resolução de Circuitos


5.1 Divisores de Tensão e de Corrente
A solução de circuitos, ou partes deles, pode ser simplificada por meio da
aplicação de técnicas conhecidas como divisor de tensão e divisor de corrente. As regras
de aplicação dos divisores são obtidas a partir das regras de associação série e paralela de
resistores vistas anteriormente, as quais por sua vez derivam diretamente das Leis de
Kirchhoff.
Utilizamos para melhor explicação do divisor de corrente o conceito de
condutância, G, que nada mais é que o inverso da resistência elétrica.

5.1.1 Divisor de Tensão

Luciana Gomes Castanheira


Eletricidade Aplicada 2009/1

A regra do divisor de tensão se aplica a componentes (resistores) conectados em


série, como no caso do circuito mostrado na Figura a, e destina-se a determinar a tensão
sobre cada componente individual. A resistência equivalente para os terminais x-y é
mostrada na Figura b, sendo dada pela relação:
Req = R1 + R2 + R3 + R4 + ... + Rn

A corrente em todos os componentes é a mesma, sendo dada pela equação:

Desta forma, a tensão sobre cada resistor será dada pelas seguintes equações:

Luciana Gomes Castanheira


Eletricidade Aplicada 2009/1

As equações anteriores permitem determinar diretamente a tensão sobre cada


resistor a partir da tensão aplicada aos terminais x-y. A regra geral é: a tensão sobre cada
componente é a tensão aplicada aos terminais de entrada multiplicada pela resistência e
dividida pela soma das resistências dos componentes.
Ao aplicar-se a regra é fundamental atentar que as polaridades das tensões e
sentidos das correntes sobre os componentes são conforme mostra a Figura a.

5.1.2 Divisor de Corrente


Analogamente ao caso de resistências em série, a regra do divisor de corrente se
aplica a componentes (resistores) conectados em paralelo, como no caso do circuito
mostrado na Figura a, e destina-se a determinar a corrente circulando cada componente
individual. A condutância equivalente para os terminais x-y é mostrada na Figura b,
sendo dada pela relação:

Luciana Gomes Castanheira


Eletricidade Aplicada 2009/1

Geq = (G1 + G2 + G3 + G4 + ... + Gn )

A tensão em todos os componentes é a mesma, sendo determinada pela equação:

Desta forma, a corrente em cada um dos resistores será dada pelas seguintes
equações:

As equações anteriores permitem, assim, determinar diretamente a corrente em


cada resistor a partir da corrente total que entra pelos terminais x-y. A regra geral pode

Luciana Gomes Castanheira


Eletricidade Aplicada 2009/1

ser expressa da seguinte forma: a corrente em cada componente é a corrente de entrada


multiplicada pela condutância e dividido pela soma das condutâncias dos componentes.
Ao aplicar-se a regra é fundamental atentar que as polaridades das tensões e
sentidos das correntes sobre os componentes são conforme mostra a Figura a.
Geralmente as resistências são expressas em ohms, sendo portanto útil expressar-
se as últimas equações em termos das resistências, ao invés de condutâncias. Utilizando-
se a relação entre condutâncias e resistências, obtém-se para o divisor de corrente a
seguinte expressão:

Expressões bastante úteis também podem ainda ser obtidas para o caso de apenas
dois resistores em paralelo:

Das últimas duas equações obtém-se finalmente para o caso de dois resistores, as
equações denominadas de divisor de corrente:

Luciana Gomes Castanheira


Eletricidade Aplicada 2009/1

6.0 Resolução de Circuitos


Conforme visto anteriormente, a solução de um circuito elétrico contendo b ramos
requer a determinação de 2b incógnitas, as quais são a corrente e a tensão de cada ramo.
Também foi mostrado que a aplicação das Leis de Kirchoff e a consideração das relações
tensão-corrente de cada ramo permite estabelecer as equações necessárias para a solução
do circuito. No entanto, a solução fica mais simples quando se utiliza um conjunto de
variáveis distinto das variáveis de ramo. No caso da análise de nós serão utilizadas as
tensões dos nós do circuito em relação a um nó de referência, ao invés da tensão de ramo
(tensão entre os terminais de cada ramo). Desta forma será obtido um sistema de
equações tendo como incógnitas as tensões dos nós do circuito em relação ao nó de
referência, o qual pode ser escolhido como qualquer nó do circuito. A aplicação
sistemática deste procedimento é denominada Análise Nodal e é descrita resumidamente
a seguir.

6.1 Procedimento Básico


A análise nodal envolve sempre os cinco passos descritos a seguir.

6.1.1 Seleção do Nó de Referência


Inicialmente deve ser selecionado um nó qualquer do circuito como nó de
referência, em relação ao qual todas as tensões serão determinadas. O potencial deste nó
será assumido como zero, motivo pelo qual ele muitas vezes também é denominado de nó
de terra. Em seguida os demais nós são numerados de 1 a (n-1), sendo n o número total
de nós do circuito incluindo o nó de referência. As demais tensões dos nós serão
designadas como V1, V2, V3, ..., Vn-1

6.1.2 Aplicação da Lei de Kirchhoff aos Nós


Após a escolha do nó de referência e numeração dos nós restantes, deve-se aplicar
a Lei de Kirchhoff para os (n-1) nós. A Lei e Kirchhoff não necessita ser aplicada para o
nó de referência, uma vez que resultará numa equação a mais do que o necessário para a
solução do circuito. Deve-se adotar uma convenção de sinal de acordo com o sentido das
correntes em relação aos nós.

Luciana Gomes Castanheira


Eletricidade Aplicada 2009/1

Geralmente, são consideradas positivas as correntes que entram no nó, enquanto


que correntes que saem são consideradas negativas. Como resultado desta etapa, haverá
(n-1) equações que representam os somatórios das correntes que incidem e saem dos
(n-1) nós.

6.1.3 Consideração das Relações Tensão-Corrente dos Ramos


As equações da etapa anterior foram escritas em função das correntes de nós. No
entanto, as incógnitas são tensões de nó. Deve-se, portanto, utilizar as relações de tensão-
corrente para substituir as correntes de nós por relações envolvendo as tensões de nó.
Como resultado desta etapa, obtém-se (n-1) equações envolvendo as tensões de nó. Deve-
se atentar que existe uma relação tensão corrente para cada ramo, existindo portanto b
relações deste tipo.

6.1.4 Solução do Sistema de Equações


Após a obtenção das equações de nó, deve-se utilizar algum método de solução de
sistemas de equações e determinar as (n-1) incógnitas. Num caso geral, obtém-se um
sistema de equações íntegro-diferenciais, cuja solução é assegurada caso o circuito seja
composto apenas de elementos lineares e invariáveis no tempo. Caso o circuito seja
composto apenas de resistores, obtém-se um sistema de (n-1) equações algébricas onde
os coeficientes são obtidos a partir das resistências do circuito, sendo a solução neste caso
mais fácil, uma vez que as equações não envolvem integrais e derivadas.

6.1.5 Obtenção das Correntes e Tensões de Ramos


Deve-se atentar para o fato que, depois de solucionado o sistema de equações,
pode-se obter todas as correntes e tensões de ramo do circuito a partir das tensões de nó.
Por exemplo, a tensão do ramo k, conectado entre os nós x e y do circuito conforme a
figura abaixo, pode ser obtida pela seguinte equação:
vk = vxy = vx − vy (1)
Considerando-se os sentidos associados, a corrente no ramo k que circula do nó x
para o nó y será dada como:

Luciana Gomes Castanheira


Eletricidade Aplicada 2009/1

Rk - resistência do ramo k (ohms, Ω)


Gk - condutância do ramo k (siemens, S)

O método exposto será ilustrado por meio de um exemplo simples ilustrado na


figura abaixo, onde todas as etapas citadas serão realizadas.

Seleção do Nó de Referência
Para o circuito mostrado na figura existem 3 nós, sendo que o nó inferior será
escolhido como nó de referência (nó de terra). As tensões nos outros dois nós serão
denominadas v1 e v2, respectivamente. As correntes nos resistores R1, R2 e R3 serão
denominadas de i1, i2 e i3.

Aplicação da Lei de Kirchhoff aos Nós


Aplicando-se a Lei de Kirchhoff para os nós 1 e 2 resulta, respectivamente:

Luciana Gomes Castanheira


Eletricidade Aplicada 2009/1

Consideração das Relações Tensão-Corrente dos Ramos


Considerando os sentidos associados as relações tensão-corrente para os resistores
R1, R2 e R 3 serão:

Substituindo-se as equações (6), (7) e (8) nas equações (4) e (5), obtém-se o
seguinte sistema de equações em termos das resistências e fontes de corrente:

Na forma matricial, as equações acima podem ser escritas como:

As equações também podem ser escritas em termos de condutâncias:

Solução do Sistema de Equações


A solução do sistema será realizada considerando os seguintes valores numéricos:
Ia = 5 A
Ib = 3 A

Luciana Gomes Castanheira


Eletricidade Aplicada 2009/1

R1 = 2 Ω  G1 = 0.5 S
R2 = 4 Ω  G2 = 0.25 S
R3 = 8 Ω  G3 = 0.125 S
Com os valores anteriores o sistema de equações assumirá a seguinte forma:

Solucionando-se o sistema para os valores considerados, obtém-se:

Obtenção das Correntes e Tensões de Ramos


A partir das tensões de nó v1 e v2 obtém-se por meio das equações (6) a (8)
correntes de ramo:

As tensões sobre os ramos serão dadas pelas seguintes equações:

O sinal negativo da tensão vR2 que aparece na solução significa que a tensão que
efetivamente existe sobre este componente possui polaridade contrária ao sentido
assumido como positivo. Da mesma forma, a corrente negativa significa que o sentido
que efetivamente existe é contrário àquele considerado positivo.
Com a determinação de todos as tensões e correntes do circuito, pode-se também
determinar a potência dissipada em cada um dos resistores e nas fontes de corrente.

Luciana Gomes Castanheira

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