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Eletricidade
Engenharia de Produção
1.0 INTRODUÇÃO
Apesar da maioria das instalações elétricas hoje em dia não serem em corrente
contínua, a teoria a ser vista neste capítulo (corrente contínua) constitui uma base para as
demais aplicações que são utilizadas em eletricidade.
Para estudar os circuitos em corrente contínua parte-se de conceitos básicos da
eletrostática e da eletrodinâmica. É feita uma breve revisão de alguns conceitos básicos
relacionados a formas de ondas, como período, freqüência, valores máximo, mínimo e de
pico-a-pico. Também são definidas, basicamente, as grandezas: corrente, diferença de
potencial, potência e energia elétrica.
Em seguida definem-se os elementos básicos dos circuitos de corrente contínua,
quais sejam, as fontes ideais e a resistência, que constituirão os bipolos.
Apresentam-se, então, as redes de corrente contínua (C.C.) e as leis, conceitos e
teoremas para sua resolução. São apresentadas as aplicações das Leis de Kirchhoff.
Valor médio - O valor médio de uma função periódica u(t), cujo período é T, é dado pela
soma de todos os valores que essa função assume, durante um ciclo, dividida pelo
período. Praticamente, corresponde a altura de um retângulo que, nesse intervalo de
tempo, tenha a mesma área que aquela sob a curva que representa a função. Como as
áreas sob a curva que ficam abaixo do eixo dos tempos são consideradas negativas, o
valor médio pode tomar qualquer valor finito positivo, negativo ou nulo. Os três casos
são ilustrados na figura.
Valor eficaz - Como uma função periódica u(t) pode tomar valores tanto positivos
quanto negativos, define-se, além da média <u>, outra média chamada quadrática. É um
valor uef cujo quadrado é a média dos quadrados dos valores da grandeza u(t). Por
exemplo, tendo os n valores u(t1), u(t2), u(t3), u(t4), u(tn), a média quadrática é dada por
uef 2= [∑ u(ti)2]/n, ou seja, a média quadrática é a média dos quadrados dos valores da
função u(t). Quando avaliamos o resultado de certo número de observações que possam
ser positivas e negativas em certas aplicações a média pouco informa, enquanto o valor
eficaz nos dá uma boa indicação sobre a qualidade do conjunto de observações. Quando
se trata de fenômenos representados por curvas senoidais, o valor médio desses
fenômenos sobre um número inteiro de ciclos é sempre nulo. A amplitude do fenômeno
não pode ser revelada a partir desse valor médio, enquanto o valor eficaz é uma medida
indireta dessa amplitude.
1T 2
T ∫0
O valor eficaz é dado por Vef = v (T ) d (T )
v
Para a senóide o valor eficaz é dados por Vef = = v ⋅ 0,7
2
O valor eficaz está relacionado com a intensidade dos fenômenos oscilatórios. Por
exemplo, quando se diz que a intensidade de corrente elétrica na rede de corrente
alternada é de 10 A, significa que a amplitude da corrente alternada, suposta senoidal, é
onde:
W - é a energia dissipada no condutor em J (Joule);
I - é a corrente elétrica em A;
R - é a resistência elétrica do condutor em Ω (Ohm).
Assim, a potência dissipada por efeito Joule pode ser dada por P = W/t = RI2 e é
medida em J/s ou W (Watt). Se a corrente for função do tempo i = i(t), então a potência
instantânea será p(t) = R i2 (t) e, para um tempo t, a energia dissipada será
onde:
l - é o comprimento do condutor em m;
S - é a área da secção transversal em m2;
ρ - é a resistividade elétrica do material em Ω×m
elétricas elevadas, como as exigidas pelos fornos industriais, que precisam de altas
temperaturas.
W = RIq = Vq
V=R×I
onde V é a d.d.p. (ou tensão) entre os extremos do condutor (a expressão será válida
sempre que a resistência R for constante).
Note que quanto mais resistência é introduzida no circuito, menor será a corrente
no circuito, supondo que a ddp (V) aplicada se mantenha constante. Isto é uma
conseqüência da lei de Ohm.
Resistores em Paralelo
Neste caso, a corrente i produzida pela fonte é dividida em diferentes correntes ik.
Lembrando que a corrente elétrica é uma conseqüência do fluxo de carga e que a carga
total do circuito se conserva, temos que a corrente i do circuito deve separar-se em
diferentes correntes ik , menores, de forma que a soma linear de todas ik é igual a i. Isto é:
2.7 Capacitores
Nos circuitos elétricos e principalmente na eletrônica há a necessidade de se
utilizar dispositivos que possam armazenar grande quantidade de cargas elétricas para
serem liberadas somente quando o circuito exigir. Consegue-se este objetivo utilizando-
se capacitores, que consistem em condutores metálicos separados por um dielétrico
(isolante), que são carregados eletricamente pelo processo de indução.
Denomina-se condensador ou capacitor o conjunto de condutores e dielétricos
arrumados de tal maneira que se consiga armazenar a máxima quantidade de cargas
elétricas.
Num capacitor o corpo indutor e o induzido recebem o nome de armaduras. O
indutor é denominado armadura coletora e o induzido, armadura condensadora. O meio
que separa as armaduras recebe o nome de dielétrico.
valores baixos até cerca de 1µF), poliéster (para valores de aproximadamente 1nF até
1000000 µF) e eletrolítico (de alta potência, compacto mas com muita perda, na escala de
1µF a 1000µF).
A identificação do valor do capacitor varia com o tipo dele. Alguns exemplos são
dados abaixo:
- no capacitor cerâmico:
Os capacitores cerâmicos, apresentam impressos no
próprio corpo um conjunto de três algarismos e uma letra. Para
se obter o valor do capacitor, os dois primeiros algarismos,
representam os dois primeiros dígitos do valor do capacitor e o
terceiro algarismo (algarismo multiplicador), representa o
número de zeros à direita, a letra representa a tolerância do
capacitor (faixa de valores em que a capacitância variará,
podendo ser omitida), para os capacitores cerâmicos até 10pF é
expressa em pF, os acima de 10pF é expressa em porcentagem. Por exemplo um
capacitor com 224F impresso no próprio corpo, possuirá uma capacitância de 220000pF
com uma tolerância de +/- 1% (seu valor pode ser um por cento a mais ou a menos desse
valor.)
- no capacitor de poliéster
Para a identificação dos valores do capacitor de poliéster é usado um conjunto de
5 faixas coloridas (conforme tabela) representando respectivamente: primeiro algarismo,
segundo algarismo, algarismo multiplicador, tolerância e tensão.O valor é obtido em pF.
Associação de Capacitores
Há três tipos de associação de capacitores, assim como os resistores: em série, em
paralelo e mista.
- em série
Numa associação em série, a armadura negativa de um capacitor está ligada à
armadura positiva do seguinte
As cargas armazenadas em todos os capacitores são iguais, uma vez que todos se
carregam por indução.
O capacitor equivalente da associação em série possui as seguintes características:
Q1 = Q2 = Q3
U = U1 + U2 + U3...
1 1 1 1
= + + ...
C C1 C 2 C 3
- em paralelo
- associação mista
É aquela na qual encontramos, ao mesmo tempo, capacitores associados em série
e em paralelo, como na figura:
2.7 Reostatos
Um dispositivo que permite fácil ajuste do valor da resistência entre o terminal
central e os terminais extremos. É utilizado para ajuste do ponto de operação de circuitos
eletrônicos como: ajuste de volume, ajuste de tonalidade, controle de brilho de lâmpadas,
etc.
O tipo de material utilizado, assim como ocorre com
o resistor fixo, pode ser fio ou carbono, dependendo da
potência (ou corrente) que se deseja controlar com o
componente.
Já a característica de variação da resistência pode ser
linear ou logarítmica, e está relacionada com a maneira como
a resistência entre o terminal central e os extremos variam.
Num potenciômetro linear esta variação é diretamente proporcional à rotação do eixo que
comanda o cursor. Nos potenciômetros logarítmicos a resistência varia inicialmente de
maneira lenta, para depois variar mais rapidamente. Este último tipo de potenciômetro é
especialmente utilizado em sistemas de áudio devido à curva de sensibilidade logarítmica
do ouvido humano.
2.8 Indutor
Um indutor é um dispositivo elétrico que
armazena energia na forma de campo magnético,
normalmente combinando o efeito de vários loops
da corrente elétrica. O indutor pode ser utilizado
em circuitos como um filtro passa baixa,
rejeitando as altas freqüências. É geralmente construído como uma bobina de material
condutor, por exemplo, fio de cobre. Um núcleo de material ferromagnético aumenta a
indutância concentrando as linhas de força de campo magnético que fluem pelo interior
das espiras. Indutores podem ser construídos em circuitos integrados utilizando o mesmo
processo que é usado em chips de computador. Pequenos indutores usados para
freqüências muito altas são algumas vezes feitos com um fio passando através de um
cilindro de ferrite.
Indutância
Indutância é a grandeza física associada aos indutores, é simbolizada pela letra I,
medida em Henry (H), e representada graficamente por um fio helicoidal. Em outras
palavras é um parâmetro dos circuitos lineares que relaciona a tensão induzida por um
campo magnético variável à corrente responsável pelo campo. A tensão entre os
terminais de um indutor é proporcional à taxa de variação da corrente que o atravessa.
Matematicamente temos:
di
u(t) = L
dt
onde u(t) é a tensão instantânea, sua unidade de medida é o volt (V), L é a indutância, sua
unidade de medida é o Henry (H), i é a corrente, sua unidade de medida é o ampere (A) e
t o tempo (s).
Um indutor resiste somente a mudanças de corrente. Um indutor ideal não oferece
resistência para corrente direta, exceto quando a corrente é ligada e desligada, caso em
que faz a mudança de modo mais gradual. Porém, todos os indutores do mundo real são
construídos a partir de materiais com resistência elétrica finita, que se opõe até mesmo à
corrente direta.
Quando uma corrente alternada (CA) senoidal flui por um indutor, uma tensão
alternada senoidal (ou força eletromotriz, Fem) é induzida. A amplitude da Fem está
relacionada com a amplitude da corrente e com a freqüência da senóide pela seguinte
equação:
fem = I x ωL
onde ω é a freqüência angular da senóide definida em termos da freqüência f por:
ω = 2 πf
A reatância indutiva é definida por:
XL = ωL = 2πfL
onde XL é a reatância indutiva medida em Ohms (medida de resistência), ω é a freqüência
angular, f é a freqüência em hertz, e L é a indutância.
Redes de indutores
Cada indutor de uma configuração em paralelo possui a mesma diferença de
potencial (tensão) que os demais. Para encontrar a indutância equivalente total (Leq):
1 1 1 1
= + + ...
Leq L1 L2 LN
Leq = L1 + L2 + ... + Ln
3.0 BIPOLOS
3.1 Curvas Características de Bipolos
Bipolo elétrico é qualquer dispositivo elétrico com dois terminais acessíveis,
mediante os quais pode ser feita a sua ligação a um circuito. O comportamento elétrico de
um bipolo pode ser obtido a partir de sua característica externa, ou curva característica,
que é representada pela função V = f ( I ). A característica externa representa a tensão nos
terminais do bipolo em função da corrente que o atravessa.
Os bipolos classificam-se em lineares e não lineares, conforme sua curva
característica, seja uma reta ou não, respectivamente. Pode-se, ainda, classificá-los em
passivos e ativos, conforme sua curva característica cruze a origem ou corte o eixo das
coordenadas cartesianas em dois pontos, conforme mostram as figuras a e b,
respectivamente.
Para formar este circuito efetuaram-se várias ligações entre os terminais dos
elementos; cada uma destas ligações designa-se por nó. Assim:
- um dos terminais da fonte foi ligado a um dos terminais do elemento 1 (nó A)
- o outro terminal do elemento 1 foi ligado a um terminal do elemento 2 e a um
terminal do elemento 3 (nó B)
- finalmente, os outros terminais dos elementos 1 e 2 foram ligados ao restante do
terminal da fonte, fechando o circuito (nó C)
Referente a figura seguinte, a lei dos nós (ou primeira lei de Kirchhoff) nos
conduz a:
- No nó A: iF – i1 = 0
- No nó B: i 1 – i2 – i3 = 0
- No nó C: -iF + i2 + i 3 = 0
u1 – u2 + u3 – u 4 = 0
Note-se que se considerou o simétrico das tensões u2 e u4, uma vez que seu
sentido de referência representado é o oposto ao de circulação. Não é determinante
escolher o sentido horário ou o anti-horário, pois as equações obtidas de uma ou outra
forma são exatamente equivalentes.
O somatório das tensões ao longo da malha ser nulo equivale a dizer que é nulo o
trabalho necessário para deslocar uma carga ao longo da malha fechada. Isto acontece
porque o sistema é conservativo.
Relativo ao circuito acima, a lei das malhas nos conduz a:
Desta forma, a tensão sobre cada resistor será dada pelas seguintes equações:
Desta forma, a corrente em cada um dos resistores será dada pelas seguintes
equações:
Expressões bastante úteis também podem ainda ser obtidas para o caso de apenas
dois resistores em paralelo:
Das últimas duas equações obtém-se finalmente para o caso de dois resistores, as
equações denominadas de divisor de corrente:
Seleção do Nó de Referência
Para o circuito mostrado na figura existem 3 nós, sendo que o nó inferior será
escolhido como nó de referência (nó de terra). As tensões nos outros dois nós serão
denominadas v1 e v2, respectivamente. As correntes nos resistores R1, R2 e R3 serão
denominadas de i1, i2 e i3.
Substituindo-se as equações (6), (7) e (8) nas equações (4) e (5), obtém-se o
seguinte sistema de equações em termos das resistências e fontes de corrente:
R1 = 2 Ω G1 = 0.5 S
R2 = 4 Ω G2 = 0.25 S
R3 = 8 Ω G3 = 0.125 S
Com os valores anteriores o sistema de equações assumirá a seguinte forma:
O sinal negativo da tensão vR2 que aparece na solução significa que a tensão que
efetivamente existe sobre este componente possui polaridade contrária ao sentido
assumido como positivo. Da mesma forma, a corrente negativa significa que o sentido
que efetivamente existe é contrário àquele considerado positivo.
Com a determinação de todos as tensões e correntes do circuito, pode-se também
determinar a potência dissipada em cada um dos resistores e nas fontes de corrente.