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Pequenas reflexões
Imagem I: Rizoma
É difícil dizer com precisão em que momento na minha produção poética surgem
essas estruturas que futuramente fui conhecer como Rizomas. De fato não estava
pensando em nenhum tipo de conceito no início, eram apenas esses desenhos de
fruição do traço, sem nenhuma preocupação com forma ou justificativas. Dado um
certo momento percebi que minha produção se vê tomada por elas, começo a criar
diferentes tipos, com direções e tamanhos variados. Certo dia uma amiga que
também é artista me viu desenhando essas formas e perguntou se eu conhecia o
conceito de Rizoma, discutido por Deleuze e Guattari. A verdade é que nunca tinha
ouvido falar sobre, mas fiquei instigado a entender qual a relação com minha
produção. Passei então a pesquisar sobre o que se tratava e isso abriu uma porta,
ou melhor dizendo, uma represa toda de ideias e conexões que não havia
percebido.
Entender melhor as diferentes formas de aplicação de métodos rizomáticos, nos
inúmeros campos em que se aplicam, me fez enxergar as relações com outros
trabalhos que não necessariamente tratam desse assunto.
Tinha a sensação de distância entre minha produção de desenho e de pintura, como
se existissem paralelamente uma da outra, porém, assim como um determinado
ponto de uma rizoma se interliga com qualquer outro independentemente da
distância , minha produção não se diferenciava disso. Por mais distante visualmente
falando, que possa parecer um trabalho de outro, existem ligações conceituais e
muitas vezes do inconsciente que nem sempre são de cara perceptíveis.
Entender que minha produção poética funciona de forma rizomática foi fundamental
para enxergar que tudo que faço está interligado por um fio condutor indissociável, e
que um trabalho influencia o outro, não linearmente mas de formas fragmentadas e
reorganizadas.
Percebo que tudo que venho produzindo se trata de uma grande Rizoma, seja a
linguagem que for.
Trazendo para o agora, me interessa olhar minha própria produção até aqui mas
com esse olhar voltado para encontrar signos e pontes que se repetem, tentar achar
ligações que tragam a tona reflexões sobre o todo, usar as conexões entre cada
trabalho para entender como funcionam autonomamente e em grupo.