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CATULO. O livro de Catulo. Tradução, Introdução e Notas de João Ângelo Oliva Neto.
São Paulo: Edusp, 1996.
V Poema 5
Viuamus, mea Lesbia, atque amemus, Vamos viver, minha Lésbia, e amar,
rumoresque senum seueriorum e aos rumores dos velhos mais severos,
omnes unius aestimemus assis. a todos, voz nem vez vamos dar. Sóis
Soles occidere et redire possunt: podem morrer ou renascer, mas nós
nobis cum semel occidit breuis lux, quando breve morrer a nossa luz,
nox est perpetua una dormienda. perpétua noite dormiremos, só.
Da mi basia mille, deinde centum, Dá mil beijos, depois outros cem, dá
dein mille altera, dein secunda centum, muitos mil, depois outros sem fim, dá
deinde usque altera mille, deinde centum. mais mil ainda e enfim mais cem – então
Dein, cum milia multa fecerimus, quando beijos beijarmos (aos milhares!)
conturbabimus illa, ne sciamus, vamos perder a conta, confundir,
aut ne quis malus inuidere possit, p’ra que infeliz nenhum possa invejar,
cum tantum sciat esse basiorum. se de tantos souber, tão longos beijos.
VIII Poema 8
Salue, nec minimo puella naso Salve, menina de nariz não mínimo,
nec bello pede nec nigris ocellis de pés não belos, não escuros olhos,
nec longis digitis nec ore sicco dedos não longos, boca nada límpida,
nec sane nimis elegante lingua, e fala nem um pouco refinada,
decoctoris amica Formiani. amante do falido Formiano.
Ten prouincia narrat esse bellam? Por acaso a província te acha bela?
Tecum Lesbia nostra comparatur? És tu que és comparada à minha Lésbia?
O saeclum insapiens et infacetum! Que estúpido, que século sem graça!