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Universidade Estadual Vale do Acaraú - UEVA

Curso de pós graduação Latu Sensu em Psicopedagogia Institucional e


Clínica

A Inclusão da Criança com Necessidade Especial na Escola Regular

Lidian do Nascimento Tavares

Orientadora: Prof. Gislene Farias de Oliveira

Brejo Santo - CE

2014
A INCLUSÃO DA CRIANÇA COM NECESSIDADE ESPECIAL NA
ESCOLA REGULAR

INCLUSION OF CHILDREN WITH SPECIAL NEEDS IN THE


REGULAR SCHOOL
Lidian do Nascimento Tavares ¹
Gislene Farias de Oliveira²

RESUMO: A educação inclusiva é assegurada pela Constituição Federal pela ECA e LDB. No
entanto, a prática da inclusão carece de instrumentos físicos e de formação específica para
tornar-se efetiva. O objetivo é efetivar um estudo mais aprofundado acerca do assunto, já que é
uma ânsia de todos os envolvidos no processo (professores, alunos, pais, coordenadores, diretor
e funcionários) para a conscientização dos mesmos, nessa ação coletiva. As escolas e seus
profissionais ainda não se encontram aparelhados de acordo com os que prezam as políticas
públicas de inclusão, fazendo com que, os alunos com necessidades educacionais especiais não
sejam atendidos como deveriam. E, a partir dessa percepção, novas transformações poderão
ocorrer, contribuindo com a inclusão social e educacional desse aluno, respeitando-o como
cidadão de direitos e deveres. O ensino regular é o caminho para a socialização de alunos
especiais.

Palavras-chave: Educação inclusiva, Necessidades educacionais, Processo contínuo,


Transformações.

ABSTRACT: Iinclusive education is guarante ed by the Federal Constitution by the ECA


and BDL. However, the practice of including lack of physical instruments and specific
training to become effective. The goal is to effect further study on the subject, since it is a
craving for all involved (teachers, students, parents, coordinators, director and staff) to raise
awareness of the same, in the collective action. Schools and its employees are not yet outfitted
According to Those Who Cherish the inclusion public policies, making, students with special
educational needs are not met As They Should. And from this insight, further changes may
occur, contributing to social and educational inclusion that student, respecting him as a citizen
of rights and duties. The regular education is the path to the socialization of special students.

Keywords: Inclusive education, educational needs, Continuum, Transformations.

_______________________
¹ Lidian do Nascimento Tavares, aluno do Curso de Psicopedagogia - UEVA
² Gislene Farias de Oliveira², professora orientadora.
1 INTRODUÇÃO

         A educação sempre buscou atender ao interesses e necessidades da sociedade, oferecendo


acesso à informação, ao conhecimento e aos meios necessários para a formação do sujeito no
exercício de sua plena cidadania. No entanto, em meio às necessidades educativas da
sociedade, surge a educação especial, como segregação à exclusão; os portadores de
necessidades especiais sempre foram ignorados, evitados, abandonados ou encarcerados e, em
muitos casos, eliminados.
A escolha do tema: A inclusão d criança especial no ensino regular, torna-se relevante
com o processo de inclusão  escolar e pelo ideal de uma nova escola para todos, o que
proporcionam um novo rumo às expectativas educacionais para o aluno com algum tipo de
especialidade ou seja dificuldade visual, auditiva e física. Para tanto, urge a necessidade de
mudança de postura do educador frente a essa questão e da escola, a fim de possibilitar uma
inclusão efetiva desses educandos.
Como a inclusão é um processo incidente na realidade educacional, o objetivo é
efetivar um estudo mais aprofundado acerca do assunto, já que é uma ânsia de todos os
envolvidos no processo (professores, alunos, pais, coordenadores, diretor e funcionários) para a
conscientização dos mesmos, nessa ação coletiva.
Assim, partindo da hipótese de que, no Ensino Inclusivo a questão não é se os alunos
devem ou não receber dos professores e pedagogos qualificados experiências educacionais
apropriadas dos quais necessitam e sim, oferecer a eles o serviço que precisam em ambientes
integrados e, proporcionar ao professor atualização das suas habilidades, o objetivo desse
trabalho é identificar a existência de práticas alternativas com vistas a resolver os impasses
gerados no seio da escola.
Devido à complexidade do tema, efetiva-se nessa pesquisa  as principais mudanças
para que a inclusão realmente ocorra, como por exemplo, a postura adequada dos educadores, a
elaboração e a adaptação dos currículos, orientação e de intervenção pedagógica, a inovação
educativa dos processos integradores, a adaptação dos recursos humanos e de materiais, 
possibilitando  um ensino de maior qualidade.
A realização deste artigo acontece de forma bibliográfica, haja vista que a mesma hoje
também é eletrônica. Além de ser uma modalidade de pesquisa teórica, é uma das mais
importantes entre outras modalidades de pesquisa, a qual exige coleta de dados de fontes
variadas que se processa através de documentação direta e indireta.
Dessa forma, os dados foram recolhidos mediante observações no recinto de uma
escola da rede pública, em que o fenômeno acontece (processo de documentação direta) sendo
também levantadas por outros pesquisadores (processo de documentação indireta).
Com a formalização da “educação para todos”, em 1990, surge à plataforma básica
para o sistema educacional, segundo a proposta na Declaração de Salamanca que levanta
aspectos do contexto brasileiro a serem considerados na adoção e na implantação do processo
de inclusão.
Esses aspectos vêm se refletindo nos sistemas educacionais, ainda que gerem
consequências inevitáveis para a educação especial já que a sociedade prima pela igualdade de
valores dos seres humanos e, pela garantia dos direitos entre eles. Em tempo, a mesma
sociedade exclui alunos com necessidades especiais colocando-os à margem da crescente
competitividade, pela dificuldade de exercer o pleno dever de cidadão de uma humanidade
trabalhadora, produtiva, participativa e contribuinte.
Atitudes assim, revelam a necessidade de promover a inclusão desses sujeitos, não só
em face aos seus direitos e deveres, mas pela solidariedade e possibilidade de prover a
igualdade. Portanto, a inserção de todos num programa educacional flexível que possa abranger
o mais variado tipo de alunado e oferecer o mesmo conteúdo curricular sem perda da qualidade
do ensino e da aprendizagem.
A Educação Especial obedece aos mesmos princípios da Educação Geral, deve se
iniciar no momento em que se identifique atraso ou alterações no desenvolvimento global da
criança e continuar ao longo de sua vida, valorizando suas potencialidades e lhe
proporcionando todos os meios para desenvolvê-las. Diante de tais considerações, objetiva-se
uma reflexão sobre o direito do aluno especial n acesso e permanência no ensino regular.

2 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A educação inclusiva é a prática de uma pedagogia capaz de educar com sucesso todos
os alunos, mesmo aqueles comprometidos, ou ainda, oferecer às pessoas com necessidades
educacionais especiais as mesmas condições e oportunidades sociais, educacionais e
profissionais acessíveis as outras pessoas, respeitando-se as particularidades de cada um.
Essa educação deve acontecer através de mecanismos que atenda a diversidade, como,
proposta curricular adaptadas, a partir daquelas adotadas pela educação comum. O
atendimento dos alunos portadores de necessidades educativas especiais incluídas em classes
comuns exige serviços de apoio integrado por professores e técnicos qualificados e uma
escola aberta à diversidade.
Santos (2000) argumenta que partindo do princípio de “igualdade de oportunidade” e
“educação para todos”, deve-se ampliar as oportunidades educacionais para grande parcela da
população em que está inserido o acesso e permanência à escolarização aos alunos
considerados portadores de necessidades especiais.
Na opinião de Santos (2000) as escolas inclusivas devem reconhecer e responder as
necessidades diversas de seus alunos, acomodando todos os estilos e ritmos de aprendizagem
e assegurando uma educação de qualidade a todos, com um currículo apropriado, arranjos
organizacionais, estratégias de ensino, usam de recursos e parceria com as comunidades.
Silva (1999) vê as teorias do currículo como um discurso, aponta que aquilo que o
currículo é, depende da forma como ele é definido pelos diferentes autores e teorias. A
afirmação de que a questão central para qualquer teoria do currículo é determinar o que deve
ser ensinado e, que para responder esta questão as teorias analisam diversas discussões, mas
ao final voltam sempre à questão básica: O que os alunos devem saber? Qual o conhecimento
é importante ou válido para integrar o currículo? Tais questões revelam que o currículo é o
resultado de uma seleção de conteúdos e visa modificar as pessoas às quais é proposto.
As crianças com necessidades educativas especiais deveriam receber qualquer suporte
extra requerido para assegurar uma educação efetiva. E quem é o aluno especial? O aluno da
Educação Especial é, segundo Raiça e Oliveira (1990), aquele que, por apresentar
necessidades diferentes dos demais alunos no domínio da aprendizagem curricular
correspondente à sua idade, requer recursos pedagógicos e metodológicos educativos
específicos. Genericamente chamados de portadores de necessidades especiais, classificando-
os em: portadores de necessidades mental, visual, auditiva, física, múltipla e portadores de
altas habilidades (superdotados).

2. 1 Os profissionais da educação especial e a exclusão

A promoção de um ensino que corresponda não somente às necessidades específicas


do aluno com necessidades educativas especiais, mas que atenda aos interesses e necessidades
de todos os alunos da classe, requer a adaptação do ensino que, entre outros aspectos,
significa alocar os recursos humanos na escola para trabalharem conjuntamente
desenvolvendo métodos e programas de ensino, adaptados à nova situação, para atuarem em
conflitos e desafios que toda situação educacional apresenta.
Santos (2000) ponderam que para se incluir crianças com necessidades especiais no
ensino regular, deve-se pensar em uma preparação para os profissionais que irão estar
envolvidos nesse processo, principalmente o professor que irá contatar diretamente com essas
crianças. Assim, o desenvolvimento de seus conhecimentos e habilidades facilitará a sua
prática pedagógica na identificação precoce, avaliação e estimulação dos alunos que tenham
algum tipo de necessidade educacional especial.

Segundo Sassaki (1999, p. 42):

A inclusão social, (...), é um processo que contribui para a construção de um


novo tipo de sociedade através de transformações, pequenas e grandes, nos
ambientes físicos (espaços internos e externos), equipamentos, aparelhos e
utensílios, mobiliário e meios de transporte e a mentalidade de todas as
pessoas, portanto também do próprio portador de necessidades especiais.

Compreende-se que a inclusão social deve ser construída na prática, percebe-se que é
um desafio a todos da sociedade e em especial aos educadores do sistema educacional. Estes
precisam dar uma clara demonstração de respeito e de compromisso com a promoção dos
direitos humanos tornando a escola cada vez menos excludente e verdadeiramente aberta a
todos os alunos, por mais "desigual" que possam ser.
A diversidade humana é inegável. Mas a escola, apesar de ser um espaço sociocultural
onde as diferenças coexistem, nem sempre reconheceu sua existência ou considerou-a na sua
complexidade, em todos os elementos do processo pedagógico.
Possibilitar essas diferentes presenças de forma harmoniosa e produtiva na escola,
sempre foi um desafio, visto que, esta sempre buscou desenvolver um trabalho baseado na
homogeneização, baseado e ‘justificado’ na premissa de que turmas homogêneas facilitam o
trabalho do professor e facilitam a aprendizagem.
Assim, a escola historicamente se caracterizou pela visão da educação que delimita a
escolarização como privilégio de alguns grupos, legitimando um processo de exclusão através
de suas políticas e práticas educacionais, que reproduzem a ordem social.
Sendo a escola, o espaço primeiro e fundamental da manifestação da diversidade,
decorre a necessidade de repensar e defender a escolarização como princípio inclusivo,
reconhecendo a possibilidade e o direito de todos que não são por ela alcançados. Desta
forma, o movimento de inclusão traz como premissa básica, propiciar a Educação para todos,
uma vez que, o direito do aluno com necessidades educacionais especiais e de todos os
cidadãos à educação é um direito constitucional. No entanto, sabe-se que a realidade desse
processo inclusivo ainda é bem diferente do que se propõe na legislação e requer ainda muitas
discussões. Então, a inclusão do aluno especial no ensino regular, nos dias atuais diferenciam
da Educação Tradicional. A escola precisa se adaptar estabelecendo um novo modelo às
necessidades e especificidades do aluno, buscando além de sua permanência na escola, o seu
máximo desenvolvimento. Ou seja, na educação inclusiva, uma escola deve se preparar para
enfrentar o desafio de oferecer uma educação com qualidade para todos os seus alunos.
Considerando que, cada aluno numa escola, apresenta características próprias e um
conjunto de valores e informações que os tornam únicos e especiais, constituindo uma
diversidade de interesses e ritmos de aprendizagem, o desafio da escola hoje é trabalhar com
essa diversidade na tentativa de construir um novo conceito do processo ensino e
aprendizagem, eliminando definitivamente o seu caráter segregacionista, de modo que sejam
incluídos neste processo todos que dele, por direito, são sujeitos.

2.2 Perfil do profissional

O professor precisa estar preparado para atendesse aos alunos especiais no sentido de
promover o desenvolvimento físico, intelectual, social e a prontidão para a escolarização.
Entretanto, é necessária a intervenção de profissionais especializados no processo pedagógico,
pelo fato do mesmo ter experiência e fundamentações teóricas que irão facilitar o trabalho
pedagógico tornando-o mais eficaz. Além do que, a inclusão social que acontece dentro da
escola é efetivada pelo professor, com suas habilidades para construir as transformações
necessárias ao verdadeiro acolhimento do aluno com necessidades educativas.

As pessoas deficientes / portadoras de necessidades especiais, segundo Jonsson (1994,


p. 61):

Desde os tempos primórdios não recebiam nenhuma atenção educacional,


nem outros serviços, simplesmente por parte da sociedade que os ignorava,
rejeitavam, perseguia e explorava essas pessoas, por serem consideradas
possuídas por maus espíritos ou vítimas de sina diabólica e feitiçarias.
Em face de esses procedimentos da sociedade e da família direcionadas as pessoas
deficientes serem frequentes e excludentes surgiram vários problemas sociais como
exploração do trabalho infantil, prostituição e privação cultural e a falta de estímulo do
ambiente e da escolaridade. Começou-se então a praticar a exclusão social dessas pessoas por
pertencerem à minoria da população. Em várias partes do Brasil ainda é possível ver a
exclusão e a segregação de diversos grupos sociais vulneráveis.
Muito embora na segunda metade dos anos 80 nos países mais desenvolvidos
começaram a surgir movimentos de inclusão social, tomando impulso na década de 90. Esses
movimentos tem por objetivo a construção de uma sociedade para todos inspirado nos
princípios de celebração das diferenças, direito de pertencer, valorização da diversidade
humana, solidariedade humanitária, igual importância à minorias, cidadania com qualidade de
vida.
Segundo Jonsson (1994, p. 61), “começou a surgir em muitos países desenvolvidos, a
“educação especial” para crianças deficientes, que antes eram atendidas em instituições por
motivos religiosos ou filantrópicos e com pouco ou nenhum controle sobre a qualidade da
atenção recebida”. Assim, algumas dessas crianças passaram a vida inteira dentro dessas
instituições, fazendo com que surgissem as escolas especiais, pois a sociedade começou a
admitir que as pessoas deficientes pudessem ser produtivas e recebessem escolarização e
treinamento profissional.
Conforme explica Jonsson (1994, p. 62):
Em seguida surgiram as classes especiais dentro de escola comum, o que
aconteceu não por motivos humanitários e sim para garantir que as crianças
diferentes não interferissem no ensino ou não absorvessem as energias do
professor a tal ponto que o impedissem de instruir adequadamente o número
de alunos matriculados nessas classes.

Para que as pessoas com deficiência pudessem ter participação plena e igualdade de
oportunidades, seria necessário que “não se pensasse em adaptar as pessoas à sociedade e sim
a sociedade as pessoas” (idem, p.63). Isso fez com que no final da década de 80 surgisse a
ideia de inclusão.
A educação inclusiva começa a ganhar novos adeptos logo após a Declaração Mundial
de Educação para todos, aprovada pela ONU, em 1990, inspirado no Plano Decenal de
Educação para todos em 1993. Em seguida, a UNESCO registrou na Declaração de
Salamanca (1994), o conceito de “inclusão” no campo da educação comum.
Portanto, para que a inclusão de alunos com necessidades especiais no sistema regular
de ensino se efetive, o profissional da educação conheça a lei de inclusão, possibilitando
assim, trabalhar a cidadania e ampliar as perspectivas existenciais, não basta a promulgação
de leis que determinem a criação de cursos de capacitação básica de professores, nem a
obrigatoriedade de matrícula nas escolas da rede pública. Estas são, sem dúvida, medidas
essenciais, porém não suficientes. É importante ressaltar ainda, que o profissional seja
conhecedor e que possa antes de se iniciar um trabalho com alunos com necessidades
educacionais especiais, no ensino regular, é necessário que se faça um preparo dos demais
alunos, no sentido de conscientização da importância da convivência na diversidade e no
respeito às diferenças.

3 POLÍTICAS DE INCLUSÃO

No Brasil, têm ocorrido tentativas de se estabelecer terminologias corretas, ao se


tratar principalmente de assunto relativos à deficiência, no intuito de desencorajar
práticas discriminatórias.
A expressão ‘necessidades educacionais especiais’ tornou-se bastante
conhecida, no meio acadêmico, no sistema escolar, nos discursos oficiais e mesmo no
senso comum. Surgiu da intenção de atenuar ou neutralizar os efeitos negativos de
terminologias adotadas anteriormente para distinguir os indivíduos em suas
singularidades, por apresentarem limitações físicas, motoras, sensoriais, cognitivas,
linguísticas, síndromes variadas, altas habilidades, condutas desviantes, etc. tais como:
deficientes, excepcionais, subnormais, infradotados, incapacitados, superdotados, entre
outras.
Segundo a Deliberação n° 02/03- CEE, a terminologia ‘necessidades
educacionais especiais’ deve ser utilizada para referir-se às crianças e jovens, cujas
necessidades decorrem de sua elevada capacidade ou de suas dificuldades para
aprender. Assim, a terminologia necessidades educacionais especiais pode ser
atribuída a diferentes grupos de educandos, desde aqueles que apresentam deficiências
permanentes até aqueles que, por razões diversas, fracassam em seu processo de
aprendizagem escolar.
Na verdade, com o uso dessa expressão, buscou-se deslocar o foco do ‘especial’
do aluno direcionando-o para as respostas educacionais que eles requerem, ou seja,
evita-se enfatizar os atributos ou condições pessoais que influenciam diretamente na
aprendizagem e escolarização, ressaltando-se a importância do papel da escola no
atendimento a cada aluno nas suas necessidades específicas. Assim, respeitar a
diversidade e manter a ação pedagógica torna-se um desafio no desenvolvimento do
trabalho com alunos que apresentam necessidades especiais.

Segundo Mantoan (1997, p. 137):

Inclusão significa convidar aqueles que (de alguma forma) têm esperado
para entrar e pedir-lhes para ajudar a desenhar novos sistemas que encorajem
todas as pessoas a participar da completude de suas capacidades – como
companheiros e como membros.

Percebe-se que no Brasil quase tudo é espelhado em leis americanas e como não
deixaria de ser essa legislação tem sido vista como o meio mais importante para acabar com a
discriminação da sociedade, de um modo geral, e das empresas, em particular, contra a
inserção de pessoas portadoras de deficiência.
Por um lado as leis forçam para pressionar empregadores a contratarem pessoas
deficientes, do outro lado elas poderão criar antipatia em relação a estas pessoas. Por isso,
percebe-se que elas precisam ser revistas, já que na maioria das vezes, são demoradas ou
nunca acontecem.
Com relação às pessoas com deficiências, basicamente existem dois tipos de leis: as
leis gerais e as especificamente pertinentes a pessoas deficientes. Leis Gerais integração
mistas são aquelas que contêm dispositivos separados sobre o portador de deficiência para lhe
garantir alguns direitos, benefícios ou serviço, como as Constituições Federal e Estadual
(BRASIL, 1998), o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Brasil, 1993) e a Lei Federal
nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, que trata da educação profissional (BRASIL, 1996).
As Leis Específicas integracionistas são aquelas que trazem a ideia de que a pessoa
com deficiência terá direitos assegurados desde que ela tenha a capacidade de exercê-los. É o
caso da Lei nº 7.853/89, parágrafo único,

II, “f”, que trata da matrícula compulsória em cursos regulares de


estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência
capazes de se integrarem no sistema regular de ensino. (BRASIL, 1994);
Instrução Normativa nº 5, que “dispõe sobre a fiscalização do trabalho das
pessoas portadoras de deficiência” (BRASIL, 1991). Lei nº 8.859, de
23/03/94, que entende aos alunos de ensino especial o direito à participação
em atividades de estágios. (BRASIL, 1994).
A Educação Inclusiva teve início nos Estados Unidos através da Lei Pública 94.142,
de 1975, encontrando-se na segunda década de implantação. No contexto da Declaração de
Salamanca consiste:

Proporcionar uma oportunidade única de colocação da educação especial


dentro da estrutura de ‘educação para todos’ firmada em 1990 [...] ela
promoveu uma plataforma que afirma o princípio e a discussão da prática de
garantia de inclusão das crianças com necessidades educacionais especiais
nessas iniciativas e a tomada de seus lugares de direito numa sociedade de
aprendizagem (UNESCO, 1994, p. 15).

Quanto ao conceito de necessidades educacionais especiais, a Declaração afirma que:


durante os últimos quinze ou vinte anos, tem se tornado claro que “o conceito de necessidades
educacionais especiais teve de ser ampliado para incluir todas as crianças que não estejam
conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for”. (UNESCO, 1994, p. 15).
Com objetivo de organizar a modalidade de educação especial e aproximá-la cada vez
mais dos pressupostos e da prática pedagógica social da educação inclusiva, em 20 de
dezembro de 1999 o decreto nº. 3.298 regulamentam a lei nº. 7.853, dispõe sobre a Política
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de
proteção e dá outras providências.
A lei n 10.172/01 aprova o Plano Nacional de Educação que estabelece vinte e oito
objetivos e metas para a educação das pessoas com necessidades educacionais especiais que
de forma sintética tratam:

Ampliação da oferta de atendimento desde a educação infantil até a


qualificação profissional dos alunos partindo do desenvolvimento de
programas educacionais em todos os municípios com parcerias nas áreas de
saúde e assistência social; Atendimento preferencial na rede regular de
ensino e atendimento extraordinário em classes e escolas especiais;
Estabelecimento de ações preventivas e parcerias necessárias ao pleno
desenvolvimento do portador de necessidades educacionais especiais em
escola inclusiva; Promoção da educação continuada de professores em
exercício.

Em 2006 os objetivos e metas traçados pelo Plano Nacional de educação no que diz
respeito à ampliação dos atendimentos da educação infantil até a qualificação profissional em
escolas regulares já podem ser vistos através do censo escolar. Embora timidamente, os
portadores de necessidades educacionais especiais, estão sendo matriculados em quase todas
as etapas e se concentram em sua maioria no ensino fundamental.
A habilitação dos profissionais em exercício de 2002 a 2006 cresceu 33,3% resultado
da política de incentivo na formação continuada de professores do Plano Nacional de
Educação.

4 CONSTRUÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA

Revendo a evolução histórica do atendimento educacional à pessoa com


deficiência consta-se que a área denominada de educação especial expandiu-se no Brasil
com a criação de entidades filantrópicas assistenciais e especializadas destinadas à
população das classes menos favorecidas. Hoje, ao contrário, buscar uma sociedade e
uma escola inclusivas é lutar, antes de tudo, por uma sociedade isenta de preconceitos
de qualquer ordem.
Nessa perspectiva é que a pesquisa busca desvendar as manifestações explícitas
ou sutis da exclusão/inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais nos
espaços sociais, especialmente na escola. Decide-se pela opção metodológica que se
situa no âmbito da investigação qualitativa e se configura, em sua totalidade como
estudo.
Procedimento esse que permite fazer uma pesquisa de cunho qualitativo,
utilizando o Estudo de Caso e aplicando-o em uma escola pública regular. Segundo
Lüdke e André (2000), pesquisa qualitativa é a que se desenvolve em uma situação
natural e rica em descrição, tem um plano aberto e flexível e focaliza a realidade de uma
forma complexa e contextualizada. Esse método, assim como os demais métodos
qualitativos, é útil quando o fenômeno a ser estudado é amplo e complexo, onde o corpo
de conhecimentos existente é insuficiente para suportar a proposição de questões
causais e nos casos em que o fenômeno não pode ser estudado fora do contexto onde
naturalmente ocorre, esclarece Bonoma (1991).
Os instrumentos de pesquisa utilizados foram definidos concomitantemente à
construção do problema e à construção metodológica. Foi utilizada a pesquisa
bibliográfica; consulta documental; pesquisa exploratória e a observação sistemática no
cotidiano da escolar.
Do ponto de vista teórico, considera-se que cada observação, pode ser
concretizado como observação participante (o observador é parte da atividade objeto da
pesquisa) ou não-participante (o observador não se envolve nas atividades do grupo sob
observação e não procura ser membro do grupo). Uma observação pode ser “aberta”,
quando o observador é visível aos observadores que sabem que estão sendo sujeitos de
uma pesquisa, ou “oculta” quando os observados não sabem que estão sob observação.
Assim, a opção metodológica nessa pesquisa foi a observação semi-estruturada
e seletiva, que consiste na observação e descrição dos eventos determinados em função
do problema de pesquisa.
Vianna (2003) ressalta que observar tudo ao mesmo tempo é humanamente
impossível, pois o pesquisador vai se deparar com uma multiplicidade de estímulos
oriundos do universo da escola. Por isso foi vital que me concentrasse nos elementos
que realmente eram imperativos para interpretar e colocar em relevo discussão sobre os
sentidos e significados produzidos por alunos e professores a respeito da
inclusão/exclusão e diferença/deficiência no cotidiano de uma escola que atende alunos
com necessidades educacionais especiais.

5 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA SOBRE A EDUCAÇÃO ESPECIAL NA


ESCOLA REGULAR

A trajetória da educação especial não se diferencia muito de uma cidade para


outra à experimentada pela grande maioria das cidades cearense. Para os alunos que
apresentassem diagnóstico de imaturidade, sob o ponto de vista físico, intelectual e
emocional, leve desvio em funções importantes para aprendizagem escolar, ritmo de
aprendizagem mais lento que a média, estimulação perceptiva inadequada era-lhes
reservada às classes especiais na escola regular, segundo orientações e instruções da
Delegacia de Ensino Especial (DEE) do estado.
Tais classes sobreviveram, oficialmente, até o início da década de 90. Segundo
Parreiras (1999), a extinção dessa designação se deu devido ao caráter opressor que
carregava e acarretava efeito discriminatório de alguns alunos dentro da escola. Na
prática, a escola se transformou, para muitos, em uma instituição onde sentimentos de
esperança e frustração vivem lado a lado. É a partir desta constatação que enfocamos a
questão da educação formal do aluno com necessidades educacionais especiais que,
incontestavelmente, atravessa hoje um momento singular e crucial, onde a questão da
inclusão está no centro de todos os debates.
Atualmente, as escolas públicas estão sendo adaptadas com rampas, banheiros
com corre-mãos salas de aulas especiais para alunos que são especiais de alguma
forma ou que estão fora de faixa etária e tem um processo lento de aprendizagem, isso
por algum motivo especial. A primeira observação para obter o diagnóstico de alunos
especiais foi perceber a crianças que por razão conflituosa familiar não tem raciocínio
de entendimento, são mal disciplinados e inquietos; outros tem problema de visão.
Diante de um contexto tão complexo como o da destruturação familiar, onde
deficiência, miséria, preconceito se misturam de forma tão homogênea fez-se necessário
um esforço imperativo para se inverter o preestabelecido. Uma realidade onde se
encontram crianças com diversidades de deficiência para a aprendizagem. A gestão
escolar da busca pelo modelo educacional que privilegia as relações tecidas no
processo educacional em que participam todos os educandos, educadores funcionários, a
assistência social, psicólogo, pedagogo, família, comunidade, mecanismos
institucionais e estrutura estatal objetivava que asseguram e garantem o cumprimento
efetivo das políticas públicas sociais, pautadas nas discussões da nova Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional de 1996.
Nesse aspecto o eixo de intervenções busca articular o conjunto de relações que
se fazem presentes e constitui o dia-a-dia da referida escola, a busca de superação de
preconceitos e estereótipos e a tônica no potencial e nas possibilidades de cada um, a
exemplo do que ocorria nas oficinas pedagógicas, ocupacionais e terapêuticas.
Dessa forma, quando a familiar busca a escola e confia no ensino educacional
oferecido, tornou-se necessário a gestão escolar e o educando ampliar o olhar,
amplificar o ouvir e aprimorar o conhecimento como lidar com o aluno especial para
que seja incluso regularmente sobre a própria história da escola.
A questão da exclusão/inclusão social tem sido debatida com frequência, tanto
no campo da educação, quando em outros relativos às ciências sociais. E a Escola seria
uma das instituições privilegiadas para quebrar com muitos tabus, por que ser espaço
privilegiado que pode proporcionar cenas de afirmações e transformações que apontam
para as identificações, conflitos, consensos de identidades culturais em movimento.
Reforçando esse argumento, Ezpeleta & Rockwell (1989) consideram que conhecer
compreender e discutir sobre este cotidiano escolar, constituído também por alunos com
necessidades educacionais especiais, implica na decisão de identificar e interpretar os
modos como ocorrem as construções de sentidos e significados nas interações com a
diferença, necessidades educacionais especiais e deficiência.
A inclusão escolar confronta-se com discursos de várias ordens, os que
confirmam o estigma do preconceito, da segregação e discriminação. Na contramão
dessas acepções, percebe-se a urgência em mudar a maneira de ver e de conviver com o
aluno com necessidades educacionais especiais; enfatizar as ideias de “estar dentro”, de
participar. Nesse sentido, é prudente riscar rótulos e atitudes paternalistas da família e
da sociedade. Operar essa mudança é questão imprescindível e, necessário se faz é
reconhecê-los como cidadãos capazes, integrantes, participantes e sujeitos da busca e da
história; e que essa operação se inicie nesse hoje que se chama agora.
Na busca de entender os sentidos e os significados construídos por alunos e
professores da escola regular com salas de alunos com necessidades educacionais
especiais conduz para o cenário da escola. Trata-se de compreender a experiência e a
vivência e das relações que se estabelecem no cotidiano escolar, nos seus diferentes
espaços e situações.
A luta pelo processo de inclusão escolar, embora, vistas pelos sujeitos, como
“experiências” iniciais, percebe-se que está ocorrendo à construção de novos valores,
onde não há roteiro nem receita pronta. Ao contrário, é uma situação que exige
criatividade e alternativas para reconhecer singularidades e diferenças individuais. O
que só está sendo possível com a concreta convivência no mesmo contexto escolar de
alunos, cujas diferenças individuais são postas em questão.
Observa-se que, quando os alunos portadores de necessidades educacionais
passam a ocupar seu lugar na escola regular, podem ser estabelecidas relações e a escola
como um todo configura um espaço de valoração individual. Tais fatores foram
percebidos através da ajuda mútua e cooperação entre alunos, professores, familiares e
funcionários da referida Escola.
Compreendo que lidar com os “diferentes” na escola regular significa a
aceitação e o respeito à diferença que, não é necessariamente tarefa que diz respeito
apenas à capacitação de professores e às privilegiadas condições humanas e materiais na
Escola, a solidariedade ou a tolerância. Diz do rompimento com as concepções
anteriores sobre a deficiência, que consagra o mito de que pessoas especiais apresentam
diferenças entendidas como qualidades negativas.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando o que se tem escrito sobre Educação Especial, percebe-se a necessidade de


uma reforma da educação para a cidadania, o que envolve uma reforma dos educadores. Não
bastam as políticas que impõem a inclusão, é preciso criar condições de estrutura - física das
escolas e didático-pedagógicas dos professores, para que estes, informados, sejam agentes
mais eficazes de transformação da sociedade.
A inclusão implica na reformulação de políticas educacionais e de implantação de
projetos educacionais inclusivos. Os esforços e investimentos demandados em defesa pela
inclusão em educação podem ser dispendiosos, se vistos numa perspectiva imediatista.
Em longo prazo, o investimento compensa, pois, a educação especial é muito mais do
que escola especial. E sua prática não precisa estar limitada a um sistema paralelo de
educação, e sim fazer parte da educação como um todo, acontecendo nas escolas regulares e
constituindo-se em mais um sinal de qualidade em educação, quando oferecida a qualquer
aluno que dela necessite, por quaisquer que sejam os motivos.
A inclusão não é uma ameaça, é uma expressão de um processo histórico que não se
iniciou e nem terminará hoje. Na verdade, a inclusão não tem fim, se entendida dentro de um
enfoque dinâmico, processual e sistêmico que a escola deve procurar desenvolver.
Após a pesquisa conclui-se que, até o momento, de maneira geral, a escola recebe,
mas há muito a percorrer para incluir os alunos com necessidades especiais, embora o país
possua o escopo da inclusão. Assim, faz-se necessário a preparação do educando dentro das
diretrizes e ações políticas visando à efetiva inclusão nas salas de aulas do ensino regular, o
que exige além de ousadia e coragem, prudência e sensatez para que se construa uma
realidade inclusiva de fato.
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1 Introdução

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