Brejo Santo - CE
2014
A INCLUSÃO DA CRIANÇA COM NECESSIDADE ESPECIAL NA
ESCOLA REGULAR
RESUMO: A educação inclusiva é assegurada pela Constituição Federal pela ECA e LDB. No
entanto, a prática da inclusão carece de instrumentos físicos e de formação específica para
tornar-se efetiva. O objetivo é efetivar um estudo mais aprofundado acerca do assunto, já que é
uma ânsia de todos os envolvidos no processo (professores, alunos, pais, coordenadores, diretor
e funcionários) para a conscientização dos mesmos, nessa ação coletiva. As escolas e seus
profissionais ainda não se encontram aparelhados de acordo com os que prezam as políticas
públicas de inclusão, fazendo com que, os alunos com necessidades educacionais especiais não
sejam atendidos como deveriam. E, a partir dessa percepção, novas transformações poderão
ocorrer, contribuindo com a inclusão social e educacional desse aluno, respeitando-o como
cidadão de direitos e deveres. O ensino regular é o caminho para a socialização de alunos
especiais.
_______________________
¹ Lidian do Nascimento Tavares, aluno do Curso de Psicopedagogia - UEVA
² Gislene Farias de Oliveira², professora orientadora.
1 INTRODUÇÃO
2 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
A educação inclusiva é a prática de uma pedagogia capaz de educar com sucesso todos
os alunos, mesmo aqueles comprometidos, ou ainda, oferecer às pessoas com necessidades
educacionais especiais as mesmas condições e oportunidades sociais, educacionais e
profissionais acessíveis as outras pessoas, respeitando-se as particularidades de cada um.
Essa educação deve acontecer através de mecanismos que atenda a diversidade, como,
proposta curricular adaptadas, a partir daquelas adotadas pela educação comum. O
atendimento dos alunos portadores de necessidades educativas especiais incluídas em classes
comuns exige serviços de apoio integrado por professores e técnicos qualificados e uma
escola aberta à diversidade.
Santos (2000) argumenta que partindo do princípio de “igualdade de oportunidade” e
“educação para todos”, deve-se ampliar as oportunidades educacionais para grande parcela da
população em que está inserido o acesso e permanência à escolarização aos alunos
considerados portadores de necessidades especiais.
Na opinião de Santos (2000) as escolas inclusivas devem reconhecer e responder as
necessidades diversas de seus alunos, acomodando todos os estilos e ritmos de aprendizagem
e assegurando uma educação de qualidade a todos, com um currículo apropriado, arranjos
organizacionais, estratégias de ensino, usam de recursos e parceria com as comunidades.
Silva (1999) vê as teorias do currículo como um discurso, aponta que aquilo que o
currículo é, depende da forma como ele é definido pelos diferentes autores e teorias. A
afirmação de que a questão central para qualquer teoria do currículo é determinar o que deve
ser ensinado e, que para responder esta questão as teorias analisam diversas discussões, mas
ao final voltam sempre à questão básica: O que os alunos devem saber? Qual o conhecimento
é importante ou válido para integrar o currículo? Tais questões revelam que o currículo é o
resultado de uma seleção de conteúdos e visa modificar as pessoas às quais é proposto.
As crianças com necessidades educativas especiais deveriam receber qualquer suporte
extra requerido para assegurar uma educação efetiva. E quem é o aluno especial? O aluno da
Educação Especial é, segundo Raiça e Oliveira (1990), aquele que, por apresentar
necessidades diferentes dos demais alunos no domínio da aprendizagem curricular
correspondente à sua idade, requer recursos pedagógicos e metodológicos educativos
específicos. Genericamente chamados de portadores de necessidades especiais, classificando-
os em: portadores de necessidades mental, visual, auditiva, física, múltipla e portadores de
altas habilidades (superdotados).
Compreende-se que a inclusão social deve ser construída na prática, percebe-se que é
um desafio a todos da sociedade e em especial aos educadores do sistema educacional. Estes
precisam dar uma clara demonstração de respeito e de compromisso com a promoção dos
direitos humanos tornando a escola cada vez menos excludente e verdadeiramente aberta a
todos os alunos, por mais "desigual" que possam ser.
A diversidade humana é inegável. Mas a escola, apesar de ser um espaço sociocultural
onde as diferenças coexistem, nem sempre reconheceu sua existência ou considerou-a na sua
complexidade, em todos os elementos do processo pedagógico.
Possibilitar essas diferentes presenças de forma harmoniosa e produtiva na escola,
sempre foi um desafio, visto que, esta sempre buscou desenvolver um trabalho baseado na
homogeneização, baseado e ‘justificado’ na premissa de que turmas homogêneas facilitam o
trabalho do professor e facilitam a aprendizagem.
Assim, a escola historicamente se caracterizou pela visão da educação que delimita a
escolarização como privilégio de alguns grupos, legitimando um processo de exclusão através
de suas políticas e práticas educacionais, que reproduzem a ordem social.
Sendo a escola, o espaço primeiro e fundamental da manifestação da diversidade,
decorre a necessidade de repensar e defender a escolarização como princípio inclusivo,
reconhecendo a possibilidade e o direito de todos que não são por ela alcançados. Desta
forma, o movimento de inclusão traz como premissa básica, propiciar a Educação para todos,
uma vez que, o direito do aluno com necessidades educacionais especiais e de todos os
cidadãos à educação é um direito constitucional. No entanto, sabe-se que a realidade desse
processo inclusivo ainda é bem diferente do que se propõe na legislação e requer ainda muitas
discussões. Então, a inclusão do aluno especial no ensino regular, nos dias atuais diferenciam
da Educação Tradicional. A escola precisa se adaptar estabelecendo um novo modelo às
necessidades e especificidades do aluno, buscando além de sua permanência na escola, o seu
máximo desenvolvimento. Ou seja, na educação inclusiva, uma escola deve se preparar para
enfrentar o desafio de oferecer uma educação com qualidade para todos os seus alunos.
Considerando que, cada aluno numa escola, apresenta características próprias e um
conjunto de valores e informações que os tornam únicos e especiais, constituindo uma
diversidade de interesses e ritmos de aprendizagem, o desafio da escola hoje é trabalhar com
essa diversidade na tentativa de construir um novo conceito do processo ensino e
aprendizagem, eliminando definitivamente o seu caráter segregacionista, de modo que sejam
incluídos neste processo todos que dele, por direito, são sujeitos.
O professor precisa estar preparado para atendesse aos alunos especiais no sentido de
promover o desenvolvimento físico, intelectual, social e a prontidão para a escolarização.
Entretanto, é necessária a intervenção de profissionais especializados no processo pedagógico,
pelo fato do mesmo ter experiência e fundamentações teóricas que irão facilitar o trabalho
pedagógico tornando-o mais eficaz. Além do que, a inclusão social que acontece dentro da
escola é efetivada pelo professor, com suas habilidades para construir as transformações
necessárias ao verdadeiro acolhimento do aluno com necessidades educativas.
Para que as pessoas com deficiência pudessem ter participação plena e igualdade de
oportunidades, seria necessário que “não se pensasse em adaptar as pessoas à sociedade e sim
a sociedade as pessoas” (idem, p.63). Isso fez com que no final da década de 80 surgisse a
ideia de inclusão.
A educação inclusiva começa a ganhar novos adeptos logo após a Declaração Mundial
de Educação para todos, aprovada pela ONU, em 1990, inspirado no Plano Decenal de
Educação para todos em 1993. Em seguida, a UNESCO registrou na Declaração de
Salamanca (1994), o conceito de “inclusão” no campo da educação comum.
Portanto, para que a inclusão de alunos com necessidades especiais no sistema regular
de ensino se efetive, o profissional da educação conheça a lei de inclusão, possibilitando
assim, trabalhar a cidadania e ampliar as perspectivas existenciais, não basta a promulgação
de leis que determinem a criação de cursos de capacitação básica de professores, nem a
obrigatoriedade de matrícula nas escolas da rede pública. Estas são, sem dúvida, medidas
essenciais, porém não suficientes. É importante ressaltar ainda, que o profissional seja
conhecedor e que possa antes de se iniciar um trabalho com alunos com necessidades
educacionais especiais, no ensino regular, é necessário que se faça um preparo dos demais
alunos, no sentido de conscientização da importância da convivência na diversidade e no
respeito às diferenças.
3 POLÍTICAS DE INCLUSÃO
Inclusão significa convidar aqueles que (de alguma forma) têm esperado
para entrar e pedir-lhes para ajudar a desenhar novos sistemas que encorajem
todas as pessoas a participar da completude de suas capacidades – como
companheiros e como membros.
Percebe-se que no Brasil quase tudo é espelhado em leis americanas e como não
deixaria de ser essa legislação tem sido vista como o meio mais importante para acabar com a
discriminação da sociedade, de um modo geral, e das empresas, em particular, contra a
inserção de pessoas portadoras de deficiência.
Por um lado as leis forçam para pressionar empregadores a contratarem pessoas
deficientes, do outro lado elas poderão criar antipatia em relação a estas pessoas. Por isso,
percebe-se que elas precisam ser revistas, já que na maioria das vezes, são demoradas ou
nunca acontecem.
Com relação às pessoas com deficiências, basicamente existem dois tipos de leis: as
leis gerais e as especificamente pertinentes a pessoas deficientes. Leis Gerais integração
mistas são aquelas que contêm dispositivos separados sobre o portador de deficiência para lhe
garantir alguns direitos, benefícios ou serviço, como as Constituições Federal e Estadual
(BRASIL, 1998), o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Brasil, 1993) e a Lei Federal
nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, que trata da educação profissional (BRASIL, 1996).
As Leis Específicas integracionistas são aquelas que trazem a ideia de que a pessoa
com deficiência terá direitos assegurados desde que ela tenha a capacidade de exercê-los. É o
caso da Lei nº 7.853/89, parágrafo único,
Em 2006 os objetivos e metas traçados pelo Plano Nacional de educação no que diz
respeito à ampliação dos atendimentos da educação infantil até a qualificação profissional em
escolas regulares já podem ser vistos através do censo escolar. Embora timidamente, os
portadores de necessidades educacionais especiais, estão sendo matriculados em quase todas
as etapas e se concentram em sua maioria no ensino fundamental.
A habilitação dos profissionais em exercício de 2002 a 2006 cresceu 33,3% resultado
da política de incentivo na formação continuada de professores do Plano Nacional de
Educação.
BRASIL, Decreto nº3.298 de 20/12/1999 . Regulamenta a lei nº. 7.853 , dispõe sobre a
Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de
proteção e dá outras providências. 1999.
______. Congresso Nacional. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº. 9394, de
20/12/1996.
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