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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância


Trabalho de Campo

Tema: Formas que o Estado obtém receitas

Nome do Estudante: Ernesto Chico Binze


Código de Estudante:708200781

Curso: Licenciatura em Administração pública


Disciplina: Administração Finanças e Pública
Ano de frequência: 3º Ano

Docente: dr Rosalina Fernando

Gorongosa, Maio de 2022


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1. Introdução

O Estado cobra receitas e faz despesas para atingir certas finalidades, que são a
realização das necessidades colectivas (públicas), como é o caso de construções de
escolas, hospitais, estradas e outras infrastruturas públicas como forma de garantir o
bem-estar e a segurança pública.
No âmbito de arrecadação de receitas públicas, as instituições de ensino, os Governos
locais e outras instituições públicas, são autorizadas por lei a produzirem receitas
próprias, para poderem reforçar os recursos financeiros que recebem do Orçamento do
Estado.
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2. Objectivos
2.1. Objectivo Geral
• Analisar o processo da gestão das receitas.
2.2. Objectivos específicos
• Descrever o processo de elaboração do plano de arrecadação e gestão de receitas
próprias;

• Discutir o processo de execução das receitas próprias;

• Identificar o contributo da execução das despesas com receitas próprias;

• Avaliar o processo de prestação de contas das execuções de receitas próprias.

Conceito

Receita é um termo utilizado mundialmente pela contabilidade para evidenciar a


variação ativa resultante do aumento de ativos ou da redução de passivos de uma
entidade, que aumente a situação líquida patrimonial, qualquer que seja o proprietário.

A receita é a expressão monetária resultante do poder de tributar ou do agregado de


bens ou serviços da entidade, validada pelo mercado em um determinado período de
tempo e que provoca um acréscimo concomitante no ativo ou uma redução do passivo,
com um acréscimo correspondente no patrimônio líquido, abstraindo-se do esforço de
produzir tal receita representado pela redução (despesa) do ativo ou acréscimo do
passivo e correspondente redução do patrimônio líquido.

Receitas Pública
Segundo Gonsalves (2010, p. 23), a receita publica distingue-se em receitas
orçamentarias e receita extra-orcamentaria. A receita extra-orcamentaria é representada
no balanço patrimonial como passivo financeiro, constituída por recursos de terceiros
transmitidos pelos cofres públicos já em receitas correntes e receitas de capital.
Pereira et all (2010, p. 213), define a receitas públicas como abrangendo todas as somas
em dinheiro ou recursos equivalentes, cujos beneficiários é o Estado ou uma entidade
pública administrativa, e que tem como finalidade principal satisfazer as necessidades
financeiras e outros fins públicos relevantes.
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Sousa Franco (2012), p.299) diz que as receitas públicas podem ser assim
genericamente definidas como qualquer recurso obtido durante um dado período
financeiro, mediante o qual o sujeito público pode satisfazer as despesas públicas que
estão a seu cargo.
Segundo a Lei 9/2002, 12 de Fevereiro, são receitas públicas todos os recursos
monetários ou em espécie, independentemente da sua origem ou natureza, desde que
esteja à disponibilidade do Estado, com excepção daqueles recursos cujo o Estado é
mero depositário temporário.
Segundo Ribeiro, (1997, p.239), são receitas públicas as que aumenta o património do
Estado e pode prover da venda de produtos e da prestação de serviço a preço
contratualmente estabelecido.
Dos conceitos citados, o que mais se enquadra a presente pesquisa, é o da Lei 9/2002,
de 12 de Fevereiro, porque é ela que regula as normas vigentes no processo de
realização das despesas públicas na República de Moçambique e sobre tudo nas
Instituições públicas, como é o caso do objecto do estudo.

Receitas Fiscais
Segundo o Diploma Ministerial 181/2013 de 14 de Outubro, são receitas fiscais a soma
de arrecadação de receitas provenientes de tributo, compreendidos os elementos,
impostos sobre o rendimento, imposto sobre bens e serviços e outros impostos
Ribeiro (1997,p.259), são impostos fiscais, que o estado cobra para simplesmente obter
receitas e atingir outras finalidades.
Todavia, o conceito defendido pelo Diploma Ministerial 181/2013 de 14 de Outubro,
ajusta-se a pesquisa por ser, no nosso entender, aquela que melhor define a estrategia
fiscal.

Impostos
Ribeiro ( 1997,p.259), imposto define-se como prestação pecuária, coactiva e unilateral
sem o carácter de secção, exigida pelo Estado com vista à realização de fim público.
Sousa Franco (2012,p.72), imposto é uma prestação pecuária requerida dos particulares
por via autoritária, a título definido e sem contrapartida, com vista à cobertura dos
encargos públicos.
esta feita, em atenção aos objectivos específicos do estudo, cuadona-se o conceito de
imposto avançado por Ribeiro (1997, p. 259), por assentar-se na prestação pacuaria
requerido dos particulares por via autoritário.
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2.2.4 Receitas Patrimoniais


Ribeiro (1997,p.246), as receitas patrimoniais podem ainda provir das explorações
industriais ou comerciais do Estado. Efectivamente, o estado explora certas indústrias e
comércios, uma vez em que o monopolio outras em concorências com os pariculares. O
Estado se reserva a exploração 9
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de determinada indústria com o fim de obter receitas ou o Estado de reserva a essa


exploração, não por causa das receitas mas para assim satisfazer melhor as necessidades
colectivas.
Pereira (2010,p.214), por sua vez definem as receitas patrimoniais como recitas
efectivas provenientes do património mobiliário e imobiliário do estado, podendo
assumir carácter corrente ou extraordinário.
Sousa Franco (2012,p.51), Designa por receitas patrimoniais, as receitas que resultam
da administração do património do Estado ou da disposição de elementos do seu activo
e que não tenham carácter tributaria.
As definições acima citadas levam-nos a entender que são receitas patrimoniais aquelas
que provem de preços negocialmente estabelecido, entre o Estado e a pessoa (colectiva
ou individuais), em troca de um bem ou serviço ou de exploração do património
publico.

Taxas
Ribeiro (1997,p. 253), define taxa como sendo preço automaticamente fixados que
representam menos que o custo dos serviços ou, quando muito, com ele se parificam. Só
em casos raros é que as taxas excedem o custo de produção.
A Circular nº 01/Gab-Ministro das Finanças (2010 artg nº 1), define taxa como sendo
prestação avaliável em dinheiro, exigida por uma entidade pública como contrapartida
individualizada pela utilização de um bem de domínio público, ou de um serviço
público ou pela remoção de um limite jurídico a actividade dos particulares, desde que
previstas na lei Moçambicana.
Franco (2010, p. 63), por sua vez define a taxa como uma prestação tributária (ou
tributo) que pressupõe, ou dá origem a uma contraprestação específica, resultante de
uma relação concreta (que pode ser ou não de benefício) entre o contribuinte e um bem
ou um serviço público.
O elemento em comum nos três autores é a reciprocidade que envolve a taxa entre quem
a paga e aquele que a recebe, descrita em contraprestação específica. Os autores
também realçam a contraprestação que acontece numa relação de contribuinte e um bem
ou serviço público.

Receitas consignadas
Segundo a Circular nº 01/GAB-MF/2010, receita consignada é a receita pública
proveniente de tributos-imposto, taxas ou contribuições especiais estabelecidos em
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dispositivos legais que a vincula na totalidade ou em parte a um ou mais objectivos


específicos.
Para o Tribunal Administrativo, é a receita que a título excepcional e por determinação
legal, afecta as despesas predeterminadas.

Processo de Arrecadação de Receitas

Segundo a Circular nº 01/GAB-MF/2010, para arrecadação de receitas, desde o agente


arrecadados, ate os valores entrarem, nos cofres do estado obedecem o seguinte
fluxograma:
a) Registo da legislação que estabelece a receita no Modelo de elaboração Orçamental e
criação dos classificadores orçamentais que individualiza cada receita;

b) Publicidade adequada a legislação que fixa o tarifário para a cobrança de cada


receita;

c) Previsão de recolha de receita e sua inscrição no Modelo de Elaboração Orçamental


no processo de elaboração do orçamento;

d) Alinhamento das classificações da célula orçamental de receita no sistema de


administração financeira do estado com a classificação;

e) Aprovação do Orçamento do Estado e sua disponibilização no modelo de execução


orçamental;

f) Cobrança de receita e sua canalização individualizada pelo órgão ou instituição


gerador da receita;

g) Entrega da receita cobrada através da guia do modelo B devidamente preenchido pelo


órgão ou instituição gestora de facto gerador na Direcção da Área Fiscal/Unidade
Gestora Competente;

h) Registo da receita da Direcção da Área Fiscal/ Unidade Gestora Competente e


certificação da entrega;
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Transferência da receita da conta bancária da Direcção da Área Fiscal/ Unidade Gestora


Competente para a conta única do tesouro;

j) Emissão do Modelo 51 e verificação rigorosa da exactidão das classificações e


valores, digitados no Modelo 51, pelo funcionário diferente daquele que os digitou,
confrontando-os com os dados do relatório de receitas que lhe deu origem;

k) Envio do modelo 51 a Direcção Provincial de Plano e Finanças/ Direcção Nacional


do Tesouro;

l) Emissão e envio de Memorando comprovativo do montante recolhido pela Direcção


Geral de Administração Tributaria para órgão ou instituição gestora do facto gerador da
receita para efeito de monitoria das classificações e valores restado;

m) Registo da receita no Modelo de Execução Orçamental pela direcção Provincial de


Plano e Finanças/ Direcção Nacional do Tesouro e emissão da Guia Recolhimento com
a copia para o Departamento de Administração e Finanças/ Unidade Grandes
Contribuinte, para efeitos de monitoria das classificações e valores registados;

n) Monitoria diária do modelo de execução orçamental pelo órgão ou instituição gestor


do facto gerador para efeitos de certificação da correcta classificação, da data do registo
e da exactidão dos valores registados.
Em caso de inexactidão, ou atraso no registo, contactar a respectiva Direcção da Área
Fiscal.

Fontes de Financiamento

1. Os valores provenientes das taxas e multas definidas ao abrigo da


legislação em vigor, aplicáveis nas áreas de Florestas, Fauna Bravia, Ambiente,
Terras, Ordenamento do Território e Conservação, com observância das
percentagens consignadas a favor de outras entidades;

2. Recursos provenientes de serviços prestados a outras entidades;

3. Os rendimentos dos depósitos e operações financeiras efectuadas e mantidas no


sistema bancário;
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4. Os valores provenientes da venda do selo ou certificado produzido com


tecnologias limpas;

5. Os valores resultantes de compensações por acidentes ambientais ocorridos no


país ou que o afectem;

6. Os resultados de rendimentos dos investimentos realizados;

7. Quaisquer outros financiamentos autorizados pelo Governo;

8. As heranças, legados, doações, subsídios, comparticipações ou donativos


atribuídos por entidades públicas ou privadas nacionais e ainda por doadores;

9. Os valores da venda de publicações e estudos editados pelo FNDS, bem como


das taxas cobradas pela publicidade nelas inseridas.
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Conclusão
Para atender às necessidades da sociedade, o governo precisa prestar serviços e realizar
obras - o que exige gastos. Receita pública é o dinheiro que o governo dispõe para
manter sua estrutura e oferecer bens e serviços à sociedade, como hospitais, escolas,
iluminação, saneamento, etc.

Para poder fazer isso, o governo precisa arrecadar dinheiro e faz isso de diversas
maneiras. Essa arrecadação vem de impostos, de aluguéis e venda de bens, prestação de
alguns serviços, venda de títulos do tesouro nacional, recebimento de indenizações.
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Referências bibliográficas
ALBERTO, A. S (2013). Canalizacao de receitas, Maputo, p. 67
Banze, D.J. e tal (2010) Metodologia de Investigação Cientifica. ISDB. Maputo
Franco, A.L.S. (2012), Finanças publicas e direito financeiro 4ª edição. Almeida
Coimbra.
Gil, A. C. (1998), Métodos de Técnicas de Pesquisa Social. 2ª ed. Editora Atlas. São
Paulo.
Gonsalves, A. O. (2010), Caderno de Contabilidade Pública. Faculdade Dom Alberto
Santa Cruz do Sul.
Pereia P. T. et al (2010), Economia e Finanças Públicas. 3ª ed. Escolar. Editora. Lisboa
Ribeiro, J.J.P (1997), Lições de Finanças Públicas. 5ª ed. Editora Coimbra.
Vasquez. A. I.A. (2004), Finanças Distritais – Sistema de registo e controlo de receitas
– Manual de Operação

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