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2spoaao22 22:21 wd 221_ut_ poe pro. Aula1 DESENVOLVIMENTO HISTORICO DA POLITICA CRIMINAL» Vamos nos aprofiundar nos conceitos e no desenvolvimento histérico da politica criminel, compreendendo, desta forma, sua evoluicéio ao iorgo da chamada “era cldssica’ e “era contempordnea’, tracando ainda sua estrita rela¢do com a escola positiva e o surgimento da fase cientifica da criminologia. INTRODUGAO, 0, estudante! Durante os estudos, vamos conhecer um pouco acerca do tema Politica Criminal, Tal assunto é de suma importancia, posto que permitira uma anélise aprofundada da efetiva evolucao do direito penal ao longo do tempo. Em um primeiro momento, vamos nos aprofundar nos conceitas e no desenvolvimento hist6rico da politica criminal, compreendendo, desta forma, sua evolugao ao longo da chamada “era cléssica” e “era contemporanea’, tracando ainda sua estrita relacdo com a escola positiva e o surgimento da fase clentifica da criminologia. Por meio do presente estudo sera possivel o entendimento e a aplicag3o dos principais conceitos relativos & politica criminal e & criminologia em si. CONCEITO E OBJETO DA POLITICA CRIMINAL Conceito e objeto da politica criminal Antes de nos aprofundarmos no tema proposto, por primeiro, é de relevante importancia o estudo dos conceitos e abjetos da politica criminal, posto que, somente por melo destes sera possivel a compreensio fundamental do fenémeno juridico. Afim de possibilitar 0 entendimento do tema, vamos conceituar a politica criminal de duas formas: em sentido estrito em sentido amplo. Em sentido estrito a politica criminal pode ser definida como um determinado conjunto de principios e normas, por meio do qual o Estado providéncia a prevengio e repressio da criminalidade e das infragBes penais. Em sentido amplo, ou seja, em um panorama geral, a politica criminal deve ser considerada como os ‘mecanismos utilizados para a efetiva execuc3o das penas (politica de execuco penal) e aplicagao das medidas de seguranga com vistas ao atendimento do interesse social e ressocializacdo do criminoso (politica penitenciéria) Fgura | Politica criminal _25104/2022 22:24 whide_221_ut_pol_er_pro_eri Fonte: Shutterstock Arespeito do tema, Fernanda Lara de Carvalho (2076) aponta que a politica criminal, embora nao tenha status de ciéncia, é responsavel pela efetivacdo das descobertas realizadas pela criminologia, ou seja, cabe 8 politica criminal colocar em pratica, por meio de politicas pilblicas, os mecanismos para controle da criminalidade de acordo com o perfil da cidade ou de regides da cidade, por exemplo. Gd Atencao! E importante ressaltar que 0 objeto da politica criminal nao se limita a uma simples anélise da problemética relativa 3 repressao de crimes, mas sim, de todo um conjunto de técnicas por meio das quais a prépria sociedade e seus governantes estruturam as reagGes & criminalidade urbana, assim, se pode concluir que a repressao, enquanto ramo do direito, ndo € em hipdtese alguma o tinico instrumento da politica criminal e sequer 0 mais recomendado. Existem diversas medidas de cardter estritamente politico que podem ser empregadas visando a atenuacdo da criminalidade, incluindo investimentos em programas educacionais de sociais focados na diminuigdo da desigualdade social. © autor Paulo Henrique de Godoy Sumariva (2019) ao tratar de politica criminal sob 0 enfoque da criminologia, 6 enfatico ao definir que esta se orienta em: + Prevencio especial e direta dos crimes socialmente relevantes. _25104/2022 22:24 whide_221_ut_pol_er_pro_eri * Intervencao relativa as suas manifestacées ¢ aos seus efeitos graves para determinados individuos familias, Aprevencao e a intervengdo dirigidas implicam objeto individualizado e comprovado Por fim, podemos concluir que estudo da politica criminal é de suma importancia para 0 desenvolvimento das estratégias de combate & criminalidade, quando do ponto de vista da repressao e, principalmente para 0 avango de politicas relacionadas a ressocializagao do preso e ao avanco de politicas puiblicas de controle € reducao da criminalidade decorrente da implantagio de programas sociais que visem a diminuicao da desigualdade social em Ambito nacional. VIDEOAULA: CONCEITO E OBJETO DA POLITICA CRIMINAL Aula video explicando o conceito e objeto da politica criminal, demonstrando a importancia de seu estudo frente a outros contetidos préximos \Videoaula: Conceitoe objeto da Politica Criminal Para visualizar o objeto, acesse seu material digital A POLITICA CRIMINAL DA ERA CLASSICA A politica criminal da era classica ‘Ao tratarmos do estudo da politica criminal no ambito de direito, impossivel nao iniciarmos por uma andlise dos aspectos relevantes ao tema na era classica. A denominada “Escola Cldssica” surgiu no século XVIII como uma espécie de resposta ao totalitarismo do Estado Absolutista.A Escola Classica possulu clara inspiracao no antropocentrismo, impondo que o Direito seria imperativo da razao. Os principais pensamentos e fundamentos desta escola foram concebidos por Cesare Beccaria, por meio de sua obra denominada Dei delitte delle pene (dos Delitos das Penas), sendo posteriormente aprimorados por outros autores como Anselm von Feuerbach, Immanuel Kant e Francesco Carrara (Os membros da Escola Classica pregavam o livre arbitrio, fundamentando que os homens podem escolher livremente 0 caminho que querem seguir, seja ele bom ou ruim, porém, caso a escolha realizada recaia sobre 0 caminho ruim e seus atos sejam reprovavels, este homem, detentor do livre arbitrio cuja escolha recaiu sobre o caminho do mal deve ser submetido a uma pena como forma de castigo. A revolugao francesa em 1789 culminou com a queda do sistema politico e social da Franga denominado Antigo Regime e com as ideologias que Ihe serviam de fundamento, ou seja, a estrutura de poder anteriormente utilizada, baseada no exercicio de um poder absoluto e de carater religioso por parte do soberano, teve fim. Até or isso, a politica criminal no final do século XII ¢ inicio do século Xill foi objeto de relevantes mudangas, principalmente ante ao surgimento da prisiio como forma de pena. 2510412022 22:21 whide_221_ut_pol_er_pro_eri 69 Reflita € importante ressaltar que a prisSo jd existia, porém, anteriormente a este marco era utllzada provisoriamente, apenas com a finalidade de promover a segregacao cautelar de um suspeito ou réu até ‘seu efetivo julgamento e aplicagdo da pena devida De ponto de vista cultural este perfodo também passou por fortes e relevantes mudancas, principalmente no que concerne a aceitagao dos fenémenos cientificos e o fim dos fundamentos de carter estritamente religiosos ou divinos, Figura 2 | Imagem ilustrativa de uma cadeia em tempos antigos Fonte: Shutterstock, Promovendo uma andlise antropolégica a politica criminal e da aplicagSo das penas no perodo classico, resta claro que a intengo do sistema prisional & época era de tornar absolutamente controléveis ou até mesmo déceis, aqueles que representavam ameaca ao poder. As polticas criminais na era cléssica possulam como objetivo primordial a efetiva prevens3o a criminalidade, porém, o sistema criado utilizava principalmente o temor das pessoas pela ameaca da aplicago de determinada pena, o que foi denominada de "prevencao geral" ou ainda, a ameaca de isolamento ou trabalho forcado, denominado de "prevencio especial’ Em que pesem os avangos no campo da politica criminal trazidos pela Escola Classica, no periodo estudado, principalmente no que concerne ao fim do exercicio do poder absoluto embasado na religigo, é de se ressaltar _25104/2022 22:24 wide_221_ut_pol_er_pro_eri aplicada, porém apenas em algumas hipéteses espectficas. VIDEOAULA: A POLITICA CRIMINAL DA ERA CLASSICA Aula video tratando da evolucSo histérica da politica criminal e seus aspectos relevantes na era cldssica pés- revolugio francesa, Videoaula: A Poca Criminalda era clissca Para visualizar 0 objeto, acesse seu material digital POLITICA CRIMINAL E A ESCOLA POSITIVA. Politica criminal e a escola positiva ‘Apés 0 desenvolvimento histérico da politica criminal ocorrido na era classica pés-revolugao francesa e seus avangos, principalmente no campo das penas, passamos a tratar da politica criminal na era cientifica com enfoque na escola positiva de direito. A Escola Positiva de direito surgiu no final do século XIX, sob forte influéncia dos iluministas. Em um primeiro momento os percursores da Escola Positiva objetivaram a aplicagao dos métodos investigativos de outras cigncias como a antropologia e até mesmo a biologia ao direito. Por Sbvio tal intento restou infrutifero, posto que a norma juridica, ante ao seu cardter circunstancial e nao cientifico, necessitava de meios diversos de observagio, o que culminou no surgimento da criminologia. Mesmo com o fim das penas de cardter religioso e a imposi¢ao de que os governantes receberiam mandatos para, desta forma, agir dentro dos limites constitucionaimente previstos e em busca dos interesses do povo, 0 ue se viu em meados de 1815 foio inicio da chamada Era NapoleGnica, que, em verdade, se tratava de verdadeiro regime ditatorial ‘Apés 0 fim da Era Napoleénica o mapa politico europeu passou por uma verdadeira reformulac3o com a instalago do Congreso de Viena, culminando assim, na efetiva consolidacso dos Estados-NacBes. No inicio do século XIX os paises da Europa e América, no intuito de proteger 0 novo sistema criado, editaram cédigos penais e processuais. Com isso, a ciéncia criminal deixou de preocupar- se Unica e exclusivamente com as penas e passou a olhar com outros olhos o comportamento dos criminosos, tratando as questées relativas 4 criminalidade ndo mais no campo filos6fico, mas sim no cientifico, sob um ponto de vista neutro. _2oar2022 22:21 wide 221_u1_pol er pro er No que tange as politicas criminais, o positivismo cientifico (primeira fase da Escola Positiva), teve como objeto de estudo, de modo diverso da Escola Cléssica, o homem criminoso, Diversos autores, dentre eles destacando- se Cesare Lombroso, defendiam que nem todos os individuos so iguais, apontando que os criminosos agiam de forma irracional e predeterminada. Assim, a politica criminal a época teve por finalidade a defesa social, com intuito de identificar e neutralizar individuos considerados perigosos para que cessassem seus atos criminosos, havendo neste periodo, inclusive, a defesa de penas por periodos indeterminados e até mesmo pena capital para criminosos que nao fossem passive's de recuperacio. Desta forma, em que pese a intencao da Escola Positiva tenha sido inicialmente prezar pela neutralidade focada no fim clentifico, ela acabou por transformar os individuos criminosos em objeto de estudo, criando uma imagem preconceituosa de homem de acordo com padres genéticos e étnicos, o que acabou por culminar até mesmo em politicas que defendiam a superioridade das ragas, como no nazismo alemao. Ante a tais assertivas & possivel concluir que com 0 desenvolvimento da politica criminal na Era Cldssica em comparac3o com a Escola Positiva, houve uma severa mudanga no discurso e até mesmo no entendimento no campo da criminologia, afastando a centralizacéo politica e adotando como meta a redugo da criminalidade ea repulsa ao individuo criminoso. VIDEOAULA: POLITICA CRIMINAL E A ESCOLA POSITIVA ‘Aula video com explicacdes acerca da evolugo da politica criminal durante a Era Cientifica, com explanages acerca do positivismo e como essa forma de pensamento alterou 0 modo como a aplicaao das penas passou a ser tratada Videoaula:Poltica Criminal ea Escola Positva Para visualizar o objeto, acesse seu material digital A POLITICA PENAL CONTEMPORANEA A politica penal contemporanea Na década de 1980 tanto a criminalidade quanto as politicas criminais sofreram profundas mudancas, tanto pelo expressivo aumento da taxa de criminalidade quanto pela efetiva consciéncia, por parte da populagao em geral, de que o Estado e seu sistema de seguranca seriam demasiado limitados para lidar com esta realidade. Desde meados dos anos de 1920 os crimes patrimoniais e violentos cresceram exponencialmente no mundo todo, principalmente ante o maior alcance dos meios de comunicasao, que, por meio de narrativas dramaticas e constantes, potencializou o medo jé existente na mente do cidadao, o que alterou aos poucos 0 comportamento do homem médio, fazendo-o adotar providéncias voltadas a efetiva prevencao de delitos. (O aumento das taxas de criminalidade 3 época foi decorrente das alterag6es sociais ocorridas em larga escala, _25104/2022 22:24 wide_221_ut_pol_er_pro_eri tanto do ponto de vista econémico quanto do cultural, consequentes da expansio do neoliberalismo com a restrigdo & intervengio estatal sobre a economia, Figura 3 | Poltica penal Fonte: ShutterStock, Com 0 inicio desta nova era, o lento desenvolvimento do sistema penal nao estava preparado para suportar esta acentuada elevaco dos niveis de criminalidade, 0 que aumentou ainda mais a impress de que o préprio Estado seria débil no combate ao crime. Desta forma, visando controlar a répida expansdo da criminalidade, o Estado acedeu a uma espécie de politica previdenciarista, na qual o controle social se dé de forma correcionalista. Sobre o tema, David Garland (2008, p. 104-105) expés suas bases de forma didtica: 6 6 Com rafzes na década de noventa do século XIKe vigorosamente desenvolvide nos anos 1950 e 1960, 0 previdenciarismo penal era, nos anos 1970, a polit a estabelecida tanto nna Gra-Bretanha quanto nos Estados Unidos. Seu axioma basico - medidas penais devem, sempre que possivel, se materializar mais em intervengSes reabilitadoras do ‘que na punigdo retributiva - proporcionou o aperfeigoamento de uma nova rede de principios e préticas inter-relacionados. No periodo, o controle do crime foi marcado pela derracada dos to buscados ideais de reabilitagao, que foram rapidamente substituidos pelas metas de retribuicdo e pelo controle efetivo do risco. _2oar2022 22:21 wide 221_u1_pol er pro er Outro aspecto relevante foi o ressurgimento das sangées de carter retributivo e a mudanga de tom das préprias politicas criminais, na qual o criminoso que anterior mente era tratado como uma pessoa ser oportunidades na vida, que foi de certa forma obrigado a adentrar no mundo do crime, passou a ser visto como uma espécie de predador perigoso e oportunista, 69 Reflita Ainda na Era Contemporanea, passou-se a dar importancia as vitimas e aos seus sentimentos, posto que 0 foco passou a ser a protegao das pessoas acima de tudo, dando-se énfase a seguranca e contencao do perigo. As diversas mudangas ocorridas no campo das politicas criminais se fortaleceram ainda mais nos anos de 1980 e foram consolidadas em meados dos anos de 1990. A POLITICA PENAL CONTEMPORANEA ‘Aula video com explicacdes acerca da evolugao da politica criminal durante a Era Contemporanea, explanando a evolugaio histérica dos anos de 1920 até meados dos anos de 1990. Videoaula: A Politica Penal contempordnea Para visualizar o objeto, acesse seu material digital ESTUDO DE CASO Com base no contexto sociolégico e politico apresentado na aula, o estudante deve discorrer acerca da “Teoria da Janela Quebrada e sua relagao com a reducgo da criminalidade e oposigao com a o Principio da Insignificdncia 3 luz do desenvolvimento na criminologia dos anos de 1980 até hoje. RESOLUCAO DO ESTUDO DE CASO Tendo em vista os assuntos apresentados em aula, espera-se que o estudante em sua resposta aponte o conceito da Broken Windows Theory, demonstrando que tal teoria, na prética, explicita que ao aplicar sangoes para pequenos delitos, ha o impedimento de que os infratores cometam delitos ainda maiores ante a sensagio de impunidade, A fim de complementar a resposta, 0 estudante deve exemplificar a aplicabilidade da Teoria, podendo, inclusive, citar 0 classico caso da Fabrica com janelas quebradas, na qual a substitui¢go do vidro destruido deve ser realizada 0 mais rapido possivel, posto que, ao passar pela regido, outra pessoa vendo a janela quebrada pode sentir-se tentada a jogar uma pedra em outra janela, _2oar2022 22:21 wide 221_u1_pol er pro er esperado que seja tracado um paralelo entre a Teoria da Janela Quebrada e o Principio da Insignificdncia, demonstrando que o segundo se contrapde ao primeiro, posto que defende a interven¢o minima do Estado nas relagdes socials, servindo de limitador ao poder deste. Desta forma, em sua conclusio 0 aluno deve apontar que, do ponte de vista histérico, o avango da criminologia 0 dar maior atengo & prépria pessoa, do ponto de vista sociocultural a partir da década de 1980, passou afastar a aplicabilidade da teoria da janela quebrada em detrimento ao principio da insignificancia, sob 0 argumento de que tal principio objetiva selecionar situagdes cujas consequéncias sejam mais graves as vitimas, ‘do utilizando a pena como simples forma de coibir a pratica delituoso, mas sim, com o carter de reintegracio do sujeito criminoso na sociedade. Resolugio do Estudo de Caso Para visualizar o objeto, acesse seu material digital 6a Saiba mais Para ampliar 0s seus conhecimentos sobre os temas abordados durante os nossos estudos, indicamos algumas leituras que so muito pertinentes e interessantes! Clique aqui para ler 0 artigo A Nova Ordem Sociaeconémica e a Inddstria do Controle Penal escrito por Washington Pereira da Silva dos Reis. a .e aqui para ler o artigo Politica Criminal e Criminologia Humanista escrito pela dra. Ryanna Pala Veras. Clique aqui para ler 0 artigo Direito Penal Contemporéneo e 0 Expansionismo Punitivo escrito por Gabriela Serra Pinto de Alencar. Aula2 PROCESSOS POLITICO-CRIMINAIS Durante os estudios, vamos nos aprofundar no tema da politica criminal, principalmente no que concerne aos seus movimentos especificos, como os de Lei e Ordem, com explanagdes acerca da Politica Criminal de Tolerancia Zero e 0 Direito Penal do inimigo. 48 minutos INTRODUCGAO _2oar2022 22:21 wide 221_u1_pol_er_pro_er a, estudante! Durante os estudos, vamos nos aprofundar no tema da politica criminal, principalmente no que concerne aos seus movimentos especificos, como os de Lei e Ordem, com explanaces acerca da Politica Criminal de Tolerdncia Zero € 0 Direito Penal do Inimigo, Sero abordados no presente estudo os movimentos politico-criminais repressivistas (ou punitivistas) e 05 no intervencionistas (ou no repressivistas), possibilitando uma andlise da evolugao sociolégica do controle estatal exercido por meio do préprio Direito Penal, Aproposta de estudo abordara ainda temas relevantes tanto para os estudos do Direito Penal quanto da criminologia, como 0 processo de criminalizacdo em contraponto ao processo de descriminalizago e como eles afetam as politicas criminais modernas ou ainda, os processos de penalizacao e despenalizacao e o fenémeno da prisionalizagdo como medida de segregacao cautelar e da desprisionalizagio com adogio de medidas diversas & prisdo com a finalidade de evitar a segregacio do individuo. MOVIMENTOS DE POLITICA CRIMINAL Movimentos de Politica Criminal Ao tratarmos de politicas criminais, indispensavel a realizacao de reflexdes acerca dos movimentos a elas relacionados. Movimentos de politica criminal podem ser definidos como 0s meios adotados pelo Estado como resposta a0 fenémeno da criminalidade, ou seja, a efetiva acdo a ser tomada em face de um desvio de conduta por parte do criminoso e as politicas que serdo implementadas pelo Estado como forma de coibir a pratica delitiva ‘Amaior parte dos autores divide os movimentos de politica criminal em movimentos repressivistas movimentos no repressivistas. Movimentos repressivistas Os movimentos rotulados de repressivistas so aqueles que defendem a intervencao estatal maxima no que concerne a aco punitiva. Esse movimento vé o criminoso como alguém que deve ser tirado de circulacdo, possuindo uma proposta de unico voltada a segregac3o ou mesmo para execucao. Em meados dos anos de 1970 nos Estados Unidos, foi implantado 0 Movimento de Let e Ordem, que, diante do exponencial aumento da criminalidade, objetivava o combate a esta por meio de uma politica de criago de novos tipos penais e aplicacao severa e rigorosa daqueles ja existentes, Este movimento parte do pressuposto de que as penas possuem caréter retribuitivo e que a segregacao cautelar de um individuo serviria como forma de reacdo imediata a pratica de um crime. Relevante politica criminal com carater repressivista foi a chamada Teoria do Direito Penal do Inimigo, criada pelo professor alemso Gtinther Jakobs com base nos ensinamentos do sociélogo Niklas Luhmann. Para essa teoria, os criminosos sdo divididos em duas classes, sendo os 2srour2022 22:21 wide 221_ut_poler_po_er “criminosos tradicionais” aos quais é imperiosa a aplicaco do Direito Penal Tradicional e os “autores de crimes graves", cujos atos sdo atentatorios & propria estrutura social, como os terroristas, criminosos sexuais, membros do crime organizado e autores de outros crimes graves. Para a Teoria do Direito Penal do Inimigo, esse segundo grupo deve ser rotulado como “inimigo da sociedade", razao pela qual, sequer devem ser tratados com as benesses do Direito tradicional, ante a insuficiéncia deste em reprimir suas condutas criminosas. Exemplo de aplicacao de politica criminal repressiva é 0 chamado “USA PATRIOT Act’, criado pelo ex-presidente George W. Bush apés 0 onze de setembro. Este Decreto permite a violagio de sigilo e realizagao de interceptagdo de qualquer pessoa supostamente envolvida com terrorismo. Essas disposicdes vigoraram até meados de 2015, quando houve a edigao do USA Freedom Act. Movimentos no repressivistas (Os movimentos poltico-criminais nfo repressivistas, como 0 abolicionismo penal e o modelo restaurativo de justica, possuem objetivos diversos, como a diminuigao gradativa do controle penal formal e da intervengao punitiva estatal, buscando, desta forma, a adogo de solucdes informais pautadas em politicas sociais. 60 Reflita © abolicionismo penal, no que tange a sua inser¢ao no ramo das politicas ndo repressivistas, defende um discurso pautado em que o modelo penal tradicional é criador de problemas e nao de solugées, na medida ‘em que a fungao intimidatéria da pena nao se presta ao fim proposto, servindo apenas como espécie de desculpa para a intervencio estatal na liberdade individual Pode-se concluir que os movimentos de politica criminal vém se aperfeigoando com o passar do tempo, sendo que sua aplicabilidade, seja voltada ao aspecto social ou a0 aspecto punitive em si, depende tanto do posicionamento adotado em determinada época pelo proprio governo quanto pelos anseios da populagio na adoc3o de medidas que viser o efetivo controle da criminalidade. VIDEOAULA: MOVIMENTOS DE POLITICA CRIMINAL ‘Aula video versando sobre os movimentos de politica criminal, com explicagdes acerca dos movimentos repressivistas, (incluindo explanacSes sobre o USA PATRIOT Act), © nao repressivistas e a evolucao histérica deles do ponto de vista sociocultural Videoaula: Movimentos de Poltica Criminal Para visualizar objeto, acesse seu material digital _25104/2022 22:24 wide_221_ut_pol_er_pro_eri ACRIMINALIZAGAO E A DESCRIMINALIZAGAO COMO FENOMENOS ANiMICOS DA POLITICA CRIMINAL Acriminalizagao e a descriminalizacgdo como fenémenos anit criminal os da politica Inicialmente, cumpre esclarecer que, por animico, entende-se aquilo que vern da alma, ou seja, intrinseco 8 Politica Criminal, desta forma, o presente estudo visa demonstrar que a criminaliza¢3o e a descriminalizacao, mais do que ferramentas que estabelecem diretrizes para as politicas criminais adotadas, sao verdadeiros fenémenos inseparavels e indissoliveis de qualquer modelo de politica adotada, seja ela repressiva, visando a maior criminalizagio de determinados fatos ou abolicionista, visando a menor intervencao Estatal em matéria penal. Como jé explanado, a criminalizago em suma, é estabelecer, por meio de lei, que determinado comportamento 6 tido como criminoso, podendo se dar de modo primario, quando ligada ao direito positivo e atuando diretamente na efetiva criagdo da lei penal introduzindo no ordenamento juridico a tipificagao de urna conduta reprovavel. Ou de modo secundério, e voltada 8 aplicagao da lei penal como forma de coibir os comportamentos reprovavels praticados. A descriminalizago, por sua vez, visa remover o carter criminoso de um fato anteriormente tido como ilfcito criminal. Ainda no conceito de descriminalizacao, insere-se a transformacao de um ilicito criminal em espécie diversa de ilicto, seja ele administrativo ou uma contravencSo, Figura 1 | Criminalizagio e descriminalizagio Fonte: Shutterstock _2oar2022 22:21 wide 221_u1_pol_er_pro_er Ao tratarmos dos institutos da criminalizac3o e da descriminalizac3o enquanto fendmenos animicos das politicas criminais, é importante apontar que todas as pollticas criminais sao ligadas diretamente a estes e 05 utilizam como ferramenta para cumprir seus objetivos. O minimalismo penal, por exemplo, sempre foi um movimento critico ao préprio direito penal, posto que, seus seguidores defendem a aplicabilidade do direito penal deve se dar no minimo possivel e somente quando absolutamente indispensével. Desta forma, resta cristalino que, na aplicac3o da politica criminal minimalista, 0 instituto da descriminalizagao std mais presente que o da criminalizagao, até porque, a fim de que a esfera penal seja reservada apenas as condutas mais danosas aos individuos, aplicar-se-A a descriminalizacdo para as condutas mais brandas, dando assim, efetivo cumprimento a politica minimalista, Por sua vez, ao tratarmos de politicas criminais de cardter repressivo (ou punitivo), como no caso da politica criminal de toler&ncia zero (baseada na broken windows theory), temos um uso mais relevante da ferramenta da criminalizagao, posto que tal politica visava a aplicagao de penas severas a crimes a delitos comuns e de baixo potencial ofensivo, sob 0 fundamento de que a exemplar condena¢ao de tais delitos evitaria, seguindo 0 raciocinio da Teoria das Janelas Quebradas, a pratica de delitos mais graves. Assim, a criminalizagao passou a ser adotada até mesmo em condutas corriqueiras que antes poderiam se configurar mera contravencao ou icito administrativo, tornando desta forma, a criminalizagao primeira extremamente rigida, por meio do que foi chamado de processo de hipercriminalizacao. Com isso, é possivel concluir que a criminalizacao e a descriminalizagéo, mais do que meras ferramentas, s80 a alma de qualquer politica criminal, independente do objetivo que se pretende alcancar. De facil percepsio que caso a intengdo seja enrijecer 0 processo de criminalizacao priméria e adotar politicas marcadas por maior punitividade, o Estado deve se fazer valer do instituto da criminalizagio, enquanto caso 0 objetivo seja abrandar a criminalizagao primaria, descriminalizando fatos antes tido como criminosos ou mesmo despenalizando uma conduta, 0 Estado se vale do institute da descriminalizacao. VIDEOAULA: A CRIMINALIZACAO E A DESCRIMINALIZAGAO COMO FENOMENOS ANIMICOS DA POLITICA CRIMINAL ‘Aula video tratando dos institutos da criminalizago e descriminalizaco como indispenséveis na aplicagio de qualquer politica criminal, com explanagées acerca de sua aplicabilidade nas politicas repressivas e no repressivas. Videoaula: A criminalizagio ea descriminalizagio como fenémenas aniicos da Pelitica Criminal Para visualizar o objeto, acesse seu material digital 2spoaao22 22:21 wd 22%_ut_ poe pro. PENALIZACAO E DESPENALIZAGAO Penalizacdo e despenalizagao Diretamente ligados a criminalizacao e descriminalizac3o, os institutos da penalizagio e despenalizagio sto de absoluta relevancia na matéria de politicas criminais. © pracesso de criminalizacdo consiste em estabelecer, por melo de lei, que determinado comportamento é tido como criminoso, desta forma, ao tratarmos da penalizacao enquanto instrumento da criminalizagao priméria, visamos a aplicagdo de penas severas como forma de abrandar sistematicamente o cometimento de atos criminosos. A despenalizacao, por sua vez, é ligada umbilicalmente ao instituto da descriminalizac3o, na medida que objetiva a adogao de penas alternativas para o ato cometido. 6d Atencio! importante ressaltar que, diferente da descriminalizago, que possui carater amplo e engloba até mesmo 2 transformagao de um ilcito em um ato juridico-penalmenteirrelevante, a despenalizaco possui caréter mais estrito, ao ponto que nao tem o cond8o de abolir a tipificago do ato, mas apenas de substituir a pena aplicada na intencdo de abrandar a punigdo pelo fato tipificado. A Lei Federal n? 9.099/95 (que dispSe sobre os Juizados Especiais Civeis e Criminais e da outras providéncias) consagrou-se como eficaz instrumento da despenalizacéo, ao ponto que definiu, em seu art. 61, como infragoes penals de menor potencial ofensivo, as contravencées penal e os crimes a qual a lei comine pena maxima nao superior a 2 (dois) anos. A Lei dos Juizados Especiais ndo transformou qualquer ilcito em ato juridico- penalmente irrelevante, como poderia ocorrer por meio da descriminalizacao, mas sim, criou uma série de medidas de despenalizagao para serem aplicadas em substituigdo a prisao propriamente dita Fgura? | Penalzacdo e despenalizagio 2510412022 22:21 wide_221_ut_pol_er_pro_eri | Fonte: Shutterstock, Uma das medidas de despenalizagao contidas na Lei dos Juizados Especiais diz respeito a composicao civil dos danos que, nos termos impostos pelo art. 74 de referido cédex, importa reniincia do direito de queixa ou representago, culminando na extingao do feito: 66 Art. 74, A compasi¢go dos danos civis seré reduzida a escrito e, homologada pelo julz mediante sentenca irrecortivel, tera eficdcia de titulo a ser executado no julzo civil ‘competente. Pardgrafo Unico. Tratando-se de ago penal de iniciativa privada ou de aco penal publica condicionada & representagao, 0 acordo homologado acarreta a rentincia ao direito de queixa ou representacao. Outra relevante medida criada pela Lei Federal n° 9,099/95 é a chamada transacao penal, materializada pelo art. 76 da mencionada lei, no qual, havendo representagdo ou tratando-se de crime de agao penal publica incondicionada, nao sendo caso de arquivamento, Ministério Publico poderé propor a aplicagao imediata de pena restrtiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta, Tal instituto, como medida de despenalizaco, atribuiu ao Ministério Publico a possibilidade de propor ao sujeito tido como autor de infragaio de menor potencial ofensivo, a aplicagéo de pena restritiva de direitos, como forma de abrandar e até mesmo acelerar a aplicagao de penas. _2oar2022 22:21 wide 221_u1_pol_er_pro_er Os institutos da penalizagao e despenalizacao séo partes integrantes dos processos de criminalizagao e descriminalizagio, servindo de ferramentas para consecuco dos objetivos precipuos destes enquanto fenémenos animicos da politica criminal, VIDEOAULA: PENALIZAGAO E DESPENALIZACAO Aula video relativa aos processos de penalizacdo e despenalizagio, contendo conceitos e explicagées praticas acerca de cada um deles. Videoaula: Penalizasdo e despenalizagao Para visualizar o objeto, acesse seu material digital PRISIONALIZAGAO E DESPRISIONALIZAGAO Prisionalizagdo e desprisionalizagao No estudo dos processos politico-criminais é imprescindivel a analise acerca de dois institutos de notavel relevancia, sendo eles a prisionalizacdo e a desprisionalizacdo em carter cautelar. O fendmeno da prisionalizagdo como medida de segregacdo cautelar do individuo, ou seja, antes de uma sentenca penal condenatéria, remonta a idade média, posto que, a privagdo de liberdade de determinado sujeito, até meio do século XVII, ndo era tida como uma san¢ao propriamente dita, mas sim, era utllizada como meio cautelar de deter uma pessoa até a efetiva definigo do que seria feito com ela. A Comissao Interamericana de Direito Humanos (CIDH), 6rgao principal e auténomo da Organiza¢ao dos Estados Americanos (OEA), no documento intitulado de Informe sobre el uso de la prisién preventiva en las Américas aponta que o respeito aos direitos das pessoas privadas da liberdade é um dos principais desafios que os Estados Membros enfrentam, reconhecendo 0 uso excessivo da privago preventiva de liberdade na regio. Em seus estudos e andlises, a CIDH aponta ter observado que 0 alto indice de detidos provisérios na regio decorre de diversos aspects, dentre eles: + Demora na solucao judicial Falta de capacidade operativa e técnica dos corpos policiais e de investigacao. Falta de capacidade operativa, independéncia e recursos das Defensorias Publicas, * Deficiéncia no acesso aos servigos das Defensorias Publicas. _25104/2022 22:24 whide_221_ut_pol_er_pro_eri * Falta de mecanismos para aplicac3o de medidas cautelares diversas da prisio. * Corrupsao. * Uso estendido da medida em casos de delitos menos gravosos. Dificuldade no éxito da revogacdo da medida, No Brasil, a Constituigio de 1824 (BRASIL, 1824) ao tratar da inviolabilidade dos direitos civil e politicos dos brasileiros, disp6s que ninguém poderia ser preso sem culpa formada, exceto nos casos expressamente declarados na Lei e ainda, definiu que em 24 horas a contar da entrada na prisio (para cidades, vilas ou povoados préximos ao local de residéncia do Juiz) 0 magistrado deveria emitir nota assinada por ele, na qual informa ao réu os motivos que levaram a sua prisdo, os nomes dos seus acusadores e das testemunhas. 0 mesmo cédex dispds que em se tratando de locais mais remotos o prazo de 24 horas seria estendido por periodo de tempo razoavel, definido com base na extensio do territério. Com a evolusao juridica moderna e ascensao do garantismo, 0 Cédigo de Processo Penal atual passou a admitir a prisdo preventiva nas hipdteses elencadas em seu art. 312 € 313, Ante 0 exposto, é possivel concluir acerca da importancia do estudo do instituto da prisionalizagao e desprisionalizagao no Ambito das politicas criminais, bem como a evolucao e o desenvolvimento do instituto no decorrer dos anos com ascensdo do garantismo moderno, bem como, preocupagao interna e externa em reduzir gradativamente o niimero de pris6es cautelares, nao a tratando como regra, mas sim como excecao & gerantia individual de liberdade. VIDEOAULA: PRISIONALIZAGAO E DESPRISIONALIZAGAO ‘Aula video com explicagdes acerca dos institutos da prisionalizagao e desprisionalizagao sob 0 enfoque do garantismo constitucional e preocupaco de érgos externos na reducdo das prises cautelares. Videoaula: Prisionalizagao ¢ Desprisionaizagso Para visualizar o objeto, acesse seu material digital ESTUDO DE CASO ‘Tomando por base os assuntos tratados em aula, 0 estudante deve dissertar sob 0 ponto de vista de Jakobs, sobre as justificativas para adocao de medidas extremas do modelo de lel antiterrorista do USA PATRIOT Act. RESOLUCAO DO ESTUDO DE CASO Aluz dos conceitos expostos em aula, espera-se que o estudante em sua dissertagao, explique que a adocdo de medidas extremas do modelo de lei antiterrorista do USA PATRIOT Act]ustifica-se pela adocao de politicas riminais repressivas pautadas na Teoria do Direito Penal do Inimigo. Segundo esta teoria, ha duas espécies de _2oar2022 22:21 wide 221_u1_pol er pro er infratores, os chamados “criminosos tradicionais’, aos quais imperiosa a aplicacdo do Direito Penal Tradicional @, 05 “autores de crimes graves’, cujos atos sao atentatdrios & prépria estrutura social, como os terroristas, criminosos sexuais, membros do crime organizado e autores de outros crimes graves. Para a Teoria do Direito Penal do Inimigo, esse segundo grupo deve ser rotulado como “inimigo da sociedade", razao pela qual, sequer devem ser tratados com as benesses do Direito tradicional, ante a insuficiéncia deste em reprimir suas condutas criminosas. aluno deve apontar que o posicionamento expresso no USA PATRIOT Act possibilita a restrigao de direitos e liberdades civis, possibilitando a pratica de tortura para assegurar o bem maior: incolumidade publica. Segundo essa teoria, existe a antecipago da punicdo, a desproporcionalidade das penas e supressao de direitos com leis Resolugae do Estudo de Caso Para visualizar 0 objeto, acesse seu material digital 60 Saiba mi Para ampliar os seus conhecimentos sobre os temas abordados durante os nossos estudos, indicamos algumas leituras que so muito pertinentes e interessantes! FERRAJOLI, L. Direito e razio: teoria do garantismo penal. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006. a Je aqui para ler 0 artigo Revendo os conceitos das prisdes cautelares a partir da prisdo do senador Delcidio Amaral escrito por Alencar Frederico Margraf. Aula 3 POLITICAS CRIMINAIS NA POS-MODERNIDADE Ao tratarmes do desenvolvimento das pollticas criminals em Ambito mundial, abordaremos a Teoria da Rational Choice, sua preocupacao com as situag6es que envolvem o comportamento do criminoso e como o meio ambiente exerce influéncias sobre este. INTRODUGAO ld estudante! O presente estudo tem por escopo aprofundar-se no tema relativo as politicas criminais, focando na era da pés-modernidade. Ao tratarmos do desenvolvimento das politicas criminais em ambito mundial, abordaremos a Teoria da Rational Choice, sua preocupacao com as situacdes que envolvem o comportamento do criminoso e como o meio ambiente exerce influéncias sobre este, _2oar2022 22:21 wide 221_u1_pol er pro er Sera ainda objeto deste estudo a teoria chamada de Routine Activity, ou Teoria das Atividades Rotineiras, por meio da qual se busca explanar acerca das taxas de criminalidade, atribuindo seu aumento as oportunidades criminais decorrentes da alteracdo das atividades rotineiras no perfodo moderno, (Segunda Guerra Mundial) ‘Trataremos também da prevencao de situacdes e crime sob 0 enfoque da criminologia moderna, com explanagées acerca da evolug3o do pensamento criminolégico a respeito da prevencdo e como as politicas criminais atuais so aplicadas com este enfoque. CENARIO HISTORICO Cenario histérico Para compreender o desenvolvimento das politicas criminais na atualidade é necessdrio tragarmos um panorama histérico de sua evolugao ao longo das eras. Como jé sabemos, podemos dividir a evolusao histérica da politica criminal em: Era Classica, Era Cientifica e Era Moderna, + Na Era Classica da criminologia, sedimentou 0 antropocentrismo como definidor de que o direito era imperativo da razdo. Esse periodo foi abordado por autores como Cesare Beccaria e aprimorado por ‘Anselm von Feuerbach, Immanuel Kant e Francesco Carrara, que, sob 0 ponto de vista do live arbitrio, defendiam que os homens escolhiam seu caminho livre mente, sem interferéncia do meio ambiente. Caso 0 caminho escolhido pelo sujeito fosse ruim, com a prética de condutas moral e socialmente reprovaveis, este deveria ser submetido a uma pena como forma de castigo. + Na chamada Era Clentifica, a consolidacdo da Escola Positiva trouxe novo enfoque as pol passando-se a andlise nao apenas dos fatos criminosos, mas do homem criminoso. Neste perfodo, destacou-se o autor Cesare Lombroso, que defendia que nem todos os individuos so iguais, apontando que 05 criminosos agiam de forma irracional e predeterminada. Desta forma, a politica criminal 4 época teve como finalidade a defesa social com intuito de identificar e neutralizar individuos considerados perigosos para que cessassem seus atos criminosos. Com 0 final da Segunda Guerra Mundial houve um relevante aumento das taxas de criminalidade, até porque, o mundo todo passou por severa crise econémica na época. No periodo, a criminologia e as politicas criminais passaram por um processo de separacao, até porque, as politicas criminais passaram a adotar o chamado “idealismo de esquerda’, com o aumento da vitimizagdo por parte da populagéo economicamente menos favorecida, + No periodo denominado como pés-moderno, marcado pelo inicio dos anos 1990 e consolidado na virada do século, o pensamento racionalista é drasticamente afastado, dando espaco a sensacao geral de que 0 Estado no possul capacidade de resolver seus préprios problemas e coibir de forma satisfatéria a criminalidade crescente. Na pés-modernidade, passou-se a tratar do fato criminoso de modo imediato, posto que esse seria cometido ante a auséncia de controle social e devido a existéncia de oportunidade para tanto, 0 que culminou em politicas criminais voltadas a criar meios de dificultar a pratica da _2oar2022 22:21 wide 221_u1_pol er pro er conduta criminosa. As politicas criminais passaram a ser dotadas de caréter conservador e deixaram de lado o pensamento de recuperagao do individuo, focando quase que exclusivamente na prevengdo do ato delituoso em si. Esse periodo foi marcado pelo surgimento de teorias como a Rational Choice e sua preocupacao com as situagdes que envolvern 0 comportamento do criminoso € como 0 meio ambiente exerce influéncia sobre este © a Teoria das Atividades Rotineiras, que busca explicar como a alterac3o da rotina do cidado comum ne mundo moderno afetaram as “oportunidades de crime”, Desta forma, sob 0 enfoque criminolégico, no periodo pés-moderno houve drastica alteracao nas politicas criminais, com a evolugdo de conceitos e desenvolvimento de teorias até entdo nao exploradas, alterando até mesmo as formas de prevengao de fatos criminosos. VIDEOAULA: CENARIO HISTORICO ‘Aula video versando sobre o cenério histérico das politicas criminals no perfodo moderno e pés-moderno. Videoaula: Cenéria Hstérico Para visualizar o objeto, acesse seu material digital RATIONAL CHOICE Teoria da Rational Choice No periodo pés-moderno, surgiu a chamada Rational Choice Theory (Teoria da Escolha Racional), a partir desta teoria, criada no periodo pés-guerra, passou-se a aplicar as ciéncias sociais no campo da criminologia, analisando como 0 meio ambiente e a sociedade em que vive determinado sujeito, influencia suas escolhas. ‘A Rational Choice estuda especificamente as escolhas de um determinado individuo diante da interagio deste com 0 meio em que vive, com o intuito de verificar se a atitude adotada por este sujeito foi livre e racional, levando-o a cometer uma conduta antijuridica, A criagao da Teoria da Escolha Racional teve por base duas teorias jd conhecidas, a “Teoria dos Jogos" e a “Teoria da Decisao”. * Teoria dos jogos: conclui que as pessoas tamam determinadas atitudes com base especificamente nas consequéncias das atitudes de terceiros, assim, 0s individuos atuam socialmente como se estivessem participando de um jogo, langando sua estratégia de acordo com as jogadas realizadas por outros jogadores. * Teoria da decisao: conclui que, se uma pessoa é racional, suas decisdes devem seguir o caminho da racionalidade. _25104/2022 22:24 whide_221_ut_pol_er_pro_eri 69 Reflita A Teoria Rational Choice, tendo por base as outras duas jé citadas, afasta o isolamento ocorrido em periodos anteriores, relativo ao interesse do criminoso, passando a considerar todo 0 meio como formador da racionalidade e das escolhas do sujeito. O autor Pati tratar sobre o assunto, considera algumas nocées-chave para a teoria: ick Baert (1997, p. 12), a + Premissa da intencionalidade: 20 falarmos de intencionalidade, sob o enfoque da Teoria da Escolha Racional, temos que o individuo age intencionalmente, porém, sob influéncia do meio em que vive e ante as praticas sociais adotadas, sua escolha intencional seja influenciada a seguir em determinada direcao, trazendo consequéncias no intencionals. + Premissa da racionalidade: se tratando da premissa da racionalidade, temos que, os individuos agem de forma racional e coerente, porém, de acordo com suas préprias convicgdes. Desta forma, as atitudes adotadas por uma determinada pessoa buscam 0 aumento de sua satisfagdo e a reduc dos custos envolvidos, porém, & plenamente possivel que alguém, sob influéncia de conviccSes falsas, realize um ato reprovavel, de forma racional, com 0 intuito de atingir seus obj tivos, * Distingao entre informacao completa e incompleta e a diferenca entre risco e incerteza: a Teoria da Escolha Racional defende a existéncia de “informag6es imperfeitas”, apontando que ao tomarmos determinada atitude, assurnimos que sabemos todas as suas consequéncias, que nossas informacées so perfeitas, quando, em verdade, realizamos um balanco entre incerteza e risco, sendo que, ao enfrentar os riscos, calculamos as probabilidades de resultado, afirmando que situagées de incerteza simples mente no existem. + Adistingao entre acdo estratégica e ado interdependente: sob o enfoque pritico, o autor Anthony Downs (1957) ao tratar do assunto no livro An economic theory of democracy, aponta que tantos politicos como 0s eleitores agem de forma racional, sendo os primeiros com a motivacgo voltada a seus ganhos pessoais, seja poder ou dinheiro, enquanto os segundos, estabelecem suas preferéncias comparando os ganhos pessoais que podem ter com cada partido no poder. VIDEOAULA: RATIONAL CHOICE ‘Aula video tratando da Teoria da Rational Choice e sua aplicabilidade pratica, bem como sua correlagdo com a criminologia sob 0 enfoque da influéncia do meio ambiente nos atos praticados e sua racionalidade. Vigeoaula: Rational Choice Para visualizar o objeto, acesse seu material digital ROUTINE ACTIVITY _25104/2022 22:24 whide_221_ut_pol_er_pro_eri Teoria da Routine Activity ATeoria das Atividades Rotineiras foi criada por Albert K. Cohen e Marcus Felson e tinha como intuito proceder a efetiva andlise das razbes que ensejaram o aumento da criminalidade no periodo marcado pelo fim da Segunda Guerra Mundial. Segundo a Routine Activity Theory a modificacdo de rotina da populagdo em conjunto com o aumento da desigualdade social, contribuiram para criar as chamadas “oportunidades de crime”. ‘Ao tratar do assunto, Molina (1997, p. 416) aponta que “o crime é uma opcao reflexiva, calculada, oportunista, que pondera os custos, riscos e beneficios em fungao sempre de uma oportunidade ou situagao concreta’. Assim, havendo a oportunidade para a pratica de um crime, 0 delinquente analisa as condigGes e 0s riscos envolvidos e decide se é ou no vidvel a execugio de conduta A Teoria das Atividades Rotineiras possui como objeto principal de estudo os crimes de ordem patrimonial, apontando que 0 fator determinante para a execucao do fato criminoso dessa ordem no é simplesmente a existéncia de um sujeito capaz de cometer a conduta antijuridica, mas também, a oportunidade concreta para a realizaco deste, ou seja, amplia-se aqui a participacao da vitima no processo criminoso, aumentando o enfoque da vitimologia nas situages de prevencao de crime. Nos crimes de ordem patrimonial, para a Routine Activity Theory, os criminosos definem como alvo os objetos de maior valor, faceis de esconder e com menor risco, realizando uma verdadeira avaliagao dos riscos ¢ recompensas, posto que, se menor ou ausente a necessidade de supera¢o de um determinado obstéculo, a recompensa supera 0 fator risco. Ateoria analisada possui ainda a figura do chamado guardigo, que é alguém que desestimula a execucao da atividade criminosa, podendo este ser uma autoridade policial ou, mais comumente, transeuntes, 0 proprietério do bem ou qualquer outro que possa dificultar a ac3o predeterminada. Outra figura relevante no estudo da Routine Activity Theory é o chamado manipulador, que pode ser definido como alguém com proximidade em relado ao criminoso, seja seus pais, professores ou amigos, exercendo, desta forma, certa dose de influéncia psicolégica sobre ele, a ponto de dissuadi-lo da prética criminosa, 6d Reflita Na concepsio da teoria analisada, 6 possivel definir uma espécie de “triéngulo do crime", formado pela vitima ou pelo objeto (protegidos pelo seu guardiéo) o infratar (diretamente ligado a0 manipulador ou supervisor que pode dissuadilo)e o local (ambiente propicio a oportunidades de crime), com base nesta figura, o criminologista canadense Kim Rossmo (1997) definiu as oportunidades de crime por meio da seeuinte eauacio: delito = (criminoso + obieto - euardiao) lugar + tempo) _2oar2022 22:21 wide 221_u1_pol er pro er Dessa forma, em que pese a importancia da motivagao do criminoso, a situaco de crime somente se concretiza se presentes os elementos que constituem a oportunidade criminosa, demonstrando, desta forma, que o ambiente e as rotinas adotadas pelas préprias vitimas, afetam diretamente o sopesamento entre recompensa e risco, criando assim, as oportunidades perfeitas para criminosos motivados. VIDEOAULA: ROUTINE ACTIVITY ‘Aula video tratando da Routine Activity Theory, com explanacées acerca do triangulo da atividade criminosa e da efetiva oportunidade de crime. Videoaula: Routine Activiy Para visualizar 0 objeto, acesse seu material digital PREVENCAO DE SITUAGOES DE CRIME Prevencdo de situagdes de crime Com base nas premissas apresentadas pela Rational Choice Theory e Routine Activity Theory, & possivel concluir, do ponto de vista da criminologia moderna, como as situag6es criminosas se desenvolvem e s30 influenciadas pelo ambiente interno, externo e pelas condutas das vitimas, sendo, portanto, possivel proceder a andlise da prevengo da situaco criminal com enfoque nas teorias apresentadas, O ponto de convergéncia entre as teorias estudadas se encontra justamente na motivacao do sujeito que pretende cometer 0 ilicito e a influéncia exercida sobre ele. Como explanado anteriormente, a existéncia de um guardio, por si s6, jd é fator primordial na politica de prevencdo, enquanto sob o ponto de vista do desenvolvimento social e das relagdes culturais, a existéncia da figura do manipulador pode evitar o cometimento de delitos por meio da influéncia psicol6gica exercida sobre o infrator. Podemos definir a prevencao de situagbes de crime, como o conjunto de medidas que visam evitar a ocorréncia ou reincidéncia de determinado delito, sendo que a criminologia moderna divide 0 processo de prevencao em trés espécies: a prevengio primaria, secundéria e terciéria. + Aprevengdo priméria, enquanto fase inicial do processo de prevencSo de situacdes de crime, tem por objeto a implementagao de agbes indiretas voltadas a prevengao, evitando estimulos a pratica criminosa. ‘As ages realizadas na prevengao primaria geralmente possuem caréter social, econdmico e educativo, atacando, desta forma, a causa inicial da conduta criminosa, aumentando a renda do cidado, melhorando as condicdes de moradia e emprego e possibilitando uma vida minimamente saudavel e digna a estes, evitando, assim, que o individuo cometa desvios de conduta e atos criminosos. _25104/2022 22:24 whide_221_ut_pol_er_pro_eri + Aprevencio secunda de situagdes de crime, por sua vez, nao € voltada para as pessoas individualmente, sendo focada na coletividade e aplicada apenas em momento posterior a execucao da conduta delitiva ou mesmo em sua iminéncia, sendo voltada aos grupos mais tendenciosos a pratica delitiva. Em se tratando da prevengao secundaria, é possivel destacar que esta opera a curto e médio prazo, sendo diretamente ligada com a politica legislativa penal (criminalizagSo priméria) e com a atividade policial (criminalizagao secundéria), postos que estas so voltadas aos interesses de prevencao geral de condutas delitivas. * Por fim, a prevencao terciaria, enquanto fase final do processo de prevencSo de situacées criminais, & voltada de modo individualizada a cada sujeito, posto que sua aplicabilidade se dé por meio das penas aplicadas no campo do processo penal e do efetivo processo de ressocializago intrinseco as execucoes penais. A prevencao tercidria tem inicio apenas com 0 cumprimento de pena por parte do infrator, independente do cardter efetivo desta pena, se recluso, detencdo, prestacdo de servicos 4 comunidade ou qualquer medida restritiva de direitos, a intengdo da prevensao terciaria, nesta fase, é coibir a reiteragdo da conduta VIDEOAULA: PREVENGAO DE SITUACOES DE CRIME Aula video relativa ao processo de prevengao criminal em todas as suas fases, com explanagdes sobre como o ambiente externo influ na prevencao. Videoaule: Prevengio de situagbes de crime Para visualizar o objeto, acesse seu material digital ESTUDO DE CASO Uma pessoa maior, capaz, cresceu em uma comunidade carente e violenta, sobre as influéncias locais, tendo percep;des préprias sobre a realidade, comete um crime de roubo. Sob a premissa langada, tendo em vista 0 contedido estudado, 0 estudante deverd elaborar um texto tendo como objeto de andlise a concepgio da Rational Choice Theory Routine Activity Theory. RESOLUCAO DO ESTUDO DE CASO Com base nos conceitos expostos em aula, espera-se que o estudante, em sua dissertago, aponte que, em se tratando da Rational Choice Theory. do ponto de vista da criminologia moderna, ser objeto de andlise no apenas 0 criminoso em si ou a conduta criminosa, mas também as influéncias que o meio externo exerce sobre ele. £ importante que aponte que a Rational Choice estuda especificamente as escolhas de um determinado_ individuo diante da interagao deste com o meio em que vive, com o intuito de verificar se a atitude adotada por este sujeito foi livre e racional, levando-o a cometer uma conduta antijuridica _2oar2022 22:21 wide 221_u1_pol er pro er Oeestudante deve frisar que pelo enfoque da Rational Choice Theory 0 individuo age intencionalmente, porém, sob influ€ncia do meio em que vive e ante as préticas socials adotadas, sua escolha intencional seja influenciada a seguir em determinada direso, trazendo consequéncias nao intencionais. Por outro lado, em se tratando da Routine Activity Theory, 0 estudante deve discorrer que 0 objeto de estudo deixa de ser especificamente as influencias exercidas pelo melo externo e seu cardter social, passando a sera oportunidade criminosa em si e os fatores determinantes para sua prevensio. E relevante que a dissertacao mostre que o fator determinante para a execuc3o do fato criminoso de cardter patrimonial, sob a ética da Routine Activity Theory, nao é simplesmente a existéncia de um sujeito capaz de cometer a conduta antijuridica, mas também, a oportunidade concreta para a realizagio desta, ou seja, amplia- se aqui a participacao da vitima no processo criminoso, aumentando o enfoque da vitimologia nas situagdes de prevencao de crime, Resolucao do Estudo de Caso Para visualizar 0 objeto, acesse seu material digital 69 Saiba mi Para ampliar os seus conhecimentos sobre os temas abordados durante os nossos estudos, indicamos ~algumas leituras que sdo muito pertinentes e interessantes! + Clique aqui para ler o artigo A nova criminologia administrativa escrito por Pedro Augusto Dassan. * Clique aqui para ler 0 artigo Teoria da escolha racional: a evidenciagao do Homo Economicus? escrito por Fernando Scheeffer. Aula 4 POLITICAS CRIMINAIS E DIREITOS FUNDAMENTAIS Durante os estudos, vamos nos aprofundar nos efeitos que as pollticas criminals exercem sobre os direitos fundamentais de ordem constitucional. 52 INTRODUGAO. al | estudante! Durante os estudos, vamos nos aprofundar nos efeitos que as politicas criminais exercem sobre os direitos fundamentais de ordem constitucional. importante ressaltar que o objetivo desta aula é proceder & anélise apurada de como a privagao de liberdade, seja ela cautelar ou decorrente da efetiva aplicac3o de uma _25104/2022 22:24 wide_221_ut_pol_er_pro_eri condenacao criminal, afeta os direitos garantidos a todos pela Magna Carta, Neste interim, vamos tratar ainda da questo relativa a reserva legal inserta no ambito do direito penal e da privaco de liberdade, ambos sob o enfoque constitucional, Ressalte-se que outro assunto relevante e de carter teérico com aplicacao pratica, a ser tratado aqui, é a execusdo penal e as pollticas penitenciarias, incluindo uma observacao acerca dos objetivos tracados no Plano Nacional de Politica Criminal e Penitenciatia (2020-2023) elaborado pelo Conselho Nacional de Politica Criminal Penitencidria - CNPCP em novembro de 2019, GARANTIAS FUNDAMENTAIS Ao tratarmos de politicas criminals, processo de criminalizago ou qualquer outra matéria afeta ao direito penal propriamente dito, indispensavel tratar de garantias fundamentais, principalmente ante ao cardter punitivo do sistema penal Os direitos e garantias fundamentais encontram-se descritos no Titulo II, da Constituigao Federal, do art. 5° a0 art. 17, e podem ser definidos como 0 minimo necessério para que uma pessoa viva com dignidade. Do ponto de vista do direito penal, devemos ressaltar que o Estado, enquanto garantidor dos direitos fundamentais, nao pode aplicar penas, sancdes ou mesmo impor tratamento desumano ou degradante a alguém, posto que a dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos da Republica Federativa do Brasil enquanto Estado Democratico de Direito. Em se tratando da dignidade da pessoa humana, no ambito do processo de criminaliza¢ao, ternos que o direito penal ndo deve, em qualquer hipétese, punir condutas que a prépria sociedade considera inofensiva, demonstrando assim, novamente, a influéncia social no processo de criminalizago primaria, Claro exemplo da preservacao de direitos fundamentais no 4mbito do direito penal brasileiro é a determinago contida no art. 5°, XLVII da Magna Carta, quanto a prolbigao, nao absoluta (devido a previsdo em caso de guerra), de pena de morte; de penas de cardter perpétuo (maximo de 30 anos); de penas de banimento ou mesmo de penas cruéis. No mesmo artigo ha proibicdo de penas de trabalho forcado, porém, cabe ressaltar que na Lei de ExecucSes Penais hd a existéncia de trabalho obrigatério, o qual no deve ser confundido com os trabalhos forcados tratados na vedacao do art. 5°, XLVII da Constituigo, havendo uma espécie de cuidado com a necessidade de cada pessoa submetida a este instituto. Aim de diferenciar 0 instituto do trabalho obrigatério dos trabalhos forcados, a prépria Lei de Execugées Penais (BRASIL, 1984) definiu em seu artigo 28 que “o trabalho do condenado, como dever social e condi¢ao de dignidade humana, teré finalidade educativa e produtiva’. O conflito entre a proibicdo de trabalhos forgados € 0 trabalho obrigatério previsto na Lei de Execugdes penais é meramente aparente, posto que, 0 trabalho penitenciério é um dever e um direito do preso, garantido pelo artigo 48 do mesmo cédex e dé direlto a remissao de pena. _2oar2022 22:21 wide 221_u1_pol er pro er Em se tratando de direitos fundamentais no ambito do direito penal é necessério abordar o principio da legalidade penal, segundo o qual a lei deve ser estrita e legal, sendo definido no art. 5*, XXKIX, da Constituigio Federal (BRASIL, 1988) que io ha crime sem lel anterior que o defina, nem pena sem prévia cominacio legal’ Outro principio relevante que demonstra a afinidade do direito penal com os direitos fundamentais é 0 da presung3o de inocéncia, segundo o qual ninguém seré considerado culpado até o transito em julgado de sentenga penal condenatéria, ou seja, a presungao de inocéncia, dentro da visdo garantista do Estado, pode ser considerada como um dos pilares basilares do préprio Estado Democratico de Direito. Desta forma, deve-se ressaltar a importancia do respeito das normas constitucionais e do garantismo esperado do direito penal, a fim de preservar a prépria dignidade daqueles que forem investigados ou mesmos condenados em virtude da pratica de uma conduta delituosa, a fim de preservar o préprio Estado de Direito. VIDEOAULA: GARANTIAS FUNDAMENTAIS Aula video com explanagdes aprofundadas acerca do direito penal e a necessidade de preservacaio dos direitos fundamentais. \Videoaula: Garantias Fundamentals Para visualizar o objeto, acesse seu material digital A PRIVAGAO DA LIBERDADE Aliberdade, enquanto direito fundamental, é prevista no préprio caput do art. 5° da Constituigao Federal. é importante ressaltar que a garantia constitucional ndo é relativa apenas a liberdade de ir e vir, mas também engloba uma série de liberdades indispensavels a garantia da dignidade da pessoa humana, Quanto ao rol de liberdades protegidas pelo texto constitucional, José Afonso da Silva (2008, p. 235) lista tais liverdades como: a liberdade de locomogéo; liberdade de pensamento; liberdade de expressio; liberdade de exercer uma profissao e a liberdade social. Visando aprofundar os estudos relativos a privacSo de liberdade sob 0 enfoque das politicas criminais e 0 respeito aos direitos fundamentais, abordaremos exclusivamente a liberdade de locomocao. Do ponto de vista constitucional, a liberdade somente pode ser restringida em razdo do principio da legalidade. Cart. S*, Ilda Constituiggo da RepUblica Federativa do Brasil (BRASIL, 1988) & cristalino ao definir que “ninguém serd obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sendo em virtude de lei’, desta forma, o direito a liberdade de aco sofre restricées por parte do principio da legalidade, Ante a tal fundamento, temos que a privacdo de liberdade somente é vilida se decorrente de Lei, partindo assim, do proprio Poder Legislativo, que é constituido por uma escolha do povo no exercicio de seu direito de voto. _2oar2022 22:21 wide 221_u1_pol_er_pro_er Desta forma, facil perceber que a privacao de liberdade, quando decorrente de uma condenagao criminal, cujo crime ¢ tipificado em lei, criada pelo Poder Legislativo enquanto érg3o constituido em decorréncia da escolha do povo no exercicio da soberania popular, nao fere o direito constitucional a liberdade, até porque, a restrigso desta decorre do préprio principio da legalidade. ‘Tomando por base o tema abordado, seria correto afirmar que, em se tratando da privagio de liberdade decorrente de prises cautelares, haveria desrespeito ao direito fundamental a presungdo de inocéncia? A resposta seria ndo. A Constituigo Federal, em seu art. 5°, LXI (BRASIL, 1988) é enfética ao dispor que “ninguém sera preso sendo em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judicidria competente, salvo nos casos de transgressao militar ou crime propriamente militar, definidos em lei” Assim, hé previsdo constitucional para a decretac3o do segregamento cautelar de um individu, sendo que tal ato visa resguardar a ordem social, porém, deve ser utilizada com cautela, até porque, com a expansao dos meios de comunicag3o na atualidade, o préprio clamor popular e a perseguicao midiatica podem acabar por influir na tomada de decisdo de um magistrado, levando a valer-se do instituto da prisdo cautelar apenas para o controle dos animos sociais. Por fim, podemos concluir que a privacgo de liberdade de um individuo, em que pese o garantismo constitucional, nao fere seus direitos fundamentais, posto que prevista na Magna Carta e pautada na prépria legalidade, sendo que, de igual forma, o segregamento cautelar visando a manutencao da ordem social, quando aplicado dentro dos requisitos previstos em lel e utilizado com parciménia, também nao fere tais direitos, servindo desta forma, como ferramentas das politicas criminals para a consecuco de seus objetivos. 60 Saiba mais CARNELOS, E. P. Garantias constitucionais, direito penal e proceso penal: consideracSes sobre uma época sombria, Revista Brasileira da Advocacla, jul, set. 2016. Clique aqui para acessar. CARVALHO. L. G. G. C. de. Garantias constitucionais processuais penais (a efetividade e a ponderacao) das garantias no processo penal Clique aqui para acessar. VIDEOAULA: A PRIVAGAO DA LIBERDADE ‘Aula video tratando da privago de liberdade sob o enfoque constitucional, seja decorrente de uma condenacao ‘ou como instrumento de segregacao cautelar. Videoaula: A prvacao da lberdade Para visualizar n.ahjeta_aresse sets material digital _25104/2022 22:24 wide_221_ut_pol_er_pro_eri EXECUCAO PENAL E POLITICA PENITENCIARIA. ‘Aexecuco penal, conforme previsao legal, tem por objetivo efetivar as disposicdes de sentenga ou decisdo criminal e proporcionar condigBes para a harménica integrago social do condenado e do internado, e 6 regulada pela Lei Federal n® 7.210 de 11 de julho de 1984. Na seara dos direitos fundamentais, a relevancia dos estudos relativos 3 execuo penais é ampliada, posto que, com a segregaso de individuo para cumprimento da pena imposta, as garantias de seus direitos ndo devem ser afastadas, mesmo dentro de um estabelecimento prisional. Com base em tais premissas, o Conselho Nacional de Politica Criminal e Penitenciéria, no exercicio de suas atividades é incumbido, por forga do art. 64 da Lei de Execugdes Penais, de propor diretrizes da politica criminal quanto & prevencdo do delito, administracao da Justica Criminal e execugo das penas e das medidas de seguranga, contribuindo para elaboragio de planos nacionais de desenvolvimento, sugerindo as metas ¢ prioridades da politica criminal e penitenciéria, Estado, no curso da execugao penal, deve garantir ao preso assisténcia material, juridica, educacional, religiosa, social e de satide, nos termos do art. 14 a 27 da Lei Federal n° 7.210/84. Arespeito da relagdo entre direitos fundamentais e o instituto da execugo penal, Nucci (2016, p. 942) € enfitico: 6 6 O estudo da execugio penal deve fazer-se sempre ligado aos principios constitucionais penais e processuais penals, até porque, para realizar o direlto punitivo do Estado, justificasse, no Estado Democrético de Direito, um forte amparo dos direitos e garantias, individuais, N3o é vidvel a execugio da pena dissociada da individualizacSo, da humanidade, da legalidade, da anterioridade, da iretroatividade da lei prejudicial a0 réu (principios penais) e do devide processo legal, como todos os seus corolérios (ampla defesa, contraditério, oficialidade, publicidade, entre outros). Com base em tal premissa, temos que o procedimento de execugao penal deve respeitar os direitos e garantias fundamentals dos individuos que se encontram em cumprimento de pena, no devendo ocorrer a relativizagdo de seus direitos em decorréncia de sua segregacao. Tratando do Plano Nacional de Politica Criminal e Penitencidria (BRASIL, 2019) elaborado para o triénio 2020/2023, no que tange as execucées criminais, a Comisso propés a completa revisdo do sistema de execugao de penas no Brasil, levando-se em conta os Projetos de Lei n® 10.372, de 2018 (BRASIL, 20186), © 882, de 2019 (BRASIL, 20194). 0 Projeto de Lei n® 10.372/18 foi transformado na Lei Ordinaria n° 13.964/2019, modificando a legislacao penal e processual penal, objetivando o desenvolvimento das politicas de combate ao crime organizado, tréfico de ‘drogas, dentre outros e ainda agilizando e modernizando a investigacao criminal e a persecucao penal _25104/2022 22:24 wide_221_ut_pol_er_pro_eri O projeto de Lei n° 882/2019, que acabou sendo arquivado, por sua vez, estabelecia medidas contra a corrupgio, o crime organizado e os crimes praticados com grave violéncia a pessoa. E importante ressaltar que a atual poltica penitenciéria tem por objetivo enrijecer as normas penais relativas a0 cumprimento de pena, partindo de uma premissa da faléncia dos critérios atuais para progressdo de regime e propondo assim, o fim do regime semiaberto como etapa do sistema progressivo. Assim, do ponto de vista dos direitos fundamentals, é necessério cautela para que, pautado em sentimentos da sociedade e a comogao social acerca da impunidade, as politicas criminais e penitenciarias no sobrepujem as garantias constitucionais dos cidadaos. VIDEOAULA: EXECUGAO PENAL E POLITICA PENITENCIARIA Aula video tratando do sistema de execucio penal sob 0 enfoque da garantia dos direitos fundamentais e como as alterages no Plano Nacional de Politica Criminal e Penitenciéria, pautadas na opinio publica, podem sobrepujar as garantias constitucionais, videoaula: Execucio penal e politica penitencigria Para visualizar o objeto, acesse seu material digital RESERVA LEGAL DO CASTIGO © principio da Reserva Legal ou da Estrita Legalidade, é um principio de ordem constitucional com ampla aplicabilidade no ambito do direito penal. Conforme citado anteriormente segundo a Reserva Legal, trazida pelo Inciso XXXIX do art. 5° da Constituigao da Republica Federativa do Brasil (BRASIL, 1988), “ndo ha crime sem lel anterior que o defina, nem pena sem prévia cominacio legal, desta forma, a lel em matéria penal deve ser taxativa, descrevendo a tipificacao da conduta criminosa com precisa e com pouco ou nenhuma margem para interpretagio, Com relagao a légica trazida pelo principio da Reserva Legal, é importante lembrar que sua aplicabilidade também se estende as contravengdes penais, ou seja, nao ha crime ou contravengao sem que haja definigao legal com a descrigo da pena cominada. Em se tratando da Reserva Legal do Castigo no direito penal, é imperioso que seja esclarecido que a pena aplicada ao sujeito que comete uma conduta tipificada ne lei penal, no possui apenas o objetivo de privar-the da liberdade, mas sim, de servir como verdadeiro castigo no qual o sujeito sinta-se culpado pelo ato cometido, um castigo no apenas no sentido fisico, mas também psicolégico. Arespeito do poder-dever do Estado, de punir 0 criminoso, Fernando Capez (2012, p. 45) € didatico ao definir, in verbis: O Estado, nica entidade dotada de poder soberano, é 0 titular exclusive do dreto de _25104/2022 22:24 whide_221_ut_pol_er_pro_eri 6 6 punir (para alguns, poder-dever de punir). Mesmo no caso da aco penal exclusivamente privada, 0 Estado somente delega ao ofendido a legitimidade para dar inicio ao processo, isto é, confere-the o jus persequendi in judicio, conservando consigo a exclusividade do jus puniendi. ‘Assim, a pena aplicada pelo Estado, no exercicio do jus puniendi, 20 sujeito que comete uma conduta criminalizada, enquanto limi .dor de direitos fundamentais, possui o cardter de castigo fisico e psicol6gico, porém, nao fere as garantias constitucionalmente previstas, na medida em que a estrita legalidade prevé a possibilidade de sua aplicagao quando decorrente de previsio legal. A sociedade hodierna, do ponto de vista garantista e no intuito de redugo da prisionalizago, buscou meios de abrandar 0 castigo em situacdes menos gravosas, criando meios alternativos de castigo, como, por exemplo, as penas restritivas de direitos previstas na Lei n® 9.099/95 e, por outro lado, agravou as penas para crimes mais complexos e que envolvam violéncia Desta forma, temos que a reserva legal do castigo, esté atrelada diretamente ao poder punitive do Estado e na forma como as penas sao aplicadas, sendo que, independentemente da complexidade do delito, as garantias, fundamentais nao podem ser afastadas, devendo ser preservada a dignidade da pessoa humana, constitucionalmente previst em qualquer hipétese ou seja, 0 préprio poder do Estado de aplicar castigos, possui limitadores constitucionais que visam a prote¢o individual das pessoas, evitando, assim, penas desproporcionais ou mesmo cruéis, Buscando a ressocializag3o do individuo no lugar de sua segregacao por tempo indeterminado. Fgura t | Assistencias ao preso garantidas na Lein® 7210/84 ASSISTENCIAS AO PRESO GARANTIDAS NA LEI N° 7.210/84 Art. 12 ~ Consiste no fornecimento da alimentagio, vestudrio e instalagdes ASSISTENCIA MATERIAL —> higiénicas, além da disponibilizago além de local destinado 8 venda de produtos e objetos permitidos. atendimento médico, farmacéutico e odontolégico. Art. 15 - Destinada a presos sem recursos financeiros para constituir ASSISTENCIAJURIDICA —> _advogado, engloba assisténcia juridica integral pela Defensoria Publica dentro e fora dos estabelecimentos penais. . . Art. 14 ~ Possui carter preventivo e curative, compreendendo ASSISTENCIASAUDE = > ASSISTENCIA _25104/2022 22:24 whide_221_ut_pol_er_pro_eri . preso, prevendo o oferecimento de cursos supletivos ¢ de EDUCAGAO . aperfeigoamento técnico aos presos. ‘Art. 22 - Tem por finalidade amparar 0 preso e prepara-lo para o retorno 8 ASSISTENCIA SOCIAL 9 _realidade. Engloba ainda orientar e amparar quando necessério, a familia do preso e da vitima. Art. 24 - Aassisténcia religiosa é prestada aos presos, permitindo a . Participagao nos servigos organizados no estabelecimento penal, bem ASSISTENCIA RELIGIOSA —> como a posse de livros de instrugdo religiosa, Prevé que deve haver local apropriado para os cultos religiosos. Fonte: elaborada pela autora, VIDEOAULA: RESERVA LEGAL DO CASTIGO ‘Aula video relativa a Reserva Legal do Castigo e sobre o poder-dever do Estado em exercer 0 jus puniendi Videoaula: Reserva legal do castigo Para visualizar o objeto, acesse seu material digital ESTUDO DE CASO ‘Tomando por base os elementos constitucionais limitadores da reserva legal do castigo citados em aula, 0 estudante deve dissertar acerca da possibilidade de aplicacao da pena de morte no Brasil RESOLUCAO DO ESTUDO DE CASO € esperado que o estudante, pautado no contetido estudado, argumente em sua dissertagdo que em regra o Brasil no adotou a pena de morte como sangio, nos termos da alinea “a", inciso XLVII, do art. S* da Constituicao Federal CO estudante deve apontar ainda que ha previsio de pena de morte no caso de guerra declarada, por fuzilamento, consoante nos orientam o art. 55, alinea “a” e 0 art. 56, ambos do Cédigo Penal Militar. A fim de complementar 0 assunto abordado, deve constar que o art. 707 do Cédigo de Processo Penal Militar traz 0 procedimento de execugao, tals como a forma, socorro espiritual, vestimenta, etc). Resolucio do Estudo de Caso Para visualizar o objeto, acesse seu material digital _25104/2022 22:24 wide_221_ut_pol_er_pro_eri REFERENCIAS Aula1 CARVALHO, F. L. de. Teoria juridica do direito penal. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A, 2016, ISBN 978-85-8482-410-6. p. 12. SUMARIVA, P. H. de G. Cri inologia - Teoria e pratica. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2019. p. 14. GARLAND, D. A cultura do controle: crime e ordem social na sociedade contemporanea. (traducao: André Nascimento). Rio de Janeiro: Revan, 2008. p. 104-105. Aula 2 COMISION INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS. Informe sobre el uso de la prisién preventiva en las América, Disponivel em: www.oas.org/es/cidhy s,pdf. Acesso em: 14 jun. 2020. BRASIL, Constituigdo (1824). Constituigdo Politica do Imperio do Brazil. Outorgada pelo Imperador D. Pedro |, em 25.03.1824, Aula 3 BAERT, P. Algumas limitacdes das explicagdes da escolha racional na ciéncia politica e na sociologia. Tradugao: Eduardo Cesar Marques, Revista Brasileira de Ciéncias Sociais, So Paulo, n. 35, Oct. 1997. DASSAN, P. A. A. A nova criminologia administrativa. Curitiba: Revista Juridica, v. 3, n. 44, Disponivel em: hteo://vomw.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao e divulgacao/doc biblioteca/bibli servicos produtos Zibli_informativo/bibli_inf 2006/Rev-juridica-UNICURITIBA .44.18.pdf. Acesso em: 22 jun. 2021 DOWNS, A. Uma teoria econémica da democracia. Traducao: Sandra Vasconcelos. S30 Paulo: ed. EDUSP, 1998, MOLINA, A. G. P. de. Criminologia: introdugao a seus fundamentos teéricos. S40 Paulo: Revista dos Tribunais, 1997. ROSSMO, D. K. (1997). Geographic profiling. in. L. Jackson & D. A. Bekerian (Eds.), Offender profiling: Theory, research and practice, 1997, pp. 159-175. John Wiley & Sons Inc. 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