Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Hidráulicos de
Barragens
DESCARREGADORES – ÓRGÃOS HIDRÁULICOS DE
BARRAGENS
1. TIPOS E CONSTITUIÇÃO GERAL DOS EVACUADORES DE
CHEIAS
Os evacuadores de cheias são os órgãos de segurança das albufeiras destinadas a
possibilitar a passagem das cheias para jusante das barragens. Podem classificar-se sob
dois aspectos:
2. Condicionamentos principais
Os condicionamentos principais que influem na escolha do tipo e constituição de um
evacuador de cheias são dos seguintes tipos:
2.1. Condicionamentos de fiabilidade
Um evacuador de cheias é um órgão que exige grande fiabilidade. O seu funcionamento
em más condições ou a sua insuficiência em relação aos caudais afluentes podem pôr
em perigo toda barragem, cuja destruição, mesmo parcial, pode ter efeitos catastróficos,
dependendo do volume da albufeira e da ocupação do vale a jusante.
2.2. Condicionamentos relativos à barragem e outros órgãos
O tipo de barragem apresenta condicionamentos para a escolha do tipo de evacuador.
Assim, numa barragem de aterro não se adoptam descarregadores sobre a barragem ou
através de orifícios ou mesmo condutas nela aplicadas. Com efeito, os inevitáveis
assentamentos poderiam dar lugar, durante o funcionamento do evacuador, as forças
hidrodinâmicas capazes de deslocar as lajes do canal de descarga.
O efeito da erosão interna poderia levar também a essa destruição.
Deve notar-se que existem barragens de aterro de pequena altura, sobre as quais têm
sido construídos evacuadores por meio de revestimento de enrocamento (protegido ou
não por malhas metálicas), gabiões e gunite (sobre o enrocamento).
O próprio tipo de barragem condiciona o caudal de dimensionamento do evacuador; a
sua escolha determina a velocidade máxima do escoamento e influi nas soluções a
adoptar para a dissipação de energia.
Os restantes órgãos (descarregador de fundo, tomadas de água e desvio provisório)
devem ser considerados ao escolher o tipo de descarregador.
2.3. Condicionamentos topográficos
Estes condicionamentos influem sobretudo na possibilidade de implantação do
evacuador de cheias. Por exemplo um evacuador de dique de fusível só pode ser
adoptado caso as condições naturais do terreno e a topografia o permita.
2.4. Condicionamentos hidrológicos
Não se limitam estes condicionamentos apenas ao caudal de dimensionamento, pois a
extensão do período em que se verificam as cheias e a duração média anual destas,
poderão influenciar o tipo e, mais frequentemente, a constituição do evacuador. Assim,
quando as cheias são isoladas e curtas as épocas em que são prováveis, podem, em
certos casos, aceitar-se soluções que eventualmente exijam conservação e reparações.
2.5. Condicionamentos geotécnicos
Respeitam as condições de fundação do evacuador e às exigências relativas a dispersão
de energia, permitindo ou não a dispensar a bacia de dissipação ou outra estrutura
análoga e, em caso afirmativo, influir nas dimensões da fossa de erosão e da barra.
2.6. Condicionamentos hidráulicos
Dizem respeito ao escoamento ao longo do evacuador e à dissipação de energia. As
condições de escoamento ao longo do evacuador respeitam à capacidade de vazão, ao
regime de pressões junto das fronteiras sólidas, à ocorrência ou ausência de separação
da lâmina líquida ou de cavitação e à distribuição de alturas no escoamento de superfície
livre.
2.7. Condicionamentos relativos aos equipamentos hidromecânicos
Influem quer ao nível da concepção geral do evacuador pelas limitações a que estão
sujeitas (dimensões do vão a obturar, carga, tipo de accionamento e sua fiabilidade),
quer ao nível das disposições de pormenor a adoptar no projecto.
Figura 13: Descarregador rectilíneo frontal e descarregador para um canal colector (descarregador
lateral)
Figura 14: Descarregador em labirinto de forma Figura 15: Descarregador em labirinto de forma
triangular trapezoidal da barragem de Sta. Justa
Figura 16: Descarregador em leque ou bico de pato
Uma soleira descarregadora ao funcionar sob uma carga H (distância vertical entre a
crista e a linha de energia) igual à carga de definição Hd apresenta na parede, uma
pressão igual à pressão atmosférica, pressão esta que também se verifica na face inferior
da veia líquida descarregada sobre a soleira delgada (para arejamento suficiente do
espaço inferior).
Quando a soleira descarregadora funciona com uma carga h diferente da carga de
definição Hd as pressões na parede da soleira passam a diferir da pressão atmosférica,
alterando-se igualmente o coeficiente de vazão.
Assim, consoante for H > Hd ou H < Hd, a pressão na parede da soleira descarregadora
deste tipo será inferior ou superior à pressão atmosférica (soleira deprimida ou
comprimida); consoante a hipótese, o coeficiente de vazão C excederá o da carga de
definição ou tornar-se-á inferior a esse valor.
Cargas Pressão na parede Coeficiente de vazão
Do ponto de vista de vazão, há interesse em que a carga de definição, Hd, seja inferior
à carga máxima de funcionamento Hmax. Obtém-se, para o caudal máximo, um maior
coeficiente de vazão, exigindo-se, portanto, menor carga, ou seja, um valor mais baixo
de Hmax e como consequência um nível mais baixo de NMC (nível de máxima cheia).
O valor limite de Hmax/Hd é, porém, condicionado pela necessidade de evitar o risco de
cavitação em resultado de pressões (médias no tempo) negativos que ocorrem na soleira
e de flutuações turbulentas de pressão ocorridas na camada limite desenvolvida junto da
mesma.
Para evitar o fenómeno de cavitação que poderia originar erosão na parede, a pressão
(média no tempo) na soleira não deve ser inferior a - 6,0m.
De igual forma, também a separação da camada limite (deslocamento da veia líquida)
pode limitar a relação Hmax/Hd.
A separação pode ocorrer na presença de linhas de corrente divergentes para jusante,
que originam um gradiente de pressões positivo.
Existem vários perfis propostos, para o tipo descrito, de soleiras descarregadoras (os
mais antigos por Scimemi e por Creager).
A Waterways Experiment Station (WES) do United States Corps of Engineering realizou
o estudo sistemático destas soleiras descarregadoras, tendo proposto perfis de soleiras,
com paramento a montante vertical ou inclinado (1:3; 2:3; 3:3 horizontal – vertical).
De acordo com Lemos (1981), para evitar a separação da veia líquida da soleira, é
necessário que, em função do declive do paramento de montante, não se ultrapassem
determinados valores da relação H/Hd. Na Tabela 1 apresentam-se os valores obtidos
pelo referido autor.
Tabela 1: Soleiras descarregadoras do tipo WES. Valores máximos da relação Hmax/Hd compatíveis
com a não separação do escoamento (Lemos, 1981)
Figura 20: Descarregador de Bazin e soleira espessa WES, com paramento vertical a montante.
Na maior parte das implantações de soleiras WES, é necessário que, a partir de uma
dada cota, se substitua o perfil da soleira por uma recta tangente, de formas a obter um
perfil transversal que satisfaça os critérios de estabilidade da estrutura do descarregador
ou do troço de barragem em que este se encontra, ou por uma outra curva tangente,
como é o caso de curvas circulares de concordância com um canal a jusante. Esta
substituição pode ser efectuada sem alteração dos coeficientes de vazão definidos para
a soleira, desde que o ponto de tangência esteja a uma distância vertical em relação à
crista superior a 1/3Hd. As coordenadas do ponto de tangência (xT;yT) em função do
declive (tan θ) obtêm-se através das derivadas das expressões de definição do
paramento de jusante, sendo, para o caso da soleira com paramento de montante
vertical.
,
𝑥 = 1,09606𝐻 (tan 𝜃)
,
𝑦 = 0,59246𝐻 (tan 𝜃)
Figura 21: Distribuição da pressão ao longo de soleiras descarregadoras WES de paramento de
montante vertical (LEMOS, 1981)
Figura 22: Pressão mínima em soleiras descarregadoras WES de paramento de montante vertical, em
função de H/Hd (LEMOS, 1981)
Ao introduzirmos na
Figura 22 a condição de a pressão mínima dever ser:
sendo γ o peso volúmico da água, permite definir o limite admissível para a relação
Hmax/Hd.
A separação da camada limite (deslocamento da veia líquida) ocorre, segundo estudo
elaborado pelo Engo Oliveira Lemos (LNEC, 1981) quando temos a seguinte relação:
á
≤ 1,4 Para separação da veia líquida
O valor máximo da relação Hmax/Hd para cargas baixas é condicionado pela condição
de não ocorrer separações. Só passa ser condicionado pela pressão mínima quando a
carga de definição excede 9,4m. Com efeito para Hmax/Hd = 1,40 é Pmin/(γHd) = -0,64
(Figura 22) vindo:
≥ −6 𝑚 Para Cavitação
𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑋 > 0:
. .
𝑋 = 2𝐻 ×𝑦
𝑋 .
𝑦= .
2×𝐻
Fonte: Manual do USBR – General Spillway Investigation
Figura 24: Coeficiente de vazão de soleiras descarregadoras WES de paramento de montante a 1:1, em
função de H/Hd (LEMOS, 1981)
Figura 25: Perfis superficiais para H=Hd e H=1.25Hd em soleiras descarregadoras WES de paramento
de montante a 1:1
Figura 26: Pressão mínima em soleiras descarregadoras WES de paramento de montante a 1:1, em
função de H/Hd (LEMOS, 1981)
Tanto a Figura 27 como a Figura 28, são válidas para paramentos de montante vertical.
É possível, no entanto ter em conta os efeitos simultâneos da inclinação do paramento
de montante do descarregador e da profundidade do canal de aproximação. (Figura 29)
Figura 30: Relação entre os coeficientes de vazão com e sem afogamento, em função de
hd/H (BUREC)
𝐶𝑑 𝐻𝑑
=𝑓
𝐶𝑑 𝐻
4.1.6. Contracção provocada por pilares e encontros
Quando os pilares da soleira descarregadora e os encontros causam contracção lateral
da corrente, o comprimento efectivamente disponível para o escoamento será inferior ao
comprimento útil da crista. Pode ter-se em conta o efeito da contracção, reduzindo-se o
comprimento útil da crista.
𝐿 = 𝐿 − (2𝑛 × 𝐾𝑝 + 𝐾𝑒)𝐻
em que:
L – Comprimento efectivo da crista
L’ – Comprimento útil da crista (comprimento real da crista)
n – Número de pilares
Kp – Coeficiente de contracção de pilares
Ke – Coeficiente de contracção dos encontros
H – Carga sobre a crista.
O coeficiente de contracção de pilares Kp é condicionada pela forma e localização da
cabeça dos mesmos, pela sua espessura; pela relação entre a carga de funcionamento
e a carga de definição; pela velocidade de aproximação.
Para a carga de definição Hd os coeficientes de contracção médios dos pilares, podem
ser dados por:
Em relação a forma da cabeça: Kp
Pilares quadrados ou com arestas arredondadas, de raio igual a 0.1 da 0.02
espessura do pilar
Pilares redondos 0.01
Ke
Encontros quadrados, com muros-guia perpendiculares à direcção do 0.20
escoamento
Encontros arredondados com muros-guia perpendiculares à direcção do 0.10
escoamento e 0.5Hd r 0.15Hd
Encontro arredondado com r 0.5Hd e com um ângulo entre o muro-guia 0.00
e a direcção do escoamento inferior a 45 o
Figura 33: Coeficiente de vazão de soleiras em labirinto com crista de directriz trapezoidal (Magalhães,
1983).
𝛾 𝑄 𝛾 𝑄
𝛾∙𝑆∙ℎ + ∙ = 𝛾 ∙ 𝑆 ∙ ℎ𝑔 + ∙
𝑔 𝑆 𝑔 𝑆
Figura 35: Soluções de evacuador com vazão livre (a) e controlada por comportas (b)
1 1 ℎ ℎ
sin 𝛽 = ∙ ∙ ( + 1)
𝐹𝑟 𝑎 ℎ ℎ
a uma parede de directriz poligonal, provocando cada vértice uma frente de onda que
deixa a jusante a perturbação respectiva.
As ondas provocadas nas paredes opostas de canais combinam-se, assim como as
ondas a jusante de pilares.
O Bureau of Reclamation (BUREC) recomenda que, de acordo com resultados
experimentais, o ângulo α de desvio de muros laterais (em convergentes ou divergentes)
de canais de descarga de evacuadores de pequenas barragens, não exceda.
1
tan 𝛼 =
3𝐹𝑟
Em que Fr=n° de Froude.
Para ter em conta as irregularidades da superfície do escoamento rápido é a emulção de
ar, as paredes ou canais de descarga de evacuadores devem ter uma folga em relação
aos valores calculados. Assim, o BUREC recomenda para pequenas barragens a folga:
𝑓 = 0.61 + 0.0372 ∙ 𝑣 ∙ √𝐷
Em que
V – Velocidade (m/s)
D – Profundidade do escoamento (m)
f – Folga (m)
6. Dissipação de Energia
6.1. Considerações iniciais
A construção de uma barragem, cria desníveis entre os planos de água a montante
e a jusante, pelo que a saída de água das albufeiras, seja pelos evacuadores de cheia
e descargas de fundo, seja pelos próprios circuitos para utilização de água, implica a
perda de energia do escoamento correspondente ao desnível verificado.
Nos circuitos hidráulicos de centrais hidroeléctricas, essa energia em excesso é
transformada em energia mecânica nas turbinas, e depois em energia eléctrica nos
geradores, o que é a razão de ser exclusiva de muitas barragens. Quando não
existem turbinas, a energia em excesso é do tipo cinético em resultado da
transformação da energia potencial operada nos órgãos hidráulicos a montante. Essa
energia em excesso é dissipada por meio de turbilhões, de dimensões muito variadas.
Em muitos casos, procura-se localizar a dissipação de energia em estruturas que
dispõem de revestimentos de protecção, de forma a evitar a erosão das paredes pela
turbulência associada a dissipação. A jusante das estruturas de dissipação, o
escoamento apresenta energia residual em relação às condições naturais. Assim, a
perda unitária de energia ainda excede a perda do escoamento em regime natural,
mas vai diminuindo gradualmente à medida que o escoamento se aproxima das
condições naturais. (ver Figura 37)
𝐷 𝐷 2∙𝑣 ∙𝐷
𝐷 =− + +
2 4 𝑔
Como 𝐹𝑟 = então:
=− + ÷ 2𝐹𝑟 ou
= ∙ 1 + 8𝐹𝑟 − 1
𝐸 =𝐷 + ; 𝐸 =𝐷 +
Designa-se uma bacia de dissipação nas condições mencionadas, por Bacia Tipo I ou
Bacia II (segundo designação do BUREC).
Neste tipo de bacias em que não existe qualquer estrutura própria para dissipação de
energia (o ressalto processa-se naturalmente) as formas do ressalto poderão ser as
seguintes (Figura 41):
Figura 41: Formas do ressalto em Bacias I (BUREC)
A função dos blocos de queda é dividir a lâmina líquida em jactos diferenciados, sendo
desviados do fundo os que passam sobre os blocos. Cria-se assim, um grande número
de turbilhões dissipadores de energia.
A acção destes permite reduzir o comprimento da bacia e diminuir a tendência para o
ressalto se deslocar para jusante, caso se verificarem níveis a jusante inferiores aos que
correspondem a D2.
A soleira dentada no extremo de jusante cria turbilhões que tendem a estabilizar o fundo
a jusante, ainda que constituído por elementos móveis.
As dimensões e disposição dos blocos de queda e da soleira dentada e o comprimento
da bacia podem obter-se da Figura 38 e Figura 42.
O comportamento da bacia não é influenciado pelo declive do canal a montante, sendo
recomendável, quando aquele declive é igual ou superior a 1 (α≥45°), uma concordância
circular de raio R≥4D1, na ligação do canal à bacia.
A altura a jusante (TW) deve, tal como já foi referenciado, ser pelo menos igual à altura
conjugada D2, sendo recomendável uma margem de segurança de 5% de D2. A linha da
Figura 44 com a indicação Mínimo de TW para Bacias II corresponde à situação limite a
partir da qual a frente do ressalto se desloca para jusante dos blocos de queda, tendendo
o ressalto a ultrapassar a bacia.
O perfil superficial da água no interior da bacia II (médio no tempo) pode ser calculado
em conformidade com as indicações da Figura 43.
Deve notar-se que as pressões correspondentes às alturas de água assim determinadas,
são pressões médias no tempo, verificando-se flutuações de pressão devidas à
turbulência.
Figura 43: Perfil superficial médio (aproximado) em Bacias II (BUREC)
O perfil superficial médio das águas pode ser obtido da Figura 47. Concordâncias
circulares entre o canal e a bacia são recomendadas nas mesmas condições que para
as Bacias II.
É indesejável arredondar as arestas, quer dos blocos de queda e de amortecimento, quer
da soleira de jusante. O emprego de blocos de amortecimento de formas hidrodinâmicas
traduzir-se-ia por uma perda de eficiência de 50%. Podem, no entanto, ser usados
chanfros nas arestas evitando a sua deterioração.
Estudos efectuados concluem que a colocação em posição alternada em planta de
blocos de queda e amortecimento não melhora o comportamento da bacia em termos de
dissipação de energia.
Largura máxima dos blocos igual a h1 (geralmente esta largura funciona bem para
valores iguais a 0.75h1).
Espaçamento entre blocos igual a 2.5 vezes a largura
Recomenda-se que a altura a jusante TW seja superior em 5 a 10% a altura
conjugada D2
O comprimento da bacia e dado pela curva superior da Figura 38.
6.7. Bacias de dissipação de energia com muros divergentes em planta e secção
rectangular
A relação entre as alturas conjugadas, D1 e D2 e o n° de Froude a montante, Fr1, em
bacias de dissipação de energia com muros divergentes em planta e secção rectangular,
pode ser estabelecida coim base no princípio da quantidade de movimento. Em relação
às bacias de secção rectangular de largura constante, há a contar adicionalmente com
a componente axial das forças de pressão sobre os muros laterais (no caso do fundo
não horizontal haveria ainda a considerar a componente correspondente).
Considerando, para além das hipóteses habituais, qua linha de alturas piezométricas
sobre o fundo é um segmento de recta, PADERI em 1966, obteve expressões que
permitem calcular a altura conjugada de jusante (D2 e o comprimento do ressalto (X2-X1)
a partir das características do escoamento na secção inicial, para o caso de o fundo ser
horizontal (Figura 49). No LNEC foram realizados ensaios que confirmaram as
expressões de PADERI.
Figura 49: Geometria de bacias de dissipação com muros divergentes em planta, fundo horizontal e
secção rectangular (Magalhães, 1979)
Tanto em relação entre alturas conjugadas do ressalto (D2/D1) como a relação entre o
comprimento do ressalto e D1 (L/D1) podem ser expressas em função de Fr1 e de D1/X1
(ver Figura 50 e Figura 52).
No LNEC foram também comparadas as erosões em modelos de fundo móvel a jusante
das bacias clássicas e de bacias deste tipo tendo-se concluído que, para a mesma
profundidade de erosão, estas últimas exigiam uma área de superfície revestida (fundo
e paredes laterais) não superior a 0.70 da correspondente área para as primeiras.
As bacias de muros divergentes, apresentam um perfil superficial para jusante quase
horizontal, quando o ressalto é um pouco submerso (ver Figura 51) o que se traduz em
vantagem do ponto de vista estrutural, em face da acção desestabilizadora de
subpressão.
Figura 50: Alturas conjugadas do ressalto em bacias de dissipação com muros divergentes (Magalhães,
1979)
Ainda não se dispõe de informação que permita projectar sem o recurso ao estudo em
modelo, bacias deste tipo, mas dotadas de acessórios tais como blocos de queda e de
impacto e soleira a jusante, que permitiriam reduzir as dimensões das bacias.
Figura 51: Perfil superficial em bacias de muros paralelos e de muros divergentes (LEMOS, 1983)
Figura 52: Comprimento do ressalto em bacias com muros divergentes - F1 de 4 a 10 (Magalhães, 1979)
Figura 53: Bacia de dissipação por impacto. Proporções e largura em função do caudal (BUREC)
Figura 55: Funcionamento de dissipadores em concha de rolo, sem e com dentes (BUREC)
O raio mínimo da concha Rmin ( que conduz às menores dimensões) pode ser obtido a
partir da Figura 57 onde o parâmetro adimensional R/(D1+V12/2g) é dado em função de
Fr1. A secção de montante para o cálculo de D1 e V1 é a que corresponde à altura na
restituição TW (Figura 58)