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O PLANEJAMENTO DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA PRÁTICA


EDUCACIONAL

Analina Vieira Sipaúba1


Orientador: Msc. Alisson Vieira Costa2

RESUMO

O ato de planejar é uma atividade que faz parte do cotidiano do ser humano,
estando presente em ações simples como planejar as ações para o fim de semana
e, principalmente, em ações mais complexas como determinar o que é preciso
ensinar ou qual a melhor forma de se transmitir o conhecimento. E partindo-se da
premissa de que o planejamento é a relação entre o pensar e o fazer, este artigo
buscou analisar a importância do planejamento do processo de ensino-
aprendizagem na prática educacional para esta sociedade globalizada, utilizando-se
para tanto a pesquisa bibliográfica de cunho descritivo qualitativo, em que se pode
constatar que mediante as inovações tecnológicas e os novos espaços de
conhecimento houve mudanças significativas no perfil escolar exigindo cada vez
mais do docente uma didática renovadora e progressista.

Palavras-Chave: Planejamento. Processo de ensino-aprendizagem. Prática


pedagógica.

1 INTRODUÇÃO

A necessidade do homem de adquirir conhecimento, crescer e conquistar


novos espaços o acompanha em todo seu processo evolutivo, trazendo como
resultados a inserção de novos hábitos, pensamentos e conceitos. E o processo
educacional, assim como as demais ações do homem são frutos da sua capacidade
de raciocínio e dependem fundamentalmente de um planejamento, tendo em vista
atingir objetivos pré-estabelecidos.
Percebe-se que a ação de planejar é intrínseca ao ser humano e está
diretamente ligada ao pensamento futuro, ocorrendo em contextos diferenciados. O

1
Professora, coordenadora pedagógica da SEMED em Paço do Lumiar, graduada em Normal
Superior e Pedagogia pela Faculdade Atenas Maranhense - FAMA e pós-graduanda do curso de
Gestão Educacional Integradora da FAMA. E-mail:vieirasipauba@bol.com.br
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Professor, Mestre, responsável pela disciplina Metodologia da Pesquisa no Curso de Pós-graduação
em Gestão Educacional Integradora da FAMA. E-mail: alisson_ef@hotmail.com
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planejamento em qualquer esfera requer organização, a tomada de decisão e


tentativa de previsão. Com relação ao planejamento no setor educacional, objetivo
de estudo deste artigo, apresenta-se como um ato político-pedagógico, uma vez
que, expõe a forma como se desencadeará o processo de ensino-aprendizagem.
O educador, enquanto aquele que organiza e difundi conhecimentos
através de diversas possibilidades possui uma grande responsabilidade social, visto
que, através do que transmite e da forma como transmite, um dado conteúdo poderá
ser absorvido ou não pelo discente. Portanto, na atividade educativa o planejamento
das atividades a serem desenvolvidas no âmbito da sala de aula apresenta-se como
ponto de partida para o trabalho pedagógico do docente, pois, em sentido amplo, o
planejamento corresponde, antes de tudo, à aplicação da análise sistemática e
racional ao processo de desenvolvimento da educação, onde o objetivo é fazer com
que o processo educacional seja eficaz e eficiente aos alunos e à sociedade.
Quando se relaciona o termo planejamento à educação, inúmeras são as
questões que surgem, tais como, quais as finalidades pedagógicas de um
planejamento de ensino? Por que o professor deve planejar? Qual é a sua
importância para o processo de ensino-aprendizagem? Para a realização deste
artigo e na tentativa de se responder esses questionamentos e refletir sobre a
qualidade do processo de ensino-aprendizagem, utilizou-se enquanto metodologia a
pesquisa bibliográfica, foi feito o levantamento dos dados escritos em livros, artigos
de revistas, internet, dentre outros, fazendo-se uma análise descritiva qualitativa
sobre o tema.
Obviamente, que não é apenas um bom planejamento que trará os
resultados esperados, já que a educação é o conjunto de muitos outros fatores,
como a relação entre professor e aluno, a didática empregada em sala de aula e
assim por diante. Desta forma, este trabalho vem explanar sobre a importância do
planejamento do ensino-aprendizagem no trabalho do docente, tendo em vista as
dificuldades encontradas pelos mesmos no planejamento das atividades a serem
desenvolvidas, o que muitas vezes ocasiona o insucesso do seu trabalho.

2 CONCEPÇÕES SOBRE PROJETO PEDAGÓGICO E PLANEJAMENTO DE


ENSINO
O pilar do desenvolvimento socioeconômico e político de uma nação é a
educação e o homem enquanto integrante da sociedade vive em constante processo
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de aprendizagem, sendo que no contexto escolar para que a sociedade receba um


ensino de qualidade, é imprescindível que se compreenda a importância do projeto
pedagógico e do planejamento como fator de mudança, renovação e progresso, uma
vez que, é por meio destes que o processo educacional se desenvolve de forma
eficaz e eficiente.
O processo educacional tem como base duas palavras-chave: ensinar e
aprender, ambas distintamente definidas no dicionário, mas intrinsecamente
associadas no cotidiano do ser humano.
Por ensinar, no contexto atual, segundo a concepção de Gadotti (2002)
compreende-se o ato de orientar, de articular o conhecimento com a prática, de
mediar, de mostrar, de transferir, ou seja, consiste em ações múltiplas, consideradas
próprias de um docente que é tido como o agente principal do processo de ensino-
aprendizagem, uma vez que, as atividades educacionais centralizam-se nas suas
qualidades e habilidades. Assim, ensinar é guiar, é conduzir o educando a
aprendizagem.
Contudo, quando a palavra em questão é aprender, a percepção passa a
ser a de busca por novos conhecimentos, capacidade de adaptação, absorção,
aquisição, quer dizer, “não é um ato findo. Aprender é um exercício constante de
renovação” (FREIRE, 1996 apud AVELLAR, 2009).
Todavia, para ambos os termos, o docente se vê diante de inúmeros
questionamentos que influenciarão em todo o processo educacional, como, o que
ensinar ou como avaliar o que foi aprendido? Por isso, partindo-se da compreensão
a cerca do que vem a ser ensinar e aprender pode-se dizer que a eficácia do
processo educacional depende diretamente do planejamento do processo de ensino-
aprendizagem que requer da organização escolar a construção de um projeto
pedagógico que, elaborado coletivamente, possibilite à escola cumprir sua função de
instância socializadora do saber.
Deste modo, o projeto pedagógico é um produto do planejamento, pelo
fato de serem registradas nele ações voltadas para um período de longo prazo, ou
seja, é uma proposta que analisa o presente para tentar viabilizar objetivos futuros,
conforme explica Gadotti apud Veiga (2001, p. 18):

Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se,


atravessar um período de instabilidade e buscar uma estabilidade em
função de promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o
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presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente a


determinadas rupturas.

Nesse sentido, o projeto pedagógico não visa uma ação imediatista e sim
continuada, considerando a realidade da escola. Para Vasconcellos (2002, p. 143) o
projeto pedagógico é definido como: “um instrumento teórico-metodológico que visa
ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma refletida,
consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa”
O projeto pedagógico é a chave da gestão escolar, devendo ser revisto e
em determinados casos reformulado a cada ano. Somente com a prática surgem
novas idéias, que, por sua vez alimentam novas práticas, e assim por diante. Devido
às atuais modificações tecnológicas, a escola está deixando de ser apenas o local
onde se acumulam conhecimentos, que tem no professor o depositário da sabedoria
e no estudo, um fim em si mesmo e passa a ser um local de grande reflexão, onde
mestres, alunos e pais passam a pensar de forma integrada.
Portanto, a elaboração do projeto requer que se leve em consideração,
através de observações críticas, as possibilidades e as limitações do contexto
escolar definindo os princípios norteadores da ação, para que seja possível definir
de forma clara e precisa o que se almeja alcançar, sendo necessário estabelecer
caminhos e etapas para o trabalho, designando tarefas para cada um dos sujeitos
envolvidos e avaliando o processo e os resultados.
Quanto ao planejamento, de maneira geral, representa uma gama de
idéias que buscam solucionar um determinado problema, sendo a base para uma
ação sistemática, caracterizando-se como a busca de equilíbrio entre meios e fins,
entre recursos e objetivos, com o objetivo de melhorar o funcionamento de
empresas, instituições, setores de trabalho, organizações grupais, bem como de
outras atividades humanas.
Logo, tomando a opinião de Vasconcellos (2002, p. 35) “planejar é
antecipar mentalmente uma ação a ser realizada e agir de acordo com o previsto; é
buscar fazer algo incrível, essencialmente humano: o real ser comandado pelo
ideal”.
No setor educacional, segundo a lição de Turra et. al (1998, p. 14) o
planejamento se impõe como recurso de organização, sendo a base de toda a ação
educativa, por ter em vista “a situação presente e possibilidades futuras, para que o
desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades do desenvolvimento da
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sociedade, quanto as do indivíduo”. Portanto, é o processo de decisão sobre


atuação concreta dos professores na sua prática pedagógica, envolvendo as ações
e situações, em constantes interações entre professor e alunos e entre os próprios
alunos (PADILHA, 2001).
É por meio do planejamento que o docente desenvolve com seus alunos
atividades direcionadas e programadas para viabilizar o desenvolvimento das
habilidades dos discentes de maneira que estes cresçam não só no âmbito da sala
de aula, mas em todas as etapas de sua vida. Assim, o planejamento do processo
de ensino-aprendizagem viabiliza uma melhor absorção dos conteúdos por definir o
que é essencial dentro de cada unidade.
O ato de planejar não pode ser dissociado da educação, uma vez que é a
prática que mais aproxima o desenvolvimento do sistema educacional com o
desenvolvimento econômico, sociopolítico e cultural do país, pelo fato de estabelecer
caminhos que possam nortear mais apropriadamente a execução da ação educativa
e possibilitar a avaliação das ações estabelecidas, articulando de maneira inteligente
todas as etapas do trabalho escolar que envolve as atividades entre docentes e
discentes, de modo a tornar o ensino seguro, econômico e eficiente.
Então, o planejamento do ensino é o processo de pensar de forma
sistematizada e em conjunto os problemas da educação escolar, no processo
ensino-aprendizagem abrangendo três fases: a elaboração, execução e avaliação de
planos de ensino. O planejamento, nesta perspectiva, é, acima de tudo, uma atitude
crítica do educador diante de seu trabalho docente.
Fusari (1989, p.10) aponta que o planejamento de ensino é, portanto, o
processo que envolve "a atuação concreta dos educadores no cotidiano do seu
trabalho pedagógico, envolvendo todas as suas ações e situações, o tempo todo,
envolvendo a permanente interação entre os educadores e entre os próprios
educandos"
Diante desta percepção pode-se, então, dizer que o planejamento
educacional está muito aquém do preenchimento de formulários previamente
traçados, pelo contrário, é na verdade a chave para a excelência do processo
educacional, portanto, a ausência de um processo de planejamento do ensino nas
escolas, aliada às demais dificuldades enfrentadas pelos docentes no exercício do
seu trabalho, tem levado a uma contínua improvisação pedagógica nas aulas. Em
outras palavras, aquilo que deveria ser uma prática eventual acaba sendo uma
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"regra", prejudicando, assim, a aprendizagem dos alunos e o próprio trabalho escolar


como um todo.
Logo, o preparo das aulas é uma das atividades mais importantes do
trabalho do profissional de educação e nada substitui tal tarefa, já que o
planejamento passo a passo vai tecendo a rede do currículo escolar proposto para
determinada faixa etária, modalidade ou grau de ensino.
A partir daí, entende-se a aula, no contexto da educação escolar, como o
momento em que o educador faz a mediação competente e critica entre os alunos e
os conteúdos do ensino, sempre procurando direcionar a ação docente para:
estimular os alunos, via trabalho curricular, ao desenvolvimento da percepção crítica
da realidade e de seus problemas; estimular os alunos ao desenvolvimento de
atitudes de tomada de posição ante os problemas da sociedade; valorizar nos
alunos atitudes que indicam tendência a ações que propiciam a superação dos
problemas objetivos da sociedade brasileira.

3 A PRÁTICA EDUCATIVA E AS DIFICULDADES DO PLANEJAMENTO

A prática educativa é uma tarefa repleta de desafios, pois o educador


deve compreender que enquanto mediador do conhecimento, não repassa para seus
alunos somente os conteúdos dos livros, mas suas experiências e percepções do
mundo devendo, por isso, estar sempre atento e consciente do seu papel na
formação de cidadãos críticos e reflexivos.
De acordo com Libâneo (2001), o planejamento é um processo de
racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade
escolar e a problemática do contexto social, ou seja, o ambiente escolar e mais
precisamente da sala de aula não podem ser dissociados do ambiente social, o que
significa dizer que no ato do planejamento o professor tem a difícil tarefa de fazer
associações entre o conteúdo programático estabelecido no projeto pedagógico e as
vivências do cotidiano.
A educação é uma ação social e universal, um processo lento e cheio de
etapas, nesse sentido, Freire (2001, p. 20) leciona que:

A educação é permanente não porque certa linha ideológica ou certa


posição política ou certo interesse econômico o exijam. A educação é
permanente na razão, de um lado da finitude, de outro, da consciência
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que ele tem da sua finitude. Mais ainda pelo fato de, ao longo da história,
ter incorporado à sua natureza “não apenas saber que vivia” mas “saber
que sabia” e, assim saber que podia saber mais. A educação e a
formação permanente se fundam aí.

É nesta busca permanente pelo conhecimento e por uma melhor prática


docente, que os professores se deparam com as dificuldades para responder os
questionamentos que devem fazer parte de toda a sua jornada profissional, como: o
que é importante ensinar? Como ensinar? O que devo aprender para ensinar
melhor? O que o aluno precisa aprender para se formar como um profissional-
cidadão? Como o aluno aprenderá melhor? Que técnicas favorecerão o processo de
ensino-aprendizagem? Como será feita a avaliação de forma que o incentive a
aprender e assim por diante.
Para tanto, à medida que encontra as respostas, suas expectativas para
um bom resultado de sua ação pedagógica tendem a aumentar e o resultado de seu
trabalho pode refletir, por exemplo, em uma melhor interação com seus alunos.
Portanto, à proporção que se concebe o planejamento como um meio para facilitar e
viabilizar a democratização do ensino, o seu conceito necessita ser revisto,
reconsiderado e redirecionado, não devendo, em hipótese alguma, ser minimizado
ou definido como uma atividade estanque ou obrigação burocrática.
Então, se planejar o ato de ensinar requer, antes de tudo, o traçado de
metas a serem alcançadas, como determinar e chegar a tais metas tendo em vista
que muitas vezes falta ao educador o preparo didático adequado, ou mesmo uma
boa estrutura escolar?
O primeiro passo a ser transposto é a definição, mesmo que de maneira
implícita, das metas especificas a serem atingidas em cada aula, sendo que para tal
planejamento, é necessário que se defina primeiramente o conhecimento prévio que
os alunos possuem, sejam eles espontâneos ou científicos. A tensão entre esta
representação e as metas a serem atingidas constitui a fonte de propostas didáticas
continuamente diferentes, tornando-se o maior antídoto contra a rotina no trabalho
do professor.
Outro ponto de difícil escolha são os métodos a serem empregados na
prática docente, deve-se considerar a individualidade dos discentes somada ao todo,
o que significa dizer que os recursos a serem utilizados precisam ser determinados
considerando a maior probabilidade de conhecimento e aceitação dos alunos e, para
que o professor possa escolher a metodologia a ser empregada a fim de melhorar o
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seu trabalho é fundamental que esteja aberto às inovações trazidas pela


globalização como os cybers espaços e se disponha sempre a aprender.
Entretanto, talvez a principal dificuldade para o planejamento da prática
educativa esteja no descrédito dos docentes, pois inúmeras vezes aquilo que é
planejado não é executado, causando frustração e a sensação de que o tempo
dedicado a esta ação é inútil.
Porém, é preciso entender que o planejamento não é algo taxativo, que
não pode ser alterado, pelo contrário, planejar é criar uma base para o trabalho
educativo e não a fórmula perfeita. Mas talvez, o maior impasse seja o fato de que
muitos planejamentos são feitos fora da realidade dos alunos e da escola e,
principalmente, realiza do fora de um ambiente participativo já que na maioria das
escolas apenas um pequeno grupo é encarregado de tal tarefa, enquanto que a
maioria só executa, não havendo, deste modo, nenhuma discussão sobre o que é
mais adequado ou não ensinar.
Ao se ter sobre o planejamento tais percepções, os educadores mostram
que as dificuldades não existem apenas com relação ao ato de planejar em si, mas,
sobretudo, ao ato de educar como um todo, uma vez que o processo de ensino-
aprendizagem ocorre a partir de situações concretas do nosso dia-a-dia.
Todavia, vale lembrar que, assim como existem professores que acreditam
que planejar é impossível, existem também aqueles que crêem na necessidade do
planejamento, mas que apontam como dificuldade para a execução das ações
planejadas, a falta de compromisso do governo e seus agentes para com as metas
determinadas na escola.
Pode-se dizer então, que a mudança deste quadro, depende da
consciência do educador de que o seu trabalho é um artesanato social, onde a cada
dia o seu trabalho contribuirá para a confecção de uma peça importante que se
chama cidadão, pois mesmo diante de tantas dificuldades, é somente através da sua
consciência e luta que a prática educativa pode vir a chegar ao patamar que se
espera, já que o planejamento do ensino é uma prática que lhe cabe diretamente e
que está sempre presente no cotidiano escolar mesmo sob a forma de exigência
institucional, devendo o professor se colocar como sujeito do processo educativo.
Assim, antes que o educador veja o planejamento de suas atividades
apenas como uma questão técnica deverá percebê-lo como questão política, na
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medida em que envolvem posicionamentos, opções, jogos de poder, compromisso


com a reprodução e transformação.

4 O PLANEJAMENTO COMO PONTO DE PARTIDA PARA O SUCESSO DO


PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Se na educação, assim como em outras atividades, o planejamento das


ações a serem desenvolvidas é o caminho para chegar aos objetivos traçados, é
indispensável, então, que o sistema educacional ofereça ao professor as condições
necessárias para a execução de suas tarefas, para isso, é importante que desde a
sua formação o docente possa experimentar a elaboração e execução de um
planejamento didático.
O processo de ensino-aprendizagem se dá pela interação entre aquilo que
é ensinado e aquilo que é absorvido e o planejamento, neste sentido, deve
considerar, sintetizar e unir as experiências do cotidiano dos alunos com os
conteúdos a serem desenvolvidos, facilitando a compreensão tanto o trabalho do
professor quanto a aprendizagem dos alunos. A preparação daquilo que será
passado ao aluno com antecedência, ou seja, aulas com começo, meio e fim, na
qual o aluno tenha claro o que vai apreender e o sentido desse conteúdo para a vida
podem diminuir consideravelmente os índices de recuperação, repetência ou
evasão.
O aluno precisa se sentir motivado, por isso vale ressaltar que aulas
improvisadas ou não preparadas antecipadamente, com utilização intensiva do livro
didático é o primeiro passo para a desmotivação do aluno e os conflitos com o
professor.
A partir do planejamento, o professor pode, por exemplo, desenvolver
trabalhos voltados para os alunos com mais dificuldades de aprendizado, ou mesmo
para aqueles mais rebeldes, programando trabalhos grupais, incentivando-os a
participar das aulas e assim elevando a auto-estima.
Por isso, a atividade docente deve visualizar suas ações a médio e em
longo prazo, considerando o presente e avaliando as experiências do passado,
aproveitando-as para o futuro, pois grande parte dos bons frutos colhidos na
educação dependem da coerência e precisão do planejamento. Logo, se pensarmos
na educação como sendo uma construção de edifícios, onde cada andar é planejado
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e construído passo a passo, certamente torna-se mais fácil o trabalho do educador,


pois este não terá que ter soluções imediatas.
Outra questão dentro desta perspectiva é a de que muitas vezes o
professor conta apenas com seus próprios recursos para elaborar seus planos de
trabalho, assim, é importante que os docentes trabalhem de forma cooperativista,
interagindo e trocando informações como forma de traçar linhas de ações comuns a
todos.
Em amplo sentido, pode-se dizer que o planejamento de ensino contribui
profundamente para a segurança que o professor terá ao expor o conteúdo em sala
de aula, o que é importante para o discente, pois ao tirar uma dúvida, dificilmente o
professor vacilará na resposta, tendo em vista o seu prévio preparo. Assim, o
professor deverá preocupar-se com tudo o que for exposto em sala de aula estando
atendo para as discussões de temas atuais e ao uso das novas tecnologias, pois
tudo o que é explanado influência em maior ou menor grau na formação do aluno.
Sobre este aspecto, Castilho e Ribeiro (2000, p. 33) explicam que:

O planejamento da ação pedagógica não pode deixar de considerar os


impactos das constantes transformações da sociedade e da informação.
O impacto de fenômenos como mundialização/globalização sobre a
cultura desafia os conteúdos escolares, questiona o papel da educação
escolar no âmbito das demandas por educação e ensino, põe em cheque
as formas de relacionamento entre as diferentes classes sociais e o
saber escolar e redimensiona a discussão das relações cultura(s) e
escola.

Para que haja prática educativa e conseqüentemente exista o processo de


ensino-aprendizagem é indispensável que haja teoria, deste modo, a relação
estabelecida entre teoria e prática através do planejamento é o ideal para a
aplicação da práxis pedagógica. Portanto, planejar, de acordo com Vasconcellos
(2002, p. 46): “é, no sentido autêntico, para o professor um caminho de elaboração
teórica, de produção teórica, da sua teoria”. Ainda de acordo com Vasconcelos
(2002, p. 47):

A relação entre o pensamento e a palavra é um processo, um movimento


continuo de vaivém do pensamento para a palavra, e vice-versa. A
palavra não é simplesmente a expressão do pensamento; é por meio das
palavras que o pensamento passa a existir.
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Obviamente, que o planejamento não é uma porção milagrosa capaz de


solucionar todos os problemas educacionais, é um instrumento teórico-metodológico
eficaz, mas que depende dos seus agentes, tanto aqueles que o elaboram, quanto
daqueles que o executam.
É fato que os alunos não aprendem somente na escola, aprendem sim em
todo o seu circulo de convivência, contudo, as atividades dentro da escola quando
bem programadas, planejadas e executadas dão ao aluno uma gama enorme de
conhecimentos que associados ao seu dia a dia formarão cidadãos muito mais
conscientes e preparados.
Mas deve-se considerar ainda outro ponto no que se refere ao sucesso do
planejamento de ensino, que diz respeito ao comprometimento, pois em hipótese
alguma nenhum planejamento terá validade, se os envolvidos não se propuserem a
cumpri-lo integralmente, para isso é importante que haja acompanhamento e
cobrança que caberá ao corpo diretivo das instituições de ensino, que em discussão
com todos (professores, pessoal de apoio, coordenadores pedagógicos) se
comprometerão a encontrar mecanismos que garantam o cumprimento de tudo
aquilo que todos se comprometam a realizar em um coletivo.
Entenda-se, contudo, que o termo "acompanhamento e cobrança", no seu
sentido educacional, que dizer detectar problemas e propor soluções para resolvê-
los pelo diálogo honesto, conjunto e democrático.

5 AVALIAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM

Diante do exposto, percebe-se que o planejamento de ensino é sem


dúvida uma grande saída para a maximização do trabalho do educador, entretanto, é
necessário ter a certeza de que os rumos tomados surtem o efeito esperado, ou
seja, é preciso avaliar os resultados. Portanto, a função da avaliação é determinar a
natureza e a quantidade de mudanças efetuadas no comportamento, em função dos
objetivos definidos e das estratégias planejadas. Desta maneira, segundo a lição de
Vasconcellos (2000, p. 44) a avaliação é:

Um processo abrangente da existência humana, que implica uma reflexão


crítica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas
resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre
o que fazer para superar os obstáculos.
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Isto implica dizer que, no processo de ensino-aprendizagem o educador


ao propor uma seqüência de atividades coerentes com a representação das
capacidades dos estudantes e com os objetivos propostos pelo planejamento, estará
avaliando não só o desenvolvimento dos alunos, mas a sua própria prática docente
e o sistema educacional em si. Por isso, o planejamento, que diz respeito a um
conjunto significativo de aulas, deverá ser adaptado após cada uma delas, tendo
presente às atividades efetivamente desenvolvidas e os resultados efetivamente
alcançados e, à proporção que, os pontos de ensino determinados no planejamento
são executados, o professor deverá definir o momento em que as avaliações serão
aplicadas.
Assim, a avaliação escolar apresenta-se como importante subsídio na
análise do planejamento de ensino, pois o professor conhecendo suas falhas poderá
trabalhar os pontos que deixaram a desejar dentro da sala de aula. Nesse sentido, a
avaliação é parte do processo e deveria ser elemento norteador da análise crítica ou
até de modificações no trabalho desenvolvido. Com relação a esse assunto, Manuel
e Méndez (2002, p. 13) explicam que:

Deve-se entender que avaliar com intenção formativa não é o mesmo


que medir, nem qualificar e nem sequer corrigir; avaliar tampouco é
classificar, examinar, aplicar testes. Paradoxalmente, a avaliação tem a
ver com atividades de qualificação, medição, correção, classificação,
certificação, exame, aplicação de prova, mas não se confunde com elas.

Portanto, a avaliação da aprendizagem fornece ao professor e a escola


um importante conjunto de informações, como por exemplo, a eficácia da didática
aplicada em sala de aula, que servirão de base para os rumos a serem tomados na
prática educacional. Todavia, a avaliação pode ser compreendida como uma crítica
do percurso de uma ação, seja ela curta ou prolongada. Enquanto o planejamento
dimensiona o que se vai construir, a avaliação subsidia essa construção, porque
fundamenta novas decisões.
A avaliação apresenta-se, então, como um sistema de crítica do próprio
projeto que é elaborado e que se quer levar adiante, possibilitando a tomada de
decisões sobre como melhorar a construção do projeto educacional traçado. E,
contribui para identificar impasses e encontrar caminhos para superá-los, pois pode
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subsidiar acréscimo de soluções alternativas, se necessárias, para um determinado


percurso de ação.
Para Luckesi (2002) apud Castanheira e Ceroni (2007) a avaliação
atravessa o ato de planejar e de executar e por isso contribui em todo o percurso da
ação educativa. A avaliação se faz presente não só na identificação da perspectiva
político-social, como também na seleção de meios alternativos e na execução das
metas. Por isso, ao fazer o uso adequado da prática avaliativa ela torna-se uma
ferramenta importante dentro de todo o processo, isto porque, compreende-se que o
processo de ensino-aprendizagem não depende apenas da excelência do
planejamento ou da qualidade do material didático empregado para ser efetivado,
pois para ter ensino é preciso que se avalie se houve aprendizagem.
A avaliação educativa deve ser uma ação democrática e também
processual. Democrática em função da responsabilidade avaliativa não ser função
apenas do docente e processual porque não deve ser em nenhuma hipótese,
reduzida a aplicação de uma prova onde será atribuída uma nota, pelo contrário, a
avaliação da educação dá-se a cada dia na sala de aula, pois inúmeros são os
elementos a serem observados, tanto por professores, quanto pelos alunos. Nesse
sentido, Castilho e Ribeiro (2000, p. 40) afirmam que a avaliação:

Pode ser agrupada sob três óticas: avaliação como atividade docente de
controle, a avaliação como processo (com a participação do aluno) e a
avaliação como processo educativo, constituindo-se em atividade
docente/discente, e distintas.

Independentemente do tipo de avaliação, cabe ao docente a análise final


tanto do que foi compreendido pelo aluno, quanto daquilo que ele (o professor)
deveria ter se aprimorado, uma vez que, o resultado da avaliação reflete as ações
determinadas no planejamento e se este for um mau resultado, quer dizer que o
docente precisa reavaliar primeiramente sua metodologia em sala de aula, já que
muitos problemas de aprendizagem têm origem neste item.
O problema com relação à metodologia pode ser solucionado com uma
metodologia mais dinâmica, que requeira maior participação por parte dos alunos,
podendo também redimensionar o conteúdo e o meio aplicado para a avaliação da
avaliação. Em ambos os casos, o objetivo será efetivamente o de melhorar o
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processo de ensino-aprendizagem, pois no ambiente escolar, a avaliação só faz


sentido quando serve para auxiliar o estudante a superar as dificuldades.
A avaliação, assim como o planejamento, deve estar em consonância com
a realidade da escola e dos alunos e não deve ser exposta pelos docentes como um
acerto de contas, porque uma má avaliação pode acarretar em sérios problemas
educacionais, como a falta de estímulo para os alunos que se sentem incapazes e
para os professores que vêem sua prática docente não apresentar resultados. De
qualquer maneira, o importante é buscar os fatores mais determinantes do insucesso
e, a partir daí, rever o que for necessário e dar uma nova oportunidade aos alunos.
Neste contexto educacional moderno, em que as informações chegam aos
discentes em grande volume e com imensa rapidez, o processo avaliativo deve
exige do professor uma postura de permanente indagação perante suas propostas
de ensino, transformando cada plano de trabalho numa hipótese a ser testada em
sala de aula, conferindo ao ensino um caráter de pesquisa e dando suporte à
perspectiva de flexibilidade da proposta perante a realidade escolar. Portanto, a
avaliação escolar, serve, entre outras coisas, para orientar todo o sistema
educacional no que diz respeito a que rumos devem ser tomados.
Planejar aulas despertando nos alunos uma visão crítica da realidade, e
avaliá-lo considerando suas percepções certamente deixará o aluno mais seguro
durante o processo educacional e permitirá ao docente, por sua vez, ampliar sua
ação pedagógica dentro do sistema educacional.

6 CONCLUSÃO

O trabalho do educador, com certeza é fascinante, tendo em vista os


percalços por que passa para exercer sua função. O processo de ensino-
aprendizagem, obviamente que não depende apenas do educador, mas de alicerces
como um objetivo claro, um planejamento realista e uma avaliação contínua.
Nesse sentido, o planejamento de ensino é apontado nesta pesquisa
como o ponto de partida para o sucesso da prática educativa, pois é a partir dele que
todo o processo educacional se desenvolverá. Entretanto, assim como inúmeras
outras atividades exercidas pelo homem, a tarefa de educar ainda tem questões
fundamentais sem respostas precisas, como quem educar? E como educar? Que os
educadores através do ato de planejar buscam responder.
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Todavia, nenhuma etapa da educação pode ser pensada como fato


isolado, como por exemplo, pensar em planejamento sem associar a avaliação e
assim sucessivamente. Então, o que se pode dizer é que as reflexões apresentadas
neste artigo mostram que o planejamento está longe de ser uma tarefa isolada e
meramente burocrática, mas que o bom resultado da prática pedagógica depende
em muito de sua elaboração, não apenas do planejamento de ensino, mas do
planejamento como um todo.
Logo, diante do atual quadro educacional, onde surgem a cada dia novos
recursos didáticos e o aluno está cada vez mais diante de novos desafios tecnico-
científicos, a educação apresenta-se como diferencial competitivo e por isso deve
ser extremamente bem planejada. Assim, o planejamento irá refletir tanto na
eficiência do trabalho pedagógico, quanto na qualidade do sistema educacional de
forma generalizada.

ABSTRACT

The act of planning is an activity that is part of everyday human being, being present
in simple actions as the actions for the weekend and especially in more complex
actions to determine what it takes to teach or how best to transmit knowledge. And
starting from the premise that planning is the relationship between thinking and
doing, this paper aims at analyzing the importance of planning the teaching process -
learning in educational practice in this global society, using for both the literature a
descriptive qualitative, where one can see that through technological innovation and
new areas of knowledge were no significant changes in the school profile demanding
more of teachers teaching a refreshing and progressive.

Key-words: Planning. Process of teaching and learning. Teaching practice.

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