Orson Soares
O Carnaval no Brasil foi introduzido pelos portugueses, na passagem
do século XVII para o XVIII. O entrudo foi a primeira manifestação
carnavalesca do país, muito popular até meados do século XIX, quando
a folia de rua começou a sofrer tentativas de organização, nos anos
finais do Império.
“Já por este tempo o ‘Zé Pereira’, barulhento, ia inaugurando aqui e ali
as suas ‘cavernas’, com enorme pânico para o vizindário, que até altas
horas da noite tinha que suportar o ensurdecedor ‘zabumba’, o agudo
‘cornetear’ e ‘bestealogicos’ dos oradores improvisados que, com ares
demostênicos e gesticular ‘cicereano’, arrastavam a gramática pela Rua
da Amargura e, pelo espírito e ou pelo ‘despropósito’, nos faziam rir às
bandeiras desbragadas. […] E esta exibição humorística de uma
originalíssima hilaridade palhacesca aumentou, a ponto de retomar a
‘great-attraction’ das ruas”.
Em 1872, 16 anos antes da abolição da escravidão no Brasil, em 31 de
dezembro, surgia uma sociedade de negros, a Sociedade Floresta
Aurora, mas somente em 1885 ela iniciaria sua participação nos desfiles
de carnaval das sociedades de Porto Alegre. Já no início do século XX,
no ano de 1902, foi fundada outra sociedade que ficou igualmente
marcada na memória da comunidade negra local: o Satélite Porto-
Alegrense, mais tarde conhecido como Satélite Prontidão.
AS TRIBOS CARNAVALESCAS
Um samba com sotaque? Reza a lenda que Mestre Marçal, uma das
figuras mais icônicas do universo do samba carioca, ficou
impressionado com o ritmo do samba tocado aqui em Porto Alegre.
Quem conta esta história é o documentarista e pesquisador Claudinho
Pereira .