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ISABEL CRISTINA SILVA MACHADO

Políticas Educacionais

1ª Edição

Brasília/DF - 2019
Autores
Isabel Cristina Silva Machado

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático........................................................................................................................................4

Introdução...............................................................................................................................................................................6

Capítulo 1
Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais.....................................................................................9

Capítulo 2
A Educação como Política Social do Estado...................................................................................................... 31

Capítulo 3
Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal,
Estadual e Municipal....................................................................................................................................... 48

Capítulo 4
Políticas Educacionais, Legislação e suas Implicações para a Organização da Atividade
Escolar....................................................................................................................................................... 75

Capítulo 5
Estado e Políticas de Financiamento em Educação........................................................................................ 87

Capítulo 6
O Papel dos Profissionais do Magistério e dos Movimentos Associativos na Organização do
Sistema de Ensino da Educação Brasileira.......................................................................................................106

Referências.........................................................................................................................................................................117
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também,
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Cuidado

Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.

Importante

Indicado para ressaltar trechos importantes do texto.

Observe a Lei

Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem,
a fonte primária sobre um determinado assunto.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.

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Organização do Livro Didático

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Posicionamento do autor

Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.

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Introdução
Este Livro Didático tem como objetivo auxiliar no percurso de compreensão da política
educacional brasileira.

Não se pretende, de forma alguma, esgotar os debates acerca do tema principal, haja vista
sua amplitude e heterogênea ideologia, mas objetiva-se levantar indagações, construções e
desconstruções conceituais e da vida prática que permeiam essa temática.

Ao longo dos capítulos será possível conhecer e investigar os papéis da família, da escola
e do governo na constituição e desenvolvimento da educação no Brasil.

Para que esse conhecimento e os questionamentos decorrentes dele possam ser


suscitados, será necesário desbravar alguns percursos inerentes aos temas que serão
abordados.

No capítulo 1 será possivel esclarecer as concepções de política na sociedade e na


educação, designando ao ser humano sua natureza política.

No capítulo 2 a proposta é conhecer melhor a organização da educação brasileira


determinada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

No capítulo 3 será possível conhecer as modalidades propostas para educação brasileira


e, assim, iniciar a compreensão dos atendimentos especiais.

No capítulo 4 serão discutidas as principais políticas educacionais e efetividade.

No capítulo 5 serão apresentadas as políticas de financiamento das atividades


educacionais, especialmente, no contexto público de ensino.

No capítulo 6 a questão é a formação para o mundo do trabalho, com ênfase na formação


para a área da educação.

E, para finalizar a proposta, no capítulo 6 a temática é o financiamento da educação, onde


aparecem as políticas específicas para a chegada das verbas na sala de aula.

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Objetivos

» Auxiliar na compreensão da educação e seus principais atores de fomento: família,


escola, governo.

» Desmistificar política e suas influências na escola.

» Apresentar a organização da educação brasileira: seus níveis, etapas e modalidades.

» Identificar as principais ações afirmativas pela educação.

» Apresentar a rede de financiamento da educação.

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CAPÍTULO
DIREITOS HUMANOS, CIDADANIA E
POLÍTICAS EDUCACIONAIS 1
Introdução

Tratar de educação envolvendo política pode causar espanto para muitos quando não
está claro que a expressão política não está diretamete ligada a uma questão partidária.
Atrelar política a partidos políticos de diferentes ideologias é apenas uma ramificação
da política.

Ao se mencionar política em educação e em tantas outras áreas, busca-se enfatizar


questões que estão ligadas aos direcionamentos do Estado, enquanto governos de
qualquer esfera: municipal, estadual ou federal, visando exclusivamente ao bem-estar
e ao desenvolvimento da população.

Também há de se considerar a educação enquanto ato político, que expressa uma “educação
política”, fato que também não pode ser vinculado a uma educação ideológico-partidária.

Neste primeiro capítulo, a proposta é revisitar as concepções de política e educação,


estando essas concepções vinculadas aos direitos humanos e sociais que dão origem às
políticas na área educacional.

Objetivos

» Compreender que o processo educacional é também um processo de civilização dos


sujeitos para que se tornem efetivamente cidadãos.

» Caracterizar política, políticas públicas e política educacional e ações afirmativas.

» Identificar direitos sociais ou fundamentais enquanto norteadores das políticas


públicas.

» Reconhecer o papel e finalidades das políticas públicas educacionais, identificando


algumas delas.

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CAPÍTULO 1 • Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais

Política e Educação. Como assim? Educação enquanto


processo civilizatório

Para refletir

Na prática diária, muito se fala e pouco se conhece sobre o real significado de “Educação”. É comum as pessoas
falarem: “educação vem de casa”; “escola ensina, família educa”.

Figura 1. Relação família-escola.

Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcR82sGOdYI96uIQ9VkrblmHh_bDLV4bKr6-
la6zLM8PNsIe6cxoKA.

Mas será que essas informações do senso comum são verdadeiras? Até que ponto a família educa e a escola ensina?

Figura 2. Família.

Fonte: https://img.buzzfeed.com/buzzfeed-static/static/2017-09/8/17/asset/buzzfeed-prod-fastlane-02/sub-
buzz-20010-1504905438-4.jpg?downsize=700:*&output-format=auto&output-quality=auto. Acesso em: 12 de julho
de 2019.

Educação é um processo civilizatório. Nenhum ser humano nasce civilizado, tampouco


humanizado. Nesse sentido, escola e família educam. Cada uma dessas instituições tem
suas competências no processo educacional do indivíduo, mas devendo atuar de forma
integrada.

A família é uma instituição parental, seja com vínculo biológico ou não, assume o papel
e a responsabilidade de cuidar, zelando pela saúde, educação, segurança e bem-estar de
uma criança até que se torne adulta

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Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais • CAPÍTULO 1

Cabe à família dar continuidade a sua herança “cultural própria” que envolve o
compartilhamento de valores, crenças, hábitos e costumes, moralidade, percebendo
todo um contexto sociocultural maior ao qual a família está inserida.

Uma família no Japão difere de uma família no Brasil pela própria cultura desses povos,
mas as famílias japonesas também diferem entre si, assim como as brasileiras. Um núcelo
familiar nunca será igual ao outro, mesmo que sejam núcleos que se originaram, a princípio,
de uma mesma família-mãe, como no gráfico a seguir.

Figura 3. Do instituído ao construído – significado de família.

Fonte: http://www.ip.usp.br/revistapsico.usp/index.php/25-sociedade-2/61-os-meus-os-seus-os-nossos.html. Acesso em:


12 de julho de 2019.

Figura 4. Parceria Escola-Família.

Fonte: https://blog.estantemagica.com.br/wp-content/uploads/2018/04/EscolaeFamilia-AgendaEdu-1024x585.png.
Acesso em: 13 de julho de 2019.

Quando o casal se une, forma uma nova família, mesclada pela cultura familiar de
ambos os cônjuges e criando sua própria cultura familiar.

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CAPÍTULO 1 • Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais

Nessa complexa estruturação e reestruração das famílias, cada núcleo familiar assume
as responsabilidades e competências inerentes a essa primeira instituição social e
civilizatória do indivíduo, posto que o indíviduo nasce ser vivo do reino animal, mas
não nasce humanizado nem civilizado.

Aí que entra a educação, iniciada na instituição familiar e perpetuada nos processos


formais de educação que acontecem em outra instituição: a escola.

A educação na instituição escolar se dá em parceria com a família, posto que devem se


integrar e se respeitar, sendo uma complemento do papel da outra. Essa interligação se
assemelha a um ato de cumplicidade e, por isso, a família deve ter papel ativo nos conselhos
escolares e representatividade nos órgãos governamentais que legislam e organizam a
educação.

Mas, o que é um processo de educação formal?

Em nosso país, a educação está regulamentada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional (LDB) – Lei n o 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Do ano de sua promulgação
até os dias de hoje, essa lei já sofreu diversas alterações, justamente visando atender
às demandas de uma sociedade em movimento e evolução.

De acordo com a LDB (BRASIL, 1996):

Art. 1o A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na


vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino
e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais.

§ 1 o Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve,


predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.

§ 2o A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática


social.

Assim, fica claro que a educação é muito mais abrangente do que um ato de ensino. O
ensino faz parte da educação, mas esse processo se firma nas relações humanas, nas trocas
e convivências dentro e fora da família.

Apesar de a família ser a primeira instituição social que um indivíduo conhece


e frequenta, esta tem uma responsabilidade social e legal de integração de seus
pupilos à sociedade na qual estão inseridos e, a escola, de promover o ensino dos
conhecimentos produzidos pela humanidade e dar continuidade a esse processo de
integração, respeitando as leis e os valores familiares.

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Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais • CAPÍTULO 1

Quando a LDB (1996) diz que “a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho
e à prática social”, surge, então, a concepção política da educação aos olhos da lei, posto
que, preparar alguém para o mundo do trabalho (não é profissionalizar) e para a prática
social exige preparar politicamente.

Figura 5. Estudante com dúvida.

Disponível em: https://dhg1h5j42swfq.cloudfront.net/2016/12/19203421/Adinoel-ENEM-aluno-em-d%C3%BAvida.png.

Para refletir

Figura 6. Tomada de decisão.

Fonte: Segmento, 2018. Disponível em: http://www.editorasegmento.com.br/fotos/Melhor/Edicao%20342/p08-


shutterstock_221669353.jpg.

Como preparar politicamente sem assumir essa ou aquela postura ideológica?

É importante ressaltar que considerar a educação um ato político não requer doutrinar
em nenhuma ideologia, muito pelo contrário, o ato político da educação é justamente
o oposto, é tornar os sujeitos capazes de conhecer, refletir e optar ou transformar as
concepções ideológicas permeadas no mundo ao seu redor. O indivíduo conhecedor
precisa desenvolver sua capacidade de reflexão e de escolha.

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CAPÍTULO 1 • Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais

O que envolve a escolha?

Escolher significa optar em se encaixar nesse ou naquele modelo ou até transformar


um modelo para outra realidade, recriar, posto que a LDB (BRASIL, 1996), em seu art.
2 o, esclarece:

Figura 7. Aristóteles.

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/aristoteles.htm. Acesso em: 3 de agosto de 2019.

A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de


liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o
pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Assim, os princípios de liberdade são claros para a formação dos sujeitos, liberdade
de escolha, de questionamento e de transformação. Da mesma forma, como definir
ideiais de solidariedade se não for possível desenvolver nesses indivíduos o senso de
criticidade para que possam discernir conceitos e necessidades básicas de vida para os
seres humanos?

Concebendo a educação enquanto um ato político, que deve preparar os indivíduos


para a cidadania, analisemos a concepção filosófica de política, segundo Aristóteles
(1982, I, 2, 1253, 7-12 ):

Que o homem seja um animal político no mais alto grau do que uma abelha
ou qualquer outro animal vivendo num estado gregário, isso é evidente. A
natureza, conforme dizemos, não faz nada em vão, e só o homem dentre
todos os animais possui a palavra. Assim, enquanto a voz serve apenas
para indicar prazer ou sofrimento, e nesse sentido pertence igualmente aos
outros animais [...] o discurso serve para exprimir o útil e o prejudicial e, por
conseguinte, também o justo e o injusto; pois é próprio do homem perante
os outros animais possuir o caráter de ser o único a ter o sentimento do bem
e do mal, do justo e o injusto e de outras noções morais, e é a comunidade
destes sentimentos que produz a família e a cidade.

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Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais • CAPÍTULO 1

Para refletir

Aristóteles – O Filósofo
Nascido na cidade de Estagira, pertencente ao Império Macedônico, no ano de 384 a.C., Aristóteles é considerado o
mais importante filósofo da Grécia, ao lado de Platão. Muito pouco se sabe sobre a sua juventude, com exceção do
fato de ter ido viver em Atenas, o que possibilitou que conhecesse o pensador que se tornaria seu mestre: Platão.

Figura 8. Platão e Aristóteles na Escola de Atenas (Pintura renascentista de Rafael Sanzio).

Fonte: http://www.sabercultural.com/template/obrasCelebres/fotos/A-Escola-de-Atenas-Foto03.jpg. Acesso em: 3 de


agosto de 2019.

Aristóteles estudou na academia de Platão durante muitos anos até se tornar professor da instituição. Nesse período,
aprofundou-se nos estudos platônicos sobre o ser e sobre a essência das coisas, sobre a dialética, sobre a política e
sobre as ideias socráticas. Também estudou Ética e aprofundou seus estudos em Ciências da Natureza, campo do
conhecimento pelo qual o pensador tinha certa predileção – sua formação inicial aprofundou-se bastante nessa área
quando era mais jovem.

Durante a sua vida intelectual, Aristóteles afastou-se gradativamente das ideias do seu mestre, Platão. Enquanto
Platão considerava válido apenas o conhecimento intelectual da verdade obtido por meio das essências puras, ou
seja, um conhecimento puramente intelectual, Aristóteles passou a considerar a validade intelectual de outro tipo de
conhecimento: o empírico.

Para o filósofo, o ser humano é por natureza um ser político e difere dos demais animais
de seu Reino exatamente por essa característica, de ser político. Pois o ser humano não
utiliza de sua comunicação apenas para expressar sentimentos primários, como dor, fome
ou sede, suas necessidades básicas, o ser humano, em convívio com a família e a sociedade
se utiliza de outros julgamentos éticos, morais, culturais e de suas necessidades para
imprimir o seu discurso, e o que é o discurso se não uma expressão da própria liberdade,
de suas escolhas e pensamentos.

Os outros animais expressam suas necessidades momentâneas, o ser humano expressa


seu discurso político que imprime sua visão de mundo, conhecimento da realidade
e projeções futuras. Para ter capacidade para expressar-se de forma coerente e
fundamentada em verdades, o homem precisa se educar de acordo com o contexto
em que vive, daí o papel da escola de exercer uma educação política, uma educação

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CAPÍTULO 1 • Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais

de disseminação de conhecimentos e de capacidade crítica, uma educação para a


cidadania.

Figura 9. Política.

Fonte: https://www.significados.com.br/foto/politica-fb.jpg. Acesso em: 3 de agosto de 2019.

Política enquanto ação afirmativa: direitos sociais e


fundamentais

Discutiu-se anteriormente a questão de a Educação ser considerada um ato político em


função do ser humano caracterizar-se um ser político.

Agora a discussão buscará compreender o que se designa como política educacional. Para
chegar a esta especificação de política, há de se compreender a concepção de política,
políticas públicas e política educacional, sendo esta última uma ramificação das políticas
públicas.

Política

O Dicionário da Civilização Grega, berço da política, esclarece:

“Civilização” vem do latim civis, cidadão. Em grego, “cidadão” se diz


polites, aquele que pertence à pólis, à cidade-estado, de onde vem o
termo “política”. Basta dizer que a civilização grega é antes de mais
nada civilização da pólis, civilização política [...] a dimensão política
presente não apenas no nível dos acontecimentos, mas igualmente no
plano religioso e artístico e nos diversos domínios da vida intelectual.
[...] Quando Aristóteles definiu o homem grego como um zoon politikon,
um “animal político”, foi precisamente esta realidade que ele expressava.
(MOSSÉ, 2004, p. 7)

Logo, compreende-se que a política nasceu na Grécia, considerada “Berço da Civilização


Ocidental”, tal qual conhecemos hoje o modo de vida e organização das governanças e
sociedades.

Dessa forma, o termo política se disseminou no Ocidente, considerando as formas


de governar e de organização das sociedades. As formas de governar estão ligadas à

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Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais • CAPÍTULO 1

história social e política das civilizações, atendendo às demandas dos sujeitos políticos
de cada nação, ou seja, de cada povo, cada sociedade.

As sociedades são formadas por sujeitos políticos que habitam a nação, ou a pólis, como
era chamada cidade-estado. Assim, a política nasce de uma mesma ideia, concepção, mas
se torna subjetiva conforme o povo ou a pólis onde se instala.

Para refletir

As pólis gregas eram as cidades-estado da Grécia Antiga. Estas cidades possuíam alto nível de independência, ou seja,
tinham liberdade e autonomia política e econômica.

Figura 10. Pólis Grega.

Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-Hthf1OyLuKA/VASBlKyhcPI/AAAAAAAAAe4/nO4cNlIanXA/s1600/P%C3%B3lis.jpg.
Acesso em: 3 de agosto de 2019.

Nas pólis não existia separação entre as áreas rural e urbana, nem existiam relações de dependência. Muitos
habitantes das pólis, principalmente da nobreza, habitavam casas de campo.

O centro político-administrativo das pólis era a Acrópole (geralmente a região mais alta da cidade-estado). Na
Acrópole se encontravam o templo principal da pólis, os edifícios públicos, a Ágora (espaço em que ocorriam debates
e decisões políticas) e a Gerúsia.

Ao redor da pólis havia uma espécie de cinturão rural, onde era produzida grande parte dos alimentos necessários
para a manutenção da pólis. Esta organização reforçava ainda mais a autonomia das pólis.

As áreas ocupadas pelas pólis não eram de grande extensão. Em média tinham de 200 a 500km². Atenas, uma das
pólis mais populosas e prósperas da época, era uma exceção, pois possuía cerca de 2.500km².

No Brasil, a governança política caracteriza-se como uma República Confederativa


Presidencialista Democrática, isso porque há várias instâncias que compõem a
governança:

» FORMAS DE ESTADO: Unitário; Federação/União → O Brasil é uma Federação,


os Estados Unidos é uma União.

» FORMAS DE GOVERNO: Monarquia → Inglaterra; República → Brasil.

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CAPÍTULO 1 • Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais

» SISTEMAS DE GOVERNO: Presidencialismo → Brasil; Parlametarismo → Inglaterra,


Alemanha.

» REGIME DE GOVERNO: Democrático → Brasil; Autocrático → Cuba.

Como se vê, existem diferentes formas de se exercer a política nas governanças das nações
e essas formas não são escolhas simples, são resultado de toda trajetória histórica desses
povos, e cada história está impregnada de ideologias, golpes de estado, escolhas do próprio
povo.

Ao se estabelecer um modelo de governo, as ações políticas, ou seja, as escolhas ideológicas,


começam a surgir e se firmam na forma de leis, como no Brasil, por exemplo, que tem em
sua lei maior, a Constituição Federal de 1988 (CF/1988), todas as diretrizes que emanam
das escolhas de seu povo e dos legisladores para o funcionamento da nação.

Saiba mais

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é a lei máxima do Brasil, reconhecida como a atual Carta
Magna, foi promulgada em 5 de outubro de 1988, consolidando a transição de um regime autoritário (1964-1985)
para um regime democrático.

Figura 11. Capa do Jornal O Estado de S. Paulo de 5 de outubro de 1988.

Fonte: https://acervo.estadao.com.br/imagens/105x65/1988.10.05.jpg. Acesso em: 3 de agosto de 2019.

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Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais • CAPÍTULO 1

Foi elaborada por uma Assembleia Constituinte, composta por 559 parlamentares e presidida por Ulysses Guimarães
no mandato do presidente José Sarney, com diferentes visões de mundo e juntos reestabeleceram a inviolabilidade de
direitos e liberdades básicas do cidadão brasileiro, postulando diversas premissas progressistas, tais como:

» Igualdade de gêneros.

» Criminalização do racismo.

» Proibição total da tortura.

» Direitos sociais como educação,trabalho e saúde para todos.


(Fonte: https://mpsc.mp.br/noticias/-os-30-anos-da-constituicao-e-o-ministerio-publico. Acesso em: 3 de agosto de 2019).

Figura 12. Constituição impressa.

Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/
images?q=tbn:ANd9GcSh8jZDVLoCLBCgXQzAbNqAIMyUhyvfmbpIKw5CbAukZSfMzX2l. Acesso em: 3 de agosto de
2019.

Contou com a participação popular em sua elaboração, constitui-se num documento escrito formal, atualmente
também disponível por meio de aplicativo e na web. A Carta Cidadã apresentou um novo modelo de país, organizado
como uma Federação caracterizada pela união indissolúvel de municípios, estados e união.

Constituiu-se, assim, o Estado Democrático de Direito, representativo do


engrandecimento de virtudes fundamentais da República: soberania, cidadania,
dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e pluralismo político. (NEIS,
2018).

Em 2018, a CF completou 30 anos, trouxe significativas transformações para o o Brasil, sendo o principal símbolo
da redemocratização nacional. Destacam-se as conquistas na área dos direitos trabalhistas e humanos, tais como:
abono de indenização de 40% do FGTS na demissão e o seguro-desemprego; abono de férias e o 13o salário para
aposentados; jornada semanal de 44 horas, quando antes era de 48 horas; licença-maternidade de 120 dias e
licença-paternidade de cinco dias; direito à greve e liberdade sindical; determinou que os índios teriam direito às
terras que ocupavam e de preservar suas tradições e cultura; entre outros.

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CAPÍTULO 1 • Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais

Figura 13.

Reestabeleceu as eleições diretas para os cargos de


presidente da República , governadores de Estado e prefeitos
municipais.

Definiu o mandato presencial.

Estabeleceu o direito de voto para os analfabetos.

Definiu o voto facultativo para jovens de 16 a 18 anos de


idade.

Sistema pluripartidário.

Colocou fim à censura aos meios de comunicação.

Fonte: Elboração da autora (2019).

A CF de 1988 está estruturada em nove títulos conforme destaca a figura a seguir:

Figura 14. Títulos da Constituição.

Fonte: Elaboração da autora (2019).

A CF, , no Título VIII – Da Ordem Social, Capítulo III, trata da Educação, Cultura e Desporto, sendo três seções com
artigos essenciais para a nossa atuação como educadores, a saber:

20
Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais • CAPÍTULO 1

Figura 15. Títulos, Capítulos, Seções e Artigos da Constituição Federal importantes para a Educação.

Título VIII – Da
Ordem Social

Capítulo III

Seção I Seção II Seção III


Da Educação Da Cultura Do Desporto

Arts. 205 a 214 Arts. 215 e 216 Art. 217

Fonte: Elaboração da autora (2019).

Para refletir

E como fazer as determinações da CF/1988 funcionarem?

É dessa necessidade de operacionalização que surgem as demais leis e as ações de políticas públicas.

Políticas Públicas
Figura 16. Área e temas que norteiam medidas/ações para o desenvolvimento das políticas públicas.

Fonte: http://portalcoroado.com.br/home/wp-content/uploads/2018/09/CNDCA.jpg. Acesso em: 3 de agosto de 2019.

Políticas Públicas são leis, programas, ações, medidas desenvolvidas pelo governo para
garantir que direitos previstos para todos os cidadãos sejam cumpridos.

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CAPÍTULO 1 • Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais

Mesmo quando alguma questão não está garantida em lei, se houver demanda
explícita da sociedade, isso pode se tornar um direito e até virar uma política
pública, pois a sociedade está sempre em movimento e evolução, assim sendo, as
demandas surgem com as novas configurações sociais.

Há algumas décadas as mulheres nem votavam e atualmente representam o maior


número de eleitores do País e também fazem parte dos quadros políticos, sendo
representantes do povo em todas as esferas governamentais. Isso é fruto de um
processo evolutivo e de constante movimento das sociedades em geral, gerando novas
demandas e novas configurações sociais.

As políticas públicas se concretizam nas diversas áreas que envolvam o bem-estar dos
cidadãos:

Figura 17. Áreas que envolvem o bem-estar da população.

Saúde Meio Ambiente

Educação Transporte

Segurança

Fonte: Elaboração da autora (2019).

Criar e executar políticas públicas

As Políticas Públicas (PP) são criadas pelo Poder Legislativo, sendo que tanto este
quanto o Executivo podem propor políticas públicas. Enquanto o Legislativo cria
a lei que vai determinar alguma PP, o Executivo se incumbe de planejar as ações
necessárias para pôr em prática a política determinada.

Compete ao Poder Judiciário a observância da lei para que se julgue sua adequação ao
que se propõe e o respeito a sua execução.

22
Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais • CAPÍTULO 1

Para nascer uma política pública são necessárias algumas etapas. Esse processo
denomina-se ciclo das políticas públicas.

Figura 18. Ciclo das políticas públicas.

Fonte: https://4.bp.blogspot.com/-I-WtsI_9yWM/Wj3kXsh-EiI/AAAAAAAAUko/3T6ykHkjH9Ijq8TKroW4KcWEEu1YdqgrwCLc
BGAs/s1600/CicloPP.png. Acesso em: 2 de agosto de 2019.

Conforme resumido por Lenzi (2017), as etapas são:

» Identificação do problema: fase de reconhecimento de situações ou problemas que


precisam de uma solução ou melhora.

» Formação da agenda: definição pelo governo de quais questões têm mais


importância social ou urgência para serem tratadas.

» Formulação de alternativas: fase de estudo, avaliação e escolha das medidas que


podem ser úteis ou mais eficazes para ajudar na solução dos problemas.

» Tomada de decisão: etapa em que são definidas quais ações serão executadas.
São levadas em conta análises técnicas e políticas sobre as consequências e a
viabilidade das medidas.

» Implementação: momento de ação, é quando as políticas públicas são colocadas


em prática pelos governos.

» Avaliação: depois que a medida é colocada em prática é preciso que se avalie


a eficiência dos resultados alcançados e quais ajustes e melhoria podem ser
necessários.

23
CAPÍTULO 1 • Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais

» Extinção: é possível que depois de período a política pública deixe de existir. Isso
pode acontecer se o problema que deu origem a ela deixou de existir, se as ações
não foram eficazes para a solução ou se o problema perdeu importância diante de
outras necessidades mais relevantes, ainda que não tenha sido resolvido.

O Sistema Único de Saúde (SUS), é a principal política pública na área de saúde. Foi criado em
1988 pela CF e possui uma lei própria que o regulamenta: Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990,
dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e
o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.

Fonte: http://cidadao.saude.al.gov.br/wp-content/uploads/2016/09/logo_sus.png. Acesso em: 2 de


agosto de 2019.

Essa lei, apesar de sua criação datar de quase 30 anos, está longe de ser extinta, pois
a população brasileira ainda necessitará por muito tempo de apoio do governo nos
cuidados com a saúde. O que ocorre com frequência são ajustes nas lei, decorrentes do
processo de avaliação em vistas a sua eficácia.

Direitos sociais e direitos fundamentais

A identificação de um problema que mereça entrar na formação da agenda do governo


origina-se das demandas da sociedade no que diz respeito aos direitos de um grupo
social ou de toda a sociedade.

Os direitos de maior relevância para gerar uma política pública são aqueles considerados
sociais ou fundamentais.

Direitos sociais, segundo Ramos (2008, s/p.), configura-se como:

conquistas dos movimentos sociais ao longo dos séculos, e, atualmente,


são reconhecidos no âmbito internacional em documentos como
a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948 e o Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966,
bem como pela Constituição da República de 1988, que os consagrou
como direitos fundamentais em seu artigo 6 o.

Ou ainda, conforme Moraes (2002, p. 202):

são direitos fundamentais do homem, caracterizando-se como verdadeiras


liberdades positivas, de observância obrigatória em um Estado Social
de Direito, tendo por finalidade a melhoria das condições de vida aos
hipossuficientes, visando à concretização da igualdade social, e são
consagrados como fundamentos do Estado democrático, pelo art. 1o, IV, da
Constituição Federal.

24
Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais • CAPÍTULO 1

Saiba mais

Leia o texto abaixo retirado da página oficial da Organização das Nações Unidas (ONU).

A Declaração Universal dos Direitos Humanos

Figura 19. Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Fonte: https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/declaracao/. Acesso em: 3 de agosto de 2019.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é um marco na história dos direitos humanos. Elaborada por
representantes de diferentes origens jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo, a Declaração foi proclamada
pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de dezembro de 1948, por meio da Resolução no 217 A
(III) da Assembleia Geral como uma norma comum a ser alcançada por todos os povos e nações. Ela estabelece, pela
primeira vez, a proteção universal dos direitos humanos.

Desde sua adoção, em 1948, a DUDH foi traduzida em mais de 500 idiomas – o documento mais traduzido do mundo
– e inspirou as Constituições de muitos Estados e democracias recentes.

Figura 20. Crianças lendo a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), pouco depois de sua
adoção.

Fonte: https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/declaracao/. Acesso em: 3 de agosto de 2019.

Com o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e seus dois Protocolos Opcionais (sobre procedimento
de queixa e sobre pena de morte) e com o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e seu
Protocolo Opcional, formam a chamada Carta Internacional dos Direitos Humanos.

Uma série de tratados internacionais de direitos humanos e outros instrumentos adotados desde 1945
expandiram o corpo do direito internacional dos direitos humanos.

Eles incluem a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio (1948), a Convenção Internacional
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965), a Convenção sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação contra as Mulheres (1979), a Convenção sobre os Direitos da Criança (1989) e a Convenção
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006), entre outras.

25
CAPÍTULO 1 • Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais

De acordo com a Constituição Federal (1988), são considerados direitos sociais “a educação,
a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados”.

Assim sendo, todas as vezes que um desses direitos estiver comprometido perante
a população, em sua totalidade ou em grupos, será aberta agenda para implantação
de política pública. É desta forma que surgem as políticas públicas voltadas para a
educação, posto que esta se constitui um direito social.

Nessa busca pela concretização dos direitos sociais, as políticas públicas podem se
caracterizar como “ações afirmativas” quando envolvem:

planejar e atuar no sentido de promover a representação de certos tipos


de pessoas aquelas pertencentes a grupos que têm sido subordinados ou
excluídos, em determinados empregos ou escolas. É uma companhia de
seguros tomando decisões para romper com sua tradição de promover
a posições executivas unicamente homens brancos. É a comissão de
admissão da Universidade da Califórnia em Berkeley buscando elevar o
número de negros nas classes iniciais [...]. Ações Afirmativas podem ser um
programa formal e escrito, um plano envolvendo múltiplas partes e com
funcionários dele encarregados, ou pode ser a atividade de um empresário
que consultou sua consciência e decidiu fazer as coisas de uma maneira
diferente. (BERGMANN, 1996, p. 7).

Figura 21. Nuvem de Palavras com ações afirmativas no Brasil.

Fonte: https://www.fera-al.com.br/public/_IMG/n/noticia_726.png. Acesso em: 3 de agosto de 2019.

Muitas políticas públicas educacionais são consideradas ações afirmativas, como a


própria política de cotas nas universidades públicas, posto que visa atender a um

26
Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais • CAPÍTULO 1

grupo que tem se mantido excluído dos bancos iniversitários ao longo da história do
País e em decorrência dos fatos da própria história marginalizando esse grupo. Mais
adiante esses temas voltarão ao debate.

Políticas da área educacional e seus desdobramentos

Como visto, educação é um direito social. Mas será que é o suficiente a CF (1988) determinar
isso e pronto? É o suficiente a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948,
declarar isso?

Figura 22. Art. 205 da Constituição Federal.

Fonte: https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/20180215_art_215_loop.gif. Acesso em: 3 de agosto de 2019.

Figura 23. Educação é direito de todos.

Fonte: http://ocalcadao.blogspot.com/2016/01/educacao-direito-publico-e-subjetivo-e.html. Acesso em: 20 de agosto de


2019.

27
CAPÍTULO 1 • Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais

Há muitas observâncias a serem feitas com relação a isso. Primeiramente, existe escola
pública gratuita para todos?

Saiba mais

No Brasil, quando se fala em escola pública, refere-se a escolas implementadas e ficanciadas pelas esferas municipais,
estaduais e federais.

Além, disso, o fato de ser pública, aqui no Brasil caracteriza gratuita, o que não significa que seja assim em todos
os lugares do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, dependendo do distrito da escola e sua classificação em
qualidade, existem taxas diferenciadas a serem pagas pela matrícula do estudante.

Para refletir

Existem condições para que as famílias enviem seus filhos à escola em qualquer parte do País?

As condições socioeconômicas são iguais em toda parte? E as demandas?

Existem professores formados para todas as áreas do conhecimento em todo o território? Esses professores estão
atualizados e/ou têm formação mínima para a sua atuação?

São tantas as questões que surgem de uma simples determinação → escola pública para
todos na Educação Básica – que somente por intermédio do Censo (informações estatísticas
que apontam diferentes características dos habitantes de uma cidade, um estado ou uma
nação), avaliações, manifestações populares, há de se perceber e avaliar se há condições de
cumprimento da determinação do direito.

Caso qualquer aspecto atrelado à educação não esteja sendo cumprido em decorrência
de outros fatores, caberá aos representates populares, sejam políticos ou de
organizações civis, indicarem a questão para avaliação de agenda.

No Brasil, de forma nacional, ou especificamente por estados ou municípios, existe uma


infinidade de políticas públicas educacionais.

Todo cidadão e cidadã pode e deve participar da sugestão de políticas públicas. Muitas
políticas públicas da área educacional nascem das solicitações da população por meio
de participação popular.

Uma das formas de se integrar aos debates de sugestão de políticas públicas é por
intermédio dos conselhos de políticas públicas. Os conselhos são formados por
representantes do governo e por cidadãos. As pessoas podem aproveitar esses espaços
para discutirem, opinarem e apontarem sugestões que repercutam como proposta de
política pública para determinado direito civil.

28
Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais • CAPÍTULO 1

Saiba mais

Você sabe como se organiza a estrutura de uma escola pública?

No infográfico a seguir, organizado pela Fundação Telefônica (2017), é apresentado um exemplo das principais
funções existentes em uma escola. Ressaltamos que por conta da automia assegurada em Lei, alguns papéis podem e
devem ser flexibilizados.

Figura 24. Exemplo de estrutura de uma escola pública.

Fonte: http://fundacaotelefonica.org.br/noticias/voce-sabe-como-e-a-estrutura-de-ensino-em-uma-escola-publica/.
Acesso em: 2 de agosto de 2019.

De acordo com o site do Ministério da Educação (MEC) os seguintes programas de Políticas


Educacionais voltados para Educação Básica ainda são vigentes e consolidados em nosso
país.

Quadro 1. Programas e Ações Educacionais.

Programa Mais Alfabetização


Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio
Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa
Novo Mais Educação
Ensino Médio Inovador
Parlamento Juvenil do Mercosul
Proinfância
Saúde na Escola
Atleta na Escola
Formação continuada para professores
Livros e materiais para escolas, estudantes e professores

29
CAPÍTULO 1 • Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Educacionais

Tecnologia a serviço da Educação Básica


Apoio à Gestão Educacional
Infraestrutura
Avaliações da aprendizagem
Prêmios e competições
TV Escola
Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral

Fonte: Portal do MEC. Secretaria de Educação Básica – Programas e Ações.

As políticas educacionais e seus desdobramentos em ações resultam das demandas


da sociedade em conjunto com o atendimento à Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, assim como ao último Plano Nacional da Educação, neste caso PNE 2014-2024,
aprovado pela Lei n o 13.005, de 2014, com vigência de 10 anos.

No próximo capítulo será apresentada a organização da educação brasileira para que


melhor se compreenda as políticas em potencial.

Sugestão de estudo

Figura 25. Capa do Livro: A vida na escola e a escola da vida.

Fonte: https://images.livrariasaraiva.com.br/imagemnet/imagem.aspx/?pro_id=315469&qld=90&l=430&a=-1. Acesso


em: 3 de agosto de 2019.

O livro A vida na escola e a escola da vida, elaborado por Claudius, Miguel e Rosiska, apresenta uma série de
questões, que mostra a realidade hoje nas escolas, por meio de uma discussão simples e com imagens típicas do
cotidiano escolar. A obra está organizada em cinco capítulos que discutem temáticas necessárias, persistentes e
contemporâneas.

30
CAPÍTULO
A EDUCAÇÃO COMO POLÍTICA SOCIAL
DO ESTADO 2
Introdução

A educação no Brasil vem sofrendo mudanças ao longo dos anos e existe uma preocupação
por parte das esferas governamentais em garantir o direito e acessibilidade a todos os níveis de
ensino, para todo cidadão.

Nessa perspectiva, pode-se observar a evolução da legislação educacional na busca de


reformar e transformar o ensino, incluindo o incentivo para a formação básica, superior
e continuada, estabelecendo princípios que norteiam a estrutura e o funcionamento do
ensino no País.

Objetivos

» Compreender o conceito de políticas públicas e sua funcionalidade para a nação


brasileira, especialmente, a comunidade educacional.

» Entender como as reformas e políticas públicas influenciam o cotidiano escolar.

» Reconhecer as influências dos organismos internacionais em nosso sistema


educacional nacional, bem como seus desdobramentos para a melhoria da oferta
do ensino-aprendizagem.

A educação como política pública

O papel do Estado vem se transformando ao longo dos anos, por diversos motivos,
mudança do seu papel diante das novas demandas, pressões e reivindicações sociais e
internacionais, atualmente podemos afirmar que a principal função do Estado é promover
o bem-estar da sociedade. Segundo o Manual de Políticas Públicas: conceitos e práticas
do Sebrae (2008, p. 5):

31
CAPÍTULO 2 • A Educação como Política Social do Estado

A função que o Estado desempenha em nossa sociedade sofreu


inúmeras transformações ao passar do tempo. Nos séculos XVIII e XIX,
seu principal objetivo era a segurança pública e a defesa externa em
caso de ataque inimigo. Entretanto, com o aprofundamento e expansão
da democracia, as responsabilidades do Estado se diversificaram.
Atualmente, é comum se afirmar que a função do Estado é promover
o bem-estar da sociedade. Para tanto, ele necessita desenvolver uma
série de ações e atuar diretamente em diferentes áreas, tais como
saúde, educação, meio ambiente.

Podemos observar que o Estado vem passando por transformações acompanhadas


por toda sociedade. Houve mudança de consciência por meio do Estado, advinda de
exigências da camada social e de mudanças de perspectivas do contexto mundial em que
áreas da saúde, educação, meio ambiente e segurança pública tornaram-se prioridades,
pelo menos em tese, para o direcionamento das políticas públicas.

Para atingir resultados em diversas áreas e promover o bem-estar da sociedade, os


governos se utilizam das políticas públicas que podem ser definidas da seguinte forma:
“(...) Políticas Públicas são um conjunto de ações e decisões do governo, voltadas para
a solução (ou não) de problemas da sociedade (...).”

De acordo com o Sebrae (2005, p. 5):

Dito de outra maneira, as Políticas Públicas são a totalidade de ações,


metas e planos que os governos (nacionais, estaduais ou municipais)
traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público.
É certo que as ações que os dirigentes públicos (os governantes ou os
tomadores de decisões) selecionam (suas prioridades) são aquelas que
eles entendem serem as demandas ou expectativas da sociedade. Ou seja,
o bem-estar da sociedade é sempre definido pelo governo e não pela
sociedade. Isto ocorre porque a sociedade não consegue se expressar de
forma integral. Ela faz solicitações (pedidos ou demandas) para os seus
representantes (deputados, senadores e vereadores) e estes mobilizam
os membros do Poder Executivo, que também foram eleitos (tais como
prefeitos, governadores e inclusive o próprio Presidente da República)
para que atendam as demandas da população.

As políticas públicas possuem seus estágios que estão interligados entre si:

32
A Educação como Política Social do Estado • CAPÍTULO 2

Figura 26. Estágio das políticas públicas.

1.
Formação da
Agenda

5.
Avaliação
Estágio 2.
Elaboração das

das
Políticas

Políticas
Públicas
3.
4.
Tomada de
Implementação
Decisão

Fonte: autora, (2019).

A primeira fase constitui-se na formação da Agenda, ou seja, seleção das prioridades. Na


segunda fase apresentam-se as soluções ou alternativas possíveis para a elaboração das
políticas. A terceira fase é o momento das tomadas de decisões, escolhem-se as ações
que serão desenvolvidas ao longo do projeto apresentado. Na quarta fase, inicia-se a
implementação, a execução das ações. A última e quinta fase refere-se à avaliação.

As políticas públicas serão eficazes se ocorrer uma boa administração, se todos os atores
envolvidos participarem de todo o processo tendo como foco a construção de uma
sociedade igualitária, buscando a justiça e o bem-estar social.

A sociedade contemporânea se caracteriza por sua diversidade, cada grupo disputa por
seus interesses. Vivemos em uma sociedade em que os recursos do Estado estão cada
vez mais escassos e, diante disso, as políticas públicas são motivo de disputa por grupos
específicos, cada qual reivindicando suas necessidades e interesses.

Estas disputas são as molas propulsoras para o desenvolvimento do Estado,


proporcionado renovação de pensamento e postura do Estado, buscando adaptação
às novas exigências da sociedade, modificando constantemente seu papel.

33
CAPÍTULO 2 • A Educação como Política Social do Estado

As relações entre estado, sociedade e educação: a educação escolar


no contexto das reformas do estado e das transformações da
sociedade contemporânea

A relação entre Estado, sociedade e Educação vai muito além de uma conjuntura de
reformas, ações ou metas, mas são estabelecidas a partir do momento em que grandes
transformações sociais são observadas, e as relações de poder foram modificadas. Quando
o papel do Estado historicamente construído passa de divino para representante da
sociedade.

A discussão sobre políticas e educação tem sido objeto de vários estudos e pesquisas
no cenário nacional e internacional. Trata-se de temática com várias perspectivas,
concepções e cenários complexos em disputa.

Nesse sentido, é fundamental destacar a ação política, orgânica ou não, de diferentes atores
e contextos institucionais marcadamente influenciados por marcos regulatórios fruto de
orientações, compromissos e perspectivas – em escala nacional e mundial –, preconizados,
entre outros, por agências e/ou organismos multilaterais e fortemente assimilados e/ou
naturalizados pelos gestores de políticas públicas. Para Almeida (2013, p. 12), políticas
públicas para educação englobam:

O campo das políticas públicas educacionais é extremamente amplo,


e abrange a estr utura curr icular, financiamentos, avaliações de
desempenho, fluxos escolares, formação e capacitação docente, além
de se relacionarem intimamente com outros direitos fundamentais e
direitos humanos, gerando assim, os termos de uma educação inclusiva.

Nessa ótica, a discussão sobre tais políticas articula-se a processos mais amplos do que
a dinâmica intraescolar, sem negligenciar, nesse percurso, a real importância do papel
social da escola e dos processos relativos à organização, cultura e gestão intrínsecos a ela.

Portanto, é fundamental não perder de vista que o processo educativo é mediado pelo
contexto sociocultural, pelas condições em que se efetiva o ensino-aprendizagem, pelos
aspectos organizacionais e, consequentemente, pela dinâmica com que se constrói o projeto
político-pedagógico e se materializam os processos de organização e gestão da educação.

A escola, entendida como instituição social, tem sua lógica organizativa e suas finalidades
demarcadas pelos fins político-pedagógicos que extrapolam o horizonte custo-benefício
stricto sensu. Isto tem impacto direto no que se entende por planejamento e desenvolvimento
da educação e da escola e, nessa perspectiva, implica aprofundamento sobre a natureza
das instituições educativas e suas finalidades, bem como as prioridades institucionais, os
processos de participação e decisão, em âmbito nacional, nos sistemas de ensino e nas
escolas.

34
A Educação como Política Social do Estado • CAPÍTULO 2

Nessa perspectiva, a articulação e a rediscussão de diferentes ações e programas, direcionados


à educação, devem ter por norte uma concepção ampla de gestão que considere a
centralidade das políticas educacionais e dos projetos pedagógicos das escolas, bem como
a implementação de processos de participação e decisão nessas instâncias, balizados pelo
resgate do direito social à educação e à escola, pela implementação da autonomia nesses
espaços sociais e, ainda, pela efetiva articulação com os projetos de gestão do MEC, das
secretarias, com os projetos político-pedagógicos das escolas e com o amplo envolvimento
da sociedade civil organizada.

Os princípios, as normas e as diretrizes que orientam as políticas


públicas aplicadas à educação no Brasil podem ser encontradas
nas Constituições do país, nas LDB de 1961, de 1971 e de 1996, nas
legislações específicas, nos planos e nos programas educacionais do
governo federal. ( TERRA, 2016, p. 76).

Saiba mais

Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Segundo Carvalho (1998), com a aprovação da Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o dia
20/12/1996 assinala um momento de transição significativo para a educação brasileira. Nessa data, completados 35
anos, revogou-se a primeira LDB com as alterações havidas no período, entrando em vigor nossa segunda LDB.

O Chefe do Poder Executivo sancionou a Lei no 9.394/1996, denominando-a “Lei Darcy Ribeiro”, e, com este ato,
dividiu, formalmente, a conhecida história da Nova LDB: um primeiro momento, caracterizado por amplos debates
entre as partes (Câmara Federal, Governo, partidos políticos, associações educacionais, educadores, empresários etc.)
e outro, atrelado à orientação da política educacional governamental e assumido pelo professor homenageado.

Na disputa entre o coletivo e o individual, entre a esfera pública e a esfera privada, entre os representantes da
população e os representantes do governo, está vencendo a política neoliberal, dominante não só na dimensão
global, mas também com pretensões de chegar a conduzir o trabalho pedagógico na sala de aula.

Objetivo: a busca da qualidade (total), no sentido de formar cidadãos eficientes, competitivos, líderes, produtivos,
rentáveis, numa máquina, quando pública, racionalizada. Este cidadão – anuncia-se – terá empregabilidade e,
igualmente, será um consumidor consciente.

A lei foi produzida, existe. Enquanto lei, resta-nos identificar, compreender e avaliar a intencionalidade de suas
propostas, para a adoção das posturas pertinentes. Todavia, as recentes diretrizes e bases da educação nacional não
têm o poder, por si só, de alterar a realidade educacional e, de modo especial, a formação inicial e continuada de
professores, mas podem produzir efeitos em relação a essa mesma realidade, de tal modo, acordo com Saviani (1990,
p. 43), “que, de numa avaliação posterior, podem ser considerados positivos ou negativos”.

De modo geral, “em alguns aspectos a legislação provoca consequências positivas; em outros, consequências
negativas” (SAVIANI, 1990, p. 44). Daí a importância deste momento para o encaminhamento de questões essenciais
sobre a formação dos profissionais da educação e, de modo especial, a formação de docentes, objeto deste texto.

No momento atual, necessitamos de uma política pública de formação, que trate, de maneira ampla, simultânea, e
de forma integrada, tanto da formação inicial, como das condições de trabalho, remuneração, carreira e formação
continuada dos docentes. Cuidar da valorização dos docentes é uma das principais medidas para a melhoria da
qualidade do ensino ministrado às nossas crianças e aos nossos jovens.

35
CAPÍTULO 2 • A Educação como Política Social do Estado

E, de acordo com a Constituição, fundamento do deve ser, a “valorização” é conteúdo próprio do capítulo que trata da
Educação, dispondo, em termos de princípio, sobre a

valorização dos profissionais do ensino, garantindo, na forma da lei, plano de carreira


para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente
por concurso público de provas e títulos, assegurando regime único para todas as
instituições mantidas pela União.

Estes princípios estão explicitados na Nova LDB.

Por essas razões, procuraremos apontar os dispositivos legais inseridos na Nova LDB com algumas observações que
possam ser consideradas nos estudos e reflexões sobre os rumos dos cursos e programas de formação de professores
para a educação básica.

Durante três décadas e meia, a estrutura e o funcionamento dos cursos de formação dos profissionais da educação
tiveram por fundamento legal a primeira LDB e suas alterações, sobretudo as introduzidas pelo Regime Militar.
Com a edição da Lei no 9.394/1996, nova normatização começa a ser debatida e implementada. Assim, os cursos de
formação dos profissionais da educação que vinham funcionando, agora objeto de reflexão e questionamento sob a
Nova LDB, têm a moldura da legislação revogada.

A Nova LDB, neste momento de transição normativa, fixa, em relação aos Profissionais da Educação, diversas
normas orientadoras: as finalidades e fundamentos da formação dos profissionais da educação; os níveis e o locus da
formação docente e de “especialistas”; os cursos que poderão ser mantidos pelos Institutos Superiores de Educação; a
carga horária da prática de ensino; a valorização do magistério e a experiência docente.
Texto extraído do artigo A nova lei de diretrizes e bases e a formação de professores para a educação básica de Djalma Pacheco de Carvalho,
Professor Assistente Doutor, Departamento de Educação, Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista (Unesp). Campus de Bauru.
(Fonte: http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v5n2/a08v5n2.pdf).

Sugestão de estudo

Figura 27. Darcy Ribeiro.

Fonte: Disponível em: https://i1.wp.com/cartacampinas.com.br/wp-content/uploads/darcy-ribeiro.jpg. Acesso em: 1 de


agosto de 2019.

Darcy Ribeiro, antrópologo, educador e romancista. Foi membro da Academia Brasileira de Letras. Mundialmente
reconhecido por seus estudos sobre a população brasileira, especialmente os indígenas, atuando multi e
interdisciplinarmente nos campos de Antropologia, Sociologia e Educação. Como Ministro da Educação do Brasil,
liderou diversas reformas que o consideraram apto a auxiliar novas políticas educacionais para diferentes países da
América Latina. Autor de diversos livros, defendeu a democratização do ensino público e de qualidade para todos.

Seguem algumas obras essenciais para a sua atuação crítica como professor e cidadão:

36
A Educação como Política Social do Estado • CAPÍTULO 2

Figura 28. Sugestões de obras do autor Darcy Ribeiro para serem estudadas.

Fonte: https://www.estantevirtual.com.br/busca?q=Darcy%2BRibeiro&offset=1&b_order=relevancia&busca_es=1.
Acesso em: 20 de agosto de 2019.

Panorama histórico de políticas e reformas de governos a partir


da instituição da LDB (Lei de Diretrizes e Bases – 9.394/1996)

O governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), de 1995 a 1998, em seu


primeiro mandato, e, em seguida, o segundo mandato de 1999 a 2002, teve como destaque
o programa “Acorda, Brasil: Está na hora da escola”, baseado em cinco pontos essenciais:

Figura 29. Cartaz do programa “Acorda, Brasil”.

Fonte: http://livros01.livrosgratis.com.br/me000660.pdf. Acesso em: 20 de agosto de 2019.

37
CAPÍTULO 2 • A Educação como Política Social do Estado

Figura 30. Principais ações do Programa “Acorda, Brasil”.

Formação de professores
Distribuição de verbas Melhoria da qualidade dos
por meio da educação a
diretamente para as escolas livros didáticos
distância

Reforma curricular
(estabelecimento de
Parâmetros Curriculares
Avaliação das escolas
Nacionais (PCN) e Diretrizes
Curriculares Nacionais
(DCN)

Fonte: Elaboração da autora (2019).

Ainda nestes mandatos, os principais programas e ações governamentais, decisivos para o


desenvolvimento das políticas públicas educacionais no contexto nacional foram:

Figura 31. Principais programas e ações governamentais.

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de


Valorização do Magistério (Fundef)

Fundo de Fortalecimento da Escola (Fundescola)

Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE)

Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)

Bolsa-Escola

Plano Nacional da Educação

Fonte: Elaboração da autora (2019).

O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização


do Magistério (Fundef ) era reconhecido como um fundo contábil formado por recursos
financeiros dos três níveis da Administração Pública do nosso país, com o objetivo de
promover o financiamento da educação básica pública do Brasil.

Já o Fundescola foi um programa fundado em 1995, desenvolvido em parceria com


as secretarias municipais e estaduais de Educação da nossa nação, com o intuito de

38
A Educação como Política Social do Estado • CAPÍTULO 2

promoção de ações, visando à melhoria da qualidade do ensino fundamental e ampliação


do acesso, bem como a permanência, das crianças nas escolas públicas das regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste. Originalmente financiado com recursos do governo federal e
do Banco Mundial (Bird), atuando especialmente em zonas consideradas de atendimento
prioritário definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Figura 32. Plano de Desenvolvimento da Educação.

Fonte: http://ilhadomelfm.com.br/wp-content/uploads/2016/02/PDE_logo.jpg Acesso em: 3 de agosto de 2019.

O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) é um programa que apoia o


desenvolvimento da comunidade escolar por meio da elaboração de um planejamento
participativo com o objetivo primordial de aprimoramento da administração da
escola pública do Brasil.

Desta forma, o PDE se configura como uma ferramenta de gestão DA escola PARA a
escola (MEC, 2019). Já o “Programa Dinheiro Direto na Escola” (PDDE), criado em 1995,
tem como objetivo prestar assistência financeira à comunidade escolar, assegurando as
melhorias necessárias para o aumento da qualidade do ensino público ofertado.

O “Bolsa-Escola” foi um programa considerado como “transferência de renda”,


implementado em 2001. Por meio de um cartão magnético, famílias de baixa renda
recebiam incentivo financeiro para assegurar a matrícula e permanência das crianças
e jovens na escola.

Na próxima unidade teremos a oportunidade de aprofundar nossos conhecimentos


sobre programas que marcaram a história das políticas educacionais no contexto
nacional.

Nos dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva, de 2003 a 2010, as políticas públicas
para a Educação foram divulgadas por meio de um caderno intitulado “Uma escola do
tamanho do Brasil” e foram estabelecidas as seguintes ações:

39
CAPÍTULO 2 • A Educação como Política Social do Estado

Figura 33. Ações estabelecidas para a política pública de educação.

Democratização do acesso ao ensino e garantia de permanência na escola

Qualidade social da educação

Valorização profissional do magistério

Implantação do regime de colaboração entre as esferas de governo

Democratização da gestão escolar

Fonte: Elaboração da autora (2019).

Estas ações desdobraram-se nas seguintes ações e realizações ao longo dos oito anos:
a) Fundo de manutenção e desenvolvimento da educação básica (Fundeb); b) Programa
Universidade para todos (Prouni); c) Sistema de seleção unificada (Sisu); d) Programa
de apoio a planos de reestruturação e expansão das universidades federais (Reuni);
e) Universidade aberta do Brasil (UAB) e f ) Rede federal de educação profissional,
científica e tecnológica.

No governo seguinte, de Dilma Rousseff, de 2011 a 2014 (primeiro mandato) e 2015 a 2016
(segundo mandato, interrompido pelo processo de impeachment), o objetivo primordial
das políticas educacionais era assegurar a manutenção dos programas implementados
nos mandatos anteriores, bem como ampliação das ações, garantindo educação para a
igualdade social, a cidadania e o desenvolvimento, promovendo inovações científicas
e tecnológicas. Destacam-se os seguintes programas: a) Programa Nacional de Acesso
ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec); b) Expansão da rede federal de educação
profissional, científica e tecnológica; c) Programa Brasil profissionalizante; d) Rede
e-tec Brasil; e) Acordo de gratuidade com os serviços nacionais de aprendizagem; f )
Bolsa-formação; g) Ciências sem Fronteira; h) Plano Nacional de Educação (2014-2024);
i) Brasil carinhoso; j) Brasil profissionalizante; k) Caminho da escola; l) Formação pela
escola; m) Plano de Ações Articuladas (PAR); n) Manutenção do Programa Dinheiro
Direto na Escola (PDDE); o) Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE); p)
Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE); q) Programa Nacional
Biblioteca da Escola (PNBE); r) Programa Nacional do Livro Didático (PNLD); s)
Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar
Pública de Educação Infantil (Proinfância); t) Manutenção do Programa Nacional de
Tecnologia Educacional (Proinfo); u) Prouni.

40
A Educação como Política Social do Estado • CAPÍTULO 2

O repertório de programas acima elencados, muitos resultados de ações


i m p l e m e n t a d a s e m g ov e r n o s a n t e r i o r e s , t i n h a m c o m o o b j e t i v o c o n s t i t u i r
uma sociedade do conhecimento, assegurando ao nosso país as condições de
competitividade global necessárias para a soberania, destacam-se as seguintes
metas que ainda persistem em nosso cotidiano, também, sinalizadas por organismos
internacionais:

» erradicação do analfabetismo no País;

» garantir a qualidade da educação básica brasileira;

» promover a inclusão digital, com banda larga, produção de material pedagógico


digitalizado e formação de professores em todas as escolas públicas e privadas no
campo e na cidade;

» expandir o orçamento da educação, ciência e tecnologia e melhorar a eficiência do


gasto;

» consolidar a expansão da educação profissional, por meio da rede de Institutos


Federais de Educação, Ciência e Tecnologia;

» tornar os espaços educacionais lugares de produção e difusão da cultura;

» construir o sistema nacional articulado de educação, de modo a redesenhar o pacto


federativo e os mecanismos de gestão.

» aprofundar o processo de expansão das universidades públicas e garantir a


qualidade do conjunto de ensino privado;

» ampliar programas de bolsas de estudos que garantam a formação de quadros


em centros de excelência no exterior, capazes de atrair estudantes, professores e
pesquisadores estrangeiros para o Brasil;

» dar prosseguimento ao diálogo com a comunidade científica, como fator


fundamental para definir as prioridades da pesquisa no País;

» fortalecimento da política de educação do campo, e ampliação das unidades


escolares assegurando a educação integral e a profissionalização.

Em 2016 assume a presidência o vice-presidente Michel Temer, finalizando o seu mandato


em 2019, priorizando a manutenção dos seguintes programas: a) Fundo de Financiamento
ao Estudante do Ensino Superior (Fies); b) Reforma do ensino médio; c) Programa Nacional
de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e d) Programa Universidade para todos
(Prouni).

41
CAPÍTULO 2 • A Educação como Política Social do Estado

Observe a lei

Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

Da Educação

Art. 1o A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana,
no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais.

§ 1o Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em
instituições próprias.

§ 2o A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.

TÍTULO II

Dos Princípios e Fins da Educação Nacional

Art. 2o A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.

Art. 3o O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;

III – pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;

IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância;

V – coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

VI –gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

VII – valorização do profissional da educação escolar;

VIII – gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;

IX – garantia de padrão de qualidade;

X – valorização da experiência extra-escolar;

XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

TÍTULO III

Do Direito à Educação e do Dever de Educar

Art. 4o O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:

I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;

42
A Educação como Política Social do Estado • CAPÍTULO 2

II – progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

III – atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente
na rede regular de ensino;

IV – atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade;

V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;

VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

VII – oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas
necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência
na escola;

VIII – atendimento ao educando, no ensino fundamental público, por meio de programas suplementares de material
didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde;

IX – padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de
insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.

Art. 5o O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos,
associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o
Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi-lo.

§ 1o Compete aos Estados e aos Municípios, em regime de colaboração, e com a assistência da União:

I – recensear a população em idade escolar para o ensino fundamental, e os jovens e adultos que a ele não tiveram
acesso;

II – fazer-lhes a chamada pública;

III – zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.

§ 2o Em todas as esferas administrativas, o Poder Público assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino
obrigatório, nos termos deste artigo, contemplando em seguida os demais níveis e modalidades de ensino, conforme
as prioridades constitucionais e legais.

§ 3o Qualquer das partes mencionadas no caput deste artigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judiciário, na
hipótese do § 2o do art. 208 da Constituição Federal, sendo gratuita e de rito sumário a ação judicial correspondente.

§ 4o Comprovada a negligência da autoridade competente para garantir o oferecimento do ensino obrigatório,


poderá ela ser imputada por crime de responsabilidade.

§ 5o Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o Poder Público criará formas alternativas de acesso
aos diferentes níveis de ensino, independentemente da escolarização anterior.

Art. 6o É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos sete anos de idade, no ensino
fundamental.

Art. 7o. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições:

I – cumprimento das normas gerais da educação nacional e do respectivo sistema de ensino;

II – autorização de funcionamento e avaliação de qualidade pelo Poder Público;

III – capacidade de autofinanciamento, ressalvado o previsto no art. 213 da Constituição Federal.


(Fonte: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf ).

43
CAPÍTULO 2 • A Educação como Política Social do Estado

As influências dos organismos internacionais nas políticas


educacionais

Atualmente, vivemos a era da informação. As tecnologias da informação e comunicação


( TICs) fazem parte do nosso dia a dia, a todo o momento nos deparamos com novas
tecnologias, muitas informações e transformações nas formas como nos comunicamos,
resultado do fenômeno chamado globalização. Segundo Terra (2016, p. 120):

Globalização é o termo mais utilizado para descrever as mudanças


ocorridas no sistema econômico capitalista nas últimas décadas.
No entanto, a maioria dos estudos sobre esse fenômeno ressalta a
globalização (ou mundialização do capital, como preferem alguns
autores) é apenas a etapa atual de um processo histórico cujas origens
remontam à formação do capitalismo.

A globalização existe em todos os espaços, seja econômico, social, cultural, político,


influenciando nossa vida cotidiana, voltando um pouco em nossa história, podemos
determinar que a globalização vem associada ao surgimento do estado neoliberal. O
pensamento neoliberal tem sua fundamentação, de acordo com Terra (2016, p. 124):

As premissas básicas do pensamento neoliberal estão fundamentadas


na ideia de que as políticas sociais adotadas pelo Estado de Bem-estar
social (Welfare State), construído após a Segunda Guerra Mundial,
fracassaram em sua pretensão de promover a igualdade e a justiça social.
Por isso, o neoliberalismo propõe um novo paradigma, ou seja, um novo
modelo de gestão do Estado e da economia mundial, perante a falência
das políticas intervencionistas conduzidas pelo governo.

Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 84), a globalização corresponde ao estágio


de desenvolvimento do chamado capitalismo concorrencial global, tendo como suas
principais características:

» Estado mínimo e economia de mercado; desregulamentação e privatização;

» acumulação flexível do capital, da produção, do trabalho e do mercado;

» sistema financeiro autônomo dos Estados nacionais;

» mudanças técnico-científicas aceleradas;

» ordem econômica determinada pelas corporações mundiais, pelas transnacionais,


pelas instituições financeiras internacionais e pelos países centrais;

» globalização/integração da produção, do capital, dos mercados e do trabalho.

44
A Educação como Política Social do Estado • CAPÍTULO 2

O Neoliberalismo não aceita a intervenção do Estado, privilegiando a privatização. No


Brasil, podemos determinar esta influência a partir do governo de Fernando Collor,
quando o Estado Neoliberal passou a ser implantado. Com estas mudanças outros países
começaram a mudar seu olhar em relação a nossa economia, passamos a ser um país em
pleno desenvolvimento com possibilidades de investimentos internacionais, atraindo
investimentos de países como Estados Unidos e Japão e da União Europeia, grandes
acionistas do Banco Mundial.

Para refletir

Mas, o que é o Banco Mundial?

Ele foi criado a partir das necessidades advindas após a Segunda Guerra Mundial, quando os
países devastados sentiram a necessidade de buscar seu crescimento econômico.

Desde a segunda guerra mundial observamos a formação de organismos


internacionais de natureza político-ideológica, sob a liderança da
Organização das Nações Unidas (ONU), em conjunto com organismos
de natureza econômica, como o Fundo Monetário Internacional (FMI),
o Banco Mundial e a Organização de Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE). No campo militar, deve-se mencionar a Organização
do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A nova ordem econômica e política
mundial é resultado da conferência de Bretton-Woods, realizada em 1944,
na qual as nações mais industrializadas do mundo firmaram acordos
estabelecendo regras para as relações comerciais e financeiras entre os
países no âmbito mundial. ( TERRA, 2016, p. 122)

O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional para Reconstrução e


Desenvolvimento (Bird) foram criados pelo Banco Mundial com o intuito de reconstrução e
desenvolvimento dos países do sul. Tais siglas fazem atualmente parte do nosso dia a dia, são
grandes investimentos que visam ampliar as intervenções mundiais em economias de países
em desenvolvimento, buscando a ampliação de seus mercados, mas muitos de seus recursos
têm como prioridade o investimento na Educação.

O pensamento neoliberal considera a educação um dos elementos centrais


para incrementar a competitividade econômica entre as nações, gerar novas
oportunidades de trabalho e emprego e, também, ajudar na melhoria da
distribuição de renda, contribuindo para a estabilidade social e política
global, particularmente nos países mais pobres. A ideia é que o estudante
com acesso a uma educação eficiente e de qualidade, que garanta uma
formação diversificada e flexível, poderá “subir na vida” e ganhar mais.
(TERRA, 2016, p. 126)

45
CAPÍTULO 2 • A Educação como Política Social do Estado

Ainda de acordo com Terra (2016, p. 126):

Em 1980, o Bird adotou o modelo de financiamento chamado crédito de


base política, tendo por objetivo desenvolver políticas de ajuste estrutural
nos países periféricos. Dentre essas políticas estavam: redução do papel do
Estado, o que significava a diminuição do investimento do setor público e
aumento do setor privado; reformas administrativas; estabilização fiscal
e monetária; a redução do crédito interno e das barreiras de mercado. O
Banco condicionou os créditos aos países tomadores a algumas reformas
educacionais sugeridas. Dentre as principais estavam: diminuir os gastos
do Estado na área da educação, e para isso recomendou privatizar os
níveis mais elevados do ensino público, centrando as atenções ao ensino
fundamental, principalmente no que dizia respeito à garantia de acesso
e à universalização; priorizar o consumo de insumos educacionais, o que
para o Banco era fundamental para a melhoria do desempenho escolar dos
alunos dos países de baixa renda. (TERRA, 2016, p. 126)

Apresentamos, a seguir, algumas questões apontadas por Andrioli (2002), como as principais
consequências do neoliberalismo na educação:

» Menos recursos, já que há diminuição da arrecadação (através de isenções,


incentivos, sonegação...) e por conta da não aplicação dos recursos e
descumprimento de leis.

» Prioridade do ensino fundamental como responsabilidade dos estados e


municípios (a educação infantil é delegada aos municípios).

» Formação menos abrangente e mais profissionalizante.

» A maior marca de subordinação profissionalizante é a reforma do ensino médio e


profissionalizante.

» Privatização do ensino.

» Municipalização e “escolarização” do ensino, com o Estado repassando adiante sua


responsabilidade (os custos são repassados às prefeituras e às próprias escolas).

» Aceleração da aprovação para desocupar vagas, tendo o agravante da menor


qualidade.

» Aumento de matrículas como jogo de marketing (são feitas apenas mais inscrições,
pois não há estrutura efetiva para novas vagas).

» A sociedade civil deve adotar os “órfãos” do Estado (por exemplo, o programa


“Amigos da escola”). Se as pessoas não tiverem acesso à escola. a culpa é
colocada na sociedade que “não se organizou”, isentando, assim, o governo de
sua responsabilidade com a educação.

46
A Educação como Política Social do Estado • CAPÍTULO 2

» O ensino médio dividido entre educação regular e profissionalizante, com tendência a


priorizar este último: “mais mão de obra e menos consciência crítica”.

» A autonomia é apenas administrativa. As avaliações, livros didáticos, currículos,


programas, conteúdos, cursos de formação, critérios de controle e fiscalização
continuam dirigidos e centralizados. Mas, no que se refere à parte financeira (como
infraestrutura, merenda, transporte etc.), passa a ser descentralizada.

» Produtividade e eficiência empresarial (máximo resultado com o menor custo). Não


interessa o conhecimento crítico.

» Nova linguagem, com a utilização de termos neoliberais na educação.

» Modismo da qualidade total (no estilo das empresas privadas) na escola pública, a
partir de 1980.

» Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são ambíguos (possuem duas visões


contraditórias), pois se, por um lado, surge uma preocupação com as questões
sociais, com a presença dos temas transversais como proposta pedagógica e a
participação de intelectuais progressistas, por outro lado, há todo um caráter de
adequação ao sistema de qualidade total e a retirada do Estado.

» Mudança do termo igualdade social para equidade social, ou seja, não há mais a
preocupação com a igualdade como direito de todos, mas somente a amenização da
desigualdade.

» Privatização das universidades.

» Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) determinando as competências


da Federação, transferindo responsabilidades aos estados e municípios;

» Parcerias com a sociedade civil (empresas privadas e organizações sociais).

Neste panorama, cabe aos educadores pensarem e agirem de forma local e global buscando
maneiras e possibilidades para transformar a sociedade, lutarem contra uma corrente que não
pensa a educação como um instrumento libertador, pois conhecimento é poder.

47
CAPÍTULO
GESTÃO E ORGANIZAÇÃO DO
SISTEMA DE ENSINO BRASILEIRO EM
SEUS DIVERSOS NÍVEIS: FEDERAL,
ESTADUAL E MUNICIPAL 3
Introdução

A educação brasileira já fez uma longa caminhada desde o período em que o Brasil foi
apresentado ao mundo europeu civilizado.

Mas, essa trajetória, apesar de estar prestes a completar meio século, desde a chegada
dos jesuítas (1549), ao mesmo tempo ainda é bastante pueril, pois, a princípio, serviu aos
interesses dos colonizadores e, posteriormente, atravessou longo período de incertezas
e desorganização, sendo que apenas com o início da fase denominada Nova República
inicou-se a proposta de uma educação nacional que buscasse sua verdadeira identidade.

Na busca por sua identidade, a educação brasileira organizou-se, com base na Constituição
Federal, e traçou seus objetivos e metas almejando qualidade e universalização para
a educação de seu povo. Como esse caminho não é fácil nem barato, todo o processo
educacional fica atrelado às questões sociais, políticas e econômicas do País, expressando-
se em seu sistema de ensino.

Objetivos

» Relembrar os principais marcos da trajetória histórica da educação brasileira.

» Identificar as características da educação brasileira básica e superior.

» Conhecer o sistema educacional brasileiro em seus níveis, etapas e demandas.

Revendo o processo histórico

Desconsiderando os modelos educacionais dos povos nativos do Brasil, a educação


brasileira, de forma civilizada e organizada, teve seu início a partir da chegada do
primeiro grupo de jesuítas ao Brasil, em 1549.

48
Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal • CAPÍTULO 3

Os jesuítas foram os responsáveis pelo processo educacional brasileiro durante 210 anos,
quando, então, foram expulsos de todas as colônias portuguesas pelo Marquês de Pombal
(Ministro de Portugal), em 1759. Porém, ao longo de todo esse tempo, nenhuma instituição
ou forma de educação superior surgiu no Brasil. Aliás, a primeira instituição voltada para o
ensino de nível superior só surgiu após a chegada da Família Real no Brasil em 1808, com
a abertura do Colégio Médico-Cirúrgico da Bahia, no mesmo ano.

Quanto às escolas, na fase jesuítica, a princípio, o intuito era apenas de domesticar,


catequizar e converter os indígenas, e foram abrindo as primeiras escolas de ler,
escrever e contar. Assim, “foram se infiltrando aos poucos nas aldeias, levando os
fundamentos de uma educação religiosa dedicada à propagação da fé e do trabalho
educativo” (Azevedo, 1976, p. 10). Trataram de organizar o sistema de educação e
criaram escolas elementares, secundárias, seminários e missões.

Sempre nos pareceu muito claro que a colonização do Brasil foi de natureza exploratória;
logo, não era do interesse de Portugal aprimorar as possibilidades educacionais criando
escolas e muito menos instituições de ensino superior.

Na figura a seguir, são apresentadas as primeiras instituições superiores:

Figura 34. Primeiras Instituições Superiores.

• Colégio Médico-Cirúrgico da Bahia


1808 • Cadeira de Anatomia do Hospital Militar do Rio de Janeiro

• Academia Real Militar (mais tarde se tornou a Escola Politécnica e hoje é a Escola
1810 Nacional de Engenharia da UFRJ)

• Universidade do Estado do Paraná (criada por forças políticas e só durou três anos)
• Universidade do Rio de Janeiro: reunia Escola Politécnica, a Faculdade de Medicina
1912 e a Faculdade de Direito (hoje é a Universidade Federal do Rio de Janeiro)
1920

1927 • Faculdade de Direito (São Paulo e Olinda)

Fonte: Elaboração da autora (2019).

Rever esse percurso é importante para analisar como surgiu e se desenvolveu a


Educação no Brasil e, o mais importante, entender que o presente teve sua origem
há tempos. Apesar de tardiamente, a Educação Superior surgiu ainda na fase do
Brasil-Colônia, na ocasião em que o Brasil foi elevado a Reino Unido de Portugal e
Algarves, em virtude da presença da Família Real Portuguesa nessas terras, fugindo
da invasão de Napoleão em Portugal. A educação continuava privilégio de pequena

49
CAPÍTULO 3 • Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal

parte elitizada da população. Os filhos dos mais nobres eram educados em casa e
para os estudos superiores eram enviados a Portugal. O Brasil ainda era um país de
analfabetos e escravos, com pouco acesso e pouca produção educacional e cultural.

Com a Proclamação da Independência, em 1822, o Brasil se tornou uma Monarquia e a


situação educacional e cultural do País não havia se alterado. A primeira Constituição da
Monarquia foi a Constituição Imperial de 1824, que pouco acrescentou à educação de
modo geral, tendo apenas as seguintes menções à educação:

Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Politicos dos Cidadãos


Brazileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a
propriedade, é garantida pela Constituição do Imperio, pela maneira seguinte.

XXXII. A Instrucção primaria, e gratuita a todos os Cidadãos.

XXXIII. Collegios, e Universidades, aonde serão ensinados os elementos das


Sciencias, Bellas Letras, e Artes. (BERGMANN, 1996, p. 7).

A instrução primária gratuita até aconteceu de forma bem tímida, mas a criação das
universidades, conforme se desejava, continuava apenas como uma projeção no papel.

Em 1840, teve início o Segundo Império (1840-1889), regido pela mesma Constituição,
apenas emendada pelo ato adicional de 1834. Esse período demonstrou algum
desenvolvimento econômico no País, principalmente pelo “ciclo do café”. A maioria
dos brasileiros continuava sem acesso à educação e os mais abastados ainda preferiam
concluir seus estudos no exterior, principalmente em Coimbra, até pela falta de opções
no Brasil. A maior parte da população continuava sem acesso aos estudos.

Ainda no Segundo Império ocorreu a Reforma Leôncio Carvalho (Decreto no 7.247, de


19/4/1879), que legalizava a criação de novas faculdades e organizava o currículo de vários
cursos, como Direito e Medicina. Vejamos a seguir um trecho original deste documento:

Art. 21. É permittida a associação de particulares para a fundação de cursos


onde se ensinem as materias que constituem o programma de qualquer
curso official de ensino superior.

O Governo não intervirá na organização dessas associações.

§ 1 o As instituições deste genero que, funccionando regularmente por


espaço de 7 annos consecutivos, provarem que pelo menos 40 alumnos
seus obtiveram o gráo academico do curso official correspondente, poderá
o Governo conceder o titulo de Faculdade livre com todos os privilegios e
garantias de que gozar a Faculdade ou Escola official.

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Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal • CAPÍTULO 3

Em 1889, foi Proclamada a República e, em 1891, proclamada a primeira Constituição


Republicana, que, inclusive, extinguiu a gratuidade no ensino primário e trouxe algumas
novidades à Educação Superior, como atribuir ao Congresso a responsabilidade de criar
instituições de ensino superior e legislar sobre elas e o ensino.

Sugestão de estudo

Visite o site do Planalto e conheça a primeira Constituição da República do Brasil, quando a forma de Estado ainda
era União:

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (DE 24 DE FEVEREIRO DE 1891)

Figura 35. Primeira Constituição brasileira.

Fonte: http://ramosdeumagrandearvore.com/portfolio/a-constituinte-de-1924/. Acesso em: 1 de agosto de 2019.

Siga o link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao91.htm.

A partir da Primeira Constituição Republicana, foi criado o primeiro ministério voltado


para educação, denominado Ministério da Instrução Pública, Correios e Telégrafos, tendo
como titular Benjamin Constant. A própria designação do ministério remete exatamente
ao nível de importância que a educação possuía, estando atrelado aos Correios, que é
outra área de atuação social e serviços. Ainda em 1890, antes da promulgação da primeira
Constituição Republicana, Benjamin Constant organizou uma série de documentos e
propostas educacionais que no todo receberam o nome de Reforma Benjamin Constant,
sendo alguns destes documentos:

» Regulamento da Instrução Primária e Secundária do Distrito Federal (Decreto no 981,


8/11/1890).

» Regulamento da Escola Normal da Capital Federal (que foi alterado pelo Decreto no
982, 8/11/1890).

51
CAPÍTULO 3 • Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal

» Regulamento do Conselho de Instrução Superior (Decreto no 1.232-G, de 2/1/1891).

» Essa reforma também previu a existência das “Faculdades Livres” como concessão
do Poder Público.

Sugestão de estudo

Figura 36. Benjamin Constant.

Político e militar fluminense, Benjamin Constant Botelho de Magalhães, nasceu em Niterói, estudou no tradicional
Colégio São Bento, ingressou no Exército, na escola Central cursou Engenharia e no Observatório do Rio de Janeiro
formou-se em astrônomo. Em 1887 fundou o Clube Militar, presidiu a sessão em que os membros deste espaço
decidiram pela queda da monarquia. Após a Proclamação da República assumiu a pasta da Guerra, no governo
provisório, sendo que em 1890 passou a liderar o Ministério da Instrução Pública, Correios e Telégrafos, participando
ativamente da reforma do ensino embasada nos princípios positivistas.
Fonte: https://www.guiadeniteroi.com/wp-content/uploads/2013/07/Bejamin-Constant-03-273x300.jpg. Acesso em: 3 de agosto de 2019.

Em 1901, ocorreu a Reforma Epitácio Pessoa (Decreto n o 3.390, de 1/1/1901), que


regulamentou o funcionamento das faculdades de Direito, Medicina, a Escola Politécnica,
a de Minas e o Ginásio Nacional, mas manteve os currículos propostos na Reforma
Benjamin Constant.

Apesar de o decreto prever a criação de ensino superior tanto pelos governos quanto pela
iniciativa privada, esta última ainda se mantinha bastante tímida.

Em 1911, com a Reforma Rivadávia Correa, é aprovada a Lei Orgânica do Ensino Superior
e do Fundamental pelo Decreto n o 8.659, 5/4/1911. Nela, as propostas curriculares de
Benjamin Constant ainda são mantidas no ensino superior e a iniciativa privada ainda
permanece nula nessa modalidade de ensino.

Em 1915, foi assinado o Decreto n o 11.530, de 18/3/1915, conhecido como Reforma


Carlos Maximiliano. Esse documento reorganizou o ensino secundário e superior, mexeu
nos currículos dos cursos existentes e propõe novos cursos, além de decretar o exame
vestibular para o ingresso nas faculdades e indicou a criação da primeira universidade

52
Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal • CAPÍTULO 3

brasileira, unindo as Faculdades de Direito, Medicina e Escola Politécnica, mas essa


primeira universidade federal surgiu apenas em 1920 (MORAES, 2005).

Em 1925, aconteceu a Reforma João Luiz Alves, também conhecida como Lei Rocha
Vaz (Decreto n o 16.782, de 13/1/1925). Essa reforma substitui o Conselho Superior de
Ensino pelo Conselho Nacional de Ensino, mexe no funcionamento e na organização
de todos os níveis de ensino e em alguns currículos do Ensino Superior. Essa lei já
reconhece a criação da Universidade do Rio de Janeiro e indica a criação de outras.

A Lei Rocha Vaz previu alguns casos de gratuidade no ensino superior para atender
um pouco melhor à demanda por escolarização, devido ao aumento da população e
da chegada de imigrantes. Essa lei estabeleceu que a cada ano, em cada curso superior
público, deveriam ser ofertadas cinco vagas gratuitas.

No período chamado Primeira República (até 1930), ocorreram as primeiras tentativas


de pensar a educação brasileira como um direito, ao mesmo tempo em que ocorriam
muitos acontecimentos e mudanças pelo mundo: Revolução Russa, Primeira Guerra
Mundial, Semana de Arte Moderna (no Brasil), desenvolvimento da indústria. Tudo
estava em mudança e transformação e a ideia de uma educação como direito público
ganhou força.

Em 1930, encerra-se a Primeira República (ou República Velha) com uma grande
revolução, e Getúlio Vargas assume um governo que perdurará por 15 anos, iniciando
a chamada “Era Vargas”. Segundo Morais (2005), esse período foi regido por várias
mudanças no país, inclusive na educação, o que se refletiu nas leis educacionais,
principalmente durante o subperíodo “Estado Novo” (1937).

Este subperíodo caracterizou-se como uma ditadura civil. Também foi no início do
governo provisório de Vargas que se estabeleceu pela primeira vez um ministério
com efetivos propósitos voltados para a educação. Tivemos duas Constituições nesse
período, a de 1934 e a de 1937, sendo esta imposta pelo golpe de estado de Vargas.

Saiba mais

O Ministério da Educação foi criado em 1930, logo após a chegada de Getúlio Vargas ao poder. Com o nome de
Ministério da Educação e Saúde Pública, a instituição desenvolvia atividades pertinentes a vários ministérios
como saúde, esporte, educação e meio ambiente. Até então, os assuntos ligados à educação eram tratados pelo
Departamento Nacional do Ensino, ligado ao Ministério da Justiça. [...] Até 1953, foi Ministério da Educação e Saúde.
Com a autonomia dada à área da saúde surge o Ministério da Educação e Cultura, com a sigla MEC
(PORTAL DO MEC, 2018).

53
CAPÍTULO 3 • Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal

O início da “Era Vargas” foi marcado pela Reforma Francisco Campos, regulamentada
pelo Decreto n o 19.851, de 11/4/1931. Dentre várias providências, a reforma estruturou
o ensino secundário, comercial (para o trabalho) e superior. Estruturou o ensino
escolar em dois ciclos: fundamental, de cinco anos e complementar, de dois anos,
sendo necessário cumpri-los para ingressar no ensino superior, posto que antes
poderia ser feito por teste.

Figura 37. Cartilha para crianças divulgada por Getúlio Vargas.

Fonte: https://voltempramim.wordpress.com/2012/11/08/propaganda-ideologica-de-getulio-vargas/. Acesso em: 3 de


agosto de 2019.

A outra opção era o ensino secundário que deveria ser equiparado ao modelo do
Colégio Pedro II.

Essa reforma preocupou-se efetivamente em organizar a composição, a competência e o


funcionamento da administração universitária. Também colocou a investigação científica
como um dos objetivos da universidade brasileira e determinou que as universidades
poderiam ser criadas e mantidas pela União, pelos Estados e pela iniciativa livre (privadas).

Poucos dias antes da publicação do decreto da Reforma, foi promulgado o 1o Estatuto das
Universidades Brasileiras.

Segundo Marcia Moraes (2005), esse estatuto tratava das normas para criação de
novas universidades equiparadas à Universidade do Rio de Janeiro. O estatuto também
apontava a gratuidade comprometida no curso superior, o que permitia a matrícula
dos estudantes que não pudessem arcar com as despesas das taxas escolares, mas estes
ficavam comprometidos a indenização posterior.

Sobre esse período, Santos e Cerqueira (2009, p. 4) consideram que:

(...) o setor privado, especialmente o confessional, já era bem forte.


As primeiras estatísticas educacionais, em 1933, mostravam que as
instituições privadas respondiam por cerca 44% das matrículas e por 60%

54
Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal • CAPÍTULO 3

dos estabelecimentos de ensino superior. Embora a clientela para essa


estrutura fosse muito pequena, o número de alunos era de apenas 33.723.
A reforma do governo Vargas instituiu as universidades e definiu o formato
legal ao qual deveriam obedecer todas as instituições que viessem a ser
criadas no Brasil, mas, não propôs a eliminação das escolas autônomas e
nem negou a liberdade para a iniciativa privada. A partir da reforma, há
uma retomada típica do período monárquico, na centralização, por parte
do governo, nas questões relacionadas ao sistema educacional superior.
[...] a universidade já nasceu conservadora: o modelo de universidade
proposto consistia, em grande parte, numa confederação de escolas que
preservaram muito de sua autonomia anterior.

Após 15 anos de um mesmo governo e duas Constituições Federais, a de 1934 e a de 1937,


definitivamente o País toma outros rumos e inicia uma nova fase denominada “República
Nova”. Logo, em 1946 foi promulgada a quarta Constituição Federal da República (de um
total de cinco, pois a primeira era referente à Monarquia). Essa Constituição foi legalmente
promulgada e com muita urgência devido à necessidade de se resgatar a democracia
sucumbida pela Ditadura Vargas.

Na “República Nova”, os rumos da Reforma Francisco Campos perduraram até a década


de 1960.

Apesar de tudo, podemos tratar esse período como uma das primeiras
experiências de expansão do sistema. Ao contrário do crescimento
do setor privado, o que se pretendia era a ampliação das vagas nas
universidades públicas e gratuitas, que associassem o ensino à pesquisa,
com foco no desenvolvimento do país, aliado às classes populares
na luta contra a desigualdade social no ensino superior. (SANTOS e
CERQUEIRA, 2009, p. 4)

O ensino superior foi crescendo lentamente, e entre 1946 e 1960 havia 18 universidades
públicas e 10 particulares, sendo em maior parte confessionais (católica e presbiteriana).
Em meados de 1950, se fortalece o movimento estudantil – União Nacional dos Estudantes
(UNE), que desejava uma profunda reforma do sistema educacional para romper de vez com
os modelos do “Estado Novo”. Uma de suas solicitações era de que todas as universidades
fossem públicas e aceitavam apenas a permanência das Pontifícias Universidades Católicas
(PUC) do Rio de Janeiro e de São Paulo, desde que a igreja católica se dedicasse mais
efetivamente às causas sociais.

O período da República Nova (1946-1964) foi um período fértil para a educação nacional.
A nova Cosntituição assumiu ideologia liberal democrática, retomou a educação como
direito de todos e inspirou-se nos princípios do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova
(da década de 1930).

55
CAPÍTULO 3 • Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal

Com o crescimento de todo o sistema educacional, ficou evidente a necessidade de uma


legislação específica que organizasse tudo e, desde o início da “República Nova”, deu-se
início à discussão e à preparação dessa lei, mas segundo Morais (2005, p. 103):

[a] promulgação ocorreu apenas treze anos mais tarde porque, nessa
discussão, havia dois grupos com ideologias bem diferentes. Um deles era
liderado pelas ideias de Clemente Mariani, que defendia a escola pública,
gratuita e laica. Faziam parte desse grupo os sindicatos e intelectuais como
Anísio Teixeira. A Igreja Católica e os donos de colégios particulares faziam
parte do outro grupo, que defendia as ideias de Carlos Lacerda: defesa da
escola privada e com ensino religioso.

Após anos em debate, finalmente foi sancionada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional – LDB no 4.024, de 20 de dezembro de 1961.

Sugestão de estudo

Na figura a seguir, temos registros históricos das primeiras ações e políticas educacionais que marcaram o contexto
nacional.

Figura 38. Panfleto da exposição sobre a Primeira LDB realizada pelos estudantes e professores da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Fonte: http://cemiiserj.blogspot.com/2011/12/primeira-ldb-50-anos-depois-memorias-e.html. Acesso em: 3 de agosto


de 2019.
Conheça um pouco mais sobre a redação original e o contexto histórico da primeira LDB. Disponível em: https://
www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4024-20-dezembro-1961-353722-norma-pl.html.

56
Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal • CAPÍTULO 3

Essa lei organizou a educação em todos os níveis; praticamente manteve a trajetória


do ensino superior, chegando a ser criticada por manter os interesses de grupos
particulares e conservadores, afirmou a igualdade legal entre ensino público e privado,
extinguiu definitivamente as expressões universidade livre e faculdade livre, passando
às expressões pública ou privada.

Em 1964, a sociedade brasileira sofreu um forte golpe que alterou toda a política vigente,
não só a governamental como, também, a educacional: teve início o Regime Militar e, em
circunstância do novo regime político, foi necessário alterar a Constituição e a LDB.

Em 1967, foi imposta a quinta Constituição da República, que tratava de delinear


o papel do governo e da sociedade mediante um regime ditatorial. O movimento
estudantil demonstrou forte resistência a esse regime político, fato que acarretou
enorme perseguição política às comunidades universitárias: estudantes, docentes
e dirigentes.

A força do movimento estudantil precisava ser aniquilada pelo governo, o que levou
a uma significativa Reforma Universitária em 1968, Lei n o 5.540, de 28 de novembro
de 1968, que fixa normas de organização e funcionamento do ensino superior e sua
articulação com a escola média, e dá outras providências. Foi nesse ano também que
o movimento estudantil foi extinto pelas forças militares, inclusive com a prisão de
seus líderes, e as universidades públicas sofreram com severa vigilância, acusadas
de subversivas.

Sugestão de estudo

A luta por melhorias no ensino público, especialmente, o superior faz parte das narrativas presentes na
história da Educação brasileira. As transformações na organização das universidades do Brasil, com a Lei no
5.540, de 28 de novembro de 1968, possibilitou o aumento das matrículas em instituições de ensino superior,
principalmente em estabelecimentos de iniciativa privada.

Esta legislação provocou uma nova reforma seguindo dois princípios norteadores, o controle político das
universidades públicas brasileiras e a formação de mão de obra para economia.

A Reforma, ao declarar a autonomia econômica e didático-científica das universidades públicas, estabelece


a escolha dos Reitores ao Presidente da República; cria a unificação das unidades acadêmicas; surge a figura
do Departamento; a anulação dos movimentos estudantis; maior interação ensino-pesquisa, a criação da
monitoria, o aumento de programas de extensão, atividades desportivas, culturais e cívicas, que viabilizassem
a “ocupação” do corpo discente.

57
CAPÍTULO 3 • Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal

Figura 39. Registro Histórico da luta estudantil por melhorias no ensino superior, especialmente aumento
na oferta de vagas.

Fonte: http://reformasdeensino.blogspot.com/2014/07/a-ditadura-militar-e-reforma_96.html. Acesso em: 3 de agosto


de 2019.

Saiba mais sobre o texto original da Lei no 5.540, de 28 de novembro de 1968, também conhecida como Reforma
Universitária. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-5540-28-novembro-1968-
359201-norma-pl.html.

No ano seguinte, foi assinado um decreto com o intuito de complementar a Reforma


Universitária: Decreto-Lei n o 464, de 11 de fevereiro de 1969, que estabelece normas
complementares à Lei no 5.540, 28/11/1968, e dá outras providências.

Estando a Reforma Universitária (Lei no 5.540) devidamente complementada pelo Decreto


no 464, observam-se algumas significativas mudanças para este nível de ensino:

» Descentralização das universidades para evitar o contato permanente de docentes e


discentes durante o período de aulas. (MORAIS, 2005).

» Alteração do sistema vitalício de cátedra para o sistema de departamentos, mais uma


ação de descentralização.

» Alteração da organização dos cursos em anos para organização em créditos, o que dá


mais liberdade para cursar as disciplinas, mas, também, desfaz a união de um grupo
que segue um curso junto.

» Renovação periódica do reconhecimento de universidades e estabelecimentos


isolados de ensino superior.

58
Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal • CAPÍTULO 3

» Justificar necessidade social como requisito para a autorização de instituições e


cursos superiores.

Em 1971, foi sancionada a LDB no 5.692, de 11 de agosto de 1971, que tratou apenas do 1o
e do 2 o graus, deixando de fora o ensino superior e outros aspectos educacionais. Para o
ensino superior, continuaram vigorando a Lei no 5.540/1968 e o Decreto no 464/1969.

Sugestão de estudo

No site do Senado Federal existem diversos registros históricos sobre a elaboração e implementação da Lei de
Diretrizes e Bases 5.692, de 1971, tal como a figura a seguir.

Figura 40. Reportagem no Jornal do Brasil sobre a LDB no 5.692, de 1971.

Aproveite a oportunidade para realizar a leitura na íntegra do texto original da LDB no 5.692, de 1971. Dsponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5692-11-agosto-1971-357752-publicacaooriginal-1-pl.html.

A LDB no 5.692 organizou o ensino em dois níveis: 1o grau e 2o grau, determinando a idade
mínima para ingresso na escola aos sete anos de idade e se responsabilizando por esse
aluno até os 14 anos, sendo que a fase anterior ao 1o grau, que a lei menciona como escolas
maternais, jardins de infância e instituições equivalentes, não era de responsabilidade do
governo.

O ensino deveria ter um nícleo comum e um nícleo diversificado e, o 2 o grau deveria


habilitar para uma profissão técnica de formação concomitante aos estudos básicos.

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CAPÍTULO 3 • Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal

Organograma 1. Organização do Ensino – LDB no 5.692.

1º grau 2º grau
Creche?
Educação 8 anos 3 ou 4 anos
Infantil?
Alfabetização?
7 anos de idade ensino básico + diversificado +
1ª a 4ª série profissionalizante

5ª a 8ª série Ensino superior

Fonte: Elaboração da autora (2019).

Durante a ditadura militar, o Brasil continuava muito aquém do desejável na questão


educacional: alto índice de analfabetos, elevada evasão escolar, pois muitos mal concluíam
o 1o grau e abandonavam a escola para trabalhar, o alfabetizado funcional era o perfil de
grande parte da população. A LDB/1971 havia determinado que o 2o grau deveria ser técnico
ou escola normal, pois era necessária mão de obra preparada, posto que a população crescia
e o comércio e a indústria acompanhavam essa proporção de crescimento.

Para refletir

Mas, e as escolas? E a qualidade do ensino? Será que também acompanhavam esse “desenvolvimento”?

A resposta continuava a mesma: não. Por exemplo, o 2 o grau técnico deixou muito a
desejar. Segundo Marcia Moraes (2005), as escolas não tinham estrutura mínima para
a preparação das profissões técnicas; os estudantes saíam com um diploma de técnico
em análises clínicas sem nunca terem entrado em um laboratório, fatos que o mercado
profissional não demorou muito a sentir negativamente e a sinalizar para os governos
e sociedade.

Sendo assim, o governo federal tratou de passar a responsabilidade da formação


profissional para a Educação Superior; facilitou o surgimento das instituições privadas,
posto que os estudantes da rede pública não conseguiam passar nos vestibulares para
as instituições públicas. Também incentivou a abertura de vagas na rede privada e do
preenchimento dessas vagas através do “Programa Crédito Educativo” (1976).

Esse programa permitia que estudantes cursassem o ensino superior e só pagassem após
terminarem o curso e se empregarem. Esse fato levou muitos estudantes a realizarem
a graduação; evitou que muitas instituições superiores privadas fossem à falência,

60
Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal • CAPÍTULO 3

pelo alto preço dos cursos, mas a forma de controle do programa deixou muito a
desejar, “em 1983, dos 250 mil profissionais contemplados com o programa, 200 mil
eram inadimplentes” (MORAES, 2005, p. 117), sem contar que uma infinidade deles
tentou pagar as parcelas do crédito e não conseguiram sequer encontrar sua dívida.

Após 21 anos de ditadura, em 1985, o Brasil retoma sua condição política de República
democrática e inicia um longo processo de redemocratização do País, inaugurando
uma nova fase política denominada “Nova República”. O marco legal dessa nova fase é
a promulgação da sexta Constituição da República, em 1988.

Redemocratização do ensino

A Constituição Federal de 1988 (CF/1988) preocupou-se em restabelecer os direitos


políticos dos cidadãos e cidadãs brasileiras, resgatando a cidadania em todas as suas
dimensões, valorizando o direito à saúde, à educação e à segurança, respeitando a
individualidade e a pluralidade de cada indivíduo e dos grupos e, seguindo esse caminho,
a Constituição apresentou claras determinações em relação à educação, valorizando e
respeitando todos os grupos da sociedade. Uma das provas do respeito à diversidade
encontra-se em seu art. 208:

O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos


de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não
tiveram acesso na idade própria;

II – progressiva universalização do ensino médio gratuito;

III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,


preferencialmente na rede regular de ensino;

IV – educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de


idade;

V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação


artística, segundo a capacidade de cada um;

VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

VII – atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por


meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde.

§ 1o O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

§ 2o O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua


oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.

61
CAPÍTULO 3 • Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal

§ 3 o Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino


fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis,
pela frequência à escola.

Sugestão de estudo

O acesso à Constituição da República Federativa do Brasil é um direito de todo brasileiro . Atualmente, é possível
realizar a leitura por meio de aplicativos disponíveis para todos os celulares e tablets. O aplicativo é totalmente
gratuito e traz o texto atual com todas as alterações.

Figura 41. Aplicativo disponível para celulares e tablets.

Fonte: https://s2.glbimg.com/e39OLe16P75snlX-KHmjKYNoDqk=/0x600/s.glbimg.com/po/tt2/f/original/2014/09/11/
e7e0ef9a012fec78123139268817.jpeg. Acesso em: 2 de agosto de 2019.

A partir das diretrizes da CF/1988, firmou-se uma completa mudança de cenário e


uma nova legislação educacional começou a ser pensada e discutida, mas só em 20
de dezembro de 1996 foi promulgada a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional – LDB n o 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

Saiba mais

Figura 42. Lei de Diretrizes e Bases.

Quais são as novidades dessa LDB? Será que ela traz inovações que envolvam as políticas da Educação?

Fonte: Elaboração da autora (2019).

62
Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal • CAPÍTULO 3

de parâmetro para todas as lutas políticas que se travaram desde então em


torno deste problema: ele deve ser ministrado apenas em universidades
públicas gratuitas que associam ensino e pesquisa, as quais devem ser
autonomamente governadas por representantes eleitos diretamente por
professores, alunos e funcionários. Todos os cursos devem ser de graduação
plena, com direito a um bacharelado ou a diploma profissional, o qual
abre acesso a uma profissão regulamentada. Todas as demais organizações
institucionais ou curriculares são consideradas degradações do modelo e
deveriam ser extintas. Dada a rigidez do modelo tornou-se quase impossível
uma análise crítica realista das transformações em curso no ensino superior.
(DURHAM, 2003, p. 14).

A educação superior ficou estagnada na década de 1980 e início da década de 1990;


foi um período de crise econômica e voltado para o processo de redemocratização. As
matrículas nas instituições privadas diminuíram e o Brasil continuava com uma taxa de
educação superior muito inferior à de outros países, como os da América Latina.

Para abarcar a parcela trabalhadora da população, os cursos notur nos foram


expandidos, apesar de as instituições federais ainda resistirem a essa prática. Com
isso, mais de 70% das matrículas estavam na rede privada. A competição por alunos
fica acirrada na rede privada e surgem muitas destas,

por processos de fusão e incorporação de estabelecimentos menores,


criando federações de escolas e procurando em seguida transformá-las em
Universidades para adquirir autonomia e fugir dos controles do Conselho
Federal de Educação – CFE. (DURHAM, 2003, p. 24)

Passou, então, em uma década, de 20 para 49 estabelecimentos.

Cabia ao Conselho Federal de Educação (CFE), o reconhecimento das universidades que,


para possuírem esse título, precisavam unir ensino e pesquisa, mas, na ocasião, os “critérios
principais residiam na amplitude dos campos de conhecimento abarcado pelos cursos
oferecidos e na existência de condições mínimas de infraestrutura” (DURHAM, 2003, p.
25). Para essas instituições era muito vantajoso gozar do título de universidade, porque
a esta cabia muito mais autonomia, podendo criar e extinguir cursos e vagas conforme a
demanda momentânea e sem precisar de autorização prévia do MEC.

A partir de 1995, com o governo de FHC, que durou dois mandatos, o neoliberalismo
e o Banco Mundial (Bird) passaram a vigorar no cenário das políticas governamentais,
inclusive aquelas voltadas para a educação. Foi nessa época que a LDB n o 9,394/1996
foi finalmente sancionada, trazendo a Educação Superior claramente explicitada no
Capítulo IV do TÍTULO V: Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino.

63
CAPÍTULO 3 • Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal

Saiba mais

Figura 43. Neoliberalismo.

O Neoliberalismo é um pensamento político voltado para o capitalismo, no qual o governo reduz sua influência no
mercado, privatizando as empresas de produção e serviços. Na educação ele visa à modernização e maior adequação
às demandas do mercado.

Fonte: Elaboração da autora (2019).

A LDB/1996 explica e admite vários tipos de instituições de ensino superior (IES);


também determina avaliação para credenciar tais instituições, assim como avaliação
periódica para recredenciamento. Essas normas afetaram muito o setor privado, que
ficou com menos autonomia, sendo dependente do MEC.

Foi criado o Exame Nacional de Cursos, conhecido como “Provão”, que pretendia avaliar
a qualidade do ensino nas IESs. Esse exame chegou a ser boicotado por estudantes e
docentes, mas aos poucos foi se incorporando à cultura educacional – as IESs públicas
foram as primeiras a apresentarem resultado positivo.

No octênio de FHC as principais ações voltadas para o ensino superior


foram a normatização fragmentada, conjunto de leis regulando mecanismos
de avaliação; criação do Enem, como alternativa ao tradicional vestibular
criado em 1911; ampliação do poder docente na gestão universitária, a
contragosto de discentes e de técnico-administrativos; reconfiguração
do Conselho Nacional de Educação, com novas atribuições; gestação de
um sistema de avaliação da educação superior e o estabelecimento de
padrões de referência para a organização acadêmica das IESs. (SANTOS
e CERQUEIRA, 2009, p. 7).

Lembra-se do “Programa de Crédito Educativo” que fracassou nos governos militares?


Então, Fernando Henrique Cardoso retoma a ideia, agora com mais organização e
estrutura e cria o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). Mais
uma vez, esta foi uma forma de tirar o foco das universidades públicas, que continuavam
a ter suas vagas preenchidas por aqueles que vinham de famílias mais privilegiadas
economicamente e tinham condição de pagar melhores escolas para prepararem seus
filhos para o vestibular. E assim, cabia às instituições privadas aqueles que não conseguiam
aprovação nas IESs públicas. Mas se eram mais pobres, como pagar? Daí a necessidade
de um programa de apoio, que é um exemplo de “Ação afirmativa” do governo.

64
Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal • CAPÍTULO 3

Em 2003, teve início o gover no Lula e, em oposição ao gover no anter ior, as


características neoliberais ficaram um pouco mais de lado, pois se tratava de
um governo popular democrático, voltado para a sociedade e suas expectativas,
principalmente para as camadas mais populares, trazendo-lhes maiores oportunidades
econômicas e sociais, o que lhes agregava maior acesso à educação. Uma das primeiras
ações desse governo foi o:

Em 2003, inicia-se uma nova fase no cenário brasilieiro com a ascensão de um novo
governo com caracacterísticas oposicionista ao anterior. Com programas e ações
populares democráticas, , trazendo-lhes maiores oportunidades econômicas e sociais,
o que lhes agregava maior acesso à educação. Uma das primeiras ações desse governo
foi o:

Decreto de 20 de outubro de 2003 que “institui Grupo de Trabalho


Interministerial (GT) encarregado de analisar a situação atual e apresentar
plano de ação visando a reestruturação, desenvolvimento e democratização
das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES)” (Brasil, 2003). O GT,
deveria “analisar a situação atual e apresentar plano de ação visando
a reestruturação, desenvolvimento e democratização das Instituições
Federais de Ensino Superior (IFES). SANTOS e CERQUEIRA, 2009, p. 7)

Para muitos críticos, essa iniciativa proporcionou relatórios que delegavam às IFES
a responsabilidade sobre o sucateamento e outras mazelas, mas tais responsabilidades
não cabiam às IFES e sim ao longo período histórico-político ao qual elas foram
submetidas.

Também em 2003, a Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação


(SESu/MEC) realizou o Seminário “Universidade: por que e como reformar?”, para
discutir os rumos da educação superior. Em seguida, o MEC, apoiado pela Unesco
– Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Tecnologia, e pelo
Bird, realizou o Seminário Internacional “Universidade XXI: novos caminhos para
o ensino superior”. A partir desses eventos, buscou-se organizar uma pauta para a
educação superior.

Esses debates reacenderam a questão da Reforma Universitária, a preocupação com o


cumprimento da meta do PNE (2001) de 12% para 30% e, com isso, uma série de programas
foram criados para garantir o acesso e a permanência no ensino superior. Em decorrência,
o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) foi aprovado; foi criado
o Projeto de Lei determinando a previsão de vagas nas instituições públicas de ensino
superior para negros, indígenas e egressos de escolas públicas.

Também foi criado o Programa Universidade Para Todos (Prouni), que não extingue o
Fies. No Fies, os estudantes precisarão pagar o curso depois de formados, através da

65
CAPÍTULO 3 • Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal

Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil. Já o Prouni, outra ação afirmativa do


governo, distribui bolsas de estudos integrais ou parciais, não gerando dívidas futuras
para o estudante, sendo aprovada uma agenda para a Reforma Universitária.

Organizando o Sistema: LDB no 9.394/1996


Figura 44. LDB no 9.394/1996.

Fonte: https://blog.maxieduca.com.br/9-394-ldb-alteracoes/. Acesso em: 20 de agosto de 2019.

De fato, a LDB n o 9.394, de 1996, reconfigurou todo o cenário educacional. A Educação


Infantil e a Alfabetização encontraram seu lugar como integrantes da Educação Básica, a
formação de professores foi enfaticamente pensada, o governo assume responsabilidade
progressiva por toda a Educação Básica, a formação técnica tornou-se uma opção
concomitante ou após a etapa de nível médio e as diferentes modalidades de ensino
foram lembradas, mas não à parte e sim dentro dos processos regulares.

Ainda há muitas críticas à LDB, mas não se pode negar que esta é a mais democrática
de todas, além de ter regulamentado e regulado todo o sistema de ensino nacional. Cury
(2016, [s/p]) lembra que

foi um longo caminho até se chegar a uma lei de grande cobertura para a
satisfação de um direito reconhecido. As lutas pelo retorno à democracia
e direitos significaram uma grande participação da sociedade civil na
elaboração da Constituição de 1988.

Muitas críticas que se faz à LDB referem-se a seu ranço tradicionalista ou a interesses
próprios que não foram contemplados, a sociedade só não pode esquecer que a amplitude
da lei, além de atender ao determinado na CF, também reflete realmente resquícios
ideológicos de um país que nunca tinha conseguido chegar a uma maturidade democrática
de fato, tendo sido sua história permeada por golpes de governo que ceifaram processos
democráticos em insípido andamento.

Cury (2016, p. 34) ainda reforça que ao completar 20 anos (1996 a 2016) houve alteração em:

aspectos específicos da lei recém-aprovada, conduziram, nesses 20 anos,


a 40 alterações sob a forma de leis no corpo legal da lei então sancionada.

66
Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal • CAPÍTULO 3

Foram 178 mudanças, inclusive com alterações das alterações. Se tomarmos


o conjunto das modificações processadas pelas 40 leis mais os 47 decretos
regulamentadores, teremos uma soma de 225 alterações. São mudanças
de toda ordem: acréscimo de componentes curriculares, ampliação da
obrigatoriedade, introdução de dias comemorativos, redefinição da educação
profissional, conceituação de profissional da educação, entre outros.

Nesse sentido, todo o tempo a lei sofre alterações, conforme dúvidas que surgem, conforme
demandas de entendimento e da sociedade. Existem aqueles que não apontam isso como
defeitos da lei, mas aprimoramentos necessários de uma sociedade viva e em constante
transformação. Enquanto a lei puder sofrer alterações aqui e ali ela estará atendendo aos
preceitos educacionais da contemporaneidade, mas há de chegar um momento que uma
nova lei necessitará ser promulgada.

Na redemocratização da Educação, designou-se dois níveis de ensino: Educação Básica


e Educação Superior. A Educação Básica dividiu-se em três etapas: Educação Infantil,
Ensino Fundamental e Ensino Médio.

A formação técnica de nível médio é admitida de duas formas: após a conclusão do


Ensino Médio regular (pós-médio) ou concomitante, desde que não prejudique a carga
horária mínima obrigatória da etapa regular.

Figura 45.Estrutura da Educação Básica.

Ensino Médio
mínimo 3 anos

Ensino Fundamental
6 a 14 anos
EDUCAÇÃO BÁSICA 1º ao 9º ano

Educação Infantil
0 a 5 anos

Fonte: Elaboração da autora (2019).

A educação básica tem por finalidade desenvolver o indivíduo por meio de uma
formação comum indidpensável ao exercício da cidadania e dando-lhe base para
inserção no mundo do trabalho e dar prosseguimento aos estudos, seja de nível
superior, seja de formação técnica de nível básico ou mesmo cursos de formação livre.

67
CAPÍTULO 3 • Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal

A educação infantil é a primeira etapa da educação básica. As crianças de zero até


completarem 2 anos integram a creche. Crianças de 2 anos até completarem 4 anos
(ainda é considerada creche) podem ser matriculadas nas turmas de maternal (I e II).
Crianças de 4 anos até completarem 6 anos devem ser matriculadas nas turmas de
pré-escolar (I e II).

Na educação infantil não existe avaliação de classificação para promover o educando de


uma turma para outra, esse processo é natural e por idade.

O ensino fundamental é a segunda etapa da educação básica e tem a duração de 9 anos,


é uma etapa de matrícula obrigatória na escola, devendo a criança ser matriculada nessa
etapa se tiver completado 6 anos de idade até março do referido ano.

O governo tem o dever de garantir o ensino fundamental com vaga na escola pública
gratuita para todos que estiverem na idade ou atrasados nos estudos, não tem restrição
de idade máxima.

O ensino fundamental de 9 anos pode ser organizado em ciclos, como se considera o 1o e


2o anos sendo o ciclo de alfabetização. As Diretrizes Curriculares: Base Nacional Comum
Curricular (BNCC, 2018) apresenta competências gerais e específicas para a educação
infantil e o ensino fundamental, então, desde que não desobedeça a Constituição, a LDB
e a BNCC, as redes podem organizar o ensino e a avaliação da melhor forma que atenda
às demandas sociopolíticas de cada localidade.

Saiba mais

Observe a organização do Ensino Fundamental em nove anos, bem como a idade esperada em cada turma conforme
apresentado na segunda coluna do quadro abaixo:

Figura 46. Organização do Ensino Fundamental em nove anos.

Fonte: http://2.bp.blogspot.com/_jNf8DeaAW-k/TLiT1g4VdTI/AAAAAAAABSk/UYXMQcg6OTU/s320/TABELA+2.bmp.
Acesso em: 3 de agosto de 2019.

68
Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal • CAPÍTULO 3

O ensino fundamental, segundo a 01/2014, de 05 de dezembro de 2014 organiza-se da seguinte forma:

Anos iniciais: primeiro ano (turmas de 6 anos), segundo ano (turmas de 7 anos), terceiro ano (turmas de 8 anos),
quarto ano (turmas de 9 anos) e quinto ano (turmas de 10 anos).

Os anos finais organizam-se do sexto ao nono ano, sendo as turmas: sexto ano (turmas de 11 anos), sétimo ano
(turmas de 12 anos), oitavo ano (turmas de 13 anos) e nono ano (turmas de 14 anos).

A figura a seguir apresenta um quadro comparativo em que visualizamos a organização anterior e a vigente, na última
coluna.

Figura 47. Quadro comparativo – Ensino Fundamental 9 anos.

Fonte: http://www.apunilocairo.seed.pr.gov.br/redeescola/escolas/1/140/11/arquivos/Image/imagem_inicio_aulas.jpg.
Acesso em: 3 de agosto de 2019.

O ensino fundamental exige classificação para progressão à série seguinte, sendo que
as redes públicas ou particulares têm liberdade para instituírem seu próprio sistema e
modelo de avaliação da aprendizagem.

Pode parecer até estranho, mas foi na LDB de 1996 que essa etapa de ensino foi incluída
na educação básica, como a última de responsabilidade do governo. De acordo com
Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), essa etapa da educação básica ainda é muito complexa
e desafiadora, ainda vive a dualidade de ser profissionalizante ou “propedêutica – neste
caso, como preparação para a continuidade dos estudos em nível superior”.

Segundo o MEC, Secretaria de Educação Básica (2009), o acesso ao ensino médio é


profundamente desigual entre grupos da população. Dos 20% mais pobres da população,
apenas 24,9% deles, na faixa etária de 15 a 17 anos, estudam no ensino médio. Já dos 20%
mais ricos, 76,3% estão no ensino médio nessa mesma faixa etária.

Em 2001, os programas de ensino médio público e gratuito só atendia 30,8% dos jovens,
mas o governo instituiu metas de expansão e oferta para aumentar esses números,

69
CAPÍTULO 3 • Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal

inclusive porque a LDB estabeleceu que a universalização deveria ser progressiva até
a totalidade.

Como se organiza o ensino superior?

Segundo a LDB no 9.394/1996:

Art. 44 A educação superior abrangerá os seguintes cursos e programas:

I – cursos sequenciais por campo de saber, de diferentes níveis de


abrangência, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos
pelas instituições de ensino;

II – de graduação, abertos a candidatos que tenham concluído o ensino médio


ou equivalente e tenham sido classificados em processo seletivo;

III – de pós-graduação, compreendendo programas de mestrado e doutorado,


cursos de especialização, aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos
diplomados em cursos de graduação e que atendam às exigências das
instituições de ensino;

IV – de extensão, abertos a candidatos que atendam aos requisitos


estabelecidos em cada caso pelas instituições de ensino.

Figura 48. Estrutura da Educação Superior.

Pós-graduação strito sensu e lato sensu:


Pós-Doutorado
Doutorado (Diploma)
Mestrado (diploma) – Especialização (Certificado)

Cursos de graduação:
Bacharelado (Diploma)
Licenciatura (Diploma)
Tecnólogo (Diploma)

Cursos Sequenciais:
Formação Específica (Diploma)
Complementação (Certificado)

Fonte: Elaboração da autora (2019).

70
Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal • CAPÍTULO 3

Pensar na organização de um sistema “extrapola o conjunto de escolas e o órgão


administrador que as comanda [...] Um sistema supõe um conjunto de elementos ou
partes relacionadas e coordenadas entre si, construindo um todo” (LIBÂNEO; OLIVEIRA;
TOSCHI, 2012, pp. 313-314).

O sistema educacional se articula com outros sistemas, como o político, o econômico e o


financeiro, mas, também, se ramifica em:

» Sistema Municipal.

» Sistema Estadual.

» Sistema Federal.

» Sistema Privado.

Os ramos do sistema também se articulam entre si, mas estão todos integrados à União.

Conforme a LDB de 1996:

Art. 8o A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em


regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino.

§ 1 o Caberá à União a coordenação da política nacional de educação,


articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa,
redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais.

§ 2o Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta


Lei.

Libâneo, Oliveira e Toschi (2012) defendem que as incongruências da lei não comprovam
que exista exatamente um sistema, mas, sim, uma estrutura, que em dados momentos
parecem ser usados como sinônimos, mesmo não sendo, cabendo à estrutura muito mais
a parte administrativa da educação.

Dentro dessa estrutura, os chamados sistemas de ensino (federal, estadual e municipal)


organizam-se articulando as gestoras do sistema (chamadas instituições-meio) com as
unidades escolares onde se dá o ensino (chamadas instituições-fim). Tal articulação pode
ser democrática, participativa ou autoritária, assim como a própria gestão da unidade
escolar, sendo incentivada na LDB a gestão democrática.

Os órgãos administrativos (ou instituições-meio), nas diferentes esferas, são:

» Federais: Ministério da Educação (MEC); Conselho Federal de Educação.

» Estaduais: Secretaria Estadual de Educação (SEE); Conselho Estadual de Educação


(CEE); Delegacia Regional de Educação (DRE) ou Subsecretaria de Educação.

71
CAPÍTULO 3 • Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal

» Municipais: Secretaria Municipal de Educação; Conselho Municipal de Educação


(CME).

São esses órgãos que criam as normas e supervisonam a educação em suas esferas.

Sistema Federal

O papel da União está previsto na CF (1988), art. 211, assim como na LDB (1996):

Art. 9o A União incumbir-se-á de:

I – elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o


Distrito Federal e os Municípios;

II – organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais do sistema


federal de ensino e o dos Territórios;

III – prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal


e aos Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o
atendimento prioritário à escolaridade obrigatória, exercendo sua função
redistributiva e supletiva;

IV – estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino
fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos
mínimos, de modo a assegurar formação básica comum;

IV-A – estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios, diretrizes e procedimentos para identificação, cadastramento e
atendimento, na educação básica e na educação superior, de alunos com altas
habilidades ou superdotação;

V – coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação;

VI – assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino


fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino,
objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino;

VII – baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-graduação;

VIII – assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação


superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre
este nível de ensino;

IX – autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente,


os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu
sistema de ensino.

72
Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal • CAPÍTULO 3

Além desse papel financiador, integrador, regulamentador e supervisor, a União possui


unidades de ensino sob sua competência geral, são as instituições-fim:

» Universidades federais.

» Instituições de ensino isoladas de ensino superior.

» Centros federais de educação tecnológica (Cefet).

» Institutos federais de educação, ciência e tecnologia (IF).

» Estabelecimentos isolados de ensino médio.

» Escolas agrotécnicas.

» Escolas de ensino fundamental e médio vinculadas às universidades federais


(colégios de aplicação).

» Colégio Pedro II.

» Instituições de educação especial.

Sistema estadual

Os Estados e o Distrito Federal devem legislar sobre a educação e proporcionar os meios de


acesso à educação, à cultura e à tecnologia.

O Estado organiza seu próprio sistema com base na CF (1988) e na LDB (1996), nas
determinações do CNE e também pautado na Constituição estadual, na legislação ordinária
e nas normas do próprio Poder Executivo (decretos e atos administrativos). Um exemplo
de ato administrativo é a determinação do calendário escolar da rede.

A rede estadual pode ser composta de unidades escolares de educação infantil, ensino
fundamental e médio. Assim como unidades de ensino superior e unidades apoio à escola
técnica (Faetec).

Aos estados cabe ainda a função de disciplinar, supervisonar e avaliar as instituições de


ensino da rede particular, em suas etapas fundamental e médio, pois a educação superior
compete à União e seus órgãos de supervisão e avaliação.

As unidades de ensino estaduais e as particulares de fundamental e médio são agrupadas


regionalmente dentro da área do estado. As secretarias de educação possuem braços com
postos que centralizam cada uma dessas áreas. Cada estado dá um nome a esses braços e
nomeia uma direção para eles, no estado do Rio de Janeiro, por exemplo, são chamados de
Regional Metropolitana (Metro) e são dezenas espalhadas pelo estado.

73
CAPÍTULO 3 • Gestão e Organização do Sistema de Ensino Brasileiro em seus Diversos Níveis: Federal, Estadual e Municipal

Sistema Municipal

A Constituição Federal de 1988 reconheceu os municípios como unidades administrativas


e isso se deu pela primeira vez na história. Esse feito, no campo da educação, possibilitou
“a organização de seus sistemas em colaboração com a União e com os estados, ainda que
sem competência para legislar sobre ele”. (LIBÂNEO; OLIVEIRA e TOSCHI, 2012, p. 337).

Cabe aos municípios desenvolver programas de educação pré-escolar (educação infantil)


de crianças até completar 6 anos em creches e pré-escolas e, em parceria com o estado,
ensino fundamental, nas zonas urbana e rural.

É de responsabilidade dos municípios o transporte de alunos e professores para as unidades


escolares, dadas as especificidades dessa região com muitas populações dispersas,
periféricas, em estradas vivinais, ribeirinhas etc.

De acordo com Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 338):

Os municípios, por meio de um setor administrativo (departamento,


coordenadoria, divisão, secretaria ou outros), em colaboração técnica e
financeira com os estados e a União, devem administrar seus sistemas de
ensino, podendo definir normas e procedimentos pedagógicos que melhor
se adaptem as suas particularidades.

Apesar de os municípios não poderem legislar sobre educação, a própria CF (1988), em seu
art. 211, determina: “a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios organizarão,
em regime de colaboração, os seus sistemas de ensino”. Dada esta determinação, os
municípios organizam seu sistema de ensino por meio de seu Poder Executivo, seguindo
as leis estaduais e federais.

74
CAPÍTULO
POLÍTICAS EDUCACIONAIS, LEGISLAÇÃO E
SUAS IMPLICAÇÕES PARA A ORGANIZAÇÃO
DA ATIVIDADE ESCOLAR 4
Introdução

Após a análise da Lei de Diretrizes e Bases da Educação podemos compreender que


esta incorpora todas asa ações políticas públicas educacionais necessárias para o
desenvolvimento de uma educação universal. Investigaremos neste capítulo os documentos
que compreendem as metas e estratégias para auxiliar no desenvolvimento dessas ações.

Os planos e ações educacionais são documentos, com força de lei, que estabelecem metas
para a garantia do direito à educação de qualidade nos diversos setores do nosso país,
municipal, estadual e federal.

Objetivos

» Conhecer as principais leis que visam a uma educação de qualidade em nosso país.

» Compreender de que forma os planos e ações são implementados nos diferentes


níveis educacionais.

» Discutir os fundamentos da legislação contemporânea para a área da educação,


tendo por referência programas governamentais federais, estaduais e municipais.

Princípios da organização da Lei de Diretrizes e Bases


Nacional –9.394/1996

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB no 9.394/1996) é a legislação que


regulamenta o sistema educacional (público ou privado) do Brasil (da educação básica ao
ensino superior).

Na história do Brasil, essa é a segunda vez que a educação conta com uma Lei de
Diretrizes e Bases da Educação, que regulamenta todos os seus níveis. A primeira LDB
foi promulgada em 1961 (LDB n o 4.024/1961).

75
CAPÍTULO 4 • Políticas Educacionais, Legislação e suas Implicações para a Organização da Atividade Escolar

A LDB no 9.394/1996 reafirma o direito à educação, garantido pela Constituição Federal.


Estabelece os princípios da educação e os deveres do Estado em relação à educação escolar
pública, definindo as responsabilidades, em regime de colaboração, entre a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

Observe a figura sobre a legislação principal mais recente (TERRA, 2016, p. 64):

Figura 49. Legislação Educacional vigente.

Fonte: Terra (2016).

Por essas razões, procuraremos apontar os dispositivos legais inseridos na Nova LDB
com algumas observações que possam ser consideradas nos estudos e reflexões sobre
os rumos dos cursos e programas de formação de professores para a educação básica.
Durante três décadas e meia, a estrutura e o funcionamento dos cursos de formação
dos profissionais da educação tiveram por fundamento legal a 1ª LDB e suas alterações,
sobretudo as introduzidas pelo Regime Militar.

Com a edição da Lei n o 9.394/1996, nova normatização começa a ser debatida e


implementada. Assim, os cursos de formação dos profissionais da educação que
vinham funcionando, agora objeto de reflexão e questionamento sob a Nova LDB,
têm a moldura da legislação revogada.

A Nova LDB, neste momento de transição normativa, fixa, em relação aos Profissionais
da Educação, diversas nor mas or ientadoras: as finalidades e fundamentos da
formação dos profissionais da educação; os níveis e o locus da formação docente e

76
Políticas Educacionais, Legislação e suas Implicações para a Organização da Atividade Escolar • CAPÍTULO 4

de “especialistas”; os cursos que poderão ser mantidos pelos Institutos Superiores


de Educação; a carga horária da prática de ensino; a valorização do magistério e a
experiência docente.

Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação: Estudo


Comparativo

A seguir, apresentamos um paralelo entre as principais abordagens das Leis de


Diretrizes e Bases da Educação Nacional, com foco nos seus objetivos, conteúdos
culturais, recursos financeiros, recursos materiais e alunos. Principais abordagens
da LDB com foco em seus objetivos culturais, financeiros e materiais.

A atual LDB foi elaborada como uma colcha de retalhos, tomando para sua elaboração
profissionais de todas as frentes partidárias. De forma mais detalhada e objetiva, visou
cercar as falhas das anteriores. Elaborada em clima de abertura político-econômica, a
nova LDB incorpora preceitos mais modernos em Educação no mundo.

Com relação aos objetivos, temos a subdivisão clara e específica para a Educação básica,
compreendendo Ensino Fundamental e Médio; Educação de Jovens e Adultos; Educação
Profissional; Educação Superior e Educação Especial, em que o foco principal é o preparo
da cidadania, a formação de indivíduos polivalentes e reflexivos, de Piaget, indivíduos
estes que tenham o poder da decisão, típico de um mundo globalizado. Torna-se também
obrigatório o Ensino Fundamental.

Observe a lei

Lei no 4.024/1961

Segundo Saviani (1990) Inspirada em uma época onde a sociedade civil estava numa febre de liberdade liberal, ela
demorou 13 anos para ser elaborada. Embora seja a primeira LDB, apresentava muitas lacunas a serem preenchidas,
principalmente porque o Brasil estava em plena Era de Industrialização, iniciada pelo Governo Vargas. Com relação
aos objetivos, ela enfatizava o preparo para o convívio.

Lei no 5.692/1971

Elaborada em plena Ditadura Militar, em que o lema principal era “O Brasil para os Brasileiros”, o governo depara
com a necessidade de “controlar” o povo e, ao mesmo tempo, preparar mão de obra direta às empresas. Formaram-
se, então, os cursos profissionalizantes com maior ênfase.

Principais abordagens da LDB com foco em seus conteúdos culturais:

» Lei no 4.024/1961

O conteúdo cultural, segundo esta LDB, era de livre organização das unidades
escolares devido à falta de objetivos nacionais.

77
CAPÍTULO 4 • Políticas Educacionais, Legislação e suas Implicações para a Organização da Atividade Escolar

» Lei no 5.692/1971

O conteúdo cultural passou a ser rigidamente controlado pelos Conselhos Federal e


Estadual de Educação, por meio, elaborados visando ao pleno controle dos conteúdos
a serem disseminados nas unidades escolares, de forma a manter o regime militar.

» Lei no 9.394/1996

Estabelece o termo competências, mantendo os Parâmetros Curriculares Nacionais,


tendo como pontos de partida a orientação ao trabalho, ao desporto e à cidadania,
utilizando-se de filosofia e sociologia para a composição de um pensamento mais crítico
e desenvolvimento do educando.

Principais abordagens da LDB com foco em seus recursos financeiros:

» Lei no 4.024/1961

O Conselho Federal de Educação e os conselhos estaduais de educação, na esfera de suas


respectivas competências, não economizariam esforços para melhorar a qualidade e elevar
os índices de produtividade do ensino em relação ao seu custo.

» Lei no 5.692/1971

A assistência técnica da União aos sistemas estaduais de ensino e do Distrito Federal incluiu
colaboração e suprimento de recursos financeiros para preparação, acompanhamento e
avaliação dos planos e projetos educacionais que objetivavam o atendimento das prescrições
do plano setorial de educação da União. Seria prestada pelos órgãos da administração do
Ministério da Educação e Cultura e pelo Conselho Federal de Educação.

» Lei no 9.394/1996

Os Estados se incumbem de definir, com os municípios, formas de colaboração na


oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das
responsabilidades de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros
disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público.

Principais abordagens da LDB com foco em seus recursos materiais.

» Lei no 4.024/1961

Nada consta.

» Lei no 5.692/1971

O ensino de 1 o e 2 o graus seria ministrado em estabelecimentos criados ou reorganizados


sob critérios que assegurassem a plena utilização dos seus recursos materiais e humanos,
sem duplicação de meios para fins idênticos ou equivalentes.

78
Políticas Educacionais, Legislação e suas Implicações para a Organização da Atividade Escolar • CAPÍTULO 4

» Lei no 9.394/1996

Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e desenvolvimento do ensino as


despesas realizadas com vistas à consecução dos objetivos básicos das instituições
educacionais de todos os níveis, compreendendo as que se destinam a:

II – aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e


equipamentos necessários ao ensino;

III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino;

VIII – aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de


transporte escolar.

Principais abordagens da LDB com foco nos alunos:

» Lei no 4.024/1961

TÍTULO II

DO DIREITO À EDUCAÇÃO

Art. 2o A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola.

Parágrafo único. À família cabe escolher o gênero de educação que deve dar a
seus filhos.

Art. 3o O direito à educação é assegurado:

I – Pela obrigação do poder público e pela liberdade de iniciativa particular de


ministrarem o ensino em todos os graus, na forma da lei em vigor;

II – Pela obrigação do Estado de fornecer recursos indispensáveis para que a


família e, na falta desta, os demais membros da sociedade se desobriguem dos
encargos da educação, quando provada a insuficiência de meios de modo que
sejam asseguradas iguais oportunidades a todos.

» Lei no 5.692/1971

Art. 19. Para o ingresso no ensino de 1o grau, deverá o aluno ter a idade mínima
de sete anos.

§ 1o As normas de cada sistema disporão sobre a possibilidade de ingresso no


ensino de primeiro grau de alunos com menos de sete anos de idade.

§ 2o Os sistemas de ensino velarão para que as crianças de idade inferior a sete


anos recebam conveniente educação em escolas maternais, jardins de infância
e instituições equivalentes.

79
CAPÍTULO 4 • Políticas Educacionais, Legislação e suas Implicações para a Organização da Atividade Escolar

Art. 20. O ensino de 1o grau será obrigatório dos 7 aos 14 anos, cabendo aos
Municípios promover, anualmente, o levantamento da população que alcance
a idade escolar e proceder à sua chamada para matrícula.

Parágrafo único. Nos Estados, no Distrito Federal, nos Territórios e nos Municípios
deverá a administração do ensino fiscalizar o cumprimento da obrigatoriedade
escolar e incentivar a frequência dos alunos.

Art. 21. O ensino de 2o grau destina-se à formação integral do adolescente.

Parágrafo único. Para ingresso no ensino de 2o grau, exigir-se-á a conclusão do


ensino de 1o grau ou de estudos equivalentes.

Art. 24. O ensino supletivo terá por finalidade:

a) suprir a escolarização regular para os adolescentes e adultos que não a


tenham seguido ou concluído na idade própria;

Art. 26. Os exames supletivos compreenderão a parte do currículo


resultante do núcleo comum, fixado pelo Conselho Federal de Educação,
habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular, e poderão,
quando realizadas para o exclusivo efeito de habilitação profissional de
2 o grau, abranger somente o mínimo estabelecido pelo mesmo Conselho.

§ 1o Os exames a que se refere este artigo deverão realizar-se:

a) ao nível de conclusão do ensino de 1o grau, para os maiores de 18 anos;

b) ao nível de conclusão do ensino de 2o grau, para os maiores de 21 anos.

Art. 27. Desenvolver-se-ão, ao nível de uma ou mais das quatro últimas séries
do ensino de 1o grau, cursos de aprendizagem, ministrados a alunos de 14 a 18
anos, em complementação da escolarização regular, e, a esse nível ou ao de 2o
grau, cursos intensivos de qualificação profissional.

» Lei no 9.394/1996

TÍTULO III

DO DIREITO À EDUCAÇÃO E DO DEVER DE EDUCAR

Art. 4o O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado


mediante a garantia de:

I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não


tiveram acesso na idade própria;

II – progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

80
Políticas Educacionais, Legislação e suas Implicações para a Organização da Atividade Escolar • CAPÍTULO 4

III – atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com


necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino;

IV – atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis


anos de idade;

V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação


artística, segundo a capacidade de cada um;

VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

VII – oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com


características e modalidades adequadas às suas necessidades e
disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições
de acesso e permanência na escola;

VIII – atendimento ao educando, no ensino fundamental público, por meio


de programas suplementares de material didático-escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde;

IX – padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade


e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao
desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.

Art. 5o O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo, podendo


qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização
sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o
Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi-lo.

§ 1o Compete aos Estados e aos Municípios, em regime de colaboração e


com a assistência da União:

I – recensear a população em idade escolar para o ensino fundamental, e os


jovens e adultos que a ele não tiveram acesso;

II – fazer-lhes à chamada pública;

III – zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.

§ 2o Em todas as esferas administrativas, o Poder Público assegurará em


primeiro lugar o acesso ao ensino obrigatório, nos termos deste artigo,
contemplando em seguida os demais níveis e modalidades de ensino,
conforme as prioridades constitucionais e legais.

§ 3o Qualquer das partes mencionadas no caput deste artigo tem legitimidade


para peticionar no Poder Judiciário, na hipótese do § 2 o do art. 208 da
Constituição Federal, sendo gratuita e de rito sumário a ação judicial
correspondente.

Art. 6 o É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a


partir dos sete anos de idade.

81
CAPÍTULO 4 • Políticas Educacionais, Legislação e suas Implicações para a Organização da Atividade Escolar

Plano Nacional de Educação (PNE)

O Plano Nacional de Educação determina diretrizes, metas e estratégias para a


política educacional no período de 2014 a 2024. Lei n o 13.005/2014, o PNE são metas
estabelecidas pelo Estado buscando transformar a Educação brasileira. A seguir, na
figura, apresentamos suas metas para os próximos 10 anos:

Figura 50. Principais Metas do PNE.

Fonte: https://www.sinpro-abc.org.br/images/antiga/PNE-Metas.jpeg. Acesso em: 2 de agosto de 2019.

META 1. Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4


(quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de
forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças de até 3 (três) anos
até o final da vigência deste PNE.

META 2. Universalizar o ensino fundamental de 9 (nove) anos para toda a população de 6


(seis) a 14 (quatorze) anos e garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) dos
alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE.

META 3. Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 (quinze)
a 17 (dezessete) anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de
matrículas no ensino médio para 85% (oitenta e cinco por cento).

META 4. Universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência,


transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso

82
Políticas Educacionais, Legislação e suas Implicações para a Organização da Atividade Escolar • CAPÍTULO 4

à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente


na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas
de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou
conveniados.

META 5. Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3o (terceiro) ano do ensino
fundamental.

META 6. Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das
escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) dos (as) alunos
(as) da educação básica.

META 7. Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades,


com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias
nacionais para o Ideb.

META 8. Elevar a escolaridade média da população de 18 (dezoito) a 29 (vinte e nove) anos,


de modo a alcançar, no mínimo, 12 (doze) anos de estudo no último ano de vigência deste
Plano, para as populações do campo, da região de menor escolaridade no País e dos 25%
(vinte e cinco por cento) mais pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e não
negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

META 9. Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 (quinze) anos ou mais para
93,5% (noventa e três inteiros e cinco décimos por cento) até 2015 e, até o final da vigência
deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% (cinquenta por cento) a
taxa de analfabetismo funcional.

META 10. Oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das matrículas de educação
de jovens e adultos, nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à educação
profissional.

META 11. Triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando
a qualidade da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no segmento
público.

META 12. Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% (cinquenta por
cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por cento) da população de 18 (dezoito) a 24
(vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40%
(quarenta por cento) das novas matrículas, no segmento público.

META 13. Elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres


e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de educação
superior para 75% (setenta e cinco por cento), sendo, do total, no mínimo, 35% (trinta e
cinco por cento) doutores.

83
CAPÍTULO 4 • Políticas Educacionais, Legislação e suas Implicações para a Organização da Atividade Escolar

META 14. Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação de modo a atingir


a titulação anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000 (vinte e cinco mil) doutores.

META 15. Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios, no prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política nacional de formação
dos profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III do caputdo art. 61 da Lei
no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurado que todos os professores e as professoras
da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de
licenciatura na área de conhecimento em que atuam.

META 16. Formar, em nível de pós-graduação, 50% (cinquenta por cento) dos
professores da educação básica, até o último ano de vigência deste PNE, e garantir
a todos (as) os (as) profissionais da educação básica formação continuada em sua
área de atuação, considerando as necessidades, demandas e contextualizações dos
sistemas de ensino.

META 17. Valorizar os (as) profissionais do magistério das redes públicas de educação
básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos (as) demais profissionais com
escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência deste PNE.

META 18. Assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a existência de planos de Carreira para
os (as) profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas de
ensino e, para o plano de Carreira dos (as) profissionais da educação básica pública,
tomar como referência o piso salarial nacional profissional, definido em lei federal,
nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal.

META 19. Assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a efetivação da gestão
democrática da educação, associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e
à consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo
recursos e apoio técnico da União para tanto.

META 20. Ampliar o investimento público em educação pública de forma a atingir, no


mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) do Produto Interno Bruto – PIB do País no 5 o
(quinto) ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente a 10% (dez por cento)
do PIB ao final do decênio.

Passados cinco anos desde que o plano foi lançado, podemos perceber como muitas metas
ainda não foram atingidas, como o empenho do Estado em pôr em prática vem sendo
criticado, pois o cenário atual vem apresentando cortes no orçamento direcionado para
educação, mudanças constantes no comando dos ministérios e cada governo que assume
nosso Estado vem modificando suas prioridades, deixando as metas aqui apresentadas
cada vez mais distantes da realidade.

84
Políticas Educacionais, Legislação e suas Implicações para a Organização da Atividade Escolar • CAPÍTULO 4

Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE)

A concepção de educação que inspira o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), no


âmbito do Ministério da Educação, e que perpassa a execução de todos os seus programas
reconhece na educação uma face do processo dialético que se estabelece entre socialização
e individuação da pessoa, que tem como objetivo a construção da autonomia, isto é, a
formação de indivíduos capazes de assumir uma postura crítica e criativa frente ao mundo.

O PDE, nesse sentido, pretende ser mais do que a tradução instrumental do Plano
Nacional de Educação (PNE), o qual, em certa medida, apresenta um bom diagnóstico
dos problemas educacionais, mas deixa em aberto a questão das ações a serem tomadas
para a melhoria da qualidade da educação.

O PDE está sustentado em seis pilares: I) visão sistêmica da educação, II) territorialidade, III)
desenvolvimento, IV ) regime de colaboração, V ) responsabilização e VI) mobilização social
– que são desdobramentos consequentes de princípios e objetivos constitucionais, com a
finalidade de expressar o enlace necessário entre educação, território e desenvolvimento,
de um lado, e o enlace entre qualidade, equidade e potencialidade, de outro.

Base Nacional Curricular Comum


Figura 51. BNCC.

Fonte: http://sismmar.com.br/uploads/noticias/2018/bncc01.jpg. Acesso em: 3 de agosto de 2019.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que


define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos
devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que
tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade
com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE).

Este documento normativo aplica-se exclusivamente à educação escolar, tal como a define
o § 1o do art. 1o da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei n o 9.394/1996),
e está orientado pelos princípios éticos, políticos e estéticos que visam à formação humana
integral e à construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva, como fundamentado

85
CAPÍTULO 4 • Políticas Educacionais, Legislação e suas Implicações para a Organização da Atividade Escolar

nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN). Segundo o documento


desenvolvido pelo MEC (2018, p. 10):
Nesse sentido, espera-se que a BNCC ajude a superar a fragmentação das
políticas educacionais, enseje o fortalecimento do regime de colaboração
entre as três esferas de governo e seja balizadora da qualidade da educação.
Assim, para além da garantia de acesso e permanência na escola, é necessário
que sistemas, redes e escolas garantam um patamar comum de aprendizagens
a todos os estudantes, tarefa para a qual a BNCC é instrumento fundamental.

Referência nacional para a formulação dos currículos dos sistemas e das redes escolares
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e das propostas pedagógicas das
instituições escolares, a BNCC integra a política nacional da Educação Básica e vai
contribuir para o alinhamento de outras políticas e ações, em âmbito federal, estadual e
municipal, referentes à formação de professores, à avaliação, à elaboração de conteúdos
educacionais e aos critérios para a oferta de infraestrutura adequada para o pleno
desenvolvimento da educação.

Nesse sentido, espera-se que a BNCC ajude a superar a fragmentação das políticas
educacionais, enseje o fortalecimento do regime de colaboração entre as três esferas de
governo e seja balizadora da qualidade da educação. Assim, para além da garantia de acesso
e permanência na escola, é necessário que sistemas, redes e escolas garantam um patamar
comum de aprendizagens a todos os estudantes, tarefa para a qual a BNCC é instrumento
fundamental.

Sugestão de estudo

Foram realizados diversos fóruns e consultas públicas para a elaboração do material orientador e para a
implementação da BNCC em todo o território nacional, com o objetivo de apoiar gestores estaduais, municipais e
escolares na elaboração da proposta curricular de suas redes, tendo como foco um regime de colaboração entre os
estados e municípios.

Figura 52. Capa do Guia de Implementação da BNCC.

Fonte: https://imgv2-1-f.scribdassets.com/img/document/400852951/original/4b0ab52365/1564450543?v=1 Acesso


em: 3 de agosto de 2019.

86
CAPÍTULO
ESTADO E POLÍTICAS DE
FINANCIAMENTO EM EDUCAÇÃO 5
Introdução

Neste capítulo serão tratados assuntos relativos às políticas de financiamento oferecidas


pelo Estado, as formas de entrelaçamento das demandas sociais, das lutas das classes sociais
na apropriação dos fundos públicos, do desvelamento das responsabilidades do Estado. As
formas de avaliação relacionadas a cada programa de governo.

As políticas públicas para a educação inscrevem-se, ao longo das últimas décadas, no


pensamento neoliberal, em especial no que tange à distribuição e ao investimento dos recursos
para o financiamento da educação. Tais políticas estão diretamente ligadas ao modelo de
Estado e expressam a estrutura social de cada tempo histórico.

Apresentaremos os Programas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e o


financiamento da educação escolar, Programas do MEC e Avaliação da educação básica e
superior.

Objetivos

» Compreender as relações entre as políticas públicas de financiamento na


concretização do acesso, permanência e conclusão na educação pública,
compreendida como direito subjetivo.

» Conhecer os instrumentos de avaliação da Educação básica e ensino superior.

» Identificar e problematizar impactos das políticas educacionais no cotidiano da


vida escolar e nas identidades dos atores escolares.

87
CAPÍTULO 5 • Estado e Políticas de Financiamento em Educação

Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)


Figura 53. FNDE.

Fonte: http://www.confetam.com.br/system/images/aa56b01835e880cd10921f98adfa162a.png. Acesso em: 2 de agosto


de 2019.

Dentro da Lei de Diretrizes e Bases são apresentadas as questões sobre os recursos


financeiros para implementação e manutenção dos programas educacionais, entre
eles temos o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), onde este foi
implementado de acordo com o documento desenvolvido pelo MEC:

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia


federal criada pela Lei no 5.537, de 21 de novembro de 1968, e alterada pelo
Decreto-Lei no 872, de 15 de setembro de 1969, é responsável pela execução
de políticas educacionais do Ministério da Educação (MEC).

Para alcançar a melhoria e garantir uma educação de qualidade a todos, em


especial a educação básica da rede pública, o FNDE se tornou o maior parceiro
dos 26 estados, dos 5.565 municípios e do Distrito Federal. Neste contexto,
os repasses de dinheiro são divididos em constitucionais, automáticos e
voluntários (convênios).

Além de inovar o modelo de compras governamentais, os diversos


projetos e programas em execução – Alimentação Escolar, Livro Didático,
Dinheiro Direto na Escola, Biblioteca da Escola, Transporte do Escolar,
Caminho da Escola, Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para
a Rede Escolar Pública de Educação Infantil – fazem do FNDE uma
instituição de referência na Educação Brasileira.

No Decreto de 1969 a lei foi alterada e atualizada como apresentada a seguir:

OS MINISTROS DA MARINHA DE GUERRA, DO EXÉRCITO E DA


AERONÁUTICA MILITAR , usando das atribuições que lhes confere o
artigo 1 o do Ato Institucional n o 12, de 31 de agôsto de 1969, combinado
com o § 1 o do artigo 2 o do Ato Institucional n o 5, de 13 de dezembro de
1968,

88
Estado e Políticas de Financiamento em Educação • CAPÍTULO 5

DECRETAM:

Art. 1o O artigo 1o, as alíneas a e c e o § 2o do artigo 3o, o artigo 4o, suas alíneas
e parágrafos, e o § 1o do artigo 9o da Lei no 5.537, de 21 de novembro de 1968,
passam a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 1o É criado, com personalidade jurídica de natureza autárquica, vinculado


ao Ministério da Educação e Cultura, o Fundo Nacional do Desenvolvimento da
Educação (FNDE)”.

“Art. 3o (...)

a) financiar os programas de ensino superior, médio e primário, promovidos


pela União, e conceder a assistência financeira aos Estados, Distrito Federal,
Territórios, Municípios e estabelecimentos particulares;

c ) a p re c i a r, p re l i m i n a r m e n t e, a s p ro p o s t a s o r ç a m e n t á r i a s d a s
universidades federais e dos estabelecimentos de ensino médio e superior
mantidos pela União, visando à compatibilização de seus programas e
projetos com as diretrizes educacionais do governo.

§ 2o Os estabelecimentos particulares de ensino que recebem subvenção


ou auxílio de qualquer natureza da União ficarão obrigados a reservar
matrículas, para bôlsas de estudo, manutenção ou estágio, concedidas pelo
FNDE e compensadas à conta da ajuda financeira a que tiverem direito.”

Art. 4o Para fazer face aos encargos de que trata o art. 3o, o FNDE disporá de:

a) recursos orçamentários que lhe forem consignados;

b) recursos provenientes de incentivos fiscais;

c) vinte por cento (20%) do Fundo Especial da Loteria Federal (Lei n o 5.525,
de 5 de novembro de 1968);

d) trinta por cento (30%) da receita líquida da Loteria Esportiva Federal,


de que trata o art. 3o, letra c, do Decreto-lei no 594, de 27 de maio de 1969;

e) recursos provenientes do salário-educação a que se refere a alínea b


do art. 4 o da Lei n o 4.440, de 27 de outubro de 1964, com as modificações
introduzidas pelo art. 35 da Lei n o 4.863, de 29 de novembro de 1965;

f ) as quantias transferidas pelo Banco do Brasil S.A., mediante ordem


dos Governos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, como
contrapartida da assistência financeira da União, conforme se dispuser em
regulamento;

g) as quantias recolhidas pela Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRAS, na


forma e para os fins previstos no parágrafo 4o do art. 27 da Lei no 2.004, de

89
CAPÍTULO 5 • Estado e Políticas de Financiamento em Educação

3 de outubro de 1953, na redação dada pelo Decreto-lei no 523, de 8 de abril


de 1969;

h) recursos decorrentes de restituições relativas as execuções do programa


e projetos financeiros sob a condição de reembôlso;

i) receitas patrimoniais;

j) doações e legados;

l) juros bancários de suas contas;

m) recursos de outras fontes.

§ 1 o Os recursos previstos neste artigo serão administrados pelo FNDE


e transferidos, pelo total, à sua conta.

§ 2 o As contribuições a que se referem as letras c e d dêste artigo serão


recolhidas mensalmente, à conta do FNDE, tendo em vista as médias
estimativas dos resultados líquidos anuais da exploração dos respectivos
serviços.

§ 3o O FNDE terá subcontas distintas, para o desenvolvimento do ensino


superior, médio e primário, creditando-se, em cada uma delas, a receita
que lhe fôr específica.

§ 4 o O FNDE poderá adotar as medidas e realizar as operações que se


fizerem indicadas para o financiamento dos programas e projetos e a
oportuna liberação dos recursos correspondentes.”

“Art. 9o (...)

1o A Secretaria Executiva, com estrutura flexível, será organizada sob forma


de equipe técnica de trabalho.”

Art. 2o As referências contidas na Lei n o 5.537, de 21 de novembro de 1968, ao


Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação e Pesquisa aplicam-se
ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

Art. 3 o Fica o Poder Executivo autorizado a abrir ao Ministério da Educação


e Cultura, em favor do FNDE, o crédito especial de NCr$25.000.000,00
(vinte e cinco milhões de cruzeiros novos), destinado a atender, no
corrente exercício, ao programa de tempo integral e dedicação exclusiva
para o magistério superior, ao fortalecimento administrativo do Conselho
Federal de Educação e a outros projetos prioritários a cargo do FNDE.

Parágrafo único. Para a abertura de crédito especial autorizado neste


artigo, o Poder Executivo utilizará recursos provenientes de anulação

90
Estado e Políticas de Financiamento em Educação • CAPÍTULO 5

de dotações orçamentárias, de que trata o Decreto-lei n o 786, de 25 de


agôsto de 1969.

Art. 4 o No exercício financeiro de 1970, o Poder Executivo poderá


determinar que dotações orçamentárias consignadas a órgãos da
administração direta ou indireta, destinadas a projetos e atividades
enquadráveis nas letras a e b do artigo 3 o, passem, no todo ou em parte,
a integrar o FNDE.

Art. 5o O presente Decreto-lei entrará em vigor na data da sua publicação,


revogadas as disposições em contrário.

A importância de conhecermos este documento perpassa pela forma como estabelecemos


nossos vínculos como cidadãos conscientes e participativos, precisamos acompanhar todo
o desenvolvimento das políticas de financiamento para compreendermos como nosso
Estado investe em nossa educação, quais os mecanismos de controle dos gastos, quais os
percentuais são investidos a fim de reivindicarmos nossos direitos e o cumprimento do
que foi estabelecido em nossas leis.

Conheceremos alguns programas desenvolvidos por este fundo de acordo com as


informações fornecidas pelo MEC (2019) em seu portal:

Bolsas e auxílios

São programas desenvolvidos para o aper feiçoamento (teór ico e prático) e a


atualização profissional de professores, gestores e funcionários das redes públicas
de ensino. No âmbito desses programas, são pagas bolsas de estudo e pesquisa
destinadas a incentivar a participação de formadores, tutores, coordenadores etc.
no desenvolvimento das atividades de formação continuada.

Os programas de formação continuada aos quais o FNDE paga bolsas são:

» Escola da Terra.

» Escola de Gestores.

» E-tec Brasil.

» Formação pela Escola.

» Formação de Tutores.

» Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC).

» Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio.

» Rede Nacional de Formação de Profissionais da Educação (Renafor).

» Saberes Indígenas na Escola.

91
CAPÍTULO 5 • Estado e Políticas de Financiamento em Educação

A formação continuada destina-se a profissionais da educação básica das redes


públicas de ensino, enquanto as bolsas são pagas majoritariamente aos docentes que
ministram e coordenam os cursos de aperfeiçoamento e atualização ou participam
da elaboração de materiais e conteúdos para essa formação. Em alguns deles, porém,
também os cursistas recebem um auxílio para frequentarem as atividades de formação.

Brasil Carinhoso
Figura 54. Brasil Carinhoso.

Fonte: https://www.cnm.org.br/cms/images/stories/comunicacao/educacao/28102015_brasil_carinhoso.jpg. Acesso em: 3


de agosto de 2019.

O Programa Brasil Carinhoso consiste na transferência automática de recursos


financeiros para custear despesas com manutenção e desenvolvimento da educação
infantil, contribuir com as ações de cuidado integral, segurança alimentar e nutricional,
além de garantir o acesso e a permanência da criança na educação infantil.

Os recursos são destinados aos alunos de zero a 48 meses, matriculados em creches


públicas ou conveniadas com o Poder Público, cujas famílias sejam beneficiárias do
Programa Bolsa Família.

O apoio financeiro é devido aos municípios (e ao Distrito Federal) que informaram no


censo escolar do ano anterior a quantidade de matrículas de crianças de zero a 48 meses,
nas características acima mencionadas.

O programa consiste na transferência automática de recursos financeiros, sem


necessidade de convênio ou outro instrumento congênere. As transferências aos
municípios e ao Distrito Federal são feitas em duas parcelas.

O montante é calculado com base em 50% do valor anual mínimo por matrícula em
creche pública ou conveniada, em período integral e parcial, definido para o Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais
da Educação (Fundeb).

92
Estado e Políticas de Financiamento em Educação • CAPÍTULO 5

Caminho da escola
Figura 55. Cartaz do programa Caminho na Escola.

Fonte: https://www.fnde.gov.br/media/k2/items/cache/ab9083c4344a26f28a8b1378ce88e8e8_M.jpg?t=1553518399
Acesso em: 3 de agosto de 2019.

O programa Caminho da Escola objetiva renovar, padronizar e ampliar a frota de veículos


escolares das redes municipal, do DF e estadual de educação básica pública.

Voltado a estudantes residentes, prioritariamente, em áreas rurais e ribeirinhas, o


programa oferece ônibus, lanchas e bicicletas fabricados especialmente para o tráfego
nestas regiões, sempre visando à segurança e à qualidade do transporte. É destinado a
estudantes da rede pública de educação básica.

Gestores educacionais são os responsáveis pela aquisição dos veículos. Existem três formas
para entes federativos adquirirem veículos do Caminho da Escola: assistência financeira
do FNDE no âmbito do Plano de Ações Articuladas (PAR), conforme disponibilidade
orçamentária consignada na Lei Orçamentária Anual; recursos próprios; e linha de crédito
do BNDES (exceto para bicicletas).

Formação pela escola


Figura 56. Formação pela Escola.

Fonte: https://www.fnde.gov.br/media/k2/items/cache/9e695766e56cd2f5910553065b7b31e4_M.jpg?t=1472050607
Acesso em: 3 de agosto de 2019.

93
CAPÍTULO 5 • Estado e Políticas de Financiamento em Educação

O Formação pela Escola (FPE) é um programa de formação continuada, na modalidade


a distância, que tem por objetivo contribuir para o fortalecimento da atuação dos
agentes e parceiros envolvidos com a execução, o monitoramento, a avaliação,
a prestação de contas e o controle social dos programas e ações educacionais
financiados pelo FNDE.

Destina-se a cidadãos que exerçam funções de gestão, execução, monitoramento,


prestação de contas e controle social de recursos orçamentários dos programas e
ações financiados pelo FNDE, como profissionais de educação da rede pública de
ensino, técnicos, gestores públicos estaduais, municipais e escolares, membros do
comitê local do Plano de Ações Articuladas (PAR) e dos conselhos de controle social da
educação (Conselho Municipal de Educação – CMM; Conselho Escolar – CE; Conselho
de Alimentação Escolar – CAE; Conselho de Acompanhamento e Controle Social do
Fundeb – CACS/Fundeb) que atuem no segmento da educação básica e qualquer
cidadão que tenha interesse em conhecer as ações e os programas do FNDE.
Figura 57. Gráfico anual sobre quantidade de matrículas do Formação pela Escola desde 2006 até 2017.

Fonte: https://www.fnde.gov.br/index.php/programas/formacao-pela-escola. Acesso em: 3 de agosto de 2019.

Plano de ações articuladas (PAR)


Figura 58. Plano de Ações Articuladas.

Fonte: https://portalamm.org.br/wp-content/uploads/par-educacao.png. Acesso em: 3 de agosto de 2019.

94
Estado e Políticas de Financiamento em Educação • CAPÍTULO 5

O Plano de Ações Articuladas (PAR) é uma estratégia de assistência técnica e financeira


iniciada pelo Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, instituído pelo
Decreto n o 6.094, de 24 de abril de 2007, fundamentada no Plano de Desenvolvimento
da Educação (PDE), que consiste em oferecer aos entes federados um instrumento
de diagnóstico e planejamento de política educacional, concebido para estruturar e
gerenciar metas definidas de forma estratégica, contribuindo para a construção de um
sistema nacional de ensino.

Trata-se de uma estratégia para o planejamento plurianual das políticas de educação, em


que os entes subnacionais elaboram plano de trabalho a fim de desenvolver ações que
contribuam para a ampliação da oferta, permanência e melhoria das condições escolares
e, consequentemente, para o aprimoramento do Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica (Ideb) de suas redes públicas de ensino.

Assegurar o acesso dos estudantes às vagas escolares disponibilizadas nas instituições


de ensino, em especial na educação básica, e sua permanência com sucesso na escola,
depende do atendimento a uma série de elementos estruturais e serviços, dentre os quais
se destacam: materiais didáticos e pedagógicos, formação de profissionais, equipamentos e
infraestrutura escolar. Esses produtos e serviços se relacionam a vários fatores econômicos e
sociais e à forma de planejamento, gestão, atuação e colaboração entre os entes subnacionais,
proporcionada pela assistência técnica e financeira, concretizada no âmbito do PAR.

Programa Banda Larga nas Escolas (PBLE)

O Programa Banda Larga nas Escolas (PBLE) foi lançado em 4 de abril de 2008 pelo
governo federal, por meio do Decreto no 6.424, que altera o Plano Geral de Metas para a
Universalização do Serviço Telefônico Fixo Comutado Prestado no Regime Público (PGMU).

Figura 59. Programa Banda Larga na Escola.

Fonte: http://www.fnde.gov.br/media/k2/items/cache/410fa662a5b9679bc9c28a0327f300ed_M.jpg?t=1496162441.
Acesso em: 3 de agosto de 2019.

O programa prevê o atendimento de todas as escolas públicas urbanas de nível


fundamental e médio, participantes dos programas E-Tec Brasil, além de instituições

95
CAPÍTULO 5 • Estado e Políticas de Financiamento em Educação

públicas de apoio à formação de professores: Polos Universidade Aberta do Brasil,


Núcleo de Tecnologia Estadual (NTE) e Núcleo de Tecnologia Municipal (NTM).

Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)

Criado em 1995, o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) tem por finalidade
prestar assistência financeira para as escolas, em caráter suplementar, a fim de
contribuir para manutenção e melhoria da infraestrutura física e pedagógica, com
consequente elevação do desempenho escolar. Também visa fortalecer a participação
social e a autogestão escolar.

Conforme a Resolução n o 6, de 27 de fevereiro de 2018, os repasses dos recursos dar-se-ão


em duas parcelas anuais, devendo o pagamento da primeira parcela ser efetivado até 30
de abril e o da segunda parcela até 30 de setembro de cada exercício às EEx, UEx e EM que
cumprirem as exigências de atualização cadastral até a data de efetivação dos pagamentos.
O programa engloba várias ações que possuem finalidades e públicos-alvo específicos,
embora a transferência e gestão dos recursos sigam os mesmos moldes operacionais do
PDDE.

As Ações Agregadas estão agrupadas em três tipos de contas da seguinte forma:

Figura 60. Ações agregadas do PDDe.

Fonte: FNDE (2015).

O PDDE destina-se às escolas públicas da educação básica das redes estaduais,


m u n i c i p a i s e d o D i s t r i t o Fe d e ra l , à s e s c o l a s p r i v a d a s d e e d u c a ç ã o e s p e c i a l
mantidas por entidades sem fins lucrativos, registradas no Conselho Nacional
de Assistência Social (CNAS) como beneficentes de assistência social, ou outras
similares de atendimento direto e gratuito ao público e aos polos presenciais do
sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) que ofertem programas de formação
inicial ou continuada a profissionais da educação básica.

96
Estado e Políticas de Financiamento em Educação • CAPÍTULO 5

Saiba mais

Para conhecer um pouco mais sobre o PDDE, leia o documento norteador, disponível na web, que facilitará a
compreensão das ações destacadas neste material de estudo.

Figura 61. Documento norteador para as ações complementares do PDDE.

Fonte: http://cursos.fnde.gov.br/mdl07/pdf/UnidadeIV.pdf. Acesso em: 3 de agosto de 2019.

Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) oferece alimentação escolar


e ações de educação alimentar e nutricional a estudantes de todas as etapas da
educação básica pública. O governo federal repassa, a estados, municípios e escolas
federais, valores financeiros de caráter suplementar efetuados em 10 parcelas
mensais (de fevereiro a novembro) para a cobertura de 200 dias letivos, conforme
o número de matriculados em cada rede de ensino.

Figura 62. Alimentação Escolar como Estratégia para melhorar o aprendizado.

Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/5589584/2/images/2/Objetivo%3A+Alimenta%C3%A7%C3%A3o+Escolar+como+Es
trat%C3%A9gia+para+Melhorar+o+Desempenho+e+Aprendizado.jpg. Acesso em: 3 de agosto de 2019.

97
CAPÍTULO 5 • Estado e Políticas de Financiamento em Educação

O PNAE é acompanhado e fiscalizado diretamente pela sociedade, por meio dos Conselhos
de Alimentação Escolar (CAE), e também pelo FNDE, pelo Tribunal de Contas da União
(TCU), pela Controladoria Geral da União (CGU) e pelo Ministério Público.

Atualmente, o valor repassado pela União a estados e municípios por dia letivo para cada
aluno é definido de acordo com a etapa e modalidade de ensino:

» Creches: R$ 1,07.

» Pré-escola: R$ 0,53.

» Escolas indígenas e quilombolas: R$ 0,64.

» Ensino fundamental e médio: R$ 0,36.

» Educação de jovens e adultos: R$ 0,32.

» Ensino integral: R$ 1,07.

» Programa de Fomento às Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral: R$ 2,00.

» Alunos que frequentam o Atendimento Educacional Especializado no


contraturno: R$ 0,53.

O re p a s s e é f e i t o d i re t a m e n t e a o s e s t a d o s e m u n i c í p i o s, c o m b a s e n o Ce n s o
Escolar realizado no ano anterior ao do atendimento. O Programa é acompanhado
e fiscalizado diretamente pela sociedade, por meio dos Conselhos de Alimentação
E s c o l a r ( C A E ) , p e l o F N D E , p e l o Tr i b u n a l d e C o n t a s d a Un i ã o ( TC U ) , p e l a
Controladoria Geral da União (CGU) e pelo Ministério Público.

Com a Lei n o 11.947, de 16/6/2009, 30% do valor repassado pelo Programa Nacional
de Alimentação Escolar (PNAE) deve ser investido na compra direta de produtos da
agricultura familiar, medida que estimula o desenvolvimento econômico e sustentável
das comunidades.

Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar


(PNATE)

O Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (PNATE) consiste na


transferência automática de recursos financeiros para custear despesas com
manutenção, seguros, licenciamento, impostos e taxas, pneus, câmaras, serviços de
mecânica em freio, suspensão, câmbio, motor, elétrica e funilaria, recuperação de
assentos, combustível e lubrificantes do veículo ou, no que couber, da embarcação
utilizada para o transporte de alunos da educação básica pública residentes em área

98
Estado e Políticas de Financiamento em Educação • CAPÍTULO 5

rural. Serve, também, para o pagamento de serviços contratados junto a terceiros


para o transporte escolar.

Figura 63. PNATE.

Fonte: https://www.i9treinamentos.com/wp-content/uploads/2018/06/prazo-pnate-rrcac-transporte-escolar-alagoas.jpg.
Acesso em: 3 de agosto de 2019.

Os recursos são destinados aos alunos da educação básica pública residentes em


áreas rurais que utilizam transporte escolar. Os valores transferidos diretamente aos
estados, ao Distrito Federal e aos municípios são feitos em dez parcelas anuais, de
fevereiro a novembro.

O cálculo do montante de recursos financeiros destinados anualmente aos entes


federados é baseado no censo escolar do ano anterior X per capita definido e
disponibilizado na página do FNDE para consulta.

Os estados podem autorizar o FNDE a efetuar o repasse do valor correspondente


aos alunos da rede estadual diretamente aos respectivos municípios. Para isso, é
necessário formalizar a autorização por meio de ofício ao órgão. Caso não o façam,
terão de executar diretamente os recursos recebidos, ficando impedidos de fazer
transferências futuras aos entes municipais.

Programas dos livros

O Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) compreende um


conjunto de ações voltadas para a distribuição de obras didáticas, pedagógicas e
literárias, entre outros materiais de apoio à prática educativa, destinados aos alunos
e professores das escolas públicas de educação básica do País.

O P N L D t a m b é m c o n t e m p l a a s i n s t i t u i ç õ e s c o m u n i t á r i a s, c o n f e s s i o n a i s o u
filantrópicas sem fins lucrativos e conveniadas com o Poder Público. As escolas
participantes do PNLD recebem materiais de forma sistemática, regular e gratuita.
Trata-se, por tanto, de um Programa abrangente, constituindo-se em um dos
principais instrumentos de apoio ao processo de ensino-aprendizagem nas escolas
beneficiadas.

99
CAPÍTULO 5 • Estado e Políticas de Financiamento em Educação

As ações do PNLD destinam-se aos alunos e professores das escolas públicas de


educação básica, como, também, de instituições comunitárias, confessionais ou
filantrópicas sem fins lucrativos e conveniadas com o Poder Público.

Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de


Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação
Infantil (Proinfância)

O Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede


Escolar Pública de Educação Infantil (Proinfância), instituído pela Resolução no 6, de 24
de abril de 2007, é uma das ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) do
Ministério da Educação, visando garantir o acesso de crianças a creches e escolas, bem
como a melhoria da infraestrutura física da rede de Educação Infantil.
Figura 64. Proinfância.

Fonte: https://convivaeducacao.org.br/uploads/broadcast/image/1025/cover_pro_infancia.jpg. Acesso em: 3 de agosto de


2019.

O programa atua sobre dois eixos principais, indispensáveis à melhoria da qualidade


da educação:

» Construção de creches e pré-escolas, por meio de assistência técnica e


financeira do FNDE, com projetos padronizados que são fornecidos pelo FNDE
ou projetos próprios elaborados pelos proponentes.

» Aquisição de mobiliário e equipamentos adequados ao funcionamento da


rede física escolar da educação infantil, tais como mesas, cadeiras, berços,
geladeiras, fogões e bebedouros.

Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo)


Figura 65. Proinfo.

Fonte: http://3.bp.blogspot.com/_lQmDYMHJAJY/SSLB0OZitMI/AAAAAAAAAA4/UExmKMkbg3Y/w1200-h630-p-k-no-nu/
LOGO+PROINFO.jpg. Acesso em: 3 de agosto de 2019.

100
Estado e Políticas de Financiamento em Educação • CAPÍTULO 5

O Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo) foi criado pelo Ministério


da Educação, em 1997, para promover o uso da tecnologia como ferramenta de
enriquecimento pedagógico no ensino público fundamental e médio. A partir de 12
de dezembro de 2007, mediante o Decreto n o 6.300, foi reestruturado e passou a ter o
objetivo de promover o uso pedagógico das tecnologias de informação e comunicação
nas redes públicas de educação básica.

Programas Suplementares

São programas e ações educacionais de adesão voluntária que auxiliam a manutenção


e o desenvolvimento da educação em níveis ou modalidades específicas, cuja gestão
compete às secretarias do Ministério da Educação (MEC).

Ao FNDE cabe prestar apoio técnico e financeiro aos executores locais dos programas
por meio da Coordenação-Geral de Bolsas e Auxílios (CGAUX).

Os programas suplementares são:

Destinados à educação infantil:

» Programa de apoio a novas turmas de Educação Infantil.

» Programa de apoio a novos estabelecimentos de Educação Infantil.

Destinado ao ensino médio:

» Programa de Fomento às Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI).

Destinados à Educação de Jovens e Adultos (EJA):

» Programa Brasil Alfabetizado (PBA).

» Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para Atendimento à Educação de Jovens


e Adultos (PEJA).

» Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem Urbano).

» Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem Campo – Saberes da Terra).

Destinado à educação profissional e tecnológica:

» Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

Todas essas informações estão disponíveis para acompanhamento, de que forma os


programas e financiamentos são implementados, de que forma os recursos são destinados,
as devidas prestações de contas, o que cada município, estado e o governo federal utiliza,

101
CAPÍTULO 5 • Estado e Políticas de Financiamento em Educação

precisamos acompanhar para entendermos de que forma os investimentos e recursos


são utilizados para exigirmos novos programas ou o aperfeiçoamento dos existentes,
ver o reais gastos e informações sobre de que forma estão sendo postos em prática, pois
são nossos recursos e impostos que fomentam estes financiamentos.

Visando melhorias para seus alunos e profissionais da educação adaptando para cada
realidade social.

Financiamento da Educação Escolar: do Fundef ao Fundeb


– Receita financeira e orçamento

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental


e de Valorização do Magistério (Fundef)

O Fundef foi criado para garantir uma subvinculação dos recursos da educação para o
Ensino Fundamental, bem como para assegurar melhor distribuição desses recursos.
Com este fundo de natureza contábil, cada Estado e cada município recebe o equivalente
ao número de alunos matriculados na sua rede pública do Ensino Fundamental.

Além disso, é definido um valor mínimo nacional por aluno/ano, diferenciado para os
alunos de 1ª à 4ª série e para os da 5ª à 8ª série e Educação Especial Fundamental. O
Fundef foi criado pela Emenda Constitucional n o 14/1996, regulamentado pela Lei n o
9.424/1996 e pelo Decreto n o 2.264/1997 e implantado automaticamente em janeiro
de 1998 em todo o País. O Fundo é composto, no âmbito de cada Estado, por 15% das
seguintes receitas:

» Fundo de Participação de Estados e Municípios (FPE e FPM).

» Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

» Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações (IPIexp).

» Ressarcimento pela desoneração de exportações de que trata a Lei Complementar no


87/1996 (Lei Kandir).

» Complementação da União (quando necessário).

Em cada Estado, os recursos do Fundef são distribuídos entre o governo estadual e


os governos municipais, de acordo com o número de alunos do Ensino Fundamental
público atendido em cada rede de ensino (estadual ou municipal), conforme os dados
constantes do Censo Escolar do ano anterior. Este censo é realizado a cada ano pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do MEC, em parceria
com as Secretarias Estaduais de Educação.

102
Estado e Políticas de Financiamento em Educação • CAPÍTULO 5

O valor referente ao Fundef é creditado em conta específica, sempre que houver


arrecadação e repasse de recursos das fontes que alimentam o Fundo. Ou seja, o crédito
da parcela do Fundef originária do FPM acontece na mesma data do repasse do FPM, o
mesmo ocorrendo com relação às outras fontes.

Os recursos devem ser utilizados da seguinte maneira:

» 60%, no mínimo, para a remuneração dos profissionais do magistério em efetivo


exercício no Ensino Fundamental público. Até dezembro de 2001, parte desta
parcela também pode ser utilizada para a habilitação de professores leigos;

» 40%, no máximo, em outras ações de manutenção e desenvolvimento do Ensino


Fundamental público – como, por exemplo, capacitação de professores, aquisição
de equipamentos, reforma e melhorias de escolas da rede de ensino e transporte
escolar.

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e


de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb)

O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização


dos Profissionais da Educação (Fundeb) atende toda a educação básica, da creche
ao ensino médio. Substituto do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef ), que vigorou de 1997 a 2006, o
Fundeb está em vigor desde janeiro de 2007 e se estenderá até 2020.

É um importante compromisso da União com a educação básica, na medida em que


aumenta em dez vezes o volume anual dos recursos federais. Além disso, materializa
a visão sistêmica da educação, pois financia todas as etapas da educação básica e
reserva recursos para os programas direcionados a jovens e adultos.

A e s t ra t é g i a é d i s t r i b u i r o s re c u r s o s p e l o p a í s, l e va n d o e m c o n s i d e ra ç ã o o
desenvolvimento social e econômico das regiões – a complementação do dinheiro
aplicado pela União é direcionada às regiões nas quais o investimento por aluno
seja inferior ao valor mínimo fixado para cada ano. Ou seja, o Fundeb tem como
principal objetivo promover a redistribuição dos recursos vinculados à educação.

A destinação dos investimentos é feita de acordo com o número de alunos da educação


básica, com base em dados do censo escolar do ano anterior. O acompanhamento e
o controle social sobre a distribuição, a transferência e a aplicação dos recursos do
programa são feitos em escalas federal, estadual e municipal por conselhos criados
especificamente para esse fim. O Ministério da Educação promove a capacitação dos
integrantes dos conselhos.

103
CAPÍTULO 5 • Estado e Políticas de Financiamento em Educação

Divisão de recursos, de gastos e prestação de contas:


acompanhamento e controle – o papel dos conselhos

Por muitos anos os movimentos sociais buscaram democratizar nosso país, exigindo
maior participação nas decisões e acompanhamento das políticas públicas. A partir
da Constituição Federal de 1988, que buscou a descentralização do poder do Estado
e instituir a maior participação social na Administração Pública. Através da formação
dos conselhos de direitos foi possível exigir esta atuação e abrindo espaço e delegando
um importante papel de controle e avaliação de integrantes e articuladores sociais nos
diferentes níveis institucionais, municipal, estadual e federal.

No art. 204 de nossa Constituição podemos encontrar:

Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão


realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art.
195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes:

I – descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação


e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos
respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a
entidades beneficentes e de assistência social;

II – participação da população, por meio de organizações representativas,


na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis.

Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a


programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos por
cento de sua receita tributária líquida, vedada a aplicação desses recursos
no pagamento de:

I – despesas com pessoal e encargos sociais;

II – serviço da dívida;

III – qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos


investimentos ou ações apoiados.

Dessa for ma, a Lei n o 8.742/1993 – Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS)
reforça a importância da participação social. Para isso, faz saber que a instituição
e funcionamento dos conselhos de assistência social é condição indispensável para
o repasse de recursos aos municípios, aos estados e ao Distrito Federal.

104
Estado e Políticas de Financiamento em Educação • CAPÍTULO 5

Figura 66. Estrutura e Organização dos Conselhos.

Fonte: https://www.blog.gesuas.com.br/controle-social-a-importancia-dos-conselhos-de-direitos/.

Este contexto social possibilitou a formação dos conselhos, órgãos fiscalizadores,


permanentes e deliberativos, que se tornam responsáveis pela implementação, fiscalização
e defesa das políticas públicas.

105
CAPÍTULO
O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO E
DOS MOVIMENTOS ASSOCIATIVOS NA ORGANIZAÇÃO
DO SISTEMA DE ENSINO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 6
Introdução

Neste capítulo trataremos de assuntos relativos ao espaço de trabalho e à formação dos


profissionais envolvidos no sistema educacional. Uma formação continuada proporciona
o aperfeiçoamento do conhecimento, novas perspectivas para aplicação do processo de
ensino-aprendizagem.

Manter todos os profissionais das diferentes instituições de ensino em constante


desenvolvimento intelectual favorece para a qualidade do ensino, para incentivarmos
o desenvolvimento de novas teorias e pesquisas no campo educacional.

Objetivos

» Reconhecer a identidade da escola.

» Identificar as competências do professor na escola e seu apoio na organização e gestão


escolar.

» Reconhecer a estrutura organizacional da escola.

Políticas para a formação inicial e continuada dos docentes


e outros profissionais no Brasil
Figura 67. Formação de Professores.

Fonte: https://media.gazetadopovo.com.br/2014/10/20b9dcec6e4049627238bc50c4fc9a2a-gpMedium.jpg. Acesso em: 3


de agosto de 2019.

106
O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO E DOS MOVIMENTOS ASSOCIATIVOS NA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE ENSINO • CAPÍTULO 6
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

As ações voltadas para a formação de professores estão inseridas nas políticas


educacionais – este é um conceito amplo e engloba tudo aquilo que um governo faz
ou deixa de fazer em e para a educação. Considerando educação como algo vasto, que
acontece em diferentes espaços (família, igreja, comunidade, dentre outros), cabe
destacar que as políticas educacionais abrangem também (e não só) a educação escolar
que se procura oferecer para uma população de modo geral. Por isso, a formação de
professores é um ponto fundamental no escopo das ações que um governo promove
em busca das mudanças e/ou melhorias na educação escolar. Segundo Barbosa e
Fernandes (2017, p. 17):

Diante disso, as políticas de formação de professores ganharam força


e visibilidade nas últimas décadas em decorrência da concepção
de que representam uma ação fundamental para a melhor ia da
educação básica. Desde 2007, a partir do lançamento do Plano de
Desenvolvimento da Educação e do Plano de Metas Compromisso
Todos pela Educação (Decreto n o 6.094/2007), o Ministério da Educação
(MEC) e a Coordenação de Aper feiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (Capes) – que assumiu a condição de agência responsável
pela proposição e desenvolvimento de ações para a formação de
professores da educação básica – fizeram investimentos vultosos
em programas e projetos com vistas à qualificação e valorização da
docência. Foram focos desses investimentos a formação inicial e a
formação continuada, nas modalidades presencial e a distância.

O Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação é a conjugação dos esforços da


União, Estados, Distrito Federal e Municípios, em regime de colaboração, das famílias e
da comunidade, em proveito da melhoria da qualidade da educação básica. As metas que
abordam a formação e valorização dos profissionais da educação são:

XII – instituir programa próprio ou em regime de colaboração para formação


inicial e continuada de profissionais da educação;

XIII – implantar plano de carreira, cargos e salários para os profissionais da


educação, privilegiando o mérito, a formação e a avaliação do desempenho; XIV
– valorizar o mérito do trabalhador da educação, representado pelo desempenho
eficiente no trabalho, dedicação, assiduidade, pontualidade, responsabilidade,
realização de projetos e trabalhos especializados, cursos de atualização e
desenvolvimento profissional;

XV – dar consequência ao período probatório, tornando o professor efetivo


estável após avaliação, de preferência externa ao sistema educacional local; XVI
– envolver todos os professores na discussão e elaboração do projeto político
pedagógico, respeitadas as especificidades de cada escola;

107
CAPÍTULO 6 • O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO E DOS MOVIMENTOS ASSOCIATIVOS NA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE ENSINO
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

XVII – incorporar ao núcleo gestor da escola coordenadores pedagógicos que


acompanhem as dificuldades enfrentadas pelo professor;

XVIII – fixar regras claras, considerados mérito e desempenho, para nomeação


e exoneração de diretor de escola;

XIX – divulgar na escola e na comunidade os dados relativos à área da


educação, com ênfase no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
– IDEB, referido no art. 3o;

XX – acompanhar e avaliar, com participação da comunidade e do Conselho


de Educação, as políticas públicas na área de educação e garantir condições,
sobretudo institucionais, de continuidade das ações efetivas, preservando
a memória daquelas realizadas.

Alguns programas que incentivam a formação continuada


dos profissionais da Educação

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid)


Figura 68. PIBID.

Fonte: http://www.musica.unb.br/images/Imagens/Logo-PIBID_Capes_.jpg. Acesso em: 3 de agosto de 2019.

O programa oferece bolsas de iniciação à docência aos alunos de cursos presenciais que
se dediquem ao estágio nas escolas públicas e que, quando graduados, se comprometam
com o exercício do magistério na rede pública.

O objetivo é antecipar o vínculo entre os futuros mestres e as salas de aula da rede


pública. Com essa iniciativa, o Pibid faz uma articulação entre a educação superior (por
meio das licenciaturas), a escola e os sistemas estaduais e municipais.

De acordo com o último edital publicado (no 7/2018), são objetivos do programa:

» Incentivar a formação de docentes em nível superior para a educação básica.

» Contribuir para a valorização do magistério.

108
O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO E DOS MOVIMENTOS ASSOCIATIVOS NA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE ENSINO • CAPÍTULO 6
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

» Elevar a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de licenciatura,


promovendo a integração entre educação superior e educação básica.

» Inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação,


proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em experiências
metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e
interdisciplinar que busquem a superação de problemas identificados no
processo de ensino-aprendizagem.

» Incentivar escolas públicas de educação básica, mobilizando seus professores como


coformadores dos futuros docentes e tornando-as protagonistas nos processos de
formação inicial para o magistério.

» Contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à formação dos


docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de licenciatura.

A intenção do programa é unir as secretarias estaduais e municipais de educação e as


universidades públicas, a favor da melhoria do ensino nas escolas públicas em que o
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) esteja abaixo da média nacional,
de 4,4. Entre as propostas do Pibid está o incentivo à carreira do magistério nas áreas da
educação básica com maior carência de professores com formação específica: ciência e
matemática de quinta a oitava séries do ensino fundamental e Física, Química, Biologia
e Matemática para o ensino médio.

Os coordenadores de áreas do conhecimento recebem bolsas mensais de R$ 1,2 mil. Os


alunos dos cursos de licenciatura têm direito a bolsa de R$ 350 e os supervisores, que são
os professores das disciplinas nas escolas onde os estudantes universitários vão estagiar,
recebem bolsa de R$ 600 por mês.

Podem apresentar propostas de projetos de iniciação à docência instituições federais


e estaduais de ensino superior, além de institutos federais de educação, ciência e
tecnologia com cursos de licenciatura que apresentem avaliação satisfatória no Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). Os estabelecimentos devem ter
firmado convênio ou acordo de cooperação com as redes de educação básica pública dos
municípios e dos estados, prevendo a participação dos bolsistas do Pibid em atividades
nas escolas públicas.

Programas de Mestrado Profissional para Qualificação de


Professores da Rede Pública de Educação Básica (ProEB)

Os Programas de Mestrado Profissional para Qualificação de Professores da Rede


Pública de Educação Básica (ProEB) têm por objetivo a for mação continuada
stricto sensu dos professores em exercício na rede pública de educação básica, em

109
CAPÍTULO 6 • O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO E DOS MOVIMENTOS ASSOCIATIVOS NA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE ENSINO
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

conformidade com a política do Ministério da Educação (MEC), mediante apoio às


instituições de ensino superior (IESs) ou rede de instituições associadas do País,
responsáveis pela implantação e execução de cursos com áreas de concentração e
temáticas vinculadas diretamente à melhoria da educação básica.

O apoio da Capes dar-se-á mediante a concessão de bolsas e fomento aos cursos de


Mestrado Profissional do ProEB, nas modalidades presencial e a distância, no âmbito
do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), da seguinte forma:

I. As bolsas serão concedidas e pagas diretamente aos professores em efetivo


exercício da educação básica pública regularmente matriculados em cursos de
Mestrado Profissional do ProEB e cujo trabalho acadêmico tenha como objeto
a educação básica.

II. Os recursos de fomento destinados ao custeio das atividades acadêmicas de


cursos de Mestrado Profissional do ProEB serão calculados conforme a Portaria
no 61, repassados ao respectivo Programa de Pós-Graduação (PPG) ou ao gestor
nacional da rede.

Objetivos

O ProEB tem como finalidade a melhoria da qualidade do ensino nas escolas da educação
básica pública brasileira, à medida que:

» Promove a formação continuada de professores das redes públicas de educação, no


nível de pós-graduação stricto sensu, nas áreas da educação básica brasileira.

» Institui uma rede nacional para oferta de programas de mestrados profissionais


promovidos por instituições de ensino superior públicas brasileiras de notória
tradição na área de formação de professores e que sejam partícipes do Sistema
Universidade Aberta do Brasil.

» Valoriza as experiências advindas da prática do professor ao mesmo tempo em que


colabora, através dos trabalhos realizados, para o desenvolvimento de materiais
e estratégias didáticas que ensejam a melhoria do desempenho de aprendizagem
dos alunos.

» Cria uma rede de reflexão sobre a realidade do ensino básico público brasileiro
apontando perspectivas de mudanças e respostas aos problemas do cotidiano da
escola e da sociedade.

Instituições participantes

Instituições Públicas de Ensino Superior, integrantes do Sistema UAB e Instituições


Públicas de Ensino Superior que objetivam integração à UAB, credenciadas pelo MEC.

110
O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO E DOS MOVIMENTOS ASSOCIATIVOS NA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE ENSINO • CAPÍTULO 6
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Público-alvo do curso

Docentes das redes públicas de educação básica que estejam em efetivo exercício, ou
seja, atuando em sala de aula, durante todo o período do curso.

Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio (PNEM)

O Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio, instituído pela Portaria n o


1.140, de 22 de novembro de 2013, representa a articulação e a coordenação de ações e
estratégias entre a União e os governos estaduais e distrital na formulação e implantação
de políticas para elevar o padrão de qualidade do ensino médio brasileiro, em suas
diferentes modalidades, orientado pela perspectiva de inclusão de todos que a ele tem
direito.

Neste primeiro momento duas ações estratégicas estão articuladas, o redesenho


curricular, em desenvolvimento nas escolas por meio do Programa Ensino Médio
Inovador (ProEMI) e a Formação Continuada de professores do Ensino Médio, que
iniciou no primeiro semestre de 2014 a execução de sua primeira etapa.

O Programa Ensino Médio Inovador (ProEMI), é a estratégia do Governo Federal para


induzir as escolas à elaboração do redesenho dos currículos do Ensino Médio para a
oferta de educação de qualidade com foco na formação humana integral. Neste sentido,
busca materializar as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (Resolução
CEB/CNE n o 2, de 30 de janeiro de 2012). O programa tem foco na elaboração, por parte
da escola, de projeto de redesenho curricular (PRC) que apresente na perspectiva da
integração curricular, articulando as dimensões do trabalho, da ciência, da cultura e da
tecnologia, conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.

A Formação Continuada de Professores do Ensino Médio tem como objetivo promover a


a valorização da formação continuada dos professores e coordenadores pedagógicos que
atuam no Ensino Médio público, nas áreas rurais e urbanas, em consonância com a Lei
n o 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e
as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Valorização docente articula-se a
um conjunto de políticas desenvolvidas pelo MEC e pelas Secretarias de Educação que
explicitam alguns desafios a serem considerados no ensino médio:

» Universalização do atendimento dos 15 aos 17 anos – até 2016 (Emenda


Constitucional n o 59/2009 e as decorrentes mudanças na LDB) e adequação de
idade ano escolar.

» Ampliação da jornada para Ensino Médio Integral.

» Redesenho curricular nacional.

111
CAPÍTULO 6 • O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO E DOS MOVIMENTOS ASSOCIATIVOS NA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE ENSINO
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

» Garantia da formação dos professores e demais profissionais da escola.

» Carência de professores em disciplinas (Matemática, Física, Química e Inglês) e


regiões específicas.

» Ampliação e estímulo ao ensino médio diurno.

» Ampliação e adequação da rede física escolar.

» Ampliação da oferta de educação profissional integrada e concomitante ao ensino


médio.

» Universalização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O desenho da formação continuada no contexto do Pacto Nacional pelo Fortalecimento


do Ensino Médio expressa as discussões realizadas nos últimos anos pelo Ministério da
Educação (MEC), Secretarias de Estado da Educação, Conselho Nacional dos Secretários
Estaduais da Educação (Consed), Universidades, Conselho Nacional de Educação
e Movimentos Sociais, assim como as intensas discussões realizadas no Fórum de
Coordenadores Estaduais do Ensino Médio. Neste sentido, expressa o amadurecimento
do País com vistas ao compromisso com uma Educação Básica plena (da Educação
Infantil ao Ensino Médio) como direito de todos. Assim, ele é constituído principalmente
pela articulação de ações existentes do MEC, Universidades Públicas e Secretarias de
Educação estaduais, e de novas proposições de ações que passam a constituir-se num
conjunto orgânico e definidor da política para o Ensino Médio brasileiro.

Essas ações têm por objetivo a melhoria da qualidade da educação e a implantação das
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, documento que aponta o trabalho,
a cultura, a ciência e a tecnologia como dimensões que devem estar contempladas nos
currículos do Ensino Médio, que deverão integrar os conhecimentos das diferentes áreas
que compõem o currículo.

O programa Ensino Médio Inovador (EMI) foi instituído pela Portaria n o 971, de 9
de outubro de 2009, no contexto da implementação das ações voltadas ao Plano de
Desenvolvimento da Educação (PDE). A edição atual do Programa está alinhada às
diretrizes e metas do Plano Nacional de Educação 2014-2024 e à reforma do Ensino
Médio proposta pela Medida Provisória n o 746/2016 e é regulamentada pela Resolução
FNDE n o 4, de 25 de outubro de 2016.

O objetivo do EMI é apoiar e fortalecer os Sistemas de Ensino Estaduais e Distrital no


desenvolvimento de propostas curriculares inovadoras nas escolas de Ensino Médio,
disponibilizando apoio técnico e financeiro, consoante à disseminação da cultura de um
currículo dinâmico, flexível, que atenda às expectativas e necessidades dos estudantes
e às demandas da sociedade atual.

112
O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO E DOS MOVIMENTOS ASSOCIATIVOS NA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE ENSINO • CAPÍTULO 6
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Deste modo, busca promover a formação integral dos estudantes e fortalecer o


protagonismo juvenil com a oferta de atividades que promovam a educação científica
e humanística, a valorização da leitura, da cultura, o aprimoramento da relação teoria
e prática, da utilização de novas tecnologias e o desenvolvimento de metodologias
criativas e emancipadoras.

As ações propostas devem contemplar as diversas áreas do conhecimento a partir do


desenvolvimento de atividades nos seguintes Campos de Integração Curriculares (CIC):

I. Acompanhamento Pedagógico (Língua Portuguesa e Matemática).

II. Iniciação Científica e Pesquisa.

III. Mundo do Trabalho.

IV. Línguas Adicionais/Estrangeiras.

V. Cultura Corporal.

VI. Produção e Fruição das Artes.

VII. Comunicação, Uso de Mídias e Cultura Digital.

VIII. Protagonismo Juvenil.

Essas ações são incorporadas gradativamente ao currículo, ampliando o tempo na escola,


na perspectiva da educação integral e, também, a diversidade de práticas pedagógicas
de modo que estas, de fato, qualifiquem os currículos das escolas de Ensino Médio.

A adesão ao Ensino Médio Inovador é realizada pelas Secretarias de Educação estaduais


e distrital, que selecionam as escolas de Ensino Médio que participarão do programa
EMI. Essas escolas receberão apoio técnico e financeiro por meio do Programa Dinheiro
Direto na Escola (PDDE) para a elaboração e o desenvolvimento de suas Propostas de
Redesenho Curricular (PRC).

As Propostas de Redesenho Curricular (PRC) deverão estar alinhadas com os projetos


político-pedagógicos das escolas, articulando as dimensões do trabalho, da ciência,
da cultura e da tecnologia, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para
o Ensino Médio (Resolução CEB/CNE n o 2, de 30 de janeiro de 2012).

Organização escolar: espaço de aprendizagem

A escola é um espaço organizacional, sendo uma organização que busca a influência


mútua entre diferentes atores, na busca pela formação humana, Libâneo (2012, p. 437):

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CAPÍTULO 6 • O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO E DOS MOVIMENTOS ASSOCIATIVOS NA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE ENSINO
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

A instituição escolar caracteriza-se por ser um sistema de relações


humanas e sociais com for tes características interativas, que a
diferenciam das empresas convencionais. Assim, a organização escolar
define-se como unidade social que reúne pessoas que interagem entre
si, intencionalmente, operando por meio de estruturas e de processos
organizativos próprios, a fim de alcançar objetivos educacionais.
(LIBÂNEO, 2012, p. 437)

Compreendemos a escola como um espaço de aprendizagem e que necessita de


organização e de uma gestão democrática. Com isso se faz necessário o entrelaçamento
entre a organização e gestão democrática do ensino. Observe no esquema a seguir a
articulação entre a organização e gestão:

Figura 69. Articulação entre a organização e gestão.

EXIGÊNCIAS ECONÔMICAS,
POLÍTICAS

PLANEJAMENTO
PROJETO
OBJETIVOS
PEDAGÓGICO
PLANOS DE
ENSINO

CURRÍCULO QUALIDADE
CONTEÚDOS COGNITIVA E
ORGANIZAÇÃO
ENSINO OPERATIVA
E GESTÃO
DAS
PRÁTICAS
APRENDIZAGENS
DE ENSINO

AVALIAÇÃO

Fonte: Autora, 2019.

E s s e e s q u e m a re p re s e n t a o s p a s s o s a s e re m s e g u i d o s p a ra q u e o s o b j e t i v o s
educativos possam ser alcançados e observa-se que se faz necessário acompanhar
as exigências econômicas, políticas, sociais e culturais.

A valorização dos profissionais da educação

Na LDB/1996, encontramos, no art. 13, as competências do professor:

Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:

I – participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento


de ensino;

114
O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO E DOS MOVIMENTOS ASSOCIATIVOS NA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE ENSINO • CAPÍTULO 6
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

II – elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do


estabelecimento de ensino;

III – zelar pela aprendizagem dos alunos;

IV – estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor


rendimento;

V – ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de


participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à
avaliação e ao desenvolvimento profissional;

VI – colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias


e a comunidade.

Ao longo deste capítulo, estudamos sobre a formação continuada, sobre os programas


de incentivo ao desenvolvimento intelectual e valorização dos profissionais da
educação, neste título discutiremos sobre como podemos valorizar este profissional,
quais são as políticas de incentivo e como podemos avançar no processo ensino-
aprendizagem através deste profissional.

O processo de ensinar e aprender faz parte da natureza humana e o processo de


formação de cidadão ocorre desde o nascimento, ao longo de nossas vidas passamos por
diversos espaços de aprendizagem, mas é na escola que desenvolvemos todas as nossas
potencialidades e temos, na figura do professor, este importante papel de conduzir o
ensino neste espaço. Para Perísse (2011, p. 15):

A profissão docente possui um ingrediente que a aproxima das profissões


baseadas nos serviço abnegado, como a dos bombeiros e dos carteiros.
O senso de dever está muito arraigado aqui. Os bombeiros praticam a
prontidão para salvar vidas. Não importa quem seja a pessoa a ser salva.
Deve ser salva. Não importa o momento, não importam as dificuldades.
Os bombeiros sacrificam sua segurança física em arriscadas missões.
Por sua vez, os carteiros fazem os vivos se comunicarem, abrem mão do
conforto de um escritório para cumprirem seu dever. Não importa que
sejam o remetente e o destinatário. Os carteiros fazem sacrifícios para que
a correspondência chegue ao endereço certo. Os professores lidam com a
vida intelectual de seus alunos, mas não só isso. Na sala de aula entram
em jogo outras questões ligadas ao crescimento humano dos estudantes.
Esse é o valor mais valorizado pelo professor: ensinar os outros a serem
mais humanos. Essa é a tarefa que mobiliza os professores. É a tarefa que
vale a pena e torna a docência profissão valiosa e valorizável.

Percebemos como o professor estabelece um papel de mediador do conhecimento,


como sua profissão faz parte de um seleto grupo, mas não podemos estabelecer o

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CAPÍTULO 6 • O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO E DOS MOVIMENTOS ASSOCIATIVOS NA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE ENSINO
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

limite para esta relação, o professor precisa entender qual seus limites e buscar estar
consciente de suas obrigações. Ainda é necessária a luta por direitos e valorização
profissional.

O trabalho dos profissionais da educação necessita de condições adequadas para


ser realizado com sucesso. E garantir as condições de trabalho para os que estão em
exercício na escola e nas secretarias de educação, tornando a profissão atrativa para
a juventude, é responsabilidade do Estado, assim como assegurar qualidade de vida
para os profissionais no momento da aposentadoria. Essas responsabilidades estão
explícitas nas legislações que tratam dos direitos trabalhistas e sociais.

Muito ainda precisamos avançar em relação às políticas públicas, melhoria do piso


salarial, das condições de trabalho quando pensamos na rede pública de ensino,
segundo o relatório Global Teacher Status 2018, elaborado pela Varkey Foundation,
ONG voltada a estudos na área de educação, o prestígio da profissão de professor no
Brasil é o pior entre os 35 países avaliados. A escala de avaliação vai de 1, a nota mais
baixa, a 100, a mais alta. O Brasil obteve apenas um mísero ponto. A China foi a única
nação que obteve a pontuação máxima, seguida por Malásia (93,3) e Taiwan (70,2).

Nestes índices e acompanhando as notícias diárias conseguimos ter um panorama


de como a profissão docente precisa ser valorizada e cabe aos atores envolvidos
exigirem e lutarem por melhorias e valorização desta profissão tão fundamental
para nosso desenvolvimento humano.

116
Referências
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