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“Felicidade clandestina”

Clarice Lispector (1925-1977) era uma escritora e jornalista de origem judaica, nascida na
Ucrânia e naturalizada brasileira. Que, entre outros contos escreveu este “Felicidade clandestina”.
A filha do dono da livraria era gorda, baixa, sardenta e de cabelos crespos meio arruivados, ao
contrário da narradora. Ela submetia-a à humilhação pois tinha sadismo (sentimento de prazer
com o sofrimento de outra pessoa) e inveja. A narradora ficou muito entusiasmada e alegre, “me
transformei na própria esperança da alegria” (v.23), face à possibilidade de ler As reinações de
Narizinho. O recurso expressivo presente em “eu nadava devagar num mar suave, as ondas me
levavam e traziam” é metáfora, e mostra que ela estava sossegada e com esperança, mas feliz e
animada por ir receber o livro. A narradora aceitava a tortura a que era submetida, “Mas,
adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me faz sofrer esteja precisando
danadamente que eu sofra”, pois ela queria muito ler o livro e como não tinha posses teve que
aceitar. Do ponto de vista da narradora, a mãe da outra menina era “boa”, pois reconheceu que a
sua filha estava errada e corrigiu-a. Os dois pontos na frase “Dessa vez nem caí: guiava-me…vez”
(ll.32-35) indicam que a narradora vai apresentar as razões/motivos de não ter caído. Verifica-se
uma incoerência no comportamento da narradora por não ter começado logo a ler o livro, pois
tinha um desejo enorme de o ler e queria prolongá-lo pelo máximo tempo possível.
O título é “Felicidade clandestina”, pois ela não demonstrava felicidade ao pé dos outros, apenas
quando estava sozinha com o livro, como se fosse o seu amante. Ninguém podia imaginar a alegria
dela ao lê-lo, pois era invulgar alguém gostar tanto de livros como ela.

Sara Melo, N.º 19, 9ºC

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