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Parvo
Parvo
O Parvo é uma personagem diferente das outras, pois não trazia símbolos cénicos consigo, o
que quer dizer que ele não cometeu nenhum pecado; o percurso cénico acaba na barca do Anjo,
onde permaneceu; não tinha argumentos de defesa, pois não precisava; o seu destino era o céu.
Apresentou-se dizendo “Eu sô” (v.254) e “Samica alguém” (v.312). A sua ingenuidade e
simplicidade iliba-o do mal.
As expressões que contribuem para o cómico de linguagem são: “filho da grande aleivosa”
(v.287), “Cornudo até mangueira” (v.298) e “Hump! Hump! Caga na vela!” (v.302). Com o Parvo,
Gil Vicente pretende provocar o riso na crítica de costumes. O Parvo não se apresenta a si próprio,
nem tem interesses particulares. A sua função é obter efeitos cómicos, sem qualquer
responsabilidade, dada a sua simplicidade, em situações em que ele é alheio.